After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Fiquei muito feliz com todos os comentários que vocês fizeram no último capítulo. Obrigada pela interação!



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Depois que a enfermeira me medica e faz anotações em sua prancheta, ela sai prometendo voltar uma hora depois para trocar meu soro. Não falo nada e Harry continua imóvel na poltrona, olhando fixamente para mim. Eu não acreditava que estava grávida, não podia ser verdade. Com certeza trocaram meus exames com o de uma outra Ginevra. Mas eu conferi os exames e era o meu nome inteirinho que estava no laudo. O universo só podia estar me pregando uma pegadinha. Os enjoos, a falta de apetite e agora o desmaio. É claro que eu estava grávida. Paro para fazer as contas e chego a conclusão de que a última vez que menstruei foi antes de visitar os pais de Harry. Minha vida estava uma bagunça tão grande que eu nem havia notado o atraso de minha visitante, sempre muito pontual. De acordo com a enfermeira, eu estava grávida de sete semanas, o que significa dois meses. Não era à toa que eu estava mais sensível que o normal nesses últimos dias. Sinto vontade de chorar de novo. Como eu podia estar grávida naquela situação? Eu havia saído de casa, meu casamento (se é que ainda havia um casamento) estava passando por uma grave crise e eu estava grávida. Lágrimas caem em meu colo e eu não me incomodo. Harry levanta, afrouxando a gravata enquanto caminha até a cama do hospital. 

— Gin, não chore. Vai ficar tudo bem.- ele seca minhas lágrimas com a ponta dos dedos, o que não adianta muito já que o gesto me faz chorar ainda mais.
— Como você pode falar isso, Harry? Nós não nos falamos a duas semanas. Eu saí de casa. Está tudo uma grande bagunça agora, como que vai ficar tudo bem? O que vou fazer com essa criança? - os soluços fazem meu corpo balançar e Harry me envolve em um abraço.
— Não seja boba. Você não está sozinha e nunca vai estar, Gina. É o nosso filho que está aí dentro e nós vamos cuidar muito bem dele.- o cheiro conhecido de meu marido me acalma e eu encosto meu rosto contra seu peito. Fico em silêncio, minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto silenciosamente, molhando a camisa social de Harry. Ele me afasta um pouco, me encarando.- Eu fui um idiota, Gina. Um idiota o tempo todo. Eu errei com você durante todo aquele tempo, e errei ainda mais quando te deixei entrar naquele carro e ir embora.
— Harry...- tento interromper, não estava em condições de ter aquela conversa.
— Espera, Gina. Eu sei que temos muito o que conversar e que esse não é o melhor momento, eu só quero que você saiba que já te perdi uma vez. Não vou te perder de novo. Me desculpe por tê-la deixado ir.- encaro aqueles olhos verdes que me encontraram tantas vezes em meus sonhos nos últimos dias.

Era óbvio que eu não deixaria que minha saída de casa fosse reduzida a uma simples conversa, mas me sinto extremamente feliz com aquelas palavras. Eu sentia a falta dele e ele também sentia a minha. Eu amava aquele homem como nunca havia amado outra pessoa e sabia que ele me amava também. Então, apenas por um momento, esqueço as circunstâncias que nos trouxeram até ali. Esqueço que uma nova vida cresce dentro de minha barriga e esqueço que estou em uma cama de hospital. Aproximo meu rosto do de Harry e roço meu nariz no dele, nosso olhar conectado. Ele encosta seus lábios nos meus e é como se uma corrente elétrica estivesse passando pelo meu corpo, arrepiando todos os pelos de minha pele. Sua língua se enrosca na minha, abrindo passagem facilmente pela minha boca. Agarro seus cabelos, puxando-o para cima de mim. Ele se encaixa entre minhas pernas, apertando minhas coxas. Seus lábios descem pelo meu pescoço e jogo a cabeça para trás, um gemido escapando de minha boca. Mordo seu lábio inferior delicadamente e ele sorri. Voltamos a nos beijar, sem nenhuma calma. Estou sem ar quando Harry afasta sua boca da minha, encostando o rosto em meu peito. Acaricio seus cabelos, meu coração está acelerado.

— Senti tanto a sua falta, minha ruivinha. Eu te amo mais do que achei que podia.- ele sussurra contra minha pele.
— Eu também senti muito a sua falta.

A porta é aberta bruscamente mais uma vez e eu dou um pulo, fazendo Harry cair no chão. A enfermeira ergue as sobrancelhas enquanto Harry levanta, passando as mãos pelo cabelo. Abro um sorriso constrangido na direção dela, que caminha em minha direção para trocar  meu soro. Ela diz que provavelmente vou começar a sentir sono por conta da medicação e saí novamente. Harry senta ao meu lado na cama, acariciando meu cabelo.
— Pode dormir, Gin. Vou ficar aqui com você.

Concordo com a cabeça, meus olhos ficando pesados. Tenho sonhos estranhos e alguns delírios. O remédio que me deram era muito forte, mas eu não sentia enjoos nem vontade de vomitar. Sonho que Harry me abraça, fazendo carinho em minha barriga, que está três vezes maior do que o normal. Ouço passos pelo quarto e alguém sussurra, parece que está falando no celular, mas não tenho forças para abrir meus olhos. Uma voz masculina diz que eu vou precisar me afastar do trabalho por uns dias. Não consigo distinguir o que é real e o que é sonho, mas sinto quando alguém beija minha testa e uma porta é aberta e fechada, bem devagar. Quando acordo, estou sozinha no quarto de hospital, minha testa suando. Esfrego meus olhos, me sentindo faminta. Levanto o lençol, suspirando aliviada quando percebo que minha barriga está do mesmo tamanho de quando olhei pela última vez. A porta se abre e Harry entra segurando um copo de isopor, o cheiro forte de café faz meu estômago reclamar mais uma vez. Ele parece surpreso ao me ver acordada e me sinto um pouco mal por isso. Suas olheiras parecem duas vezes maiores do que quando ele chegou. A gravata que estava frouxa em seu pescoço, agora está completamente desatada. Ele caminha em minha direção, colocando o copo de café em uma mesinha de canto.
— Tudo bem, ruivinha?
— Tudo e com você? - me espreguiço, sentando na cama. Harry passa as mãos pelo rosto, visivelmente cansado.
— Estou bem. Quer que eu chame uma enfermeira?
— Só se for para ela tirar esse negócio do meu braço e me trazer uma bela refeição.- ele solta uma risada rouca, me encarando.
— Eu me informei na recepção e felizmente, o café da manhã vai ser servido daqui a alguns minutos. Pode relaxar.- franzo minha testa, procurando meu relógio de pulso para verificar as horas.
— Café da manhã? Que horas são?
— Sete da manhã, por que? - meu coração acelera, porque naquele horário eu já devia estar no jornal, não deitada em uma cama.
— Estou atrasada para o trabalho.- tento me levantar mas Harry enrosca o braço em minha cintura, me prendendo na cama.
— Não fique chateada, mas eu liguei para Oliver avisando que você ficaria afastada por uns dias.- meu olhar faz com que Harry se afaste um pouco, mas ele mantém seu braço em minha cintura.
— Você não tinha o direito de fazer isso, Harry! É o meu trabalho.
— Gina, são ordens médicas, não tirei isso da minha cabeça. Eu sei que você ama o seu trabalho, só quis ajudar com a parte burocrática.
— Isso é rídiculo, eu estou me sentindo ótima.- ele me encara, depois solta um suspiro.
— Por favor, meu amor, não seja teimosa. Você está carregando um bebê aí dentro agora, precisa se cuidar.- a surpresa ao ouvi-lo me chamar de amor me faz ficar muda.

Ficamos nos olhando por um longo tempo, até que a porta é aberta e nós nos afastamos um pouco. Percebo que não é a mesma enfermeira mas não me importo. O cheiro de ovos mexidos na bandeja que ela coloca em meu colo me faz esquecer qualquer coisa. Harry se senta em uma poltrona de frente para minha cama. Enquanto eu como, ele bebe seu café com os olhos fechados, massageando as têmporas.
— Bom dia, Sra. Potter. Como você está se sentindo hoje? - minha boca está cheia de suco de laranja quando respondo.
— Estou bem, obrigada.- ela caminha em minha direção, fazendo anotações em uma prancheta.
— Que bom. Vamos tirar essas coisas de você? - sinto vontade de chorar de alegria, esticando meu braço.
— Por favor, tire tudo! - ela sorri, desconectando o tubo de minha mão.
— Bom, Sra. Potter, você está liberada para sair depois do café da manhã, mas vai precisar ficar em repouso por alguns dias. A receita de seus remédios está com seu marido, e você vai voltar uma vez por semana para fazer o acompanhamento de sua anemia e realizar seu pré-natal. Alguma dúvida? - encaro Harry, que revira os olhos ao me escutar.
— Por que preciso ficar em repouso? Eu estou me sentindo muito bem. Quero ir para o trabalho.
— Você vai poder trabalhar, sim. Fique tranquila. Mas você relatou que estava se sentindo mal a algumas semanas e seus exames confirmaram um quadro avançado de desidratação. Vai ser melhor para você e para o bebê um descanso de alguns dias. Depois você vai poder voltar para a sua rotina normalmente.- acho engraçado ela falar que vou voltar para minha rotina normalmente, porque tudo estava longe de ser normal.

Primeiro, de uma hora para a outra, me descobri grávida. Segundo, Harry estava ali comigo, parecendo um zumbi e nós tínhamos nos beijado na noite anterior. Minha cabeça dói só de pensar. Será que eu estava certa em deixar a saudade falar mais alto? Ou será que eu estava sendo completamente traída pelos meus próprios hormônios? Tento afastar aqueles pensamentos quando a enfermeira saí. Termino meu café da manhã, o silêncio pairando no ar. Meu olhar volta para Harry quando percebo um movimento.
— Vou jogar uma água no rosto enquanto você se arruma. Depois nós vamos para casa.- não discuto, o que acho estranho. Será que estar grávida iria me fazer ficar boba e sentimental demais?
Coloco a bandeja vazia em cima da mesa, me arrastando para fora da cama. Tiro a camisola hospitalar, vestindo as roupas do dia anterior, que estão cuidadosamente dobradas em uma poltrona ao lado da cama. Calço meus saltos e pego minha bolsa, caminhando para fora do quarto. Encontro Harry na recepção, tomando o segundo copo de café. Ele se assusta ao me ver, seus olhos passeiam pelo meu corpo.
— Vamos? Já estou pronta.- ele confirma com a cabeça, a aparência péssima. Caminhamos até o estacionamento em silêncio e não é difícil encontrar a ferrari de Harry estacionada entre os outros carros.
— Onde está meu carro? - procuro minhas chaves em minha bolsa e não as encontro.
— Luna deixou em seu apartamento ontem à noite. Não queria que ela ficasse ali a noite inteira, então ela foi para casa.
— Ah sim, entendi.- ele abre o carro, mas me olha antes de entrar.
— O que você quer fazer? Podemos passar no apartamento para pegar suas coisas e depois vamos para casa. Eu sei que temos muito o que conversar.- penso na oferta de meu marido por um tempo. Será que já era hora de voltar para casa?
— Bem, acho que eu posso dirigir. Vamos para o apartamento, você precisa descansar. Pensamos no resto depois.- ele concorda com a cabeça, me entregando as chaves do carro.

Toda a situação era esquisita. Nunca gostei de dirigir o carro de Harry, que chamava muita atenção por onde passava. Fazia duas semanas que estávamos separados. Era pouco tempo para corrigir os erros que vínhamos cometendo um com o outro, mas era tempo suficiente para me mostrar que eu queria corrigi-los e sinto que Harry queria o mesmo que eu. Era estranho tê-lo ali ao meu lado, com a cabeça encostada no vidro do carro, dormindo profundamente. A cena me trazia grande conforto, apesar de qualquer coisa. Estávamos ali, tão perto um do outro novamente. Eu o amava, ele me amava. Não quero mais permitir que a teimosia me afaste dele, contanto que ele também estivesse disposto a melhorar os erros que cometia e me fazia tão mal. Estaciono em frente ao apartamento, cutucando levemente as costelas de Harry.
— Vamos descer, já chegamos.- ele olha ao redor meio sonolento, concordando com a cabeça. Seguro em seu braço, guiando-o pela rua pouco movimentada.

Harry está tão cansado que não fala nada. Abro a porta do apartamento e nós entramos. Coloco a bolsa em cima da bancada da cozinha e caminho até o quarto, puxando Harry pela mão. Entrego uma toalha para ele, que agradece e entra no banheiro. Arrumo minha cama, puxando o edredom para o lado. Quando Harry saí do banho apenas de cueca, tirando o excesso de água dos cabelos, mordo meu lábio, sem me preocupar em disfarçar o desejo que surge dentro de mim. Peço para que ele se deite e ele obedece. Tomo um banho demorado, evitando pensar no homem que está deitado no cômodo ao lado. Me esfrego com uma esponja para tirar o cheiro de hospital e visto um moletom confortável. Quando volto para o quarto, Harry dorme profundamente. Agradeço baixinho ao universo por ter me dado mais uma chance para apreciar aquela cena. Decido me deitar ao seu lado, e ele abre os olhos, puxando o edredom para cobrir nós dois.
— Eu te amo, Gin.- ele sussurra, os lábios pertinho dos meus.
— Eu te amo muito mais.


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Notas finais do capítulo

Confesso que foi muito difícil escrever esse capítulo, embora tenha gostado do resultado final. Separar um casal e juntar depois é bem complicado. O que será que vem por aí? Não esqueçam de deixar um comentário para mim!



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