After the storm escrita por Dyanna Pereira


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Quero pedir desculpas por não ter postado nenhum capítulo na quinta, mas estou trabalhando muito esses dias e acabei me enrolando. Pretendo postar sempre nas segundas, assim consigo tempo suficiente para escrever bons capítulos para vocês. Boa leitura!



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Minhas mãos estão em cima de minha barriga, bastante visível por baixo do tecido fino da blusa que peguei emprestada de Harry. Meus pés inchados estão apoiados na parede, em mais uma de minhas tentativas inúteis de diminuir o inchaço. Estou sorrindo enquanto encaro o teto, porque estou me lembrando de quando o bebê mexeu pela primeira vez, na última semana de meus quatro meses. Harry e eu ficamos tão emocionados que passamos a noite inteira acordados, encarando minha barriga na expectativa de que ele mexesse mais uma vez. Sim, estávamos esperando um menino. Descobrimos alguns dias depois daquele fato, em uma das ultrassonografias mais tensas e emocionantes de toda a minha gravidez. Era chamada de morfológica e em resumo, o bebê era examinado minuciosamente. Me lembro de minhas mãos suadas apertarem as de Harry, que diferente das minhas não estavam tremendo nem meladas. Ambos choramos quando a médica disse que já conseguia enxergar o sexo do bebê e quando ela revelou que era um menino, Harry comemorou da mesma forma de quando assistia algum jogo na tv. Pulando e xingando.

Meu quarto mês de gestação tinha chegado ao fim. Eram poucos os sintomas que me incomodavam agora. Os enjoos tinham reduzido a quase zero, dando lugar a uma fome insaciável e desejos esquisitos. Harry sempre preparava um lanchinho e deixava em nossa mesa de cabeceira para que eu comesse de madrugada, mas as vezes o que eu desejava não tinha em nossa geladeira, então ele colocava uma camisa, entrava no carro e ia atrás de realizar o meu desejo. Montamos um projeto para o quarto do bebê com Neville. Harry não discordou, porque sabia que ele era um dos melhores arquitetos da cidade. Nossa casa possuía quatro suítes, fora a nossa. Uma delas tinha um acesso para o nosso quarto, então iríamos transformá-la em um quarto para o bebê. O banheiro seria reformado para atender as necessidades de uma criança, mas ainda estávamos pensando a respeito da decoração. Eu acreditava que até o final da obra, eles virariam amigos. Viviam trocando ideias e Harry ouvia os conselhos de Neville sobre tintas, móveis planejados e decoração com muita atenção.

O último mês tinha sido muito corrido, mas só coisas boas estavam acontecendo. Em meu quinto mês de gestação, continuava sem sintomas incômodos, embora minha barriga crescesse quase todos os dias. Harry e eu aproveitávamos para curtir nossos momentos a sós. Viajávamos com mais frequência agora, seja para casa de meus pais ou para alguma cidade vizinha. Eu também saía mais com Hermione e Luna, mas enquanto elas tomavam um bom vinho eu pedia uma água ou um suco. Por incrível que pareça, nenhum repórter tinha me enchido o saco nos últimos dias. O casamento de Neville e Luna já era na próxima semana e eu estava grata por isso, já que não queria ser madrinha com a cara inchada e com uma barriga imensa. Embora eu tivesse dado um trabalhinho para a estilista. Na última prova, me desgostei do modelo sereia, já que o vestido não valorizava minhas curvas, só marcava minha barriga. Tudo bem que a única curva que tinha no meu corpo era a curva da minha barriga, mas fazer isso entrar em minha cabeça era difícil. Mudamos o vestido inteiro, embora ainda tivesse uma fenda em uma das pernas. Agora ele era mais soltinho, sem muitos decotes. Harry iria como convidado, já que não tinha uma relação muito boa com o noivo para ser padrinho. Nosso jornal tinha ganhado o prêmio, embora eu tenha convidado uma outra pessoa para ir no meu lugar. É claro que Amy me representou na premiação, o que a deixou muito feliz. Seus olhos brilharam quando fiz o pedido e ela o aceitou aos pulos. Sua felicidade me deixou muito contente, porque ela sempre foi uma grande parceira, principalmente agora com minha gravidez. Na época, meus enjoos eram frequentes e minha irritação também, então o melhor que eu podia fazer era colocar outra pessoa para ir em meu lugar.

Estou ficando impaciente deitada ali, então me levanto e desço as escadas em direção a cozinha. Belisco um pedaço de bolo de chocolate que eu mesma preparei e me sento na sala, a tv ligada em um filme qualquer. Era sábado e Harry estava viajando a trabalho, então eu estava sozinha. Meus pais me convidaram para passar o final de semana com eles, mas a viagem era longa e eu precisava finalizar alguns trabalhos. Hermione me ligou e pelo seu tom de voz, ela e Rony tinham brigado, então ela estava vindo para cá. Meu notebook está apoiado na mesinha de centro e estou revisando algumas planilhas quando meu telefone toca. É Harry.

— Oi, ruivinha. Como estão as coisas por aí? - ele fala em um tom de voz baixo, embora tudo esteja silencioso ao fundo.

— Oi, amor. Está tudo bem aqui. Como está a conferência?

— Estamos no horário de almoço agora. Mas está indo tudo melhor do que eu imaginava. Já fechamos dois contratos novos.

— Sério? Que bom, amor. Isso é muito bom mesmo.

— Como está nosso garotão?

— Está quietinho. Deve estar dormindo.- acaricio minha barriga, gesto que eu fazia com frequência.

— Estou morrendo de saudade de vocês. Volto amanhã a noite.

— Também estamos com saudades de você. Hermione vem me fazer companhia hoje.

— Ah, então é por isso que tem milhares de ligações perdidas de Rony em meu celular. O que será que ele aprontou agora? 

— Não sei, ele só sabe fazer burrada.- Harry solta uma risada abafada do outro lado.

— Vou desligar para terminar de comer e ligo para ele. Falo com você quando chegar no hotel.

— Tudo bem. Bom almoço. Eu te amo.

— Eu te amo, ruivinha.

Encerro a ligação e coloco o celular ao meu lado. Continuo digitando em meu notebook até que sinto uma pontada na barriga e coloco minha mão sobre o local. O bebê chuta mais uma vez e eu sorrio, encarando a protuberância que surge onde ele está. Era delicioso e estranho quando ele mexia. A sensação de que tinha uma parte de mim ali dentro enchia meu coração de felicidade, embora fosse bem esquisito ver minha barriga ficar deformada em alguns lugares. Termino de digitar alguns trabalhos e volto para a cozinha. Abro a geladeira e pego uma travessa de risoto de frango, enfiando dentro do micro-ondas para esquentar. Tiro algumas uvas do cacho enquanto espero. Minha barriga está roncando e suspiro de alívio quando ouço o bip do aparelho. Pego um garfo e encaro a travessa. Decido comer ali mesmo todo o conteúdo, que não era muito. No final, estou empanturrada mas feliz. Lavo a louça e volto para a sala, mas ao invés de voltar a trabalhar, abro alguns artigos que vinha separando durante alguns dias para ler.

Meu quinto mês de gestação já estava ali, fato que me fazia pensar sobre um assunto que me causava alegria e medo: o parto. Sempre fui o tipo de pessoa que foge de hospitais e tem pavor só de ver uma agulha. Odiava qualquer coisa que me tirasse a capacidade de pensar ou me mover, então uma cesariana estava completamente fora de cogitação. Desde que não fosse necessário, é claro. Primeiro por conta da cirurgia em si. Achava terrível a ideia de ter meu corpo aberto. E só de pensar na sensação que devia sentir ao ser anestesiada, começava a suar de nervoso. São poucas as formas que existem para parir, mas em uma de minhas pesquisas descobri o parto domiciliar. Como o nome já diz, é um parto normal realizado em casa, de forma natural. Lendo sobre o assunto descobri que o parto domiciliar é algo que precisa ser muito bem planejado e que só pode ser realizado caso a gestação tenha transcorrido bem do início ao fim. Assisti diversos vídeos a respeito do tema, vi mulheres parindo seus bebês e me apaixonei. Era daquele jeito que eu queria que meu filho viesse ao mundo. Harry não concordou de início, não gostava de ver os vídeos e sempre dizia que não sabia se ia ser seguro. Mas quando começamos a conversar com minha equipe médica, ele começou a aceitar um pouco mais. Havia uma clínica do outro lado da rua onde morávamos, onde eu poderia ser atendida caso houvesse alguma complicação, o que fez com que ele relaxasse. Agora eu procurava uma doula para que pudesse me orientar. Também fazia alguns minutos de ioga todos os dias, o que iria me ajudar com o parto.

Mais tarde, subo para meu quarto, tomo um banho e coloco um vestido soltinho para receber Hermione. A campainha toca quando está escurecendo e me sinto mal quando abro a porta e a encaro. Seus olhos estão inchados e ela está segurando uma sacola de papel do mercado, cheia de guloseimas. Quando passo meus braços por sua cintura e a abraço, ela começa a chorar descontroladamente, seu corpo magro treme por conta dos soluços. Tenho vontade de matar meu irmão, seja lá o que ele tenha feito. Nunca vi Hermione chorar daquele jeito e estava ficando preocupada, mas ela parece se acalmar quando entramos e sentamos no sofá. Fico calada, dando tempo e espaço para que ela se sinta a vontade. Peço licença ao pegar a sacola de mercado, organizo tudo na cozinha e volto para a sala com um copo de água, que ela aceita e bebe de uma vez. Sua voz saí rouca quando ela por fim, me revela o motivo para tanta tristeza.

— Vi Rony trocando mensagens com Lilá.- meus olhos se arregalam ao ouvir aquilo.

— Lilá? A ex surtada? - minha voz saí um pouco mais alto do que normalmente.

— Sim, a própria.- Hermione funga ao responder.

— Mas sobre o que eles estavam conversando? - pergunto, curiosa.

—Bem, eu não sei. Mas já faz alguns dias que Rony estava estranho. Você sabe que não gosto de ser intrometida e jamais fui o tipo de mulher que fica fuçando o celular do marido. Mas ontem a noite, ele deixou o celular na cama enquanto ia no banheiro e recebeu uma mensagem. Não pude deixar de ver o nome dela brilhando na tela do aparelho. Fiquei em choque. Como já era tarde, ele voltou para cama e dormiu. Não consegui falar nada, não posso acreditar que ele está me traindo.- nesse ponto, sua voz já se misturava com soluços. Acaricio sua mão.

— Calma, Mione, tenho certeza que não é essa a questão. Rony sabe o quanto Lilá mexeu com você no início do relacionamento de vocês dois. Tenho certeza que tem uma boa explicação para essa troca de mensagens.- Hermione bufa, secando as lágrimas com as palmas das mãos.

— Eu também achei que ele soubesse, mas pelo visto estava enganada, já que ele ainda tem o contato dela salvo no telefone. Depois de tudo o que ela fez! Você lembra que ela rasgou um livro inteiro de direito caríssimo que meus pais tinham acabado de me dar? Rony e eu nem estávamos juntos ainda. Essa mulher é louca, Gina! - concordo com a cabeça, porque sim, eu lembrava de tudo.

Rony não teve muitas namoradas. Na maioria das vezes, era apenas uma ficante ou algo do tipo. Ninguém da família sabia, já que ele não fazia questão de nos apresentar. Porém estudávamos na mesma faculdade, então eu conseguia flagrar alguns amassos pelos corredores. Quando Rony conheceu Lilá, todos acreditávamos que era apenas mais um caso. E foi, por três semanas. Uma vez, estava em uma cafeteria que ficava de frente para o campus da faculdade quando alguém arrastou a cadeira e se jogou ao meu lado. Lilá disparou a falar, me elogiando ao extremo, falando o quanto estava feliz por ser minha cunhada. Depois daquilo, procurei Rony e o questionei. Nessa época, Hermione e ele já se conheciam mas ainda negavam para si mesmos os sentimentos que existiam entre eles. Rony ficou furioso, porque segundo ele, faziam só três semanas que estavam ficando e me jurou que ela não era sua namorada. Daquele dia em diante, segundo ele, nada mais tinha acontecido, embora eu mesma tenha presenciado várias cenas de uma Lilá bem enraivecida e ciumenta.

— Você precisa conversar com ele, Mione. Eu entendo a sua raiva e você está completamente certa, mas você precisa saber o que está acontecendo de verdade.

— Não consegui falar nada, Gina. Apenas disse que ia vir para cá ficar com você. O babaca nem questionou, apenas se despediu.- ela continua derramando lágrimas silenciosas, encarando as mãos que estão entrelaçadas no colo.

— Pare de chorar, Mione. Você ficou em choque, não saber o que falar é normal.- falo com convicção, mas ela não me olha.

— Estou tão envergonhada.- ela cobre o rosto com as duas mãos.

— Envergonhada por que?

— Sempre achei que isso nunca aconteceria comigo. Que sempre fui inteligente, sensual e que o fazia feliz. E sempre tenho tanto o que falar, como pude me calar em um momento como esse? - seguro nos braços de Hermione com delicadeza e os puxo, encarando seus olhos castanhos.

— Hermione, pare com isso! Você é uma das mulheres mais inteligentes que tenho o prazer o de conviver. É super sexy com esse cabelo volumoso e esse batom vermelho que você nunca tira! E Rony é um babaca, sempre foi, mas ele te ama muito. Todos podemos ver isso. Tenho certeza que tem uma explicação. Agora engole esse choro e vamos lá para a cozinha. Vou preparar algo para você comer.

Hermione resmunga um pouco mas se levanta e me segue até a cozinha. Preparo uma sobremesa e faço bifes grelhados com batata para a janta. Tento distrair minha amiga conversando sobre outras coisas, mas percebo que ela continua triste. Então tenho a péssima ideia de convida-lá para sair. No início ela bate o pé, dizendo que não quer ir para lugar nenhum. Mas quando entrego para ela um de meus vestidos brilhosos e apertados ela se empolga. São sete horas quando entramos em meu carro, sem rumo. Estou usando um macacão folgado o suficiente para que minha barriga não seja vista. Coloquei um salto mas quando percebi que podia me desequilibrar em cima do mesmo, o joguei para o lado e calcei um par de tênis. Minha maquiagem está discreta e meu cabelo está preso em um coque. Hermione é o completo oposto de mim. Seus saltos são altíssimos e ela usa uma maquiagem bem pesada. O vestido que lhe emprestrei cabe perfeitamente em seu corpo e destaque suas curvas. Ele é cheio de brilhos e com um decote bem ousado, na cor prata, o que chama bastante atenção. Seu cabelo volumoso cai delicadamente pelos seus ombros, emoldurando seu rosto. Hermione mexe em meus cd's mas só percebo qual foi o escolhido quando Rumour has it, da Adele, preenche o carro. Ela começa a cantar bem alto junto com Adele.

She, she ain't real

Ela, ela não é real

She ain't gonna be able to love you like I will

Ela não vai ser capaz de te amar como eu vou

She is a stranger

Ela é uma estranha

You and I have history

Você e eu temos uma história

Or don't you remember?

Ou você não lembra?

Suas mãos batem no volante no ritmo da música e ela me encara, sorrindo. Cantamos juntas, e lembranças de minha última viagem para a casa dos meus pais me invadem. Me lembro de quando estava brigada com Harry e Adele foi minha melhor amiga. De repente, bato em minha testa, porque havia esquecido completamente de avisar para Harry que estava saindo. Procuro meu celular em minha bolsa e nos bolsos de minha jaqueta mas não o encontro, e tenho que bater em minha testa mais uma vez porque me lembro que havia deixado meu aparelho em cima da cama. Solto um suspiro, sem saber o que fazer. Nesse momento, Hermione para o carro em frente a um barzinho lotado. A música é bem alta e posso ver muitas pessoas fumando, outras brindando com copos cheios de bebida e outras rindo entre si.

— Vamos, Gin, vamos descer aqui.- ela saí do carro antes que eu possa falar qualquer coisa. Pensei que íamos para um cinema ou para um teatro, não para a balada. Balanço minha cabeça, reviro meus olhos, mas decido seguir minha amiga. Desço do carro, trancamos o mesmo e entramos no bar.

O espaço estava ainda mais cheio do que do lado de fora. Luzes coloridas iluminavam o ambiente e preciso piscar algumas vezes para me acostumar. Seguro na mão de Hermione para não me perder e caminhamos até o lugar onde um barman prepara drinks. Me sento em um banquinho enquanto ela continua de pé, balançando os quadris no ritmo da música. A pista de dança está lotada, alguns dançam sozinhos e outros acompanhados. Observo o lugar, enquanto Hermione faz seu pedido. Havia muitas mesas distribuídas pelo salão, várias pessoas ao redor segurando garrafas ou latas de cerveja. A batida da música soa, bem agitada e sinto uma pontada em minha barriga. Faço um carinho na mesma. Nunca gostei de baladas, mas no meu atual estado acho que era bem pior. Estava tão distraída com meus pensamentos que quando viro para o lado, vejo que Hermione está virando várias doses de tequila ao mesmo tempo, o batom já começa a ficar borrado nos cantos. Cutuco sua costela, o que a faz se esquivar.

— O que foi? - ela grita por cima da música alta, fazendo uma careta ao chupar o limão.

— Você já começou a noite virando cinco doses de tequila, Hermione? - conto rapidamente os copinhos de vidro em cima do balcão e ela me ignora, agradecendo ao garçom por mais uma dose.

— Qual é, Gina. Você vai ficar me regulando? Da próxima vez trago meus pais para a balada ao invés de você.- ela revira os olhos, lambendo o sal da palma da mão.

— Não estou te regulando, só estou preocupada. Mas tudo bem, não está mais aqui quem falou.- ergo meus braços, num gesto de paz. Me viro para o garçom e peço um copo de suco de maracujá. Estava começando a ficar nervosa, porque sabia que aquilo não ia acabar bem.

Perco as contas do tempo em que passamos sentadas no bar, Hermione bebendo um drink quase que por minuto. Ela começa a relaxar, efeito da bebida. Conversamos sobre trabalho, sobre o bebê que está em minha barriga e ela até faz algumas piadas. Em algum momento da noite, Crazy in Love, da Beyoncé, começa a tocar, fazendo com que Hermione grite e me puxe para a pista de dança. Ela estava tão feliz e despreocupada. E não era esse o propósito de tirá-la de casa? Então seguro em sua mão, correndo ao seu lado para a pista de dança, onde fazemos a melhor performance de Crazy in Love que alguém naquela balada já havia visto. Fazia muito tempo que eu não saia para dançar assim, e estou suada e ofegante poucos minutos depois de começar. Rimos quando dois homens se juntam a nós. Eles se jogam no chão, batem o cabelo imaginário e Hermione se junta a eles. Se eu me jogasse no chão daquele jeito, somente um guindaste conseguiria me tirar dali, então me junto as pessoas que estão olhando ao redor, dando gritinhos e incentivando que os dançarinos continuem. Hermione era a própria Beyoncé e dava risadas enquanto os meninos a seguravam. A cena estava linda de se ver, até que minha amiga começa a passar mal por conta dos giros que estava fazendo e vomita tudo o que havia comido no meio da pista de dança. Não sei se todos estavam muito bêbados ou se ninguém realmente se incomodava, porque todos continuaram dançando enquanto Hermione vomitava mais. Corro até ela, segurando seus cabelos e já fazendo um coque no mesmo.

— Mione, você está bem? - pergunto enquanto ela se apoia em uma parede. Acaricio suas costas por cima do vestido. Sua voz está toda enrolada quando ela responde.

— Estou ótima. Vem.- ela caminha com dificuldade para o bar, agarrando um copo de cerveja que descansa no balcão. Um cara olha para ela incrédulo e eu peço desculpas discretamente.

— Você não acha que já chega de bebidas por hoje? - pergunto enquanto tento puxar o copo de sua mão. Ela vira todo o conteúdo e esfrega a boca para secar o líquido derramado. Sinto vontade de rir, porque ela estava parecendo o coringa daquele jeito, com o batom vermelho completamente borrado. Me aproximo dela enquanto limpo seu batom e ela abraça minha cintura.

— Por que ele fez isso comigo, Gin? Por que? - lágrimas pesadas escorrem pelo seu rosto e eu a abraço.

— Não comece a pensar em Rony outra vez. Não agora.- falo, pedindo mentalmente para que o universo não permitisse que aquilo acontecesse. Mas o universo me ignora.

— Mas eu o amo, Gin. Ele é um idiota, um babaca egoísta. Por que? Não entendo o porque, só isso.- ela continua formando frases sem sentido e me encara com os olhos marejados. 

— Que tal irmos para casa? Já está tarde, podemos assistir um filme e comer algo para diminuir sua ressaca amanhã.

— Não, não quero ir para lá. Não quero ver ele nunca mais.- ela se encolhe, o olhar perdido.

— Não, Mione, nós vamos para minha casa. Minha casa.- falo mais alto quando ela me encara com a testa franzida, parecendo não entender o que eu estava falando.

Aproveito que ela está abraçada a minha cintura e a puxo para cima, tentando não fazer muita força por conta de minha barriga. Agradeço mentalmente por estar usando tênis, porque seria díficil equilibrar aquela barriga e Hermione com saltos. Passo meus braços pelo seu ombro e abro caminho em meio a multidão, puxando minha amiga, que fala coisas sem sentido enquanto tropeça nos próprios pés a caminho do estacionamento. Abro a porta do carona e ela me encara.

— Ah, não, Gina. Não quero ir agora.- ela resmunga como uma criança e sinto o bebê mexendo dentro de minha barriga.

— Mas nós vamos embora agora. Entra no carro.- ela cobre a boca com as mãos e joga o corpo para frente quando vomita mais uma vez, o líquido passa a centímetros do meu pé. Viro o rosto para o outro lado, o cheiro me deixando enjoada. Só faltava eu vomitar também!

Ficamos ali paradas durante muitos minutos e quando percebo que nada mais vai sair pela sua boca, enfio sua cabeça dentro do carro e prendo o cinto de segurança. Corro para o lado do motorista, entro e dou partida no carro. Uma Hermione muito contrariada passa a viagem inteira resmungando de braços cruzados, me encarando em alguns momentos. O sentimento de que tudo ia dar errado continua me atormentando e quase desmaio quando entro em minha garagem. Dois carros estão estacionados ali. Diferente de Hermione, que continua murmurando coisas sem sentido, eu estava sóbria para saber exatamente a quem pertencem. Desço do carro, carregando Hermione pelo braço até a entrada. Quando abro a porta, dois rostos conhecidos olham para nós.

— Puta merda.

— Hermione?

— Olá, meninos.- digo baixinho, meu rosto esquentando. Seguro minha amiga com força, com medo de a deixar cair enquanto Harry xinga e Rony encara a esposa horrorizado.

— Onde raios vocês se meteram, Gina? Te liguei milhares de vezes.- Harry pergunta mas estou encarando Hermione, que continua resmungando, seu corpo ficando cada vez mais pesado. Ela não parece perceber o que está acontecendo ali.

— Que porra aconteceu com Hermione? - agora é Rony quem pergunta e como resposta, Hermione se ajoelha, segurando em uma de minhas pernas enquanto lava o chão com vomito mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou meio grande, mas eu amei! Me contem nos comentários, vocês gostam de capítulos mais longos? Muitas informações legais nesse capítulo! Estou feliz que finalmente Gina está conseguindo curtir a gravidez. E aí, será que Rony realmente está traindo Hermione? E quem nunca foi afogar as mágoas na balada com as amigas quando o boy faz merda que atire a primeira pedra! Amei nossas meninas fazendo a Beyoncé! Escrevam para mim, até a próxima!



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