Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 47
Alto Mar - Parte X


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas além de estar fazendo outras 2809847 coisas, eu também tava com um bloqueio criativo ferrado.
Bom, cá estamos, espero poder postar o próximo o quanto antes



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P.O.V Aurora

 

Acordei subitamente, pulando de susto nos poucos segundos que eu tentava lembrar onde eu estava. A primeira coisa que pensei ao acordar foi Maggie, e suspirei de alívio ao vê-la na cama ao lado. Ela estava desacordada, mas não pude dizer se era porque ela estava dormindo ou se ela estava inconsciente. Me levantei, com uma tontura forte, e fui em sua direção. As paredes do lugar não pareciam mais tão acolhedoras: o metal enferrujado e sujo era nauseante, e o fato de Maggie ainda estar com aquela ferida nojenta na perna não ajudava. O balanço do barco estava forte, e minha cabeça parecia rodar.

Por mais que o corte, ou seja lá o que era aquilo, estivesse bem menos pior, ainda era grotesco olhar, e em poucos segundos, me arrependi de ter comido tanto peixe. Ao invés de desmaiar como antes, vomitei no chão, jogando fora todo o ensopado de antes. Encarei o chão em choque por alguns segundos, e senti meu corpo começar a tremer. Me afastei da poça amarelo-laranja e me encolhi em uma parede, colocando os joelhos no rosto, sem me importar com me limpar.

Chorei, mas não de dor, e sim de vergonha e humilhação: além de eu não aguentar ver uma simples ferida de veneno, eu ainda tinha que sujar totalmente o barco da única pessoa que se deu ao trabalho de nos ajudar. Eu já conseguia imaginar o desapontamento no rosto de Hipólita e a irritação no rosto dos outros. Então chorei, lágrimas ácidas e vazias, como se meus olhos fossem órbitas vazias, sem vida.

Eve entrou no lugar pouco depois, e pareceu ignorar todo o vômito espalhado no chão, já que ele instantaneamente se agachou e me abraçou. Eu ainda tremia, e era muito estranho estar na posição que eu estava, com tudo menos uma consciência limpa. Eve tentava me acalmar, mas eu sabia que ele deveria estar enlouquecendo, já que sua mania estética deveria ter tiltado no momento que ele viu o chão. Logo após, Nick entrou correndo, seguido por Aylee e Hipólita. Gelei com o pensamento de que Hipólita fosse brigar comigo, e apertei ainda mais meus joelhos. Mas para minha surpresa, ela começou a rir: não uma risada histérica ou desdenhosa, mas mais uma mistura de vergonha e solidariedade.

“Relaxa, garota”, ela disse, em um tom agradável. “Tu não é a primeira a vomitar ao ver veneno, e duvido muito que tu vai ser a última. Na minha primeira vez, eu não sabia nem que esse tipo de veneno existia. E vou te dizer: sem o antídoto, a parada fica nojenta. Mas, não temos que se preocupar com isso, tua namorada vai ficar ótima daqui a uns dois dias. E sim, eu sei, você esconde muito mal. Mas não se preocupe, eu não sou uma velha dos anos 50, eu sou de bem antes, e não julgo. Mas chega de papo furado, levanta e vai se lavar, vou ver se eu acho uma roupa pra você”, concluiu, com um leve sorriso, provavelmente lembrando de alguma memória.

Por mais que ela tivesse sido sincera, eu ainda estava extremamente envergonhada de ter sujado o quarto, e ainda não havia pensado como os outros reagiriam. Porém, ela se virou no meio do caminho, girou nos calcanhares e disse “pensando bem, melhor achar roupas pra todos vocês, vocês tão fedendo a ciclope”, em um tom que era sério e brincalhão ao mesmo tempo. Ela saiu, murmurando alguma canção grega, e me deixou a sós com os outros. “Relaxa maninha, vômito não mata ninguém”, disse Eve, me pegando de surpresa. Fiquei sem palavras por alguns segundos, o que deu tempo de Nick sair do quarto e voltar com um esfregão em mãos. Mesmo com todos falando que estava tudo bem, eu duvidava muito que era o caso, e ainda me sentia mal.

“Você não precisa… Limpar, deixa que eu limpo”, disse a Nick, ainda tendo dificuldade de formar frases. “Relaxa, eu já tenho experiência. Confia em mim, você não ia querer ver o que aconteceu com o Terry quando ele teve a brilhante idéia de comer 3 barras inteiras de chocolate na páscoa”, ele respondeu sorrindo. “Por que vocês ficam passando o pano em mim? Por que todo mundo finge que não tão bravos comigo? Eu cheguei no Acampamento a pouquíssimo tempo, e a única pessoa que eu realmente fiquei próxima foi a Maggie. E agora ela tá lutando contra um veneno, porque eu fui burra e não acertei o maldito ciclope com o arco”, respondi, sentindo minha voz rachar de novo. “Porque você é família, claro. Sim, você não ficou no Acampamento por tanto tempo quanto a gente, mas não significa que a gente não liga pra você. Vocẽ é parte da equipe, e a gente tá aqui por você. A gente ‘passa o pano’ porque esse tipo de coisa acontece. A gente tá aqui por você”, respondeu.
“Mas a única coisa que eu fiz na missão inteira foi ser carregada e atrapalhar todo mundo”, respondi, encarando o chão. “A Maggie e a Aylee derrubaram Quimeras, o Eve ficou planejando e liderando, você cuidou da saúde mental de todo mundo, e o Viren ficou pra trás para proteger a gente”, continuei. “As únicas coisas que eu fiz foram deixar um ciclope atirar uma flecha envenenada e deixar que o Mevans morresse. Ele não estava com medo do poço, pelo menos não do jeito que ele disse: ele queria provar o valor dele pra vocês, tudo isso porque eu encorajei ele a falar com vocês”, adicionei, com meus olhos em lágrimas novamente. “Devia ter sido eu naquele poço”, completei. 

“Calma, calma”, disse Eve, em um tom de voz doce que parecia quase um sussurro. “Vocẽ tem que tirar da cabeça que a culpa é sua, vocẽ tem que parar de pensar que você é um peso-morto. Como o Nick disse, a gente tá aqui pra te apoiar. Todo mundo tá aqui pra apoiar todo mundo. Eu sei que parece que os cosmos vão explodir porque você tá em uma situação estressante, ainda mais que a gente, já que a Maggie é sua namorada. Mas eu te prometo, as coisas vão melhorar”. Eu sabia que os dois só queriam me ajudar, mas eles sabiam tanto quanto eu que eu não havia feito nada na missão, mesmo que eles tentassem dizer ao contrário. Concordei com a cabeça, para evitar continuar a discussão, e saí do quarto. Hipólita voltava da cabina, trazendo roupas e um rolo de corda de borracha. 

“Prende isso na cintura, você não quer ficar no oceano sem o barco”, ela disse. Demorei alguns segundos para entender que o plano dela era que eu me lavasse no oceano. “Você tem certeza que isso não vai arrebentar?”. Ela deu um sorriso e respondeu: “Faço isso já faz alguns anos, não se preocupa”. Enrolei a borracha na minha cintura, tendo certeza que o nó estava bem preso, e pulei na água. Olhei para cima, no enorme barco, enquanto Hipólita berrava ao vento. “Fica longe do casco da frente e puxa duas vezes quando for pra te trazer pra cima”, ela disse, logo depois voltando para o convés.

Me limpei rapidamente na água fria, e puxei o elástico duas vezes. Fui puxada para cima rapidamente, e em poucos segundos eu estava de volta no convés. Hipólita enrolou uma toalha nos meus ombros e cambaleei até o quarto. Meu humor melhorou instantaneamente quando entrei no quarto. Não só porque o chão estava limpo e com um cheiro melhor, mas sim porque Maggie estava acordada e sorrindo para mim, mesmo que ela parecesse exausta.

Corri em sua direção e a abracei, ignorando o fato de minhas roupas estarem encharcadas, e ela fez o mesmo. Chorei pela terceira vez do dia, mas dessa vez foi de felicidade. Obviamente eu não havia esquecido da minha conversa com Eve e Nick a meros minutos atrás, mas ver Maggie acordada foi como ver uma pequena bola de luz em meio à escuridão, um minúsculo vislumbre de esperança. Tudo parecia mais calmo, pelo menos por agora.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem seus comentários!
(avisem se houver algum erro, terminei meio na pressa)



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