Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 45
Capítulo 45 - Ousadia


Notas iniciais do capítulo

Só uma curiosidade que alguns podem ter: a Casa dos Jogos aceitou inscrições de todo o Brasil, certo? Mas qual a região de cada participante? Bom, taí uma coisa que esqueci de falar (autor idiota), mas posso garantir uma coisa: Alan, Max, Eva, Yumi e Erivaldo são de São Paulo (porque imagino eles como de lá)...e Aline é carioca. Os outros...bem, ainda vou pensar de onde eles podem ser. Sorte minha que não dá pra notar sotaque em texto, porque senão todos acabariam sendo de São Paulo. XD

Falei demais. Aproveite o capítulo.



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Capítulo 45 - Ousadia

Eva havia pedido tempo e queria verificar as cabines do jogo. Teria ela percebido a nossa ideia? Se sim, estávamos com problemas. Droga.

— Verificar as cabines? - perguntou Pitre - Há alguma coisa de errado com elas?

— Imagino que sim, mas...é só uma suspeita. Há algum problema em verificá-las?

— Certamente que não - disse o palhaço - Sinta-se à vontade.

— Obrigada - agradeceu a garota.

Ela seguiu calmamente para trás das cortinas e entrou nas cabines. Max parecia estar com um olhar mais tenso. Sim. O nosso plano tinha tudo a ver com as cabines. Se ela descobrisse...

— Isso não é bom - disse Max, ainda com as mãos nos bolsos - Vamos ter que pensar em outra coisa.

— Droga. Nessa altura do jogo? - reclamei.

— O que será que houve? - Valéria perguntou para Alípio.

— Não sei, mas acho que vamos ter uma explicação logo, logo - ele respondeu.

A garota ficou algum tempo olhando e observando as duas cabines até que, de repente, parece que ela percebeu alguma coisa.

— Ah! - ela exclamou - Como eu imaginava...vocês estavam trapaceando!

Alípio e Valéria fazem uma cara de espanto. Nós, uma cara de preocupação. Parece que ela descobriu nosso truque. Eva retorna segurando uma linha bastante fina e um tipo de guizo.

— Vocês estavam usando isso, não estavam? - ela perguntou, com um sorriso triunfante no rosto - Heh! Não me admira que vocês estavam acertando todas as últimas rodadas

— É...parece que você nos descobriu - disse Max, com um leve sorriso.

— Que pena, não é, Max Demian? - ela ironizou - Acho que agora seu truquezinho não vai funcionar mais.

Bem, vamos explicar ao leitor o que exatamente nós fizemos. Tudo começou na rodada onde Max iria se esconder. Ele havia demorado para chegar por uma razão: estava pegando os itens que iriam garantir a nossa vitória. Voltemos um pouco no tempo para entender o que aconteceu.

— Você tem alguma ideia? - perguntei.

— Vejam isso - ele mostrou uma linha e um pequeno guizo. Reconheci fácil aquele negócio. No meu quarto, havia um pequeno sininho no teto que fazia bastante barulho quando agitado. Acho que em todos os quartos tinha uma coisinha daquelas.

— Parece o guizo que tem no meu quarto - disse Natália.

— Sim. Parece que tem um desses em todos os quartos - Max confirmou a resposta - Vamos usar isso para vencer.

— Como isso pode nos ajudar? - perguntei.

— Bem. Eu vou me esconder agora, certo? Quando me esconder na cabine A, vou prender o guizo em algum lugar da cabine com a ajuda dessa linha. Amarro uma das extremidades no guizo e a outra na maçaneta da porta. Assim, basta que prestemos atenção nos sons.

— Mas os outros não podem suspeitar? - perguntei.

— Heh, não se preocupem. Aqui fora há barulho do vento e dos pássaros. E o som do guizo não é tão alto, a menos que nos concentremos bastante no som dele.

—Mas será que vamos conseguir ouvir? - indaguei.

—Vão sim - disse Max, confiante - O cérebro do ser humano consegue ser seletivo com sons. É por isso que conseguimos conversar mesmo em uma festa com música alta e várias pessoas falando.

É verdade. Embora seja difícil, conseguimos filtrar aquilo que ouvimos quando sabemos o que queremos ouvir. 

—E é isso que quero que vocês façam - continuou ele - Se ouvirem o guizo, é cabine A, se não ouvirem nada, é cabine B. Desse jeito, acertaremos sempre. Mas isso a partir da próxima rodada. Nessa, precisamos resgatar os pontos do Alan.

— C-Certo - gaguejei.

E foi o que aconteceu. Max amarrou um guizo na cabine A e usamos o barulho para saber qual era a cabine escolhida pela pessoa. Assim que ela abria a porta, automaticamente tocava o guizo.

— Muito engenhoso da parte de vocês, mas...muito fácil de alguém descobrir - disse Eva.

— Nossa...bem que eu ouvi o barulho de um sino quando entrei na cabine, mas achei que era próprio dela. Então era isso que estavam usando? - comentou Yumi.

— Para você ver. Não se pode mais confiar em ninguém - ironizou a magrinha.

— Tsc! Então era por isso que acertavam todas - disse Alípio - Era tudo um truque deles!

Max suspirou e colocou as mãos no bolso. Parece que nosso pequeno truque havia sido descoberto. Sendo assim, parece que só nos restava continuar o jogo normalmente.

— É - disse Max, sem tirar as mãos do bolso ou perder a calma - Sim. Era nosso truque. Parece que vocês descobriram.

— Muito trapaceiro - comentou Alípio.

— Bem...essa é a Casa dos Jogos, lembra-se? Se é possível trapacear, então você pode trapacear - retrucou Max - Mas não esperava que descobrissem tão rápido.

— É uma pena para vocês - disse Eva - Acho que agora vão ter mesmo que só contar com sorte!

— Se já acabaram - disse Pitre, pouco se importando com o fato de haver uma trapaça - Podemos continuar?

— Vá em frente - respondeu a garota, voltando para seu lugar.

A próxima a se esconder era Valéria. E preciso dizer que ela estava realmente nervosa com isso. Embora nosso truque tenha falhado, ela ainda estava em último lugar e precisava ganhar alguma coisa se não quisesse ser eliminada. Alípio tentou acalmá-la.

— Não se preocupe - ele disse - Vou errar de propósito para pelo menos garantir alguma coisa pra você. E agora que o truque de Demian falhou, acho difícil que eles acertem tudo. E duvido que se arrisquem todos na mesma cabine.

— Espero que o senhor esteja certo...vou entrar na B - disse a mulher, em voz baixa, ainda meio nervosa. Pitre pediu para que ela se dirijisse para trás das cortinas. Valéria respira fundo e entra. Mais uma rodada é feita, mas dessa vez não podíamos arriscar tudo numa só. No fim, os resultados foram estes:

Eva:10

Max: 6

Alan: 5

Yumi: 4

Alípio: 4

Natália: 3

Valéria: 2

— Uou...estou em terceiro - disse, admirado dos resultados - Mas...

— Eu estou em penúltimo lugar - disse Natália - E o pior é que sou a próxima a me esconder.

— Putz. E agora? - falei preocupado - Acho que vamos precisar errar de propósito, não é, Max?

— Só que ela ainda depende do acerto dos outros. Ser a pessoa que se esconde é a pior situação - comentou ele.

— Então só nos resta rezar? - indaguei, com uma tensão clara no rosto.

— Acalme-se. Ainda podemos vencer - disse ele.

— Hã? Como? - perguntei.

— Natália....faça o que eu disser. Temos como vencer esse jogo com certeza! - falou Max.

Enquanto isso, Valéria parecia ainda mais tensa do que antes. Agora era uma questão de vida ou morte.

— Ótimo. Estou em último lugar - disse ela - E agora? Se errar a próxima, já era!

— Acalme-se - disse Alípio - Ainda temos uma chance.

— Chance?

— A última pessoa a se esconder é aquela menina, a Natália. Se ela perder mais pontos do que ganhar, você ainda pode ganhar dela.

— Mas aqueles dois sabem onde ela vai se esconder, então ela já tem dois pontos garantidos. Se Eva e Yumi dividirem os votos, não vai contar nada e se nós dividirmos os votos, também não vai contar nada. O que vamos fazer? Eu perdi! Eu já perdi! - ela estava praticamente chorando, mas Alípio ainda queria tentar.

— Temos que tentar! - disse ele - O único jeito...é arriscarmos.

— Arriscar?

— Vamos nós dois votar na mesma cabine. Se nós dois acertarmos, cancelamos os erros de Alan e Demian. Como Eva e Yumi votarão divididas com certeza, Natália não vai ganhar nada. Você vai terminar com 4 créditos e ela com 3. Sendo assim, Natália será a única eliminada.

— Mas...vamos precisar ter muita sorte - comentou Valéria.

— Sim. É tudo ou nada. 50% de chance - disse Alípio - Se perdermos...acho que é o fim da nossa equipe.

— É verdade - disse Valéria - Droga...eu achava que era boa em lidar com essas coisas, mas, no fim, não consegui nada nessa casa.

— Do que está falando? - perguntou Alípio.

— Bem, eu sempre fui uma mulher independente. Sempre tive meu próprio trabalho e nunca dependi do meu marido para nada. Pode-se dizer que sou moderna, mas...acho que ainda tenho muito o que aprender sobre pessoas.

— Acho que te entendo - disse Alípio, arrumando os óculos.

— Nunca imaginei que fosse conhecer pessoas como esses dois...Max Demian e Eva Palomeni. Aqueles dois são simplesmente fora do comum...

— Do jeito que fala...parece que já está derrotada! Acalme-se! Ainda temos uma chance!

— É um tiro no escuro...um jogo de risco. É como se já tivessemos perdido - disse ela - Nunca gostei de perder, mas...acho que nesse caso foi inevitável. Mesmo assim, espero que o senhor consiga segurar as pontas sem mim.

— Pare com isso! - disse Alípio, segurando amigavelmente nos ombros dela - Acredite um pouco no futuro! Vamos arriscar nessa última jogada!

Valéria engoliu um pouco as lágrimas e o jogo continuou. Natália vai para trás das cortinas e os votos são computados. No entanto, os outros estranham ao perceber que nem Max e nem eu nos mexemos do lugar.

— Já votaram? - perguntou Eva.

— Vamos dizer...que já fizemos nossa escolha - respondeu Max. A verdade é que não precisamos votar. A resposta para isso viria em seguida. Pitre anuncia os últimos resultados.

— Muito bem - disse o palhaço - Vamos encerrar o Jogo da Adivinhação com essa última rodada! Pode sair, senhorita Natália.

Nesse momento, todos estavam tensos. Qual seria o resultado? Provavelmente era o que Alípio e Valéria estavam pensando. E qual não foi a surpresa deles ao ver o que acontecera: nem a porta da cabine A e nem a porta da cabine B se abrem. Natália sai calmamente de trás de uma das cabines. Pitre apresentou os resultados.

Eva:9

Max: 7

Alan: 6

Natália:5

Yumi:3

Alípio:3

Valéria: 1

— IMPOSSÍVEL! - gritou Eva - Que palhaçada é essa?

— O que vocês tem tanto contra palhaços? - ironizou Pitre, mas Eva não parece ter gostado nada da história.

— Quero uma explicação! Agora! - ela cobrou Natália - Você devia ter se escondido dentro de uma das cabines e não do lado de fora! Isso é contra as regras!

— Acho que não - respondeu Natália - Pelo menos foi o que Max disse...

— Exatamente - completou Pitre - Uhuhuhuhu! Achei que vocês nunca iam se tocar disso...as regras diziam que o participante pode se esconder dentro das cabines, mas nunca disse que ele DEVERIA se esconder dentro delas. O esconderijo da Senhorita Natália foi perfeitamente válido!

— Assim como as regras diziam que "deveríamos votar na cabine onde achávamos que ela estava escondida" - disse Max - Alan e eu sabíamos que ela não estaria em nenhuma das cabines, logo, votamos nulo. Nós acertamos, mas como todos vocês iam errar, a pontuação de Natália ainda foi positiva. Parece que só temos uma eliminada, não é?

— Sim. Participante número 7, Valéria Antares, é a oitava eliminada da Casa dos Jogos - disse Pitre.

— Eu....sabia - ela parecia desolada. Agora, Sr. Alípio realmente estava com seu grupo destruído. E o pior, sem nenhum crédito (embora nesse caso, mesmo que ele tivesse infinitos créditos não poderia salvá-la).

— Ainda não consigo acreditar - disse Alípio - Isso tudo foi muito sujo!

— Por que? - retrucou Max - O senhor não se lembra da premissa básica dessa casa: o que não é proibido, é permitido! Em outras palavras...se aproveitar de brechas nas regras faz parte do jogo.

Faz parte, realmente. Ou foi muita ousadia e coragem da parte de Max. Seja como for, mais um jogo terminado, mais uma participante mandada embora. Valéria se despede do Sr. Alípio silenciosamente e as portas se fecham atrás dela. Uma a menos. Agora a casa estava numa configuração delicada. Sr. Alípio sozinho, Eva e Yumi ainda juntas, mas Max, Natália e eu ainda estávamos lá...e na liderança. Agora era questão de manter o jogo daquele jeito. Se conseguíssemos tirar Eva ou Yumi no próximo jogo, poderíamos garantir a nossa vitória. Sim. Faltava pouco. Agora conseguia ver as coisas com um pouco mais de confiança. Graças ao Max...graças a ele chegamos tão longe! Mesmo quando as coisas pareciam criticas para o nosso lado, ele dava um jeito de virar. Max Demian...nunca vou poder ser totalmente grato a ele. Pai...aguente mais um pouco...se continuarmos confiando em Max, tenho certeza que poderemos salvar o senhor!

Enquanto isso, longe dali, toda nossa ação continuava a ser observada por aquela pessoa misteriosa. Ele acariciava o gato e se deleitava com os resultados dos jogos. Parecia que tudo estava indo conforme seus planos.

— Bom...muito bom...Max Demian sempre tem as soluções mais elegantes - dizia a figura, para si mesmo ou para o gato, com um sorriso no rosto - No entanto...será que você conseguirá proteger seus amigos no próximo jogo, Max Demian? Bwahahauhauhaha!


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Notas finais do capítulo

Qual será o próximo jogo?
Respostas no próximo capítulo.

Até!



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