Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)

Mil perdões pelo atraso. O motivo vai estar nas notas finais.

Pessoal, eu notei que estava faltando um parágrafo do primeiro capítulo. Já está corrigido e eu estou passando um pente fino nos demais capítulos para ver se estão com pedaços faltando também. Quem quiser voltar lá e ler, é o penúltimo parágrafo.



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Capítulo 20

Bella ficou surpresa com a leveza dos dias que se seguiram. Tudo estava tão calmo, como se a verdade a tivesse libertado de pedras e mais pedras sob suas costas e acalmado medos que a atormentavam há muito tempo.

Charlie estava indo atrás do necessário para abrir o processo contra Renée. Ele contou a Bella que a reação de Phil também não foi das melhores, e que ele e Renée estavam discutindo feio quando ele saiu. O pai tinha esperança de que Phil fosse testemunha, mas estava tendo alguns problemas para localiza-lo. Charlie se recusava a telefonar para Renée, dizendo que só a veria de novo nos tribunais.

Edward e Bella se questionaram se Renée tentaria fugir de algum modo, mesmo que Charlie garantisse que ela não conseguiria se livrar, pois viraria uma fugitiva procurada. Edward levantou o assunto que como Renée agiria na frente do juiz; isso deixou Bella inquieta. Não sabia como seria o processo, mas tinha a certeza que não reagiria bem se Renée agisse como vítima de alguma forma.

Tinha mais coisas para distraí-la também, como os preparativos para a faculdade e as acomodações. Bella finalmente voltou a Portland, indo comprar algumas coisas necessárias, e enquanto estava lá se lembrou de Alice com muito carinho e com saudade. Adoraria poder ouvir um dos sábios conselhos de Alice sobre a turbulência que estava chegando junto com o processo.

— Acho que vai ser estranho dividir o quarto com alguém. – Bella comentou com Edward quando chegou em casa – Estava pensando nisso. E dependendo de quem for, talvez seja ainda pior.

— Quanto otimismo. – Ele retrucou – Ninguém vai te morder, Bella.

— E nossas conversas. – Ela continuou sem se abalar. – Elas vão ficar bem escassas, porque não vai dar pra ficar falando igual fazemos aqui. Na verdade, até dá, mas meu colega de quarto não vai gostar muito. Ele vai me achar maluca e vai querer trocar de quarto... E daí vai falar para todo mundo que eu sou maluca e ninguém vai querer dividir o quarto comigo e eu vou acabar dormindo sozinha o ano todo... E não é uma coisa ruim. – Bella considerou – Daí nós poderemos conversar à vontade e ter a mesma rotina daqui.

— Bella, sua imaginação está tomando o caminho errado de novo. – Edward alertou. – Seu companheiro de quarto pode ser alguém legal, já pensou nisso? Alguém que você goste.

— Seja lá quem for, eu não vou fazer nenhuma tentativa com ele. Se não der certo, imagine o clima horrível que vai ficar com nós dois tendo que dividir o quarto.

— Talvez dê certo.

Bella o olhou irritada.

— Sabe, as vezes eu penso que deveria mesmo chamar o caça-fantasmas pra você.

— Teria coragem? – Ele provocou.

— Sim. – Bella mentiu – Você deveria ser o fantasminha camarada, não a assombração controladora.

— Se eu pudesse ser uma assombração de fato, seria muito mais divertido. Deve ser engraçado assustar as pessoas de vez em quando. Em vez disso, só você pode me ver e eu não posso fazer as portas baterem e nem nada para mostrar minha presença.

— Não é legal assustar as pessoas.

— Imagino que quando se é uma assombração, isso se torna uma espécie de trabalho em tempo integral. Quer dizer, o que mais há para se fazer?

— Será que existe? Digo, esse tipo de assombração? Sem essa baboseira dos filmes e tudo, a coisa real.

— Talvez. – Edward pensou – Acho que considerando isso — Ele gesticulou para si mesmo. – É bem possível que exista muito mais aí fora. O sobrenatural talvez seja mais natural do que a gente pensa. Afinal, quem sou eu para falar que fantasmas não existem?

Bella sorriu. Já havia se perguntado isso algumas vezes, se existia outros dons além do dela, outros tipos de sobrenatural além daquele que conhecia. Ela sabia que havia pessoas com o mesmo dom que ela, mas também sabia que eram casos raros e difíceis de encontrar. Talvez devesse pesquisar mais sobre isso, no futuro. Poderia ser interessante.

Quando a audiência foi marcada, Bella acordou bem cedo e foi passar o dia na praia. Isso ainda a deixava mais tensa do que o aceitável, então queria se distrair. Aproveitou o dia com nuvens escuras para poder se divertir com Edward sem preocupações; não havia ninguém a vista na praia para perturbá-los.

— Dois meses é bastante tempo. – Ela resolveu comentar com ele depois de um tempo, incapaz de se distrair completamente. – Sabe, imaginei que seria tipo os filmes, com as algemas e tudo isso.

— Seu pai está tentando adiantar a audiência, mas não está com muitas esperanças de conseguir. – Edward respondeu – Se trata de algo que já aconteceu há anos, depois de tudo. Não tem nenhum flagrante.

— Bem, pelo menos vai ser no começo das férias. Vai se resolver tudo de uma vez e eu não vou passar todas as minhas férias com isso na cabeça.

— Ainda pensa em viajar?

Bella tinha algumas economias razoáveis, e o Sr. Newton a tinha presenteado com um valor em dinheiro muito bom, como uma ajuda extra e um presente de despedida adiantado. As coisas para a faculdade já estavam todas compradas, e mesmo assim ainda tinha uma quantia alta. Tinha considerado, bem por cima, usar esse dinheiro para viajar.

Não tinha nenhum lugar especifico em mente, apenas queria que fosse um lugar tranquilo e com poucas pessoas. Talvez algum lugar no Canadá, em uma cidadezinha calma.

— Não sei bem para onde poderíamos ir. – Ela disse enquanto caminhavam pela areia. – Alguma sugestão?

— Eu diria para irmos em uma praia como se deve. – Ele respondeu olhando as nuvens carregadas. – Mas imagino que um lugar cheio não faz seu tipo.

— Não, obrigada. – Bella falou distraída – Um lugar frio é melhor, eu acho.

— E deserto, eu suponho. Falando nisso, os outros parecem estar se desviando da pacata Forks, hm?

— Já faz um tempo que não vejo outros além de você. – Ela concordou. – Não que isso me incomode.

— Nem a mim, mas é estranho. Acha que Harry está por aqui?

— Talvez. A reserva não é longe.

— Vou ver se ele está por lá, me espere aqui... A menos que queira falar com Sue?

— Não, ela provavelmente vai em casa daqui uns dias.

Bella se sentou direto na areia, olhando o mar agitado, enquanto Edward foi procurar Harry. Tinha pedido que Charlie não comentasse nada com ninguém sobre o problema com Renée, nem mesmo com Sue. Era algo pessoal e ela não via necessidade de mais ninguém saber.

Ficou esperando e pensando, aproveitando o bem-estar de uma noite bem dormida. Estava aliviada que os pesadelos estivessem diminuindo de frequência. O teor ainda era o mesmo, o quarto escuro e ela presa, mas Bella notou que o sonho era novamente silencioso. Sem risadas macabras ou choros sofridos. E gloriosamente mais espaçados. Já não sonhava todas as noites, e tinha esperança de que os sonhos parariam completamente em breve.

Isso era um problema já quase resolvido. Havia outros, porém.

Mesmo com tudo entrando nos eixos, Bella sentia-se um tanto desanimada. O futuro não parecia tão brilhante para ela como parecia ser para seus colegas de escola. Fiel ao que tinha prometido, ela iria para a faculdade e para um lugar totalmente fora de sua zona de conforto. Contudo, não conseguia afastar totalmente a sensação de vazio que essa perspectiva andava trazendo nos últimos dias. Parecia estar se preparando para viver os sonhos de outra pessoa, não os dela. Na verdade, não tinha certeza de possuir sonhos próprios.

Bella sabia que isso era incomum, e andava se perguntando, cada vez com mais frequência, se havia algo de errado com ela. Certamente, um ser humano comum tinha que ter alguns objetivos, não? Um carro, uma casa, filhos, uma carreira... Ela não tinha vontade de ter nada disso.

Suas vontades estavam em algo que viria após sua morte, em ficar com Edward. Para a vida propriamente dita, só queria viver onde estava, trabalhando no mesmo emprego conhecido, esperando. Sem se incomodar com planos, metas, mudanças. Isso definitivamente não era o modo comum de um jovem ver a vida, Bella pensou seriamente. E mesmo assim, não conseguia se animar.

Já estava chovendo quando Edward voltou, trazendo Harry junto. Bella estava no mesmo lugar, deixando a água empapar suas roupas e seu cabelo.

— Vamos ficar aqui. – Ela pediu quando chegaram até ela.

— Você vai ficar doente. – Edward contestou. – Saia da chuva, anjo.

Ela não se mexeu. Ficaram alguns minutos parados até Harry, com uma risada, se sentar ao lado dela. Edward bufou, mas se sentou também.

— Não é como se pudéssemos nos molhar, afinal. – Harry comentou.

— Ela pode, e pode ficar doente. – Edward disse olhando-a feio.

— Uma gripe não vai me matar. – Bella respondeu. – Como vai a família, Harry?

— Bem. E Charlie?

— Igual. – Ela disse.

— Você se sente mais à vontade com os mortos do que com os vivos, pequena? – Harry perguntou.

— Me sinto mais à vontade com Edward. – Bella deu de ombros. – E você também é bem tranquilo para conversar. Nem todos são assim. Já os vivos, bem, são mais complicados.

— Charlie reagiu bem. – Edward apontou.

— E nem todos são como Charlie. – Ela falou.

— Assim como nem todos são como Renée. – Ele devolveu.

Harry olhou de um para o outro e riu.

— Vocês dois estão certos, eu suponho. Há pessoas que se recusam a ver, e há aquelas que aceitam o que veem. – Harry disse. – O que a atormenta, Bella?

— Acho que eu sou mesmo uma árvore. Nasci para ficar plantada aqui e esperar pelo dia que vão me cortar.

Edward ficou horrorizado, porém Harry voltou a rir.

— Andou filosofando sobre a vida? – Harry falou.

— Mais ou menos. É tão... Sem graça. Todo mundo tem sonhos e metas pessoais e eu só quero existir.

— E qual é o problema nisso?

Dessa vez foi Bella que deu risada. Edward a fulminou com os olhos.

— Tem todo aquele papo de potencial. – Ela explicou afastando o cabelo molhado para longe do rosto. – E é bem idiota, sabe? Quase um desperdício. Deve ter gente por aí desesperada para ter algum tipo de dom, e ser especial e tudo isso. Eu tenho um, e nunca fiz nada de útil com ele. Talvez devesse tentar fazer algo útil. Acho que seria altruísta tentar ajudar as almas a sair do limbo, não é? Agora que sei que isso é possível.

— Não tem que viver sua vida em função de ajudar desconhecidos, Bella. – Foi a resposta de Harry. – E nem todos merecem ajuda, você deve concordar.

— Não, nem todos. – Ela cedeu tranquilamente. – Sabe, Harry, minha vida está se expandindo e virou de um jeito muito mais positivo do que jamais imaginei. Só que eu estou aqui, vendo tudo isso acontecer, mas tudo está tão cinza.

— Longe de mim lhe dizer o que deve fazer, pequena. Você vive e eu já morri. Só o que posso fazer é observar. Meu tempo já passou.

— Eu gosto de conselhos. – Bella falou.

— Apenas viva. – Harry aconselhou sorrindo.

— Que tal sair da chuva? – Edward voltou a pedir.

Bella concordou dessa vez. Estava mesmo começando a ficar com frio demais para suportar, e a chuva estava aumentando. Eles foram para a picape e se enfiaram lá dentro. Era grande o bastante para caber os três, mesmo se eles fossem vivos.

Harry os divertiu por um tempo contando histórias de sua juventude. Ela riu ainda mais das expressões chocadas de Edward diante de alguns dos problemas em que Harry se meteu.

— Você é mais velho do que eu, de certa forma. – Harry disse bem-humorado para ele. – Mas acho que nunca teve a chance de fazer alguma coisa boba e imprudente.

— Eu queria ir para a guerra e morrer lá porque achava isso glorioso, creio que isso seja imprudente o bastante. – Edward retrucou tranquilo.

— Nunca bebeu?

— Meus pais me deixavam provar um pouco de vinho, durante as festas. Não era o bastante para causar algum efeito.

— E presumo que você nunca tenha bebido, Bella. – Harry se voltou para ela. – Não com Charlie como pai. Ele sempre foi muito responsável.

— Nunca tive vontade. – Ela deu de ombros. – Eu lhe disse: uma árvore completa.

Eles conversaram bastante, partilhando mais histórias, enquanto a chuva caia pesada do lado de fora. Bella estava satisfeita por conseguir afastar os pensamentos ruins e se divertir, enquanto deixava o calor da picape secar suas roupas.

— Deixo vocês por aqui, crianças. – Harry disse horas depois. – Quero ir ver meus filhos. Venham mais vezes, é muito bom poder conversar.

— Uma árvore esperando para ser cortada, hm? – Edward comentou depois que Harry partiu.

— Algo assim.

— Isso está te incomodando?

— Não exatamente. – Bella respondeu. – Só... É estranho.

Ele a olhou atentamente.

— Você não quer ir para a faculdade. – Não era uma pergunta.

Bella deu de ombros.

— Nós temos nosso acordo. – Ela o lembrou.

— Temos. Mas, se você realmente não quer ir, não vá. Não precisa ir.

— Nosso acordo...

— Não está acima da sua felicidade. – Edward disse categoricamente. – Anjo, não quero que ver você infeliz. Se vai para a faculdade e se sentir mal, prefiro que fique aqui.

— Criando mofo e tudo?

— Criando mofo e tudo. – Ele riu.

Bella sorriu.

— Só estou desanimada, só isso. Talvez sair daqui seja mesma bom. – Ela respondeu se recostando no banco. – Mais de uma pessoa já me disse que minha imaginação é um perigo, sabe. Devia ter aprendido a lição já, mas não é fácil.

— Já está quase no fim. – Edward a lembrou. – As coisas vão se resolver. Quando acabar a audiência, você vai poder deixar uma boa bagagem para trás.

— Eu sei. – Bella suspirou. – Acho que preciso de mais ajuda psicológica do que pensei. Para colocar as coisas no lugar.

— Vai ficar tudo bem, anjo.

Ficaram estacionados na praia até o final da tarde, quando a chuva já não passava de uma leve garoa. Bella olhou longamente para o mar, tendo uma sensação curiosa. Então ligou a picape e foi para casa.


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Notas finais do capítulo

Vou contar uma histórinha para vocês:

Sabe aquele apego emocional com um objeto? Eu tenho ele com meu notebook antigo. Bichinho guerreiro e sofrido, que parou de funcionar logo depois que comecei a escrever MW. Ele abriu dos lados e parou de funcionar as USBs, e como o teclado e o mouse dele pararam de funcionar já faz uns dois anos, eu precisava de teclado e mouse USB para poder usar ele.

Essa semana meu irmão trouxe ele de volta, cheio de cola quente e muita fita estilo Julios. "Não mexi no software dele" meu irmão disse "está tudo como você deixou". Eu fiquei toda feliz e pensei "Vou usar o notebook novo só para estudar, e esse aqui eu uso para todo o resto". Eu escrevi o capítulo 20 nele, desliguei e fui tomar banho. Quando voltei para postar o capítulo, cadê ele? O meu amado notebook velho não salvou meu lindo capítulo 20. Acontece que meu amado notebook velho parece estar com perda de memória recente, porque nada novo que eu coloco nele, ele guarda. Se eu desligar ele, os arquivos novos somem.

Eu precisei escrever o capítulo 20 de novo, agora no notebook novo, que parecia estar rindo da minha cara.

Foi por isso que o capítulo dessa semana atrasou. Eu só percebi o problema onze horas da noite, e não dava mais tempo de escrever e postar a tempo.

Me desculpem por isso, por favor. O próximo capítulo vai sair normalmente na quarta, e meu amado notebook velho vai ganhar uma formatação completa.

Faltam dois capítulos para o final de Mini World ;)



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