For you, my brother escrita por Kagura May


Capítulo 9
Manipulação psicológica




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Permanecendo no banheiro, Hanako continua a relembrar do ocorrido no fim da tarde do dia anterior. Como um simples toque pode tê-lo deixado dessa forma? Nem mesmo teve coragem para encontrar sua amada Yashiro e acompanhá-la, e óbvio que isso pesou na mente dele. Saber que tinha a deixado sozinha, apenas com Hitodama, o fazia se sentir culpado como se tivesse abandonado seu posto como líder dos 7 mistérios escolares e sua preciosa promessa.

Hitodama está com ela. Se for necessário, eu vou.

Tentou se lembrar para dispersar a culpa, mas não está funcionando como esperava.

 

— O que foi, Hakujoudai?

 

Ele olhou para a alma flutuando em sua volta de forma anormal, esperando sua resposta. Um suspiro soltou e se teletransportou para o local onde Hitodama está.

 

— Tsukasa.

 

De novo e de novo. O garoto podia jurar que o cansaço e estresse por ter que lidar o tempo todo com seu irmão mais novo o fazia querer entregá-lo para os Minamoto ou simplesmente fingir que ele sumiu. É uma pena não poder fazer muito sem o consentimento dos outros mistérios ou um motivo muito mais grave. Bufou, passou ao lado de Tsukasa e o puxou pela gola da camisa ignorando qualquer movimento pacifico feito pelo mesmo.

Assim que a distância entre eles e a parede diminui, o sétimo o joga já sabendo que não se machucaria e nem atingiria o concreto.

 

— Tsukasa, a Yashiro não é um espírito. Ninguém consegue nos ver, mas todo mundo vê ela. Você sabe bem disso.

 

Os olhares ameaçadores de Hanako não foram o suficiente para intimidar o seu irmão, afinal, ele ama aqueles olhos em qualquer estado que esteja.

 

— Não me diga que te deixei bravo.

 

O gêmeo mais velho se agachou para firmar a troca de olhares intensas mais perto e na mesma altura. Foi possível ouvir o soco dado no chão assim que seus corpos ficaram na mesma altura e o mais novo não conseguiu conter o sorriso em seus lábios. Ele está o zombando? Ou não leva a sério sua autoridade como um dos mistérios escolares e muito menos como seu irmão? Mal sabe o sétimo que os sentimentos deturpados de seu irmão são a causa de todo o seu comportamento, que essa é a forma de amá-lo.

 

— E qual é o problema? Eu vim ver a Nene-chan e isso é o que importa.

 

Vendo de relance as garotas passarem, Hanako estala os dedos para Hitodama segui-la novamente enquanto resolve esse velho problema. O problema que tanto quer destruir com suas próprias mãos. Não pode ficar furioso com essa forma íntima de chamar sua amada, ele sabe que no final tudo é para provocá-lo até perder o seu controle.

 

— Qual é, Tsukasa!

 

As duas mãos de Tsukasa vieram em direção ao rosto do garoto a frente quase como se estivesse hipnotizando-o a força. Eles são iguais, dois descontrolados para realizar suas vontades e desejos. Dois loucos dispostos a cumprir seus objetivos a qualquer custo.

 

— Eu posso realizar o seu desejo, mas com um preço.

 

Hanako arregalou os olhos conforme seu irmão se aproxima dos seus lábios e em impulso se joga para trás tentando entender o que acaba de acontecer. Tsukasa estava mesmo a tentar beijá-lo ou não passou de impressão? Sentiu como se seu corpo estivesse paralisado por alguns instantes sem conseguir se mexer, como se uma cobra tivesse dominado o seu corpo pronto para envenená-lo. Seu irmão seria o próprio demônio tentando corromper sua alma? Tão abatido ficou que nem mesmo uma palavra saiu de sua boca.

 

— Você quer que a Nene-chan se apaixone por você, não é? Quer tê-la todos os dias para tocar, beijar aqueles lábios macios. Quer ela só pra você, certo?

 

Tsukasa esperou alguma reação, mas cada palavra parecia espadas o atingindo. No final, suas falas sempre funcionam contra seu amado irmão frágil.

 

— Eu posso realizar pra você.

— Nem fodendo!

 

A voz alta do Amane infiltrou nos ouvidos de Tsukasa. Não esperava uma resposta negativa após ter preparado o terreno durante esses últimos dias, mas conseguiu notar o quanto conseguiu atingi-lo. Suas pernas bambas após se levantar, suas mãos fechadas como se fosse se machucar de tão forte que parece pressionar e seus olhos brilhantes segurando qualquer possível lágrima de cair. Finalmente está vendo resultado em sua paciência. Provavelmente não demorara muito para conseguir o que quer.

 

— Bom, — ele se levantou e ficou de costas para o seu irmão — não fique chateado se eu roubar o coração da Nene-chan.

 

Hanako, por fim vendo seu irmão se afastar e sumir com uma fumaça escura, se jogou no chão. Suas pernas tremem tanto que foi difícil se manter de pé por tanto tempo. O que acaba de acontecer? Ele podia jurar que tinha o controle todo da situação, mas tudo foi tão de repente. E realmente foi de repente? Era a primeira vez em que seu irmão o tenta beijar? O quão longo ele foi para conseguir o que quer? Hanako não se lembra da época em que era Yugi Amane ou preferia evitar tais lembranças? Não queria saber, não queria lembrar, apenas ficou no chão abraçando em seu corpo em total desespero. Esquecer é o que queria.

 

— Yashiro.

 

Lembrou de sua assistente como uma breve lembrança. Ele precisa voltar, precisa ficar com ela e parar de ser covarde. Na verdade, ele precisa de consolo.

Se teletransportou com a ajuda de Hitodama novamente e sem pensar duas vezes, a abraçou por trás tão forte como se quisesse jogar todas as dores embora do seu pequeno espírito. 

 

— Yashiro. Yashiro.

 

Esfregou em seu cabelo, um pouco perto do rosto. Pra sua sorte, a garota após ouvir sua voz duas vezes, conseguiu relaxar de seu susto. Não esperava que ele fosse aparecer tão de repente e nem que fosse a envolver dessa forma. O que aconteceu? Seu corpo treme tanto que ela não conseguiu evitar tocar em seus braços ao redor de seu pescoço. Como uma estudante do ensino médio pode fazer para consolar alguém? Mal sabe como lidar com seus próprios problemas, quem dirá acolher alguém.

 

— O que houve? — sussurrou Yashiro, esperando que apenas ele a escutasse.

 

Um silêncio permaneceu e a incomodou muito. Não pode parar de pensar nas possibilidades de acontecimentos nesse meio tempo só que já sabia a resposta dele. O sétimo mistério nunca a usou como confidente para seus segredos e anseios, pelo menos nunca por iniciativa própria. Será que o melhor é ficar quieta e esperar até ele se sentir confortável? A dúvida a consome.

 

— Quero que você pare de falar com o Tsukasa.

 

O que aconteceu? Yashiro não esperava por tal pedido feito por Hanako e se o fez, sabe que tem algo por trás. Não é como se ela quisesse falar com Tsukasa também, mas o pedido é difícil de se cumprir quando a outra parte não aceitará. Talvez seja impossível ignorar? Pensar demais, nunca foi o forte da assistente.

 

— Tsukasa é perigoso e você é muito ingênua. Se até a Aoi, você perdoou, quem me garantirá que ele não vai te usar?

 

Uma facada atingiu seu coração. Ela acaba de ouvir isso? É sério mesmo? Durante todos esses anos sendo assistente, nem a confiança dele ela conseguiu conquistar? Ou ele acredita que seja tão impotente ao ponto de fazer qualquer besteira sem pensar muito? Ou ela foi tão impulsiva que a possibilidade existe? Respirou fundo, tentando se cobrir um pouco com os braços dele apesar de saber que ele não a veria de qualquer forma.

 

— A Aoi teve seus motivos — argumentou segurando qualquer lágrima que deseja sair de seus olhos — e somos amigas. 

— Mas-

— Você não confia em mim?

 

Após o interromper, Yashiro tira os braços que a tocam para dar meia volta, ficando frente a frente a ele. Hanako a estaria ofendendo? Provavelmente não e ela sabia disso, mas não deixaria passar esse tipo de comportamento com ela. Está cansada de ser a última a saber dos assuntos que a envolvem.

 

— Confio, é só que...

 

Ele pensou e pensou. Deveria admitir seu ciúmes? Deveria contá-la sobre? E como contaria se ela não sabe dos sentimentos dele? Hanako viu os olhares desconfiados de sua assistente esperando a continuação de sua resposta. Ele não precisa contar tudo, certo?

 

— Tsukasa quer te usar para me fazer pedir algo pra ele. Você sabe, ele tem o mesmo tipo de serviço que o meu.

 

Rapidamente, Yashiro teve uma breve lembrança do que ele fez com Shijima Mei. Ela simplesmente sentiu um desejo que queria realizar e Tsukasa apareceu agindo com tanta pressa que nenhuma das duas conseguiu raciocinar corretamente. Com o Hanako seria o mesmo? Mas o que Hanako deseja?

 

— E eu não gosto... Quando você está com ele.

 

A garota teve seus olhos arregalados e logo abaixou a cabeça. Ela ouviu isso mesmo? Ele está com ciúmes? Como aquilo pode ser verdade? Quando voltou a olhar para ele, o viu inquieto no ar, mexendo em seu chapéu para cobrir um pouco seu rosto vermelho.

Hanako-kun está com ciúmes.

Concluiu um pouco mais certa do que está a pensar. Em toda a sua vida, presenciou algum garoto sentir ciúmes dela? Deveria ser uma comemoração por dentro, mas não foi. Está acostumada a ser rejeitada e simplesmente se apaixona nos momentos mais inesperáveis. O quão essa conclusão pode ser verdade? Se a faz bem, só quer acreditar enquanto seu peito se preenche de tranquilidade e certeza.

 

— Hanako-kun, eu gos-

 

O sinal tocou bem forte sinalizando o final do intervalo para o começo da próxima aula fazendo-a perder toda a coragem que teve para se confessar. Apesar de ter seguido o clima entre ambos, só agora seu coração começa a disparar tão forte que fez o rosto queimar. Ela quase o fez.

 

— Bom, eu preciso ir.

 

Tentou usar como desculpa, mas não funcionou. Enquanto ela segue para sua turma, Hanako a acompanhou mantendo uma certa distância visível e compreensível para ela. O que deveria dizer depois? Que ele nem faz o seu tipo e agora ela gosta dele? E se ele pensar que é só momentâneo como é com o Minamoto-senpai?

Sentou-se a sua mesa e o notou fazer o mesmo atrás dela. Nenhum toque, nenhuma fala. Cada um em seu canto sem se atrever a dar um passo adiante. E como farão se o coração bate tão forte? Culpar o silêncio e a falta de atitude do outro seria ideal? Ambos sentem como se estivessem sendo engolidos por seus sentimentos. Uma indireta é melhor? O braço dela é jogado para fora da mesa e levado para trás na expectativa de que ele entendesse a mensagem. Ele irá perceber? Ou ele não quer? Tentou respirar fundo para não se dar por vencida antes da hora. Balançou a mão um pouco mais e logo sentiu o espírito gelado dele segurar sua mão. É reconfortante notar o quanto seu peito aquece com esse simples toque, tanto que poderia fazer outras vezes. 

No final, eu... Me apaixonei pelo Hanako-kun.


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