Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793160/chapter/18

Capítulo 18

Mike se manteve novamente afastado nos dias que se seguiram. Ele estava visivelmente chateado. Bella voltou a se desculpar, começando a se sentir culpada, porém não surtiu muito efeito. Ela achou melhor evitar novas tentativas enquanto ainda estivesse em Forks, para evitar mais coisas assim.

Quando as respostas das faculdades chegaram, ela ficou surpresa por ter sido aprovada em duas. Poderia escolher entre os cursos de inglês e história. Charlie e Edward pareciam felizes por ela, embora a própria Bella não estivesse muito entusiasmada.

A neve desapareceu de vez, deixando apenas chuvas em seu lugar nas semanas que se seguiram. Forks estava bem tranquila. Bella não voltou mais a ver a senhora suplicante, nem nenhum outro morto além de Edward. Sue apareceu para mais visitas, mas Harry não. Ela não estava particularmente triste com o sumiço dos outros mortos.

As visitas de Sue, a propósito, andavam bastante regulares. Bella não notava nada muito ousado entre Charlie e ela, embora tenha interceptado olhares cada vez mais demorados. Resolveu esperar para ver onde aquilo ia dar. Charlie parecia ter perdido a prática de conquista.

A única coisa que a estava incomodando era a torrente de pesadelos que vinha tendo. Era o mesmo sonho de antes; ela presa em um quarto fechado e escuro, ouvindo pessoas – mais frequentemente a voz de Renée – do lado de fora. Sonhava todas as noites com isso e sempre acordava assustada. Edward não saia mais do quarto como era de costume, pois ela sempre acordava chamando por ele. Não conseguia compreender o motivo desses pesadelos tão frequentes. Nunca tinha tido nada igual.

Ela começou a se aborrecer ainda mais pelo cansaço que as noites mal dormidas trouxeram. Sentia muito sono durantes as aulas e até chegou a ser repreendida por um professor, por sua distração, que na verdade era apenas sono.

Juntado tudo isso, Bella não notou a rapidez com que o tempo estava passando e ficou surpresa ao ver que já estavam em março.

— O tempo está passando muito rápido – Ela reclamou para Edward uma tarde – Parece que é de propósito.

— O tempo passa na mesma velocidade de sempre, você que já está sofrendo por antecipação por ter que sair daqui em agosto – Ele comentou tranquilamente – Achei que já tivesse aceitado a ideia da faculdade.

— Aceitei, já até escolhi o curso, lembra? – Tinha escolhido o curso de inglês, embora tenha usado novamente o método de fechar os olhos e embaralhar, coisa que Edward reprovou bastante – É sério, parece que está indo tudo muito rápido.

— Anjo, você está ansiosa por que deixar seu recanto verde, admita.

— Nós temos nosso acordo e eu vou cumprir o que prometi – Bella falou – Não seja chato.

— Não estou sendo chato, estou sendo realista – Edward provocou – Vai levar uma árvore na mala quando for?

— Não, já tenho você para ocupar espaço – Ela retrucou – Só falta você farfalhar, mas acho que você já faz barulho demais, então é melhor não.

Eles andavam se alfinetando bastante, coisa que estava divertindo Bella mais do que deveria. Ele não insistiu quando ela anunciou que iria esperar para ir atrás de novas tentativas, e também concordou que era melhor. As mudanças no relacionamento deles se tornaram menos sutis.

Os dois estavam tendo bons momentos juntos, vendo filmes bobos na televisão, lendo livros, contando histórias repetidas. Já faziam essas coisas antes, mas agora pareciam mais intensas, mais significativas. Chegaram a ir na praia, quando a chuva deu uma trégua, e Bella riu a tarde inteira das piadas ridículas que Edward fez sobre o mar. Como a primeira praia era quase sempre vazia, não foi nenhum problema para eles.

Ela estava feliz, de alma e coração. Estava sentindo que ele retribuía seu amor, e era uma sensação gloriosa. Quase como poder tocá-lo.

***

— Meu nome é Edward Masen, eu nasci em Chicago, em 1901 – Ele contou – Meu pai era advogado. Um grande advogado. Minha mãe era dona de casa e uma pessoa muito boa. Eu cresci com muitas regalias, tive aulas de piano, estudei nas melhores escolas. Fiquei cego pela ideia de ser soldado e morrer heroicamente. Realmente morri, embora não de forma heroica, e nem por causa da guerra. A gripe espanhola me pegou. Voltei e vi meu corpo sendo levado para as valas de cremação. Fugi e rodei o mundo, conhecendo lugares.

Estavam deitados na cama, no escuro. Não havia chuva do lado de fora, só o som suave das folhas das árvores. E o som distante da televisão, lá embaixo, sendo assistida por Charlie. Bella estava pedindo por mais histórias da vida dele, e Edward estava insistindo que já não havia mais nada que ela não soubesse. Quando ela continuou insistindo, mais por brincadeira, ele começou a recitar a própria vida desde o começo, de um jeito dramático.

— Conheci uma menina que podia me ver. Desde então, nós estamos juntos. Não é uma tarefa fácil – Edward fez cara de sofrido – Sabe, essa menina se recusa terminantemente a ver todas as oportunidades que tem e insiste em ficar a vida toda presa em um recanto úmido e verde. Mas ela tem um rosto muito bonito, e uma alma muito apaixonante, então vale muito a pena ficar, mesmo que ela babe no travesseiro.

— Eu não babo! – Bella riu – Isso é pura calunia!

— Baba, sim, e bastante – Ele insistiu – Seu travesseiro deve achar que está do lado de fora da casa, nas chuvas constantes.

— Edward, isso não é nada cavalheiro!

— Duras verdades ainda são verdades, anjo.

— E você está me enrolando. Conheço tudo isso que você disse.

— Viu? Eu lhe falei que já não há mais nada sobre mim que você não saiba. – Ele apontou – E você, Isabella Swan, que segredos esconde de mim?

— Se você não tem mais histórias, que está aqui na Terra já faz quase cem anos, por que eu teria? – Bella perguntou – Você esteve presente em metade da minha vida.

— E ainda sim, você não deixa de me surpreender.

— É diferente.

— Não, não é. Você revirou minha vida de cima a baixo, anjo – Ele disse – Agora é minha vez. Vamos lá. Conte-me mesmo o que eu já sei. Entre na brincadeira.

Bella revirou os olhos e bufou.

— Tudo bem. – Bella começou rendida – Meu nome é Isabella Swan, eu nasci em Forks. Sim, na úmida e verde Forks! – Ela falou divertida e riu da careta dele – Vê? Tenho raízes aqui.

Ela tapou a boca com a mão para abafar o riso, que saiu muito alto, quando ouviu um barulho vindo de lá de baixo.

— Vai criar raízes de verdade muito em breve, espere só. – Ele afirmou – Não ficaria surpreso de ver folhas crescendo entre seus cabelos. Continue.

— Meus pais se separaram quando eu tinha quase um ano – Bella continuou, sentindo a graça diminuir um pouco, cada vez mais – Minha mãe me levou com ela. Eu via meu pai uma vez por ano, durante duas semanas. Renée... – Ela hesitou, já totalmente séria e sem humor – Ela me deixava trancada dentro do meu quarto por dias, muitas vezes sem comer. Eu não podia frequentar a escola, e raramente saia de casa. Um dia, assustei um dos namorados dela. Foi nesse dia que ela me mandou embora, para viver com meu pai. Durante anos não tive noticias dela. Quando ela reapareceu, foi para agradar o novo namorado, que insistiu no reencontro. Ela disse que me deixaria em paz se eu fingisse uma boa relação com ela, na frente dele.

Enquanto falava, Bella se lembrava das cenas. Ainda sentia um pouco de desgosto por isso, e continuava se perguntando como alguém podia ser tão frio e insensível. Renée era uma parte de sua vida que queria deixar de lado, ao menos por enquanto. Um dia, Bella estava decidida, iria enfrentar de vez aquele passado e todas as suas consequências. Nesse dia, ela não iria mais fugir. Iria encarar de frente e resolver tudo aquilo. Quando se sentisse pronta.

— Vivo muito bem com pai – Ela retomou, afastando-se da parte escura de sua vida – E comecei a frequentar a escola. Achei bem chato... Ainda é chato, às vezes. Eu odeio trigonometria. Mas a vida aqui é bem tranquila. Tenho um emprego comum, estudo em uma escola comum, vou para uma faculdade comum. Uma vida comum, para uma menina incomum.

— Você esqueceu de falar muita coisa. – Edward comentou; tinha ficado com os lábios franzidos durante o relato sobre Renée, mas sua expressão estava mais leve de novo – Não falou sobre poder ver os mortos. Não falou sobre mim.

Bella sorriu diante do tom sutilmente ofendido dele.

— Ah, tudo bem. Uma vez, quando sai de casa, vi um homem de cabelos laranja. Achei muito bonito. Ele me seguiu até minha casa e podia atravessar paredes. Me ajudava nos estudos, me contava histórias divertidas sobre um mundo que eu não conhecia, ficava assombrando minha casa quando eu não estava. Acabei me apaixonando por ele, mesmo que ele seja bem irritante e não entenda que eu gosto de viver no meu recanto úmido e verde.

— Não é algo que eu vou entender, você sabe. Mas nós temos nossos acordos, e isso basta.

— Quanto ao meu dom – Bella resmungou – Ele me trouxe muitos problemas, e também me trouxe você, então acho que compensou. Só não espere ouvir de mim que adoro poder ver gente morta, pois isso é bem improvável de acontecer. Era isso que queria ouvir?

— Foi uma brincadeira divertida – Ele disse – Além do mais, ouvi dizer que falar é muito bom. Traz coisas boas e ajuda a tirar as ruins.

Bella ouviu a porta do quarto de Charlie se fechando e olhou para o relógio, que mostrava ser pouco mais de meia-noite.

— Acho que é hora de dormir. – Edward falou seguindo seu olhar. – Você tem aula amanhã.

— Sim, vou aproveitar os últimos momentos com o bom corpo estudantil de Forks – Ela disse pesarosamente – Que pena, não acha?

— Vai dormir, Bella.

Ela sorriu de sua brincadeira e se ajeitou na cama. Não foi até quase estar pegando no sono, algum tempo depois, que Bella notou o som da televisão ainda ligada, lá embaixo. E a ausência dos roncos do pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rapaz, pensa em um capítulo que parece que não rendeu. Eu escrevi e escrevi e escrevi e parece que não escrevi foi nada. Enfim, aqui está o dito cujo.

E devo dizer: Bella, nem sempre a vida espera você estar pronta...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mini World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.