Causa e Efeito escrita por Ly Anne Black
Cinco anos em Criaturas, e Hermione continuava sendo mandada para campo. Embora admirasse a importância do trabalho de campo, e tivesse sido interessante resolver os problemas espinhosos causados por criaturas mágicas quando era uma estagiária, ela achava que poderia ser muito mais útil trabalhando em conjunto com o departamento de execução das leis da magia para reescrever o ultrapassado estatuto de direitos das criaturas mágicas (olá, elfos-domésticos?).
No entanto, todas os seus pedidos de realocação nos últimos anos tinham sido negados com a mesma justificativa: “precisamos de você em Criaturas”. Hermione desconfiava de que o Sr. Horn era o responsável por impedir a sua promoção, afinal ela era um dos seus únicos subordinados capazes de resolver “problemões” sem implicar o departamento de controle de acidentes e catástrofes mágicas.
— Expirado? Como assim, “expirado”? Está em perfeitas condições!
Hermione olhou, achando que reconhecia a voz da mulher de boina bordô e sobretudo combinado que gritava em sua frente. O agente do metrô tentava explicar, paciente:
— Todo bilhete tem uma validade, senhora. Aqui, viu? Tinha que ser usado até essa data. Expirou há três meses. Vai precisar comprar outro…
— Mas eu paguei por esse aqui! Vai me devolver o dinheiro, por acaso?
— Não devolvemos dinheiro por tickets expirados, senhora.
— Mas, que absurdo! Vocês escrevem qualquer coisa num pedaço de papel e esperam que…
— Aqui, dois tickets, por favor. Um para mim e um para ela — disse Hermione, colocando moedas o suficiente no balcão.
A mulher se virou, ultrajada. A expressão se intensificou ao reconhecê-la.
— Granger? — disse, com uma cara de quem tinha pisado em cocô de cachorro. — Quero dizer, é Granger-Weasley, agora, não é?
— Olá, Parkinson. Aqui — Hermione lhe ofereceu o bilhete de metrô extra que comprara.
— Não preciso de caridade — disse Pansy, como se o pedacinho de papel fosse radioativo. — Só estava questionando o absurdo que é…
— Eu sei, eu sei, é o fim do mundo. Mas estou com pressa, e você está segurando na fila.
Parkinson encarou Hermione, abismada. As narinas do seu nariz arrebitado se inflaram e ela, com raiva, puxou o bilhete.
— Que seja — sibilou, e sumiu pisando duro para além das catracas.
— Sinto muito — desculpou-se Hermione para o agente de metrô.
Por mesquinhez do destino, o único assento livre no vagão era ao lado de Parkinson. Quando Hermione se sentou, a ex-sonserina empinou o nariz.
— Vou pagar você, Granger. Só não tenho dinheiro trouxa, agora.
— Pode me pagar com dinheiro bruxo, mesmo — disse Hermione com um sorriso. Ela achou ter visto as bochechas magras de Pansy ficarem rosadas. A bruxa meteu a mão no casaco elegante e arrancou uma moeda dourada lá de dentro.
— Só tenho galeões.
Um garotinho trouxa na cadeira da frente arregalou os olhos ao ver a moeda. Hermione balançou a cabeça.
— Não seja ridícula. Isso paga umas dez passagens.
Pansy colocou a moeda de volta no bolso, com ares de impaciência. Hermione umedeceu os lábios.
— À propósito, é só Granger mesmo, não mais Granger-Weasley.
— Sorte a sua.
Estação Waterloo. Hermione se levantou. Pansy também.
As duas se ignoraram, ao menos até perceberem que estavam caminhando na mesma direção.
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