Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)

Atualizações e respostas para os comentários toda quarta-feira. Comentem e me deixem feliz.



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Capítulo 13

Charlie ficou satisfeito, como Phil, ao saber que o encontro correu bem. Bella não entrou em detalhes, não querendo prolongar aquele assunto. Estava decidida a ter um descanso de tudo aquilo, depois das semanas complicadas que se antecederam. E agora estava de férias da escola também.

Ela comprou as coisas para uma ceia pequena. Edward sugeriu, com bastante polidez, que comprasse guirlandas e enfeitasse o lado de dentro da casa, já que o lado de fora ficaria muito úmido para decorações. O clima pesado entre eles foi se dissolvendo aos poucos, o que deixou Bella aliviada.

Ela fez um pedido de desculpas muito sincero, querendo apenas tê-lo de volta. Disse a si mesma que também daria uma folga aos problemas relacionados ao que estava sentindo por ele. Era tempo de Natal e ela queria apenas relaxar.

Charlie trabalhou na manha da véspera, e ela aproveitou para assistir filmes com Edward até ele chegar. A tarde de risadas e brincadeiras ajudou a extinguir definitivamente qualquer resquício ruim que havia ficado. Ele se sentou à mesa com eles na hora da ceia, e até elogiou a comida. Era uma gentileza, claro, ele não podia comer.

— Qual era sua comida preferida? – Ela perguntou mais tarde, já deitados.

— Macarrão – Ele disse – Mas também gostava muito de torta.

— Qual sabor de torta?

— Pêssego. Minha mãe fazia pessoalmente, era uma delícia.

— Sente falta de comer?

— Sinto falta dos sabores, as vezes – Ele deu de ombros – Não faz muita diferença, já que não sinto fome, mas lembro como era o sabor de algumas coisas.

— Sente falta dos seus pais? – Bella indagou.

— Da minha mãe, principalmente. Meu pai era um homem distante, quase sempre no trabalho. Ele morreu primeiro, ainda em casa – Contou – Na manhã seguinte os sintomas começaram em nós. Minha mãe e eu morremos quase juntos, pelo que posso me lembrar. Não duramos muito.

— Ah – Bella exclamou um pouco sem graça – Desculpe ter perguntado isso.

— Não tem problema – Ele sorriu – Já faz muito tempo. Fico feliz que eles tenham ido direto.

— Mas você ficou.

— Fiquei. Quando voltei e percebi que agora era só um espirito... Bem, eu não soube como reagir. Vi meu corpo e o corpo da minha mãe sendo levados e simplesmente fugi. Sabia o que iam fazer, Bella. As pessoas estavam morrendo as centenas por dia, não havia como enterrar. Eu só não quis ver. Demorei um pouco a aceitar minha nova existência. E não só eu. Muitas vitimas ficaram, tão desnorteadas como eu pela morte repentina.

— Foi por isso que você ficou? – Ela perguntou quietamente – Por que foi muito de repente?

— Não – Foi a resposta – A morte por si só é repentina, não precisa necessariamente de uma pandemia como foi a gripe espanhola. Algumas pessoas sabem que o tempo está acabando, por causa de doenças graves, mas a grande maioria simplesmente não tem a menor ideia de quando vai ser. Saem para trabalhar e não voltam. Vão deitar e não acordam mais. Fazem planos que nunca vão realizar.

Era uma resposta profunda, Bella admitiu, mas não foi uma resposta completa.

— E você ficou porque queria ser soldado e não conseguiu – Deduziu.

— Isso é um paradoxo, se você pensar bem. Eu queria ser um soldado, mesmo sabendo que provavelmente morreria. Essa era a grande ideia da época, a glória de ser soldado e morrer como soldados, cheio de honrarias. Bem, se esse era meu desejo, ele aconteceu, então tecnicamente eu deveria ter ir direto.

Ainda não era a resposta que ela estava procurando, porém Bella não insistiu mais. Conhecia Edward muito bem para saber que ele estava desviando do assunto. Se algum dia quisesse falar, falaria.

— Bem, você seria um péssimo soldado – Ela resolveu brincar.

Ele se fingiu de ofendido.

— Não, eu seria um grande herói – Proclamou – Você teria que me estudar nos seus livros hoje em dia, tenho certeza.

— Talvez – Ela deu de ombros – Mas eu provavelmente pensaria "Droga, mais um idiota que vou ter que memorizar para garantir meu diploma".

— Bom, para a sua sorte, a gripe me pegou primeiro. Agora você tem que me aguentar assombrando sua casa.

— Existem assombrações piores, eu acho.

— Mais feias, sem dúvida – Ele concordou solenemente.

— Já te disse que você é muito convencido?

— Umas vinte vezes por ano.

— É o preço por assombrar minha casa – Ela respondeu rindo – Mas acho que ainda estou no lucro, afinal. Você me ajudou muito nos estudos e por isso minhas notas não são um fracasso total.

— Não estava vivo, mas estava aqui quando alguns dos principais idiotas que você estuda caminharam por esse mundo, então é bem fácil.

— Deve ter sido... Bem desagradável estar aqui nessa época.

— Para ser bem sincero, não – Confessou – Eu já estava morto, todas as pessoas que um dia amei também estavam mortas. Não havia ninguém para me preocupar. É claro que eu não ficava totalmente à vontade, só que não podia fazer nada. Então decidi que não adiantaria dar atenção aquilo. Quer dizer, o que eu poderia fazer? O mundo dos vivos não tinha nada para mim. Até você aparecer, pelo menos.

Bella sentiu o rosto esquentar estupidamente. Desejou que o quarto estivesse mais escuro para que Edward não pudesse ver o tom de vermelho que seu rosto provavelmente estava.

— Isso foi uma coisa boa? – Ela perguntou sem conseguir se conter – Ter me encontrado?

— Foi.

A onda de emoção a tomou, fazendo seu coração acelerar. Ela obrigou aqueles sentimentos a sumirem, decidida a manter sua promessa. Não pensaria em nada disso agora. Tinha se prometido uma folga, e iria tê-la.

— Me conte mais sobre você – Ela pediu, querendo desviar daquele assunto.

— O que mais posso dizer sobre mim que você já não saiba? – Indagou de bom-humor.

— Você está no mundo a bastante tempo – Ela insistiu – Tem muita coisa que eu não sei.

— Se está procurando por escândalos, vou decepciona-la – Alertou brincalhão – Fui um rapaz comportado.

— Comportado? Você?

— É claro que eu fui. Um perfeito cavalheiro.

Ele voltou a se fingir de ofendido quando ela rolou de rir na cama. Tinha certa verdade no que ele tinha dito; alguns de seus atos eram cavalheirescos, era inegável. Contudo, ele tinha pego algumas coisas das décadas que se passaram também, e essas coisas não eram nada cavalheirescas.

— Pronto? – Edward perguntou quando ela se acalmou.

— Desculpe – Bella colocou a mão na boca para segurar uma nova risada – Mas, de verdade, eu sei que você ainda deve ter umas boas histórias para contar.

— As melhores eu já te contei. Os lugares que conheci depois da morte, algumas coisas engraçadas que vi. Não tem muito além disso.

— E dos outros espíritos? – Perguntou Bella – Nenhum deles nunca te contou nada interessante?

— Nunca gostei muito de falar com outros espíritos. O primeiro assunto é sempre "do que foi que você morreu" ou então "porque você não conseguiu fazer a passagem" e isso nunca foi do meu agrado. Alguns relatos são bem perturbadores.

— E alguém como eu, nunca te contou nenhuma história legal?

— Nunca falei com nenhum outro vivo. Só você.

Aquilo a deixou surpresa.

— Ninguém? – Indagou.

— Ninguém – Edward confirmou – Imagino porque isso a deixe surpresa, com minhas viagens e tudo o mais.

— Mas você sabia? Quer dizer, que havia gente que podia ver você?

— Sim, eu sabia que havia algumas raras pessoas que conseguiam ver a gente, por algumas conversas que tive com outros espíritos, mas nunca tinha encontrado nenhuma. Até você. Você era uma menina pequena e estava olhando para tudo, e daí olhou para mim. Eu percebi... Eu vi, na verdade, antes de você me notar. Um tipo de brilho ao seu redor. Nunca tinha visto nada igual e não tinha ideia que aquilo significava que você podia ver o mundo dos mortos. E daí você olhou para mim e me viu.

— Eu lembro – Ela disse – Você chamou minha atenção porque eu nunca tinha visto alguém com cabelo ruivo.

— E você chamou a minha. Foi um pouco estranho, não nego. Saber que um vivo podia me ver. Estava acostumado a ser completamente invisível.

— E eu estava acostumada a ver pessoas invisíveis – Ela brincou.

Ele sorriu, mas parecia um pouco culpado.

— O que? – Bella perguntou.

— Não estava nos meus planos falar com você – Ele admitiu encolhendo os ombros, como se pedisse desculpas – Você era muito nova, mas...

— Mas?...

— Eu vi a forma como sua mãe te arrastou dali – Ele ficou sério – Isso me incomodou. Fiquei... Preocupado com o que ela faria com você. Daí te segui. Ainda sim, hesitei em falar com você. Mais por medo do que poderia te acontecer do que por qualquer outra coisa. Ficou claro que você não entendia o que podia ver. Acabava falando demais para sua mãe e estava bem óbvio que ela não lidava bem com isso.

— Ah. – Bella disse fracamente.

— Me desculpe – Ele pediu – Por ter falado desse assunto.

— Tudo bem – Ela murmurou – Eu pedi pra você falar de alguma coisa.

Os maus-tratos de Renée não eram nenhuma novidade, então não era isso que a estava incomodando. Era pensar que eles poderiam nunca ter se conhecido. Bella tentou imaginar como teria sido se Edward não estivesse em sua vida e estremeceu com isso. Sem ele, não teria ninguém para confiar plenamente.

Charlie estaria sempre ali, claro, mas Charlie não era Edward. Não a conhecia como Edward, não a fazia rir como Edward, não tinha compartilhado tanto com ela quanto Edward. Ela amava o pai profundamente, mas os dois ocupavam espaços diferentes em seu coração.

— O que te fez resolver falar comigo? – Ela perguntou depois de um tempo.

— Você era muito sozinha. Fiquei observando um tempo e percebi isso. Não tinha contato com quase ninguém. De novo, não havia nada que eu pudesse fazer para te tirar daquele quarto. Nem avisar ninguém. Mas podia ficar ali com você e tornar aquilo mais suportável.

— E você tornou – Ela afirmou – Muito mais do que imagina.


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Notas finais do capítulo

Capítulo soft porque as coisas vão começar a esquentar. Se preparem.



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