Passei o almoço inteiro pensando em como responder aquela mensagem. Sem dar a entender que eu queria algo mais que a amizade de Niall, e claro, sem ferir os sentimentos dele. A verdade é que eu nunca fui muito boa com essa coisa de sentimentos, sempre achava que estava apaixonada por qualquer garoto e ele por mim. Até levar um pé na bunda. 

Posso afirmar que isso mudou para sempre depois de Harry. O que ele me faz sentir não se compara a nada que eu já tenha vivido até hoje. Agora, sobre dispensar alguém, eu nunca precisei dar um fora em um garoto que eu gostasse. Geralmente eram sempre aqueles caras sem noção ou que não tinham nada em comum comigo. O fato, era que eu estava com medo de criar confusão com Harry ou perder a amizade recém-conquistada de Niall. 

Fico pensando agora... Se ele tivesse investido em mim antes de Harry... Será que estaríamos juntos? Acho que nunca vou saber.

Resolvi por mandar uma resposta meio evasiva, mas ao mesmo tempo sincera.

Gen: oi! Sim, ainda tô de férias, mas fazendo uns jobs por fora. XD E vc como ta? Se um dia aparecer eu te mostro td ;P abs.

Pronto. Simples e... Merda. Evasivo, demais até. Acho que estava bom, não parecia que eu estava dando mole para ele. Certo?

Harry voltou assim que acabei de almoçar. Meu pai já tinha saído e eu estava sozinha, divagando sobre muita coisa e coisa nenhuma ao mesmo tempo. Fiquei curiosa para saber onde ele foi, sem deixar nenhum recado.

— E aí?

— Oi, desculpa a demora. Tive alguns imprevistos. – que imprevisto ele tinha para sair sem me deixar nenhum bilhetinho? Meus pensamentos logo voaram para uma morena de pernas compridas. Nota mental: falar com ele sobre esse “caso” mais tarde.

— Mas está tudo bem? – ele me deu um beijo no rosto e se jogou no sofá ao meu lado.

— Sim, sim. Acho que vamos ter que ir a um programa de TV na próxima semana. – ele deu um suspiro enorme, demonstrando sua insatisfação. – Eu e os meninos.

— Hum... Pensei que estavam de férias...

— Eu também, mas parece que já estava agendado há muito tempo.

— Ah... E qual programa vai ser? Vou querer assistir com certeza! – falei, tentando animá-lo.

— Você poderia... – ele pegou uma mecha do meu cabelo e começou a enrolar entre os dedos.
— Poderia?

— Sei lá. De repente... Ir comigo talvez?

— Ir com você? – repeti, com um sorriso bobo na cara. – E o que você ia dizer para todo mundo para explicar a minha presença lá?

— Hã... Que eu te convidei?

— Por que...

— Por que... Ah, Gen. Também não complica!

— Mas eu só perguntei o óbvio!

— Você e suas perguntas...

— Você anda muito estressado, Harold. Já sei o que você precisa para melhorar esse humor! – ele me olhou com um uma cara cheia de segundas intenções e veio me beijar.

— Não isso, seu pervertido!

— Eu só beijei você!

— É, tá. Mas voltando ao assunto, a gente precisa sair de casa. Dar uma volta, respirar ar puro.

— O ar daqui está muito bom para mim. – disse ele, pulando para cima de mim e cheirando meu cabelo.

— Hazz! Vamos, vai ser tranquilo e eu aproveito para comprar algumas coisas.

— Que tipo de coisas?

— Ah, coisas. Vamos logo. – levantei depressa do sofá e caminhei até a escada. Meu tornozelo ainda se lembrava da queda do dia anterior.

Meia hora depois estávamos prontos para sair. Quer dizer, eu estava. Harry quase. Ele perdeu algum tempo enquanto tentava me convencer a ficar em casa.
Vê-lo em roupas casuais ainda me causava grande impacto. Por exemplo, nunca achei que veria Harry Styles de tênis em toda a minha vida. Mas ele estava levando a sério seu disfarce "suburbano", claro que continuando incrivelmente lindo, como só ele era. Ele usava um jeans justo e escuro, All Star branco de couro, uma camiseta preta, gorro e óculos de sol. Lindo.

Eu, em comparação, não havia roupa no mundo que eu pudesse vestir e me fazer sentir melhor do que comum perto dele. Era assim, ele ficaria divino até em um saco de batatas, e eu, mesmo com o vestido da Cinderela ia parecer normal. Bonita, e só. Enfim, minha opinião.

Fomos até o mercado, comprei sorvete para nós, ingredientes para preparar minhas famosas pizzas, suco e uma caixa de cereal que ele achou muito interessante por vir um brinde surpresa "inesquecível", como dizia na caixa. Depois na farmácia, onde eu fiz questão de fugir dele, que queria saber o que eu tanto escolhia lá. E por fim compramos um milk-shake para tomar no caminho de volta.

Não foi um passeio muito demorado, mas necessário para esticar as pernas. Bom, ao menos isso foi o que pensei até começar a me incomodar com a cara de pau das outras meninas que ficavam secando ele, na minha frente. Julie era uma delas. Uma menina da minha turma, que finge trabalhar na padaria do pai às vezes, estava do lado de fora mexendo no celular como sempre quando nos viu.

— Hannah! Parece que tá aproveitando bem as férias garota. – ela quase gritou ao me ver passar com Harry. Desde quando a gente tinha essa intimidade toda? – Não vai apresentar o namorado?

— Ele não... – infelizmente...

— Harold. Tudo bem? – ele estendeu a mão e apertou a dela, contra a minha vontade. 

— Ora...  Não é dessa cidade querido? Bem que eu suspeitei só de olhar! – ela agora estava tocando no ombro dele. E eu queria arrancar os dois braços e os olhos dela. – Mas parece que eu já te vi antes...

— Certo. Vamos Har...old! Vamos nos atrasar. Tchau, Julie. Depois nos falamos. – peguei na mão dele e comecei a marchar para longe dali. Bufando de raiva.

— Não guarda esse Deus grego só para você não, hein Hannie! – gritou ela, enquanto eu me afastava.

— Hey! Calma aí, Gen! – Harry me puxou em sua direção, me fazendo parar e o encarar.

— O quê? O que foi agora? – eu estava irritada e sem previsão de me acalmar. Talvez fosse TPM, mas não ia confessar nunca.

— Por que você tá tão irritada?

— Não tô. – você ainda não viu o que é irritação, querido.

— Mesmo?

— Ai, tá bom. É que aquela filha... Garota, me tira do sério! Nunca vi mais falsa na vida!

— Baby, vem cá. – ele colocou minhas mãos em volta de sua cintura e encostou o nariz no meu. – Melhor agora?

— É...

— Gen, eu só tenho olhos para você. Tá bem?

— Tá. – aceitei seu beijo e senti meu corpo todo relaxar em uma onda suave de calor. – Mas e a Kendy?

— Hannah... – eu ergui uma sobrancelha e dei de ombros. Era verdade, não era? Ele nunca mais falou dela.

— Só queria saber.

— Ela tá lá, cuidando da vida dela e eu da minha. Satisfeita? – agora ele parecia irritado.

— Quer dizer que não estão mais namorando? – será que alguém pode trazer o champanhe?

— A verdade é que nunca estivemos. O que eu tinha com ela... – o meu cérebro apenas registrou o uso do verbo no passado, mais nada depois disso. – Era algo diferente.

— Oh.

— Vamos entrar, anda. – ele passou um braço por cima de meus ombros e entramos em casa.

Passamos um fim de tarde bastante agradável. Até meu pai quando chegou parecia estar de bom humor. Comeu pizza conosco, e ele e Harry pela primeira vez arrumaram um assunto em comum, passaram o resto da noite assistindo um show do Coldplay na televisão e falando sobre receitas. Era lindo de se observar, mas eu acabei cochilando e acordando na minha cama no meio da noite. Peguei meu telefone para ver as horas e percebi que havia uma mensagem dele de duas horas atrás.

Hazz: você dorme como um anjo. Nem parece a diabinha q eu conheço XD ♥

Ri sozinha no meu quarto. Pensei em descer e dar uma espiada nele, mas provavelmente não conseguiria dormir depois. Respondi a mensagem dele e tentei fechar os olhos de novo, mesmo eufórica como estava.

Gen: a única pessoa mal comportada aqui é o senhor, Mr. Styles.

Um minuto depois veio uma resposta.

Hazz: sou um bom menino, juro. Se quiser vir aqui posso te provar J

Gen: ha! De jeito nenhum eu caio nessa! Sinta-se abraçado e durma! Já é tarde!

Hazz: a senhora é quem manda! Mesmo assim, garanto q uma visita rápida valeria a pena...

Gen: Boa noite, Hazz! ♥ =*

Hazz: boa noite senhorita Durona! ♥ ♥ ♥

Gen: até parece q vc não sabe como amolecer esse ♥...

Hazz: não parece! >=/

Gen: alguém tem q ter juízo!

Hazz: OU, podemos ser desajuizados juntos! o/

Gen: again: boa noite.

Hazz: boa noite, linda.

Ah, como eu amo esse menino... Nossa, amo? Espera, amo, amo sim! Eu ainda teria uma penca de problemas pela frente. Isso sim! Queria dizer para ele que o amava, que o queria por perto sempre e que ele era a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida, mas... Não resolvemos muita coisa até agora. Estamos namorando? Ou não? O que ele vai fazer quando as “férias” dele acabarem? O que eu vou fazer quando as minhas acabarem? Eu até sei o que eu quero, mas não posso responder por ele.

Nós meio que começamos errado, mas precisávamos achar um jeito certo de continuar. Entretanto, agora e hoje eu não resolveria mais nada. Afundei a cabeça no travesseiro e dei uma última olhada na foto dele, antes de cair em um sono profundo.

Nos outros dois dias, convenci meu pai de que precisava organizar algumas coisas em casa e de que ainda não estava cem por cento bem, o que me rendeu uma boa folga e apenas uma manhã de trabalho na sexta. Harry teve que sair na quinta para resolver algumas coisas sobre o programa e outros trabalhos, depois ficamos juntos e grudados o resto dos dias.

O fim de semana chegou e com ele a parada obrigatória na festa de aniversário de Margot. Não sei o que seria pior, correr o risco de aparecer lá com Harry ou ir sem ele e ter que aturar os gêmeos do mal. No entanto, minha decisão foi tomada antes mesmo que eu pudesse pensar. Meu pai convidou Harry e ele fez questão de aceitar. Mais ainda após ouvir o nome de Dom ser mencionado com tanta admiração. Tentei explicar para ele que meu pai o conhecia desde menino e que o achava legal, mas não teve jeito. Ele estava decidido, iria à festa com a gente e como ele mesmo disse: “cuidaria para que Dom se comportasse”.

Que Deus me ajude.