Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 56
Capítulo 56 - Despedida


Notas iniciais do capítulo

Emoções fortes abaixo



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Capítulo 56 - Despedida

— Max! - simplesmente larguei minha pistola e corri ao socorro dele. Ele desmaiou do nada...justo num momento onde a trapaça da Eva foi desmascarada. O que havia acontecido?

— Max! Max! Acorde!

Mas ele parecia mesmo inconsciente. Eva também ficou nervosa e se aproximou.

— Ei, ei, o que está fazendo, Demian? Se é um truque, não vai funcionar!

— Claro que não é um truque! Você não tá vendo que ele desmaiou de verdade? Max!

Eva ficou quieta, mas, mesmo sendo aquela pedra de gelo em forma humana, ela parecia esboçar alguma preocupação. Ainda tentei reanimá-lo, mas era em vão. Agora sim eu estava mesmo preocupado.

— Afastem-se - disse Kiby, o mascarado distribuidor de armas - Eu vou examiná-lo.

— Você? Mas...

— Temos treinamento em primeiros socorros. Precisávamos estar preparados para algo assim acontecer.

O criado tomou as rédeas da situação. Ele examinou o pulso dele, temperatura do corpo e tudo. No fim, pede que outro dos criados providencie uma maca.

— O que ele tem? - eu perguntei.

— Parece que desmaiou por excesso de esforço. Pela temperatura do corpo, estava com muita febre.

— Febre? Mas ele não disse nada...

— Não sei os motivos dele. Agora precisamos providenciar repouso para ele - respondeu o criado.

— Mas infelizmente - Pitre entrou na conversa - O fato de Max Demian ter desmaiado o impede de continuar a jogar...sendo assim...

Como? Espere...ele não podia estar falando sério! Max desmaiou, mas se ele não podia mais continuar, isso significaria que...não, isso não.

— Sendo assim, Max Demian, participante número 14, é o eliminado desse jogo. Os finalistas são os participantes Alan da Silva e Eva Palomeni - ele declarou, dizendo a pior situação imaginável.

— Não, espere! Reconsidere! Ele desmaiou! Podemos reiniciar o jogo após ele se recuperar...não é justo!

— Como não? - disse Pitre, falando pela primeira vez em um tom sério - Se ele não estava em condições de participar, deveria ter nos avisado e poderíamos adiar a partida. Mas se aceitou jogar, significa que estava pronto a correr todos os riscos. Ele não tem mais condições de continuar, e isso quer dizer que saiu do jogo. Ele perdeu. Sinto muito.

"Max Demian...perdeu?", pensou Eva, ainda tensa. "Assim...desse jeito?"

Eu mal tinha palavras para expressar meus sentimentos. Estava com medo, raiva, tristeza, um misto de todos os sentimentos ruins e negativos que uma pessoa pode ter. Max...por que você não disse que estava mal hoje? Eu reparei que estava tossindo muito e com voz fraca...eu devia ter desistido no lugar dele.

— Pitre...e se...e se eu sair no lugar de Max? Eu dou a minha participação na casa para ele!

— Infelizmente não é possível - ele respondeu - Uma das regras do contrato da casa é que uma vez que um participante é declarado perdedor, não pode mais voltar atrás. Isso estava no acordo que você teve que concordar para se inscrever nesse jogo, o senhor não se lembra, Sr. Alan?

Não pode ser. Aquilo só podia ser um pesadelo! Max...ele...ele vai me abandonar assim mesmo? Quando a maca chega, Max é levado para seu quarto, com todo o cuidado. Eu subo para acompanhá-lo e, para minha surpresa, Eva também vem.

— Ele...vai ficar bem? - ela perguntou para os criados que o levavam.

— Só precisa de repouso - Kiby respondeu - Como eu disse, foi um desmaio de cansaço.

Podia ver Max Demian desmaiado, com uma expressão tão cansada. Ele se forçou tanto...os criados o deixam no quarto e pedem que aguardemos até que ele acorde. Não conseguia falar nada.

— Aquele cara...colocando a própria saúde de lado pelos outros...ele queria mesmo vencer - balbuciou Eva.

Não tinha forças para retrucar nada. Era verdade que com Max fora, as minhas chances de vencer foram para o ralo. Não conseguiria salvar o meu pai e agora...iria perder meu maior amigo ali dentro. Cheguei tão longe...tão longe para isso acontecer? Por que? Isso que é morrer na praia.

Algum tempo depois, Max se levantou na cama. Amadeus, o criado responsável por Max, o recepcionou.

— Boa noite - ele cumprimentou.

— Onde estou? E o jogo?

— Você está no seu quarto...e quanto ao jogo...infelizmente, você perdeu.

— O que? Perdi? Mas...

 

Ele foi interrompido por mais uma tosse.

— Você desmaiou por cansaço. Parece que pegou uma virose, mas quis continuar jogando assim mesmo. É uma pena, mas...você foi desclassificado por conta disso.

— Não pode ser...o Alan? Onde está o Alan?

— Está falando do participante Alan da Silva? É provável que esteja no saguão lá embaixo ou no quarto dele...posso mandar chamá-lo.

— Preciso...me desculpar com ele...

— Bem, pode arrumar suas malas, afinal o jogo já acabou - Amadeus terminou - Quando estiver pronto, desça para o saguão.

Max não falou mais nada. Apenas espera o criado sair do quarto e soca com todas as forças o seu travesseiro. "Droga! Como pude ser tão fraco? Estava tão perto...tão perto!", ele esmurrava o travesseiro cada vez mais e chorava de raiva. Mas não era mais possível voltar atrás. Ele havia perdido. Tinha que sair da casa.

Recebi o chamado do criado e desci para o saguão. Eva também estava lá, mas não fala nada. Apenas me sento no sofá e aguardo ansiosamente notícias de Max. Ele havia acordado, mas...será que estava bem? Logo ele surge no alto da escada. Eu me levanto na mesma hora. Por um lado estava feliz de ele ter acordado, mas por outro...muito triste, afinal, ele iria sair da casa. Nunca imaginei que Max Demian saíria da Casa dos Jogos antes de mim. Como? O destino era algo muito imprevisível mesmo...

Ele estava de malas prontas e desce cada degrau devagar. Sua aparência ainda era um pouco pálida e fraca. Ele se aproxima de mim e olha bem para os meus olhos.

— Alan...eu...

— Max...por que não disse logo que não estava em condições de jogar? Poderíamos ter adiado e...

— Eu achei que conseguiria, mas...não consegui! - ele exclamou, começando a soltar lágrimas por seus olhos - Desculpe, Alan...me perdoe!

Ele fecha os olhos de um jeito apertado. Nem mesmo ele conseguia olhar nos olhos naquela hora.

— Max...pare..você não teve culpa de nada. Ninguém quer ficar doente e...

— Mas eu não pude cumprir minha promessa.

— Não...você...

— Eu te decepcionei! Eu disse que poderia ganhar o prêmio para salvar o seu pai, mas....falhei na última hora!

— Não diga isso, Max! Sem você...sem você eu teria sido eliminado logo no primeiro jogo. Sou eu que peço desculpas por ter sido tão inútil esse tempo todo.

— Você está errado...sem a sua ajuda...sem a nossa aliança, nunca poderíamos ter chegado aqui também.

— Hã? Mas...

— Eu não pude cumprir minha promessa, mas...você ainda pode, Alan!

— O quê? Eu? Mas eu...eu nunca venci nada na vida! Eu...eu já perdi e..

Mas agora Max segura firme nos meus braços e olha ainda mais profundamente nos meus olhos. O olhar de flecha dele era ainda mais penetrante.

— Olhe para mim, Alan!

— O quê?

— Olhe aqui! Olhe bem nos meus olhos e prometa uma coisa!

— Prometer...mas o que eu...

— Prometa que não vá desistir! Você ainda não perdeu! Você ainda tem a chance de vencer esse jogo!

Eva ouvia tudo, mas não falou nada, mas é claro que ela duvidava muito que eu venceria.

— Eu....como eu poderia...

— Isso de você nunca ter vencido um jogo não significa que você nunca irá vencer um! Isso, aliás, já é mentira! Se você nunca vencesse nada, não teria sido chamado para essa casa, para começo de conversa!

É verdade...apesar de ser um azarado, eu tirei a sorte grande ao ser sorteado para a Casa dos Jogos. Era uma oportunidade única. E quem imaginaria que eu chegaria tão longe?

— Não sei, mas...

— Prometa. Prometa que lutará até o fim. Pense no motivo de ter decidido participar dessa casa desde o começo!

— Pelo...pelo meu pai. É verdade.

— Sim. E também por aqueles que estão contando com você. Natália...e Erivaldo...eles também contam com o prêmio!

— É verdade...também estou aqui por eles...mas...

— Não importa o jogo que eles irão propor. Nunca desista. E lembre-se de olhar sempre nas entrelinhas...se tem uma coisa que é verdade nessa casa é que um detalhe mínimo pode te ajudar a vencer! 

— Eu sei, mas...eu não sou como você, Max! Como posso perceber o que você...

— Apenas lute até o fim! Não importa o quanto a sua situação estiver difícil, continue lutando! Tudo está nas suas mãos, Alan!

Eu não podia conter minhas lágrimas. Era muita responsabilidade, mas eu tinha que continuar lutando. Tudo bem. Eu iria continuar. Prometi a Max que não desistiria.

— Está bem - falei, também lacrimejando - Eu prometo...eu vou lutar até o fim.

— Infelizmente, eu queria saber o que realmente é essa Casa dos Jogos, mas...acabei saindo antes disso. Tudo bem. Assim que voltar para casa, não vou descansar até saber o que foi esse evento.

— Max...

— Desculpe interromper, mas... - disse Pitre - O Senhor Max Demian precisa mesmo sair.

— Eu já vou - ele falou, respirando fundo e dando mais uma tossida - Adeus, meu amigo.

Não podia mais segurar minhas lágrimas. Eu o abraço e solto tudo que estava prendendo. Podem me chamar do que quiser. Podem zoar comigo à vontade. Sim, eu chorei. Chorei tudo que pode. Mas mesmo Max não foi capaz de resistir em chorar, nem que fosse um pouco.

— Obrigado por tudo - falei, com dificuldade, enquanto o abraçava - Eu nunca...nunca vou me esquecer de tudo o que fez por mim.

— Obrigado por tudo também - ele respondeu. Por fim, Max pegou sua mala e se dirigiu até a porta.

— Passamos por tanta coisa aqui dentro...e você não vai embora sem me dizer uma única palavra? - comentou Eva, sem olhar para ele. Max para no meio do caminho, mas não olha para trás.

— Não tenho muito o que falar com você...a não ser um conselho.

— Conselho?

— Não cante vitória antes do tempo - ele disse, se virando e olhando profundamente nos olhos dela.

— Heh! Bancando o durão até o fim, não é? Veremos...

— Adeus - Max saiu. As portas se fecham atrás dele. Estava acabado. Os últimos finalistas...Eva e eu.

"Max Demian", pensou Eva, "Você foi um excelente adversário...mas fraquejou no final. É uma pena. Se tivéssemos nos juntado desde o começo, poderíamos ser invencíveis. Mesmo assim, você foi o homem mais interessante que eu conheci na vida. Isso eu tenho que reconhecer."

Ainda fico parado diante da porta, sem reação. E agora? Tudo estava nas minhas mãos...como eu poderia vencer? Teria que lutar contra Eva no final...os últimos habitantes do Jardim do Éden da Casa dos Jogos, Alan e Eva, mas dessa vez só um seria expulso do paraíso. Como eu poderia vencer? Como? E que jogo eles nos dariam? Meu coração acelerava só de pensar...toda a pressão estava em cima de mim. O destino do meu pai, o destino da aliança...tudo! Como eu poderei suportar tudo isso? O fim estava próximo...muito próximo.

Enquanto isso, em um local longe dali, uma mulher se aproximava de seu patrão. A secretária anuncia os últimos eventos aquele estranho homem.

— Senhor? - ela disse - Seu jatinho já está pronto.

— Obrigado - ele respondeu, enquanto o gato ronronava no meio das suas pernas - Nunca pensei que Max Demian fraquejaria no final...é uma pena.

— Agora o resultado parece claro, não é?

— Nunca tenha total certeza de suas apostas, minha cara - ele comentou - Ninguém sabe o futuro. Hehehe. Mas, vamos lá...preciso assistir a final de camarote e parabenizar o grande vencedor da minha Casa dos Jogos...


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Notas finais do capítulo

Alguém esperava uma final Alan vs. Eva? É...agora o bicho vai pegar mesmo! O último jogo, os últimos capítulos...todos os mistérios serão revelados...quem vai vencer? Quem é o chefão misterioso? Fique atento nas emoções finais dessa história!

Ah...e pode deixar reviews com suas opiniões e palpites para o que vai rolar também. Até! ^^



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