Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 4
Quarto


Notas iniciais do capítulo

[Não, a história não se passa num quarto]. Trocadilhos a parte, o capítulo se passa no pov de Margarita Maria Dolores Garcia (Apelido "Conserta Maggie [Ou só Maggie msm]), filha de Hefesto. Btw texto em italico é flashback e texto em negrito é em outra língua(como se fosse traduzido[no caso, espanhol]). espero que gostem ♥



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P.O.V Maggie

Acordei na forja, decepcionada de ter dormido enquanto arrumava algo. Vi a espada incompleta na minha frente, brava comigo mesma por ter parado no meio do trabalho, mas aliviada de ter desligado a forja antes de cair no sono. 

Olhei para o projeto na minha frente, um desafio de um menino de Hermes: Ele queria um jeito fácil de colocar óleo na espada e que pudesse acender uma faísca para a espada pegar fogo. Adoro um desafio, então aceitei quase imediatamente. Já estava acordada a duas noites, e caí no sono. Meu recorde era 4 noites, mas eu não estava dormindo bem por causa que minha prótese estava fazendo barulhos estranhos ultimamente.

Estava desmontando a bateria do carro pela terceira vez. Sempre foi meu passatempo preferido, tanto que minha Abuela disse que falei "parafuso" antes mesmo de dizer "mamá". Tínhamos que sair para fazer compras para o aniversário de 9 anos de um primo distante, que era só 2 anos mais velho que eu, então tive que remontar a bateria para sairmos. 

Estávamos voltando da loja e eu estava com meu braço direito apoiado na janela aberta e encarava as filas e filas de lojas e restaurantes. No rádio tocavam músicas diversas e estávamos bem animados. Porém, quando estávamos chegando perto de um cruzamento, um carro veio na contra-mão na velocidade máxima, e antes de eu perceber, ele tinha batido de frente com a gente. 

Olhei para os bancos da frente e vi que minha Abuela e minha mãe estavam bem, mas quando olhei para o lado, vi a cena mais grotesca da minha vida. O carro rodou com a batida e a lateral onde eu estava bateu em um poste. Meu braço foi preensado entre o carro e o poste e meu ombro tinha um osso exposto. Sangue jorrava como uma cachoeira e a dor era quase insuportável. Meus olhos escureceram e quando acordei, eu estava em uma cama de hospital, mas meu braço direito havia sido amputado.

Depois de lembrar disso, lembrei de que aceitei a falta de um braço, só me serviu como um desafio extra. Para ajudar minha mãe, que estava com dificuldades com dinheiro, comecei a consertar coisas e fiquei famosa na oficina como "Conserta Maggie", e tive tanto sucesso que até apareci na TV uma vez. Muitos de meus "amigos" ficaram com inveja, o que causou vários xingamentos em público. Com a sociedade preconceituosa que eu convivia, ser negra, baixinha e aleijada causava muitos "apelidos". Porém, nada que um gancho de esquerda não resolva(incrível quanto sangue pode sair no nariz de uma pessoa). Eu também conhecia o Nick antes de ir para o Acampamento, e éramos bons amigos, sempre tendo as costas um do outro. Acho que foi saindo na TV que fui notada por meu pai, porque ele apareceu pela primeira vez no meu aniversário de 14 anos.

Eu tinha acabado de consertar o carburador de um carro quando vi um homem conversando com minha mãe dentro de casa. Eles pareciam estar brigando, mas ele parecia estar se desculpando e logo depois os dois vieram em minha direção.

—Maggie, este é seu pai - minha mãe disse, com um leve toque de raiva na voz. Ela deixou nós dois a sós e ele logo elogiou meu trabalho na oficina. Ele disse que o nome dele era Hefesto e que ele era um deus olimpiano. No começo eu ri, achando que era uma piada, mas quando ele fez lava sair da mão e essa lava virou um martelo, eu comecei a levar mais a sério.

Ele se desculpou por ter perdido uma grande parte da minha vida e me contou histórias sobre um lugar chamado "Acampamento Meio-Sangue" e por mais que todos estivessem com raiva dele ter perdido 14 anos da minha vida, mas tudo o que ele dizia, todas as histórias que ele contava, só me deixava mais interessada.

Ele pegou uma bolsa de couro e a abriu, mostrando uma prótese dourada no interior. Ela encaixava perfeitamente no meu ombro e haviam fios laranja escorrendo no interior, o que me fez perguntar o que era

—É lava - ele disse - ela é alimentada magicamente e é praticamente infinita, então você tem uma forja ambulante - eu me animei muito com a idéia, e ele continuou - Ela também serve como caixa de ferramentas, então qualquer ferramenta que você pensar vai aparecer - meus olhos brilharam de felicidade - Mas logo te aviso, quanto maior a ferramenta, mais tempo demora pra você pedir algo do mesmo tamanho. Ela é praticamente indestrutível e da mesma forma que ela segue seus pensamentos com ferramentas, ela também se mexe, então você tem um braço dourado agora.

Tudo aquilo foi mágico para mim e meus consertos ficavam cada vez melhores a medida que eu me acostumava a ter dois braços(passar 7 anos só com o braço esquerdo faz você esquecer um pouco como coordenar os dois) e com os comandos de ferramentas. Meu pai me visitava uma ou duas vezes por mês e sempre perguntava como eu estava e trocávamos histórias. Um pouco antes de eu fazer 15 anos, decidi ir para o Acampamento, junto com o Nick, voltando para ver nossas famílias no inverno.

Terminei de fazer o projeto, onde havia um compartimento para óleo em baixo do cabo da espada, que podia ser removido para reabastecimento e um botão simples para fazer uma faísca. O garoto de Hermes adorou o "presente" e quase tocou fogo na floresta com resultado. Vi Nick vindo para a forjaria e arrumei as tranças do meu cabelo.

—Maggie, minha linda amiga, a quanto tempo não te vejo...— ele disse, com um tom brincalhão e o péssimo espanhol dele

—Corta a merda Nick, o que tu precisa?— respondi, um pouco mais secamente do que deveria, mas tentando colocar um pouco de sarcasmo na voz

—Sabe aquela espada dupla que tu me ajudou a fazer?

—Você quer dizer a espada que eu passei quatro dias fazendo enquanto você olhava com uma cara de besta?

—Sim, essa mesmo

—O que aconteceu?

—Entããããooo...- ele disse, prolongando a voz - Meio que eu caguei o mecanismo de abertura durante uma luta

—Ah, eu achei que fosse um problema — eu disse — Traz aqui— ele me mostrou a espada e e logo vi qual foi o problema: ele tentou usar o cabo como defesa e acabou fazendo um corte no mecanismo. Em 5 minutos corrigi o mecanismo e em 7 reforcei o cabo com aço e prata, o que deveria fazer o cabo ser imune a golpes. Ele me agradeceu e saiu, e enquanto eu brincava de batucar as ferramentas na forja, e vi a nova menina do Acampamento chegar. Limpei as mãos no meu macacão, que eu só tirava para dormir, e fui conversar com ela. 

—Oi, eu sou a Aurora - ela disse, meio gaguejando de vergonha, que achei bem meigo.

—Margarita, mas todo mundo me chama de Maggie - respondi, um pouco hipnotizada pelos cachos dourados dela - Bem vinda à ferraria, o lugar onde a diversão acontece - cumprimentei a mão dela e perguntei o que ela precisava

—Eu tava dando uma explorada e acabei tropeçando e furando a bainha de uma das minhas adagas - ela disse - Será que você podia consertar pra mim? - vi as bochechas dela arderem de vergonha, mas decidi não zoar com ela ainda

—Fácil, em 5 "min" tá consertado - respondi. Peguei a bainha e comecei a arrumar as tiras de couro e os fios de cobre. Enquanto eu consertava, ela me perguntou sobre minha prótese e eu rapidamente expliquei como eu a consegui. Ela ficou muito surpresa com tudo o que aconteceu e vi no rosto dela uma cara extremamente empática, e logo percebi que ela era do tipo que adora ajudar os amigos. Entreguei a bainha consertada para ela e enquanto ela saía eu mandei um "passa por aqui depois, seu cabelo tá muito limpinho pro meu gosto" brincalhão e vi ela rir. Vi ela se afastar cada vez mais e voltei a brincar de batucar na forja, dessa vez com um pouco mais de animação.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, tentei fazer o capítulo um pouco mais "lighhearted" por causa da história da Maggie, espero que tenham gostado (diálogo não é o meu forte, então todo feedback é bem vindo) ♥



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