Like a Vampire 4: Endgame escrita por NicNight


Capítulo 26
Capítulo 26- Uma ponta sem fim




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Narração Nikki

 

—Espera, deixa eu ver se entendi.- Lua parecia confusa- A mensagem foi dos…

 

—Profetas.- Cousie completou.

 

—E falava sobre a Daayene. A nossa Daayene.- Eliza parecia pensar.

 

—Exato.- Jackson concordou.

 

—E por isso que a gente não chamou nem os Mukami nem as Hudison?- Reijii retrucou.

 

—É claro.- Carla concordou.

 

—Isso me parece meio injusto.- Yui reclamou- Daayene não deveria estar aqui pra participar da conversa?

 

—Olha quem veio falar de injustiça…- Vic murmurou.

 

—Imagina que rolê seria. As Hudison e os Mukami amam a Daayene. Eles iam pirar vendo essa mensagem.- Haruka bufou.

 

—Não me pareceu tão ruim…- Kino amenizou.

 

—Quer me falar que a mensagem que literalmente diz "Cuidado, vocês não sabem do que a Daayene é capaz" não é tão ruim assim?- Marie questionou- E pra deixar bem claro, eu não sei se devemos confiar tanto neles assim.

 

—Eu também tô bem desconfiada. Eles nos odeiam. E odeiam principalmente a Daayene por recusar aquela missão divina dela.- Sarah concordou.

 

—E pelo que todos entendemos, provavelmente foi alguma magia da Daayene que salvou a vida da Marie.-  Laito abraçou mais a namorada- O que explicaria… isso.

 

—Você podia arrumar um jeito mais gentil de falar da minha aparência.-  Marie retrucou.

 

—Eh… com licença.- Subaru se exaltou- Vocês já viram a mesma Diana que eu vi lutando? Ela é monstruosa! Tipo, num sentido de poder.

 

—Ela é a Feiticeira Escarlate, qualé.- Kino reclamou.

 

—Você já assistiu Wandavision?- Lua questionou.

 

—Ou até mesmo Ultimato?- Ayato pareceu assustado- A mina literalmente meteu um pau no Thanos que…

 

—Ei! Spoiler!- Reclamei.

 

—Essa conversa interfere em algo?- Cousie questionou- Porque eu não entendi nada.

 

—Acho que não.- Sol respondeu.

 

—Ótimo.- Cousie continuou- Todos nós já vimos a Daayene lutando. Ela é íncrivel. E poderosa. Todos sabem disso.

 

—A mais poderosa de todos nós.- Jackson corrigiu.

 

—Realmente.- Shin admitiu.

 

—Mas Daayene não tem os poderes treinados.- Cousie segurava o papel nas mãos- Sabe o que significa isso pra nós, renegados? Uma bomba relógio.

 

—É verdade.- Haruka continuou- Todos que nascem com esses poderes diferentes, tipo eu, são obrigados a passar por treinamento rígido. 

 

—A Daayene sabe usar os poderes dela, acredito eu.- Kanato retrucou 

 

—A gente acha que ela sabe.- Cousie o corrigiu.

 

—Porque nunca vimos o poder dela sair pela culatra.- Haruka continuou- Aceitem isso de alguém que sabe do que está falando. Nossos poderes são emocionais. Quando treinamos, aprendemos a controlar nossa raiva, nosso luto. E a não deixarmos isso afetar nossa magia.

 

—Então vocês querem cortar toda a personalidade da Daayene?- Victoria se estressou- A qual custo? Fazer ela virar um robô?

 

—Você não odiava ela?- Shu questionou.

 

—Eu não desejaria esse tipo de tortura nem pro meu pior inimigo.- Victoria retrucou.

 

—Tortura vai ser quando ela estourar porque alguém que ela gosta se machucou e inocentes morrerem.- Haruka não parecia lá muito afetada. Confia. Eu sei por experiência própria.

 

—…A gente devia ficar preocupado ou…- Kino começou.

 

—Pensando nisso, não seria melhor a Daayene ser enviada pra uma casa de profecias pra treinar?- Carla pensou- Assim que ela estivesse pronta, poderia voltar.

 

—Estão querendo DAR a nossa garota mais forte pros profetas de mão beijada?- Sofie questionou.- Eles são inimigos. Isso seria idiota.

 

—E, a gente não devia, sabe… consultar a família dela antes?- Marie continuou- Eu odiaria que enviassem uma das minhas irmãs pra algum lugar sem pelo menos me avisarem antes.

 

—Temos duas escolhas. Arriscamos a raiva das Hudison e uma possível traição em troca de uma Daayene poderosa e treinada.- Cousie estendeu as mãos.- Ou arriscamos mortes e surtos por uma Daayene nada treinada e emocional. Eu sei qual a minha decisão, e vocês?

 

Eliza abriu a boca pra falar.

 

—Quer falar alguma coisa, Eliza?- Haruka a olhou séria.

 

Eliza deu uma leve afundada no sofá, claramente ameaçada.

 

—…Não.

 

—Então está decidido.- Cousie sorriu- Podemos mandar uma mensagem dizendo…

 

—Eu acho que a gente devia colocar umas luzes bem TCHÂN, sabe?- A voz de Daayene agraciou nossos ouvidos- Acho que seu vestido podia ter algo que combine com a gravata dele. Aí a mesma cor podia estar na decoração ou nas flores e… Ah, oi pessoal!

 

Brunna e Daayene finalmente apareceram na nossa frente. Ambas de braços dados, parecendo animadas.

 

Claro que elas não poderiam notar isso, mas o clima que havia ficado no ar era pra lá de bizarro. Principalmente logo depois da nossa conversa.

 

O "oi" que todos soltamos foi únissono e lento.

 

—Parecem animadas.- Eliza tentou ser educada.

 

—Ah, Daayene estava tentando me convencer sobre o estilo de vestido e festa de casamento eu devia ter.- Brunna revirou levemente os olhos azuis.- Ela até que é uma boa organizadora de eventos.

 

—Eu sou uma ÓTIMA organizadora de eventos.- Daayene a corrigiu com uma risada- Daqui a 3 dias temos o baile. E quem organizou tudo? Euzinha. E vai ser lindo, perfeito e cheiroso. Que nem o seu casamento!

 

—Espera, você está organizando o seu casamento já?- Cousie cruzou as pernas- Não acha um pouco cedo?

 

—Considerando que estamos planejando o casamento pra daqui a alguns meses, acho que tá até tarde!- Daayene opinou.

 

Haruka engasgou:

 

—MESES?

 

—Iha!- Kino comemorou- Vai ter festa!

 

—Como assim meses?- Victoria piscou algumas vezes, em choque- Você estão noivos a tipo… dois dias.

 

—Sim, tenho consciência disso.- Brunna respondeu.- Mas eu e Ruki estávamos pensando em uma cerimônia só pra fortaleza mesmo, sabe? Não temos muito a quem convidar além de todos que estão aqui.

 

—Pra quando é o bebê?- Ayato brincou.

 

—Ayato!- Sofie o repreendeu.

 

—O que? Essa pressa toda pra se casar…- Ayato começou a falar, mas foi interrompido por Reijii:

 

—Vocês tem certeza que pensaram bastante sobre isso? Se casar é um assunto bem sério, e talvez vocês precisassem de mais tempo.

 

—Ei, nossas famílias nos apoiam totalmente.- Brunna sorriu- E eu amo ele. Não que seja muito da conta de vocês, mas eu realmente gostaria que apoiassem a nossa decisão.

 

—Eu não tenho nada contra.- Sol rebateu.

 

—É. Vocês dois são maduros o suficiente pra fazer suas próprias escolhas. E são um belo casal.- Jackson sorriu, apertando a mão de Yui.

 

Revirei os olhos.

 

—Como vocês não conseguem perceber que estão cometendo um erro?- Retruquei.

 

Mao pareceu assustado.

 

—Nikki, eu achei que você ia apoiar eles!

 

—E eu apoio. O noivado. Mas se casar no meio de uma guerra?- Reclamei- Grande erro. Eu e Shu estamos noivos a praticamente um ano.

 

—É só uma cerimônia simples.- Brunna respirou fundo- Pra qual vocês todos estão convidados.

 

—Ok, Brunna. Você tem certeza que você é velha o suficiente pra encarar esse tipo de situação?- Haruka se levantou- Por que eu estou quase aí, e sinceramente? Não me sinto nem um pouco madura pra passar por isso.

 

—Você é uma Creedley. É diferente no seu caso.- Cousie a consolou.

 

—Eu sou mais nova ainda que a Brunna.- Haruka murmurou.

 

—Olha, se vocês não apoiam o casório é só não ir!- Daayene brigou.

 

—O que me deixa bem triste porque eu amaria ver vocês como minhas madrinhas.- Brunna deu um sorriso triste.

 

Sarah levantou a mão:

 

—Eu ficaria bem honrada de ser sua madrinha, Brunna. Eu não sei o que penso ainda do casamento mas… eu sei como é se apaixonar loucamente.

 

—Pode contar com a minha presença também.- Sofie concordou- É o casamento da minha melhor amiga, afinal.

 

—E a minha.- Eliza concordou.

 

—Sério?- Shin olhou pra ela cerrando os olhos.

 

—Se eu não poderei me casar, fico feliz em ver alguém que eu amo se casando.- Eliza sorriu.

 

—Hã… Eu posso ir também.- Lua disse, apesar de parecer meio incerta.

 

—Eu também.- Marie concordou.

 

—E eu!- Kino levantou a mão.

 

—Quase certeza que a discussão era pra ver quem ia ser madrinha.- Shu sussurrou.

 

—Ah, eu acho que ficaria até que galante num vestido.- Kino observou seu corpo.- Se faltarem meninas, sabe quem pode chamar.

 

Haruka segurou uma risada nada discreta.

 

A encarei de olhos cerrados.

 

—Falando dos eventos que são realmente importantes.- Cousie ajeitou seu vestido- O baile.

 

—Ai de novo essa m…- Haruka começou.

 

—Linguagem.- Carla a interrompeu.

 

—Haruka, quantas vezes você terá que receber um não até entender que talvez seja tarde demais pra cancelar o baile agora?- Marie debochou.

 

—Lutarei até a morte, se eu puder.- Haruka respondeu.

 

Brunna e Daayene se entreolharam, como se entendessem que não eram mais bem vindas na conversa. E elas saíram.

 

—Eu acho que…- Sofie pigarreou- Vou no banheiro.

 

—Eu vou com você.- Ayato se levantou.

 

—Que? Não, eu…- Sofie começou.

 

—Eu acompanho a Herbert no banheiro.- Eliza se levantou. Suas pernas tremeram.

 

—Acho que tá mais pra Sofie te acompanhando…- Sarah murmurou.

 

Ayato pareceu quase indignado quando Sofie e Eliza entrelaçaram os braços e foram numa direção que com certeza não era a do banheiro.

 

—Como eu estava dizendo…- Cousie chamou a atenção pra si- Os vestidos chegaram!

 

—Vestido?- Eu franzi o cenho.

 

—É um baile, Nikki.- Victoria me respondeu.

 

—É. E também é inverno.- Retruquei- Com neve. Numa fortaleza. Imagina se rola uma chacina no meio do rolê? Vai tá todo mundo com hipotermia e já era patrulha.

 

—Você é tão mórbida.- Subaru cruzou os braços.

 

—Felizmente não sou só eu que reclamo do baile mais.- Haruka parecia aliviada.

 

—Arrumaremos algo que te deixe confortável, Nikki.- Cousie respondeu.

 

—E o meu conforto?- Haruka perguntou.

 

—Eu vou passar a mutar sua voz na minha mente se eu for obrigada a ouvir mais reclamações sobre o baile, Haruka.- Cousie pôs a mão na cintura.

 

Assim que ela o fez, vi seu corpo dar um pequeno espasmo pra frente. Ela fez uma careta e engoliu em seco.

 

—Tudo bem aí?- Marie questionou.

 

—Só um pouco de enjoo.- Cousie se levantou.- Já passou. Meninas, se quiserem ver seus vestidos para os ajustes, poderão ir pra sala de costura.

 

—A gente tem uma sala de costura?- Sarah sussurrou pra mim.

 

—Por que que a gente não pode ter um evento pra experimentarmos ternos também?- Mao pareceu chateado.

 

—Pois é. E daí que eu quero desfilar com um terno que eu vou usar uma vez na vida?- Kino concordou.

 

—Eu posso ajudar vocês a arrumar um terno.- Me interessei.

 

—Por favor não faça isso.- Shu pôs a mão na minha perna, e eu quase senti um arrepio- Vai que é contagioso o que eles tem.

 

—Se isso consola algum de vocês, o Kou com certeza vai fazer o desfile de moda dele pra arrumar uma roupa pro baile- Laito ajeitou o chapéu.

 

—Ele sempre faz isso.- Kanato bufou.- Ele é tão barulhento.

 

—Deve ser por isso que só ele tá solteiro aqui.- Ayato reclamou.

 

—Ele e o Yuma.- Shu se lembrou.

 

—Hã… eu e o Kino também.- Mao piscou algumas vezes.

 

—Desde quando vocês viraram amigos?- Haruka os encarou.

 

—Nos encontramos ao descobrirmos nossos problemas com meninas de cabelo azul.- Kino justificou.

 

Eu e Haruka reviramos os olhos em conjunto.

 

—Também tem o Reijii.- Subaru se lembrou.- E o Azusa.

 

—Azusa não.- Sarah retrucou- Começou a namorar com a Anna.

 

—O QUE?- Kanato se exaltou- DESDE QUANDO?

 

—Essa semana, eu acho.- Marie pegou a água da mão do seu namorado e a bebeu, o deixando com uma cara confusa.

 

—Tá triste porque perdeu seu namorado?- Sarah brincou.

 

—Sarah, não brinca com essas coisas.- Lua riu- Vai que ele leva a sério.

 

—E das meninas eu, a Daay e a Priya.- Victoria voltou ao assunto.

 

—E eu.- Sol nem escondeu o quanto sua expressão era de dor.

 

Silêncio meio constrangedor.

 

—É. E a Sol.- Victoria mordeu o lábio inferior.

 

Mais um silêncio constrangedor.

 

—Sabe de uma coisa?- Sarah se levantou- Esse trem de vestido nunca me pareceu tão atraente. Quem vem comigo?

 

—Eu topo.- Marie se levantou, deixando o copo vazio na mão do namorado.- A gente chama as Hudison e…

 

—Acho melhor não.- Victoria retrucou- Do jeito que as quatro são, devem estar irritadas com a gente.

 

—E… evitar elas é a melhor alternativa?- Lua pareceu incerta.

 

—Não temos tempo pra isso!- Cousie parecia até alegre- Aos vestidos!

 

Esse havia sido meu maior erro do dia. Aceitar ir com as meninas.

 

Se eu tivesse que dar uma nota sobre meu tédio em uma escala de 0 a 10, a resposta seria 15.

 

Sério, nos poucos bailes ou eventos chiques que eu havia ido, eu já considerava levemente insuportável aguentar as minhas irmãs e as Hudison guinchando pra lá e pra cá sobre "qual cor combina com meu tom de pele?" Ou "esse vestido é curto demais?".

 

Mas eu provavelmente achava isso porque nunca havia procurado roupas com as Creedley.

 

Toda vez que minhas irmãs pareciam levemente interessadas em alguma roupa, Cousie já chegava dando um chega pra lá e questionando os mínimos detalhes tipo: tecido, quantidade de brilho, leveza, joias que podiam ser usadas pra combinação.

 

Mas quem parecia ainda menos alegre que eu era Haruka, que estava recebendo vários vestidos diferentes jogados em seu colo. Ela sempre soltava um "ai, depois eu olho". E bem, ela não havia olhado nenhum nas duas horas que estávamos lá.

 

Algumas vezes eu olhei pra ela e dei um sorriso meio amigável. Estávamos duas pessoas entediadas. Eu porque não estava nem um pouco afim de procurar um vestido, um salto alto e uma tiara brilhante. Haruka porque os últimos dias haviam sido um pesadelo de preparações indesejáveis.

 

Eu estava praticamente mutando todo o som existente no ambiente, até Eliza chegar atrasada com as Hudison.

 

Ficou bem claro o climão que havia lá, mas algumas das pessoas não pareceram se importar. Eliza e Sarah foram rápidas em juntarem forças pra arrumar um vestido legal pra Anna. Sofie, obviamente, já colou em Brunna pras duas fofocarem só entre elas.

 

Como se ninguém soubesse que elas estavam falando: 1- Do casamento da Brunna, ou 2- Mal sobre o baile, já que elas também eram bem amigas de Haruka.

 

O que me deixou incomodada, já que a Creedley havia se posicionado contra o casório.

 

Mas sinceramente, qual a necessidade de casar tão rápido? Eu e Shu estamos noivos a tanto tempo, e isso até agora anda funcionando pra nós.

 

Observei meu anel de relance antes de eu ver Daayene puxando Lua pra um dos vestidos.

 

Priya pareceu meio isolada de primeira, olhando nervosamente ao redor antes de tentar observar um tecido vermelho vinho.

 

Marie tensionou antes de ir até ela.

 

—Essa cor ficaria linda em você.- Marie disse meio baixo no meio de toda a multidão.

 

—Acha mesmo?- Priya pareceu meio assustada- Não sei se vermelho é mesmo minha cor.

 

—Vai te valorizar.- Marie aconselhou- Quanto a mim, eu estava pensando num azul… Acho que ter heterocromia me fez sentir saudade dos meus dois olhos do jeito que eram…

 

Priya riu com o comentário.

 

Victoria estava sozinha, analisando uma das tiaras brilhantes no espelho antes de enfiá-la pelos seus fios castanhos claros.

 

Uma batida na porta fez todos meus pensamentos barulhentos se esgotarem.

 

Foi Anna que foi atender, com um monte de tecidos na mão.

 

Ela abriu só uma fresta da porta, pra não acabar revelando as meninas quase nuas que experimentavam os vestidos. Depois de alguns sussurros, ela acabou se virando pra mim.

 

—Nikki, é o Shu.

 

Saí de lá mais rápido que um foguete e quase esmurrei a porta na minha saída.

 

—Animada assim pra me ver?

 

—Mais animada pra sair, eu diria.- Acabei bufando, apoiada na porta- Nossa, aquilo tava um saco. Você veio na hora certa.

 

—Certamente não tão chato quanto ver Kou e Kanato brigando pra ver quem ia dar dicas de moda pro resto dos meninos.- Shu coçou os olhos- A voz deles é tão estridente… achei que eu ia ficar surdo a qualquer momento.

 

—Eu nem sabia que o Kanato gostava assim de moda.

 

—Ele sabe costurar.- Shu deu de ombros.

 

—Bem, já sei pra quem eu posso pedir dicas da próxima vez então.- Acabei dando um susto quando eu percebi que a porta era solta, e se eu continuasse apoiada nela eu podia cair lindamente pro lado de dentro de novo.

 

Me afastei da porta.

 

—Você já é linda.

 

—Ah, disso eu sei.- Ri.- Eu tava falando de você mesmo.

 

Shu não esboçou quase nenhuma reação:

 

—Eu sei que você me acha irresístivel.

 

—Ah, eu acho. Mas você podia… não ter essa carinha de Maria-mole, sabe?

 

—Eu…- Shu pareceu confuso- O que seria uma cara de maria-mole?

 

—Você quer mesmo que eu te explique?-Segurei a risada- Enfim, fala log.

 

Shu me encarou mais confuso ainda.

 

—Falar o que?

 

—O porquê de você ter vindo me ver, panaca.

 

—Panac… O que está havendo entre você e ofensas hoje?- Shu suspirou- E respondendo sua pergunta, nada.

 

—Nada?

 

Shu concordou.

 

—Você veio me encher o saco sem motivos?

 

—E eu preciso de motivos pra ver minha noiva desde quando?- Shu me puxou pelo colarinho.

 

—Ih, se acalma, Don Juan, eu não sou fácil assim.

 

—Ah, não?- Shu pegou uma madeixa do meu cabelo recém-crescido e colocou atrás da minha orelha.- Me jura?

 

Eu não tive tempo de responder meu "Juro", pois em segundos eu estava contra a parede, os lábios de Shu atacando meu pescoço.

 

Eu tive que morder meu lábio pra que os barulhos completamente vergonhosos que nasciam da minha garganta não escapassem de mim.

 

—E agora?- Ele me olhou, ainda com as mãos em meu pescoço- Díficil o suficiente pra você?

 

Eu tive que engolir em seco, ignorando o calor que havia me subido.

 

—Da última vez que tentamos fazer isso, eu fui quase morta por uma demônia que estava possuindo o corpo do seu irmão.

 

—Nikki, você sabe mesmo como deixar uma situação completamente sensual.- Shu ironizou.- Eu posso…?

 

Eu concordei, mesmo não sabendo como aquela frase terminava.

 

Shu me pegou no colo, fazendo minhas pernas se enrolarem em seu torso. Suas mãos não pararam de tocar meu quadril, mesmo em todo o caminho até o quarto.

 

Eu sentia um bolo na barriga. Algo que se emaranhava, que chegava a formigar na minha pele.

 

Ele abriu a porta de seu quarto com uma das mãos enquanto me segurava com a outra.

 

—Shu, eu…- Eu tentei botar algum senso na cabeça dele, mas fui grandemente interrompida por um beijo surpresa.

 

Eu arfei com o susto, dando total espaço pra que Shu explorasse meus lábios com toda a paixão que ainda estava guardada em si.

 

Me senti ser sentada em algo, e consegui achar algum tipo de sanidade em mim pra olhar ao meu redor e perceber que eu estava em cima da escrivaninha dele.

 

—Shu, isso é…- Nem eu sabia como terminar a frase. Bom? Maluco? Porque a tontura que eu sentia parecia uma mistura das duas coisas.

 

—Se você quiser que eu pare, é só me empurrar.- Shu finalmente se separou, deixando apenas nossos narizes se encostando- Eu sei como é esse tipo de experiência pra vocês, humanas. Mas eu não quero estragar tudo pra você só pra satisfazer uma necessidade minha.

 

Ri de leve.

 

—Desde quando você fala bonito assim?

 

Shu chegou a revirar os olhos pela minha quebra de clima.

 

—Eu tô falando sério.

 

—Eu…- Hesitei.

 

—Se sua resposta for qualquer coisa que não seja um "sim", eu vou me afastar.- Shu me garantiu.

 

—Eu acho que… eu acho que eu quero.-  Fiquei totalmente vermelha- Você é a única pessoa pra quem eu gostaria de dar isso.

 

Shu chegou a sorrir de leve com isso.

 

Ele deslizou seus dedos pelos meus ombros, chegando até a gola da blusa e passando pela pele macia de lá. Me senti arrepiar.

 

Shu deslizou então os lábios molhados pelo meu pescoço. Eu mal pude falar algo antes dele perfurar suas presas em mim. Mais profundamente do que jamais havia me mordido.

 

Suas mãos estavam em cima das minhas pernas, quase me acariciando de forma cuidadosa.

 

Quando ele se afastou de mim, limpando seus lábios levemente sujos de sangue, ele colocou as mãos na barra da minha blusa.

 

Me olhou de forma questionadora.

 

Eu concordei com a cabeça mais uma vez, e isso aparentemente era o sinal que ele precisava ouvir antes de tirar minha blusa.

 

Seus dedos frios passaram a passear pelo meu abdomên todo, deixando calafrios por onde ele passava.

 

Suas mãos foram atrás das minhas costas, desamarrando e então desenrolando a faixa do meu torso..

 

—Você é linda.- Shu me beijou mais uma vez. O gosto de sangue estava lá, porém distante demais pra que eu não conseguisse me distrair dele.

 

Num surto de coragem, consegui o prender de novo com minhas pernas e o apertei contra meu corpo, fazendo ele soltar um grunhido. Minhas mãos passaram pelas suas costas, subindo pelo pescoço até chegarem em seu cabelo.

 

Shu me apertou, fazendo eu ficar bem na beirada da mesa. Segurei a barra da sua blusa, tentando engolir toda minha timidez.

 

Ele se afastou em alguns passos, tirando sua blusa. Eu cheguei a desviar o olhar por alguns segundos, antes de finalmente me render e olhar seu corpo pálido.

 

Ele era realmente bonito. Isso era inegável.

 

Me distraí quando ouvi o barulho dele tirando seu cinto, e cheguei a sentir minhas pernas tremendo.

 

—Você tá com seu celular aí?- Shu me perguntou de repente.

 

Concordei com a cabeça:

 

—Eu achei que as pessoas costumavam pedir camisinha numa hora dessas, não celular.

 

Ele riu.

 

—Você é um pesadelo. Um bem bonito, mas ainda assim um pesadelo.

 

Ele me estendeu a mão. 

 

Com dificuldade, peguei o celular do bolso e o entreguei.

 

Ele desbloqueou o celular sem problema nenhum. Eu só entendi o que estava acontecendo quando ele colocou uma música de violino e piano num volume alto e a deixando ao nosso lado.

 

—E se as pessoas vierem reclamar do barulho?- Fiquei preocupada.

 

—Acredite em mim, elas vão preferir a música do que o barulho que você vai fazer.- Shu debochou.

 

—SHU!- Fiquei completamente vermelha.

 

Ele passou a mão nos meus ombros de novo:

 

—Relaxa. Eu vou cuidar de você.

 

Ele quase sem dificuldade nenhuma tirou o shorts que eu usava, me fazendo arrepiar pelo contato súbito com o ar frio.

 

—Se você for desistir, eu preciso que me fale agora. Não depois, nem daqui a cinco minutos. Agora.

 

Eu o beijei de novo.

 

—Shu Sakamaki, se eu tivesse alguma dúvida, eu não estaria seminua em cima da sua mesa.

 

—Eu amo te ouvir dizendo isso.- Shu se encaixou perfeitamente entre minhas pernas, e eu respirei fundo.

 

Eu havia finalmente entendido.

 

O jeito como Shu quebrava minhas barreiras, me deixava desnorteada e frágil… era aquilo.

 

Eu não estava pronta pra dizer. Muito menos ele. 

 

Mas quando eu olhei bem no fundo dos olhos dele, quando eu me permiti derreter por completo… eu sabia que a gente sentia a mesma coisa.

 

Eu sabia que eu não tinha porque ter medo. Não agora.

 

Porque ele estava do meu lado. E pelo andar das coisas, não iria embora tão cedo.

—_______________________

 

No dia seguinte, acordei consideravelmente tarde.

 

O que era, sabe, compreensível.

 

Abri os olhos com dificuldade, sentindo o sol finalmente me despertar por completo.

 

Me ajeitei na cama, espreguiçando meus membros até sentir a preguiça sair de mim. Olhei pro lado.

 

Shu ainda dormia em paz. Como se nem minha mexeção nem a luz do sol pudessem o incomodar em seu relaxamento total.

 

E claro, essa era a explicação certa.

 

Resolvi sair da cama, procurando minhas roupas no chão. Estranhei o fato que não sentia absolutamente nada de diferente.

 

Senti minhas bochechas levemente coradas, e resolvi interromper o pensamento enquanto conseguia finalmente vestir minha calça.

 

Enquanto vestia o resto de minhas roupas, dei uma última olhada em sua direção e sorri.

 

Fui até o Sakamaki e beijei seu cabelo, antes de ser chamada pela minha fome e a necessidade de beber alguma coisa.

 

Peguei minha jaqueta enquanto caminhava para a porta.

 

Saí do quarto da forma mais silenciosa possível, na ponta dos pés.

 

A mesa de café ainda estava cheia de comida, porém não havia ninguem lá.

 

Bem, eu REALMENTE havia acordado tarde então.

 

Servi uma xícara de café pra mim e peguei vários biscoitos numa mão só.

 

Em menos de 10 minutos, eu já havia comido tudo. Não havia saciado minha fome completamente, mas era o que dava pro gasto.

 

Bem, hora de procurar alguma coisa pra fazer.

 

As primeiras pessoas que eu encontrei (felizmente, ou não) foram minhas irmãs Sofie e Sarah. As duas estavam na sala de entrada da fortaleza, em pé bem no meio e conversando como se nada tivesse acontecido.

 

—Bom dia.- Me aproximei das duas.

 

—Bom dia, Nikki.- Sofie virou seu olhar pra mim, sorrindo de leve.

 

Sarah se virou pra mim, já que antes estava de costas.

 

Naquele momento, juro que as duas nunca haviam estado mais parecidas. O cabelo curto de Sarah estava crescendo, o que o deixava mais parecida com a gêmea mais nova. Além disso, ambas estavam sem nenhuma maquiagem e com caras cansadas.

 

A única coisa que realmente as diferenciava, além de detalhes mínusculos, era o estilo de roupa. Sarah tinba dois extremos: ou era uma boneca, ou uma emo. Sem meio termo. Sofie era o meio termo.

 

—Bom dia, Nikki.- Sarah sorriu pra mim- Dormiu bem?

 

Eu não sabia se aquilo era uma provocação ou uma pergunta genuína, então fiquei alguns segundos sem falar nada:

 

—Ah. Bem sim. Obrigada.

 

Então eu percebi que elas estavam com um papel nas mãos.

 

—O que estão fazendo?

 

—Estávamos papeando sobre um bilhete que Sofie recebeu.- Sarah explicou.

 

Sofie me estendeu um pedaço de papel, onde estava escrito "CUIDADO COM O CERVO QUE RESTA."

 

—Cervo…- Pensei alto- Tipo, os Rosemary?

 

—Foi o que estávamos pensando.- Claramente Sofie estava tensa- Recebi isso na porta do meu quarto bem no dia que aquela carta dos Rosemary chegou.

 

—Coincidência demais, não acha?- Sarah pôs as mãos na cintura.

 

—Demais.- Concordei- Mas quem te daria esse aviso?

 

—Disso eu não faço ideia.- Sofie deu de ombros- Mas se considerarmos minha teoria sobre Yui não ser a impostora de verdade…

 

—Essa teoria chegou em algum lugar?- Sarah se virou pra gêmea.

 

—Bem, não.- Sofie admitiu- Mas estou pesquisando.

 

—O cervo que resta.- Arregalei meus olhos- Tyrosh. Se Alice e Robert morreram, Tyrosh é o cervo que resta.

 

—Faz sentido.- Sarah analisou- Felizmente, eu sempre soube que ele não era confiável.

 

—A irmã dele era, pelo menos.- Sofie suspirou fundo- Uma chama de esperança no meio da desgraça daquela família.

 

—Bem, não teremos escolha.- Sarah pegou o papel da minha mão- Pelo andar da carruagem, eu não duvido nada dele aparecer aqui pro baile.

 

—Acha que Cousie convidaria ele?- Cerrei os olhos.

 

—Acho que Cousie convidou todos os seres que respiram.- Sarah retrucou- Precisamos estar preparadas para…

 

Fomos interrompidas pela correria de alguns criados.

 

—Uma intrusa entrou na fortaleza sem permissão da rainha!- Um deles nos avisou.

 

—Tá, a gente tem soldados por um motivo.- Respondi.

 

—Temo que já seja tarde dem…- E dessa vez, o criado foi interrompido pelas grandes portas da fortaleza se abrindo.

 

A menina que surgiu era totalmente desconhecida por minha pessoa. Seu cabelo preto batia na cintura e era totalmente ondulado. Seus olhos eram azuis elétricos, e sua pele bronzeada mesclava com a boca rosada. Usava uma roupa de inverno toda azul, e era da mesma altura que Sofie e Sarah.

 

Olhei pras meninas ao meu lado. Sofie estava com os braços cruzados, parecendo furiosa.

 

Já Sarah estava mais perdida do que eu jamais havia a visto:

 

—…Neyo?


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