Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 6
O templo (Anakin x Ahsoka)


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais uma vez!

Voltando aqui com mais um conto.

Espero que gostem :)



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— Mestre, por que me trouxe tão longe? – perguntou Ahsoka quando ela e Anakin desceram da nave.

Estavam em uma lua pequena. Tão pequena que, olhando para o horizonte com muita atenção, era possível ver a sua curvatura. Era um lugar frio, com árvores altíssimas cobertas por neve se estendendo para todos os lados. Mas havia algo de diferente... Algo que deixava Ahsoka calma e, ao mesmo tempo, em estado de alerta. Algo que a fazia admirar a beleza daquele lugar, mas, ao mesmo tempo, temê-la.

— Logo depois que eu montei o meu primeiro sabre de luz, Obi-Wan me trouxe até aqui – explicou Anakin. – Você consegue sentir, Ahsoka?

— O que, mestre? – ela ainda estava confusa.

— A Força – ele respondeu. – Ele é grande nessa lua. E sabe por quê?

Então, havia uma explicação para a sensação esquisita que Ahsoka tivera...

— Há um antigo templo Jedi aqui – Anakin respondeu a própria pergunta. – Talvez não o mais antigo, mas um dos mais. E essa vai ser a sua missão.

Ahsoka olhou confusa para seu mestre.

 – Você vai atrás desse templo – ele explicou. – E só vai retornar quando encontrá-lo. E nem pense em voltar e tentar me enganar, eu vou saber.

— Mas, mestre! – Ahsoka protestou. – Pode levar dias se eu for a pé! Está um frio absurdo e eu não tenho mantimentos.

— Está com medo, Abusada? – Anakin a provocou. – Quando Obi-Wan me trouxe aqui, eu era quatro anos mais novo que você e consegui cumprir a minha missão.

Ahsoka encheu o peito confiante. Então, aquilo era um desafio.

— Agora, entre nessa floresta e ache o templo – ordenou Anakin. – E para me provar que achou, você vai ter que me dizer o que viu lá dentro.

— Quanto tempo você demorou, mestre? – Ahsoka perguntou.

— Dois dias – ele respondeu. – Quase morri de hipotermia e passei quase um dia em tanque bacta quando voltamos para Coruscant.

— Então, te vejo em algumas poucas horas, mestre.

Dito isso, Ahsoka se virou e começou a caminhar em direção a floresta. Anakin sorriu e, após murmurar um “Abusada”, voltou para dentro do interior do calor da nave.

***

Conforme Ahsoka avançava para dentro da floresta, ela se tornava mais densa. Apesar da desvantagem de isso a tornar cada vez mais escura, ao menos a quantidade de neve que chegava ao chão era bem menor, de forma que a sensação térmica ficava cada vez menos insuportável (embora isso não significasse que as pontas dos dedos da Padawan não estivessem formigando e seus dentes, batendo velozmente um contra os outros). O frio ainda era tão intenso que cada brisa de ar que tocava a sua pele parecia com o ferimento feito por uma lâmina incandescente.

— Como ele espera que eu encontre esse templo? – ela reclamava. – A lua é pequena, mas não tanto!

Estava escuro, mas ela precisava continuar. Atravessou algumas clareiras, um rio congelado... Seus pés estavam acabando com ela. Finalmente, apenas quando escureceu e as estrelas passaram a dominar o céu, Ahsoka se deu por vencida: passou a recolher alguns gravetos e galhos mais secos e os aglomerou próximo ao tronco de uma árvore caída. Passaria a noite ali. Isso se conseguisse acender a fogueira.

Devido ao frio, bolhas imensas já haviam surgido nas palmas das mãos da Padawan quando ela, finalmente, conseguiu produzir uma faísca. A partir desse momento, o calor que emanava da fogueira lhe deu um pouco de conforto. Apesar de não ter visto um único animal desde que descera da nave, esperava que as chamas pudesses afastar eventuais predadores.

Com dificuldades, ela conseguiu adormecer.

***

Ahsoka acordou com frio e por causa do frio.

Era muito cedo e o sol nascia no horizonte, mas uma escuridão assustadora ainda dominava o céu, sendo rapidamente substituída por uma coloração arroxeada, rosada e, por fim, um azul intenso. De onde estava, a paisagem era bonita e ela conseguia ver um imenso vale. Mas nenhum sinal de alguma construção.

Como poderia achar o templo? Quanto mais precisaria andar?

Estava começando a achar que decepcionaria seu mestre.

“O que o mestre faria?”, Ahsoka perguntou.

“Improvisar”, foi a resposta que ela deu para si mesma.

Ótimo... Uma resposta que não ajudava em nada. Não havia método, não havia disciplina e não havia regras no improviso. Os resultados de qualquer tentativa assim seriam o mais completo acaso, e ela não podia se dar ao luxo de errar se quisesse voltar para a nave sem morrer de frio ou de fome.

Não vendo outra alternativa, Ahsoka sentou-se da forma mais confortável que podia e fechou os olhos.

Improvisar certamente não lhe levaria a lugar nenhum, então, talvez ela precisasse recorrer a mais antiga e útil técnica dos Jedi: meditar. Se a Força era tão forte naquela lua, talvez meditando ela conseguisse alguma luz sobre como deveria proceder.

Com um pouco de dificuldade por lutar contra o seu estômago (que insistia em quebrar o silêncio daquele lugar), Ahsoka esvaziou a mente. Apenas assim, ela conseguiu sentir o quanto a Força era realmente forte naquela lua. Uma presença incrível, perturbadora e pacífica. Uma presença que fazia seu coração acelarar, mas, ao mesmo tempo, a fazia flutuar. Uma presença que a atravessava e a dominava, clamando para si cada célula do corpo da Padawan.

“Ahsoka”.

Seu nome chegou aos seus ouvidos como se tivesse sido proferido pelo vento. Assustada, ela abriu os olhos e, despertada de seu transe, caiu. Mal sentira ela que estava flutuando a alguns centímetros do chão. Mas isso não era o que mais a incomodava: ao olhar ao seu redor, percebeu que não estava mais no mesmo lugar.

Estava na ponte de comando de um cruzador Jedi, mas havia algo de diferente. Aparelhos que ela nunca vira na vida e oficiais com uniformes verdes, semelhantes, mas não iguais aos dos oficiais dos cruzadores que ela conhecia. Em seus chapéus, um símbolo. Não era o símbolo da República ou da Ordem Jedi. O que estava acontecendo?

Assustada, ela caminhou pela ponte. Nenhum dos oficiais estava trabalhando, mas todos acompanharam o movimento da Padawan em silêncio, observando-a. Curiosa e assumindo para si mesma que estava com medo, Ahsoka parou em frente a janela. O cruzador estava no espaço e não havia sinal de nenhum planeta por perto.

Mas, refletido no vidro, outra coisa lhe chamou a atenção: ela mesma.

Era ela, mas diferente. Mais alta, com uma expressão madura e um rosto mais fino. Não usava mais a sua traça característica dos Padawan sobre seus lekkus. Pouco tempo foi necessário para que ela percebesse que ela estava vendo uma versão de si mesma no futuro.

“Ahsoka”.

Novamente, a mesma voz. Assustada, ela se virou e, finalmente, percebeu que não era o vento que a chamava, mas sim a figura assustadora à sua frente, no extremo oposto da ponte de comando. Uma figura alta com vestes e capa pretas e um capacete de metal colocado sobre uma máscara que muito lembrava um crânio. Uma figura que exalava crueldade, raiva e ódio e cuja simples presença fez o sangue de Ahsoka congelar.

— Eu posso treinar você no caminho para o lado sombrio – disse a voz estendendo-lhe a mão. Havia algo de familiar naquela figura, mas a Padawan não sabia dizer o que. – Venha comigo e, juntos, podemos derrubar o Imperador e governar a galáxia como mestre e aprendiz.

— Não! – gritou Ahsoka, agarrando os seus sabres de luz. – Nunca!

— Se você ao menos conhecesse o poder do lado sombrio – disse a figura com sua voz robótica e sua respiração arrastada. – Junte-se a mim. Lute ao meu lado. Você pode se tornar a Sith mais poderosa que já existiu, Ahsoka. Basta se juntar a mim!

— Eu nunca vou me juntar ao lado sombrio! – ela gritou. – Vou lutar contra ele, como a Jedi que sou!

Imediatamente, Ahsoka acionou seus sabres de luz. Uma nova surpresa: ao invés da tradicional coloração verde, as lâminas de seus sabres eram brancas. A figura a observou por alguns instantes e, então, recolheu a mão, levando-a para o interior da longa capa preta que usava, de onde retirou um sabre de luz. Ao acioná-lo, uma lâmina vermelha cintilante.

— Então, vai morrer como um – disse a figura, começando sua caminhada em direção a Ahsoka.

Uma gota de suor frio escorreu pela têmpora da Padawan. Quando ela deu o primeiro passo em direção ao seu oponente, a figura levantou o braço.

Incapaz de reagir, Ahsoka foi derrubada, soltando seus dois sabres de luz e sendo arrastada pela Força em direção a figura, que se tornava mais assustadora a medida que ela se aproximava. Estava a menos de um metro de seu oponente quando esse levantou seu sabre de luz, pronto executá-la. Em Pânico, Ahsoka estendeu o braço para trás, atraindo seus sabres de luz e conseguindo acionar suas lâminas a ponto de bloquear o golpe. Com um chute na altura da barriga, Ahsoka afastou a figura mascarada, o que lhe deu tempo para se levantar e atacá-la.

Os sabres de luz dos dois se chocavam com uma velocidade incrível e Ahsoka dava o seu máximo para vencer o homem à sua frente, mas ele parecia prever cada um de seus movimentos. Como se a conhecesse... Mal tinha tempo para atacá-la, mas Ahsoka era incapaz de acertá-lo. Golpe atrás de golpe, todos os ataques de Ahsoka eram bloqueados. Leve e ágil, Ahsoka dançava ao redor de seu oponente, com pulos e acrobacias mortais, golpes enquanto ainda estava no ar. Golpes que seria letais contra qualquer outra pessoa, mas não contra aquele ser misteriosos.

Por fim, a figura bloqueou mais um dos golpes de Ahsoka e, ao estender a mão para ela, afastou-a com a Força. Ahsoka rolou para trás, mas se colocou em pé logo em seguida.

— Sempre muito dedicada – disse a figura. – Sempre muito inteligente. Você aprendeu bem, Ahsoka.

— Mostre o seu rosto! – gritou Ahsoka. – Quem é você?

A figura avançou, brandindo o sabre acima da cabeça. Ahsoka, por outro lado, estendeu a mão em direção a ele e fechou os dedos. Máscara e capacete se retraíram e se partir, fragmentando-se em centenas de pedaços enquanto a figura se afastou, gemendo de dor e com a mão livre cobrindo o rosto.

— Mostre o seu rosto! – ela gritou de novo.

Para surpresa de Ahsoka, a figura se voltou para ela, revelando seu rosto desfigurando por uma pele retraída e coberta por cicatrizes de queimaduras. Não havia cabelo ou sobrancelhas, apenas feridas profundas e terrivelmente dolorosas.

Novamente, a figura avançou, pronta para atacar. Em um gesto rápido, Ahsoka arremessou um de seus sabres de luz por debaixo das pernas do homem e, imediatamente, fez com que ele voltasse até ela. No caminho, usou a Força para acionar o sabre, cuja lâmina branca empalou o homem pelas costas. Um grito. Dessa vez, sua voz estava limpa, não sendo modificada pela máscara que cobria seu rosto. Uma voz familiar, mas que Ahsoka não conseguia reconhecer.

Mas Ahsoka não teve muito tempo para refletir: no exato instante em que seu oponente caiu ao chão, morto, o cruzador Jedi explodiu e ela foi envolvida pelas chamas.

Ela fechou os olhos e gritou, esperando pela morte certa. Mas essa não veio. Após alguns momentos, ela abriu os olhos e se encontrou sentada no lugar onde havia passado a última noite. Os restos de sua fogueira estavam à sua frente. Angustiada com a experiência que a meditação lhe proporcionara, Ahsoka agarrou seus sabres de luz e os acionou.

Verdes. Como sempre foram.

Nesse momento, Ahsoka soube a resposta para seu problema.

***

— Trinta horas – disse Anakin, do lado de fora da nave quando Ahsoka ressurgiu da orla da floresta, sorrindo amigavelmente para ela. – Você me venceu. Parabéns, Abusada.

— Eu não disse?

Abusada demais...

— E então? Achou o templo?

— Achei, mestre – ela respondeu.

— Ah, é? – Anakin quis saber. – E onde ele está?

Ahsoka olhou fundo nos olhos do mestre. Muito provavelmente, ele acreditava que ela estava mentindo para ela e que iria inventar qualquer mentira. Mas, nas palavras dela, não havia mentira alguma. Ela realmente encontrara o templo.

— A lua toda é o templo, mestre – ela respondeu e, então, avançou para o interior da nave.

— Meus parabéns, Abusada – Anakin estava verdadeiramente impressionado.

Anakin se juntou a ela, sentando-se na cabine e ligando a nave. Em poucos segundos, estavam no ar, atravessando a atmosfera e chegando ao espaço.

— Você ainda não me contou o que viu – ele disse, quebrando um longo período de silêncio.

— Eu não sei ao certo o que era, mestre – disse Ahsoka, voltando-se para ele. – Eu tive uma visão minha, mas eu estava mais velha. E havia um homem. Um Sith. Muito poderoso, mestre. A Força era muito presente nele. E ele queria que eu me tornasse sua aprendiz. Quando eu neguei, ele tentou me matar.

— Eu o que você fez?

— Eu o matei.

Anakin olhou para ela, curioso.

— Matou? – ele questionou. – Isso não é algo muito Jedi, não acha?

— Acho, mestre – ela respondeu. – Mas, na hora, me pareceu a coisa certa a fazer. Eu estou muito confusa, mestre... Que lugar era esse?

Anakin permaneceu em silêncio por alguns instantes, voltando a se manifestar apenas quando já se encontravam no hiperespaço.

— Ninguém sabe ao certo – ele respondeu, girando a cadeira para olhar Ahsoka nos olhos. – Mestre Yoda e outros Jedi muito sábios acreditam que esse possa ser um dos pontos de origem da Força no universo, mas ninguém tem certeza. Mas o que já sabemos é que a lua nos reconhece. Ela reconhece nossas fortalezas e nossas fraquezas. E, de alguma forma, ela nos faz confrontar nós mesmos, como uma forma de nos preparar para o nosso futuro.

— Quer dizer que aquele é o meu futuro? – Ahsoka perguntou assustada. – Quando aquele Sith surgir, sou eu quem vai ter que derrotá-lo?

— Não necessariamente – foi a resposta. – Mas, seu eu fosse apostar, eu diria que você via ter um papel a desempenhar quando esse Sith surgir. Mesmo assim, Mestre Yoda diz que não devemos interpretar essas visões tão literalmente. Ele sempre diz que elas tem um significado oculto e que temos que alcançá-la por meio de meditação. Mas, por hora, chega. Você ainda vai ter muito tempo para refletir sobre o que viu. Você deve estar muito cansada. Eu preparei alguma coisa pra você comer, nos fundos da nave. Pode ir. Coma e tente dormir um pouco. Eu te acordo quando estivermos chegando em Coruscant.

— Obrigada, mestre.

Ahsoka se levantou e, lentamente, caminhou para fora da cabine. Estava a ponto de deixar Anakin sozinho quando parou e se voltou novamente para ele.

— Mestre?

— Sim? – Anakin girou na cadeira para encará-la.

— Se me permite perguntar... O que foi que você viu? – ela perguntou. – Quando você era o Padawan em busca do templo, tantos anos atrás...

Anakin fez silêncio. Não esperava aquela pergunta.

— Nada – ele disse. – Eu não vi nada. Mas eu senti.

— O quê? – Ahsoka perguntou, curiosa.

Anakin engoliu em seco e, nesse momento, Ahsoka se arrependeu de ter perguntado, vendo que havia tocado em uma ferida profunda e ainda não cicatrizada.

— Eu senti raiva – Anakin respondeu. – Ódio. Frustração. E eu ouvi milhares de vozes gritando. Implorando clemência. Chorando.

Um calafrio percorreu a espinha de Ahsoka.

— E o que você acha que isso significa, mestre?

— Eu não sei – ele disse. – Eu medito todos os dias sobre isso para tentar encontrar uma resposta e, até hoje, nunca consegui entender o significado disso tudo. Acho que porque, no fundo, talvez eu não queria encontrar uma resposta.

Mestre e Padawan ficaram em silêncio por alguns instantes antes que, por fim, Anakin se voltasse para ela. Mas, em seu rosto, não havia mais a expressão transtornada que Ahsoka vira segundos antes. Havia o sorriso amigável que ele sempre exibia.

— O chá ainda deve estar quente – disse ele. – Aproveita. E bom descanso, Ahsoka.

Anakin se voltou para os painéis de controle.

— Obrigada, mestre – Ahsoka sussurrou, finalmente deixando ele sozinho.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?

Confesso que esse foi bem difícil de escrever, principalmente pela cena de duelo de sabre de luz. Não sei se fiz bem feito, se podia descrever de forma diferente... Por favor, quem for comentar, me diga o que achou dessa cena em particular também. Porque teremos outros duelos de sabre de luz em alguns contos e se tiver coo melhor a descrição das lutas, estou aberta a sugestões.

E estou aberta aos prompts também! Podem mandar a vontade!

Beijinhos e até o próximo.



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