Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 43
Alto Mar - Parte VI


Notas iniciais do capítulo

Lembra que eu falei que ia ter 6 partes? Pois é, vocês sabem que eu sou péssima com promessas, então podem ter 1, 2 ou 4 partes a mais, ainda tô decidindo.
Anyways, espero que gostem! 7w7



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P.O.V Nick

 

“Parece que o clichê do herói que salva a ‘mocinha’ e se apaixona é real”, eu disse, provocando Aylee. “Calma lá, eu tava com mais adrenalina na veia do que sangue. Tu é legal e tal, mas a gente é só amigo, não é como se a gente fosse casal prometido igual às duas ali”, ela respondeu, apontando para Aurora e Maggie. Maggie ainda estava desacordada, e Aurora cuidava dela, não deixando ninguém chegar perto, provavelmente mais por instinto do que racionalidade. “M-hm”, respondi, com a cabeça em meio as nuvens. O sentimento que ela tinha, de que foi apenas algo de um momento agitado era mútuo. Ela era uma ótima pessoa e amiga, mas eu preferiria continuar nessa linha, já que eu ainda não estava pronto para nenhum relacionamento agora.

Sinceramente, eu não sei se eu sequer já estive pronto em algum momento da minha vida, pra namorar. Claro, já havia namorado diversas pessoas no Acampamento, mas tendíamos a terminar em menos de três semanas. Acho que eu tenho mais um amor platônico do que romântico para as pessoas. Sinceramente, eu não sabia, e não me importava muito. Mesmo assim, não dava pra negar que o nosso momento foi bom. Muito bom. Mas pelo menos nós dois concordamos em não seguir adiante.

“Isso é verdade. Mas confesso que vou sentir saudade dos seus ‘lábios doces’”, disse, mais como uma provocação do que um elogio, e ela me deu um soco no braço, um pouco mais forte do que deveria. “Fica quieto e rema, superman”, ela respondeu, me entregando dois remos. Para minha própria segurança, decidi seguir a ordem, e comecei a remar. Era um movimento mais “pesado” do que eu imaginava, mas me acostumei relativamente rápido com a força e o movimento do bote. “O quão longe a gente tá de qualquer pedaço de terra?”, perguntei, enquanto ela observava um mapa, parcialmente encharcado da queda. “Se a gente der sorte e não pegar nenhuma tempestade ou contratempo místico, a gente pode chegar em uma ilha da micronésia chamada Kiribati em umas cinco horas”, ela respondeu. “Kiri- o quê?”, perguntei, muito confuso, já que ela parecia falar em grego. Bom, não em grego, já que eu entenderia, mas a expressão se encaixava bem. 

“Kiribati”, respondeu. “É uma ilha pequena, que lucra de pesca e pecuária. Pouca gente conhece, e a maioria dos pedaços de terra que compõem ela são desabitados. Dá pra gente contratar ou comprar um barco de pesca, pra ir pro Everest. A Maggie com certeza deve dar um jeito de deixar ele mais rápido”, completou. Assenti em confirmação, era um bom plano, e o risco para erros era curto. Claro que isso dependia do humor de Zeus e Poseidon, o que me me impulsionou a remar mais rápido. 

Eve cuidava de Vi na lateral oposta de Aurora, e depois de mandar ele descansar, veio e pegou um dos remos que eu segurava, para logo depois ir para a lateral paralela à minha, e começou a remar também. Precisamos de algumas tentativas para sincronizar, mas eventualmente o fizemos. “Martelo bate na solda… Faísca, água, espada. Óleo, fogo queimado…”, murmurava Maggie, e me controlei para não rir. Mesmo inconsciente ela sonhava com a ferraria, o que era um pouco melancólico se eu parasse para pensar. O Acampamento parecia um lugar tão distante agora, assim como Mevans deveria estar.

Senti meus olhos arderem um pouco, e fiz força para esconder minha vontade de chorar. Eu queria me me ajoelhar em um rolinho e chorar por horas, mas não era necessário ser um filho de Atena para saber que isso seria uma péssima estratégia. Me lembrei dos meus primeiros meses no Acampamento, de como eu era apenas um recruta, um menininho que achava que podia ter o mundo em seus dedos. Eu me sentia um velho de 80 anos pensando nessas coisas, mas não deixavam de ser verdade. Eu com meus 13 anos achando que podia dominar o mundo com uma espada de madeira.

“E tu sabe falar na língua deles?”, perguntou Vi, cortando meus pensamentos. Aylee suspirou, dobrando seu mapa. “Não. Nossa melhor chance é achar alguém que vende peixe pro exterior, pra algum país como Japão ou Índia e saiba um mínimo de inglês”, respondeu, pegando uns três rolos de plástico de sua mochila. “O que tu tá fazendo?”, perguntei, vendo ela começar a plastificar todo o conteúdo das mochilas. “Não quero correr o risco de encharcar tudo. Dei sorte que vocês jogaram as mochilas no bote antes de pular, mas não quero perder nada. Especialmente ambrosia, agora que a gente precisa bastante”, respondeu. Era uma boa idéia, então nem intervi e continuei remando. Depois de vários minutos de silêncio, fiquei entediado e perguntei informações sobre a ilha.

Eu não sabia como ela tinha tantas informações de um país tão desconhecido, mas pelo menos era uma forma de matar o tempo. Ela contava da cultura tradicional e da culinária simples enquanto eu encarava o mar infinito que nos cercava. Eu tremia de pensar que aquela imensidão poderia ter qualquer tipo de criatura escondida em suas profundezas, mas continuei remando com Eve. “Bom dia”, disse Maggie, rompendo minha reflexão. Se antes não tinha motivos para preocupação, agora tinha: Maggie nunca fazia saudações, ela sempre ia direto ao ponto.

“Faz quase quinze anos que eu te conheço, nunca te vi falar um ‘bom dia’ na vida”, falei para ela, ainda um pouco surpreso, me virando. “Bom, considerando que eu estou com uma perna jodida, que eu apaguei por Dios sabe-se lá quanto tempo e que eu acordei com uma visão linda dessas, eu acho bem apropriado", ela respondeu, e trocou um sorriso com Aurora. “E ninguém disse que o ‘bom dia’ era pra você”, completou. Quis me dar um tapa na cara: óbvio que ela teria uma resposta na ponta da língua para minhas provocações. De qualquer forma, Aurora parecia bem mais calma agora, e conseguiu sair do lado de Maggie por mais de um minuto. 

Senti meu estômago roncar de fome, mas eu sabia que havíamos acabado com o nosso estoque de comida alguns momentos antes da batalha com os ciclopes. Continuei remando, sentindo meus braços e costas começarem a doer, enquanto Aylee terminava de plastificar as mochilas. Eu adoraria pensar que chegaríamos intactos na ilha, e que ficássemos pacificamente em um barco até o Everest, mas infelizmente, isso não aconteceu. Ao invés de uma ilha de pesca, uma tempestade começou a se aproximar no horizonte. E ela não parecia querer se desacelerar em momento algum, com seus raios e ondas enormes cada vez mais perto do minúsculo bote inflável laranja que estávamos enfiados.

 


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Notas finais do capítulo

Fun fact aleatório #1: esse capítulo tem exatamente 1111 palavras
Fun fact aleatŕoio #2: pra os 0,3% que queriam saber a sexualidade do Nick, ele é pansexual
Fun fact aleatório #3: Kiribati é um ilha real
Fun fact aleatorio #4: eu sou uma imbecil e coloquei "a calmidade antes da tempestade" ao invés de "alto mar" no título (já mudei, mas demorei 2 horas pra perceber)
Fun fact não tão aleatório: Planejo postar outro capítulo hoje
Espero que tenham gostado ♥



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