Acordei de um sonho bem maluco. Nosso navio tinha entrado em uma tempestade e eu e minha mãe acabamos morrendo afogadas. Um sentimento estranho percorreu o meu corpo. Aquilo era real.
Abri os olhos e me dei com o sol brilhando no céu, Será que eu dormirá no convés?
Mas não o que eu vi ao meu redor foi que eu estava em algum lugar que eu reconhecia mais ao mesmo tempo não. Sentei-me vi que estava repleta de algas marinhas e fui tirando, também percebi que fora arrastada da água por alguma pessoa ou coisa.
Comecei a ficar assustada, olhei para todos os lados a fim de ver se alguém que viajava comigo também se salvará, mas não vi nada nem ninguém. De repente uma garota loira apareceu, vindo da colina atrás de mim. Seu cabelo loiro estava preso e era cacheado, usava uma camisa laranja escrita alguma coisa que eu não entendia. Eu tinha dislexia o que era um horror e pra completar Transtorno de Déficit de atenção (TDAH).
A garota se aproximou e pude ver que seus olhos eram bem cinzentos, era a primeira vez que eu virá olhos assim.
— Quem é você? - a garota perguntou.
— A-alice – gaguejei o que não é o meu feito.
— Eu sou Annabeth – respondeu a garota – Alice não tenha medo de mim, eu sei que você não é um monstro. Mas não sei como chegou aqui, as naídes avisaram Quíron que seu corpo estava boiando as margem da praia.
— Eu estou um pouco confusa. Naídes? Monstros? Onde é que eu estou? – falei balançando a cabeça.
— Você está no Acampamento Meio-Sangue. É aqui onde treinamos semideuses, para poder sobreviver no mundo mortal.
— O que semideuses?
— São filhos de algum Deus Olimpiano, no caso. Perai, você não conhece seu pai ou mãe olimpiano?
— Eu não faço a menor idéia do que você está falando. Minha mãe era Any Greyes, ocorreu uma tempestade no navio que viajamos e pelo que eu estou vendo só eu sobrevivi.
Annabeth me olhou apavorada. O que era bem estranho.
— Mas como seu pai não a determinou? Quantos anos você tem?
— 14 anos.
— Pelos Deuses. Percy tinha feitos os deuses determinarem seus filhos quando completassem 13 anos. – falou ela boca aberta.
— Olha eu não sei que maluquice é essa. Mas eu quero voltar pra casa – falei, estava mais perdido que canhoto em faculdade de direito.
— Alice, agora aqui é a sua casa. Vamos ajudá-la, treiná-la para ser uma grande heroína. Mas você deverá ir à Casa Grande falar com Quíron a respeito disso. – falou a garota me puxando, como estava bem fraca me deixei levar.
O local era lindo. Havia campos de morango, estábulos e vários chalés com a estrutura grega. Os chalés eram representados por números, no começo só havia 12, mas depois que esse tal Percy fez o trato com os deuses passaram a vir filhos de deuses menores, conforme Annabeth dizia. Eu ainda achava aquilo uma maluquice, mas...
Tudo me lembrava à arquitetura grega antiga, mas como seria possível estar novo em folha?
Annabeth me levou ao que seria a tal “Casa Grande”, fomos a onde estava um centauro. Isso mesmo, um C-E-N-T-A-U-R-O! Eu achando que aquelas criaturas não existissem. Ao lado do rapaz estava um garoto, cabelo escuro e olhos verdes como os meu, me olhava com um misto de surpresa e inquietação.
— Alice, esse aqui é Quíron que eu lhe falei, ele é um treinador de heróis – apontou para o centauro que eu não acreditava estar vendo – e esse é Percy, meu namorado.
Ta legal. O Clima Ficou Estranho. Não sei talvez tenha pensado que daria em cima desse Percy, ele era bonito, mas... Não era o “meu tipo”.
— Então Alice qual é o seu progenitor. Fiquei curioso dada à forma como foi encontrada – falou Quíron me olhando.
— Esse é o problema, ela não sabe – respondeu Annabeth.
— O Que? – exclamou Percy – como assim ela não sabe?
— Eu não sei o que vocês estão falando. – murmurei.
— Alice seu progenitor, seu pai. Por exemplo, Annabeth é filha de Atena, Deusa da Sabedoria e Percy é filho de Poseidon, Deus dos Mares – respondeu Quíron.
— Você é tipo o Aquaman? – direcionei a Percy – consegue fazer os peixes lutarem por você?
— Obrigado – falou Percy – são pouquíssimas piadas sobre o Aquaman que recebo.
— Não é uma piada – protestei.
— Bem, Alice – falou Quíron nos cortando – você fica no chalé 11, espero que seja determinada.
— Parece que meu cérebro vai derreter, é tanta coisa pra processar. Eu achando que isso tudo – falei sacudindo as mãos – eram mitos. Minha mãe falava, mas eu nunca dava ouvido. – só de pensar em minha mãe, meus olhos marejaram.
— Sua mãe por acaso, falou uma vez sobre seu pai? – perguntou Percy numa fingida inocência.
— Ele era um marinheiro. É tudo que eu sei.
Quíron e Annabeth se entreolharam.
— Acho melhor eu voltar pros meus compromissos – disse Annabeth – você vem Percy?
— Já vou. Vou mostrar o acampamento para a Alice.
Annabeth nos dirigiu um olhar estranho.
Acompanhei enquanto me mostrava tudo. Mas eu não prestava muita atenção, eu só olhava para o Percy. Não que eu tivesse uma queda por ele, mas ele era tão parecido comigo que se eu visse em uma estação de trem pensaria que era um parente distante.
— E aqui é a praia, onde você foi encontrada – falou Percy olhando para as ondas – é um dos lugares que eu mais gosto.
— Ah, por causa de Poseidon né? – perguntei – já que você é filho dele, deve gostar do mar e dessa tranqüilidade. Mesmo eu já não indo muito com a cara de seu pai.
— A minha vida se resume a Poseidon. Você estava em meio em uma tempestade né?
— Sim... minha mãe... ela... ela... ahn
— Não precisa me falar nada. Quando eu cheguei no acampamento pensei que minha mãe tinha morrido por causa do minotauro. Mas não.
— Percy, você é um herói. Já eu nem sei o que estou fazendo aqui. – desabafei. – e também eu tenho a sensação de que não irei ver mais minha mãe.
— Não se preocupe Alice, aqui no acampamento todos são uma grande família. – disse me estendendo a mão. – você não estará sozinha.
Sua presença me acalmava. Segurei sua mão, sabia tudo que tinha acontecido e sabia que mesmo que não quisesse o Acampamento Meio-Sangue seria meu novo lar.