Corri até ele e o abracei. É incrível como essa ação esta se tornando cada vez mais normal para mim. Diferente de Laura, ele me abraçou de volta, me levantou do chão e, ao me colocar ali novamente, sorriu para mim.
     “Tenho um presente. Vamos para o chalé pegar suas coisas.”
     Andamos em silêncio maior parte do caminho. Ele comentou sobre minhas escolhas, estava feliz que eu ouvira as dicas dele na noite anterior. Ele não parecia mais tão triste quanto antes.
     Entrando no chalé peguei minha mochila. Quando me virei, ele estava atrás de mim com uma lança que parecia as armas de ouro dos outros campistas.
     “Uma lança digna de uma filha de Deméter.”
     A arma parecia perfeita para mim. Tinha a altura necessária para me afastar do oponente e era bem mais leve que a de madeira. Não sabia quando ele tinha tido o tempo para fazer isso, mas não podia fazer nada além de agradecê-lo muitas vezes.
     “É melhor que uma lança normal... Hadassa me ajudou na engenharia.” Ele apertou o meio da lança e ela se transformou em um anel. Quando tirou o anel do dedo, se transformou em uma lança. Puxou os dois lados da lança em direções opostas e ela se transformou em duas. “Pode fazer isso até quase desaparecer... Ela se junta novamente alguns segundo depois.” E a lança magicamente se juntou em sua mão. Ele a transformou em anel novamente e colocou na minha mão.
     Agradeci novamente e deixei a lança de madeira do lado da cama. Não iria a jogar fora tão rápido assim. Dimitri me levou até a porta do chalé e me desejou boa sorte. Disse que pediria pela minha proteção para Hestia.
    Encontrei as garotas na frente de meu chalé. As duas tinham mochilas e carregavam armas. A de Silvia era de ouro como a minha- ouro imperial- como me ensinara Dimitri, e a de Vanessa era de bronze. Nos cumprimentamos de forma estranha e começamos a andar.

Varios campistas estavam por perto e nos desejaram boa sorte e boa missão. Alguns abraçaram as meninas e outros até tentaram me abraçar, e eu tentei agir normalmente e agradecer pelo cuidado. Achei maravilhoso que aquelas pessoas nem me conheciam mas estavam preocupadas com a minha saida e oravam aos deuses pela minha volta. Pode ser simplesmente pois se eu falhasse todos morreriam, mas prefiro pensar que é porque se preocupam comigo e eu finalmente estou encontrando uma familia. E sendo aceita em um lugar.

Quiron e Dr.D acenaram, de longe, e foram embora sem nenhuma outra palavra. Vanessa e Felipe se beijaram e disseram palavras de despedida, Silvia e Andre fizeram o mesmo. Os amigos de Laura me abraçaram e compartilharam algumas dicas como não sair muito do caminho da missão e ter cuidado com lojas de franquia. Matheus foi o ultimo a me abraçar e pediu para que eu, por favor, voltasse. Disse que iria tentar e ele sorriu, mas seus olhos estavam tristes. 
    Depois de todas as despedidas continuei andando apenas com as meninas, Silvia e Vanessa. Imagino se elas questionaram a minha decisão ao chamar duas pessoas que eu não conversara ainda para me acompanhar. Se sim, não me disseram.
    “Esta pronta pra isso, novata?” Silvia me perguntou. Vanessa riu e jogou uma de suas adagas de bronze no ar, a arma girou 3 vezes antes de voltar perfeitamente para sua mão. Me perguntei quantas vezes elas já tinham feito aquilo.
   “Não... Nem um pouco.” Respondi enquanto chegávamos no limite do acampamento onde, apenas 2 dias antes, eu tinha sido derrubada por um estranho filho de Ares.
    Quando vi o que me esperava logo na porta do acampamento sabia que minhas palavras não podiam estar mais certas. Eu não estava nem um pouco preparada.