MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 2
Um monstro me salva e a pior estrategia de batalha da humanidade


Notas iniciais do capítulo

Estou tentando ler mais fanfics para melhorar minha escrita, se puder me recomendar alguma mande mensagem!! ♥



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Luna acordou do seu sono ainda amarrada ao mesmo galho da árvore. Olhou em volta à procura de monstros. Respirou aliviada quando percebeu que estava sozinha. Tentava não criar muitas esperanças e viver cada minuto sem pensar no futuro. Sabia que do modo que vivia, não viveria por muito tempo.
   Lembrou-se dos sonhos que teve durante a noite e balançou a cabeça para afastar todas as lembranças. Ainda tinha dificuldade de andar desde aquele acidente com a árvore. Ainda não sabia o que as palavras da mulher significavam.
   Mas seguira o conselho do pai. Mesmo que agora não parecesse que ela tinha muita escolha. A floresta lhe chamava e ela se sentia cada vez mais atraída para aquele lugar. Como se ela deveria estar ali. Como se sentia quando criança ao chegar em casa. 
   Casa.
   A menina espanta os pensamentos intrusos e começa a se retirar da árvore. Sabe que precisa se afastar um pouco para encontrar alimentos. Decidiu que hoje teria coragem de seguir em frente. Não sabia se aguentaria muito mais sozinha.
   Durante o dia tentou de todas as formas afastar os pensamentos do passado. Enquanto comia, se escondia e trabalhava em afiar sua lança. Depois de comer algumas folhas em seu “almoço” decidiu tentar trabalhar com seu arco e flecha novamente. Não conseguia dominar a arte.
   Depois de muitas tentativas frustradas a garota joga o arco no chão e o cobre com algumas folhas. Sabe que tem pessoas na praia perto de onde esta então não pode tomar um banho hoje. De novo.
  Não tem comida para jantar. Ao invés de subir na árvore como fazia normalmente para descansar decidiu dormir dentro de uma pequena caverna perto de onde estava. Mesmo dormindo agarrava sua lança com toda sua força.
  O medo de ser acordada por monstros era maior que conseguia descrever, mas precisava dormir.
 Sem pesadelos hoje. Por favor. Sem pesadelos. Só escuro e nenhuma lembrança. Por favor.
  Quando finalmente fechou os olhos foi imediatamente transportada para a lembrança de uma das piores dores que já sentiu em sua vida. Logo após lutar com a mulher que era um furacão.
  Mas a árvore já não estava mais em cima dela. Ao acordar, ainda com os olhos fechados, percebeu que estava em algum lugar mais confortável. Como que deitada em um monte de folhas. Não conseguia mexer seus membros.   Ouvia uma voz masculina. Tentou agarrar sua lança, mas a mesma não estava em sua mão como sempre. Um sentimento de desespero começa a explodir em seu peito. Planos de como fugir passam rapidamente pela sua cabeça. Agarra uma pedra com sua mão direita e tenta novamente mexer sua perna. A dor é como se mil agulhas estivessem enfiadas em seu corpo.
  Não espera para ouvir o que a voz fala. Quando sente a presença perto, sem abrir os olhos, começa a bater com a pedra em um corpo que parecia humano.
   Quase se sentiu culpada, mas sabia que naquela floresta nada realmente era humano.
  O corpo caiu encima dela e com muito esforço ela conseguiu se livrar. O prendeu com cordas e se perguntou porque este não tinha desaparecido em cinzas como os outros.
  Ainda se arrastando e quase sem forças a menina olha quem a atacou. Parecia um garoto um pouco mais velho que ela. Começou a ficar nervosa e sentir que tinha atacado um humano quando conseguiu ver pequenos chifres em sua cabeça e...
  O garoto tinha pernas de bode?
  Apenas mais um monstro. Olhou em volta rapidamente para se certificar que não havia mais ninguém ali, afinal ele estava conversando com alguém alguns minutos antes. Mas não havia ninguém, apenas uma poça de água e uma mochila com alguns itens estranhos.
  Ela mesma tinha uma mochila com alguns itens que coletara em suas “aventuras” (a palavra parece deslocada, deveria ser ataques ou lutas no lugar). Normalmente, após as cinzas, algum item ficava no lugar do monstro. Mas esse parecia não ter morrido ainda. Algo em sua expressão, dormindo, fazia a garota não querer terminar o trabalho.
  O deixou amarrado e pegou algumas coisas de sua mochila. Não pegou comida, pois não sabia o que poderia estar envenenado, pegou uma adaga e algumas moedas estranhas. O deixou do lado da mochila, mas não perto de nenhuma rocha afiada que poderia usar para se livrar dos nós que ela havia feito.
  Após apertar novamente os nós, saiu com muita dificuldade. Em pé, precisava de dois galhos de árvore para se apoiar e praticamente se arrastar para longe. Mas sabia que não poderia ficar ali.
  Durante o próximo ano que ficou dentro da floresta tentou não pensar nesse incidente e na possibilidade de ter afastado um aliado. Se queria a matar, porque a tirou de debaixo da árvore?
  Mais de 6 meses se foram até a garota conseguir andar sem apoio novamente. Durante esse tempo, ganhou suas batalhas com muita dificuldade e achou que morreria em todas elas. Esperança não estava em seu vocabulário mais.
  Conversava com as árvores e animais. Nunca respondia as provocações dos monstros e tentava não pensar muito alem do próximo minuto.
Gostava de cantar (mesmo que fora do tom) para a floresta enquanto caminhava. Mais velha, andava em silencio. Tinha medo que o barulho atrairia atenção indesejada.
  Então, em um dia particularmente dublado de novembro, algumas semanas antes de seu aniversario, sabia que estava no lugar certo. Ainda estava a algumas horas de Manhattan, onde seu pai disse que encontraria sua mãe, mas algo dentro de si falava que aquela colina era o lugar que deveria estar e nenhum outro. Sentia uma atração pelo lugar como se fossem ímãs.
Andando pela área com o cuidado de sempre, muito atenta e com sua lança na mão, Luna encontrou o que parecia ser a entrada de um acampamento.       Estava iluminada com tochas e se lia “Acampamento Meio Sangue” em uma placa que parecia muito antiga. Se arrepiou com o nome do lugar e pensou que gostaria que tivesse um nome mais normal de acampamentos. Não que seu pai a deixara ir em algum quando criança.
  Tudo dentro de si falava para a garota entrar, mas foi atrapalhada por um rosnado vindo atrás de si. Um tremor passou por todo seu corpo e, mesmo com medo, a adrenalina tomou conta de seu corpo que já sabia todos os movimentos.
  Sabia que estava na hora para outra luta.


  A porta do acampamento ficava perto de algumas arvores, principalmente um enorme pinheiro, mas ela precisava estar na floresta fechada para lutar melhor. Sem mesmo olhar seu oponente, saiu correndo para dentro da floresta e pela primeira vez seu instinto gritava que ela estava errada.
  Entre para o acampamento. Entre para o acampamento.
  Mas ela não podia confiar em um lugar que nunca vira. Se seu pai a mandou para lá é mais provável que seja um hospício. Ignorou seus instintos.
  Se encostou em uma arvore e esperou seu oponente. Perdeu o fôlego ao encarar um enorme cão que parecia ter saído diretamente do inferno. Era muito maior do que ela, mesmo de quatro. Seus dentes pareciam que poderiam a cortar só de chegar perto de sua carne e seus olhos eram a visão da crueldade. Nunca vira nada assim. Por um segundo se arrependeu de seu plano.
  O que veio em seguida foi mais uma versão do que sempre acontecia. Sua mente que normalmente era confusa demais se focava no oponente e seu corpo agia quase que sozinho no ataque. Conseguiu cortar a pele do cão em uma das patas, mas em retorno levou uma mordida em seu braço direito.
  Enquanto o cão se preparava para o golpe letal a menina sentia a vida se esvair de si, novamente. O próximo passo não poderia ser explicado por ninguém, nem com muita criatividade.
  A menina deixou o cão morder seu braço novamente. Enquanto ele estava distraído, com a mão esquerda, ela enfiou a adaga que roubara do menino bode no olho do bicho infernal. Antes de perder a consciência o viu se transformar em cinzas.
  Se arrastou para uma caverna e perdeu os sentidos novamente. Não sabia se os recuperaria dessa vez.

  Luna acordou de seu pesadelo e xingou todos os deuses que conhecia por não conseguir ter um minuto de sono. Como um reflexo, passou a mão em seu braço que ainda se movia com dificuldade.
  Pensou no ataque do cão algumas semanas atrás e agradeceu mentalmente à sua madrasta por ter a jogado em um internato que a obrigava a fazer trabalho braçal no campo. Sem isso, nunca conheceria algumas ervas medicinais e provavelmente teria perdido o movimento do braço.
  Lembrou que, depois do ataque do cão, perdeu a coragem de entrar no acampamento. E se eles tivessem o mandado para a espantar?
  Estava acostumada a não ser desejada nos lugares.
  Nem os malditos internatos a queriam mais que um ano. Nem sua mãe. Nem seu pai.
  Então, durante semanas a menina observou a entrada do acampamento escondida em uma arvore. Não tinha coragem de entrar. Via meninos e meninas entrando, alguns correndo, alguns acompanhados.
  Alguns rindo.
  Outros, com meninos-monstro-bode.
  Juntou tudo que era seu em sua mochila rasgada. Plantas medicinais e venenosas, uma corda, algumas lembranças de batalhas, alguns achados de estrada, um livro que seu pai havia lhe dado antes mesmo de a ensinar a ler (e que Luna nunca abria, por remorso ou medo). Colocou a adaga escondida em sua cintura. Segurou a lança com mais força.
  Pela primeira vez em muitos anos desejou ter um espelho. Mal lembrava se sua aparência antes de fugir e imaginava que agora estava bem pior. Suja e com roupas rasgadas.
  Decidiu entrar de madrugada quando todos estavam dormindo somente para observar o lugar. Se se sentisse segura voltaria na manha seguinte.
  Sua barriga roncou de fome enquanto passava pela entrada do acampamento que, de repente, parecia mágica.
  Poucos segundos depois, se arrependeu da decisão.  


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