Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 30
Capítulo 30 - Armadilha




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Capítulo 30 - Armadilha

 

— Vocês...levaram essa - concluiu Max, com as mãos no bolso e aceitando, enfim, que o grupo do Sr. Alípio levou as rosas.

 

— Certeza? Não precisamos da última rosa - Alípio ainda tentava oferecer uma última vez.

 

— Já tomamos nossa decisão - disse Max, dando o assunto por encerrado e indo se sentar no sofá tranquilamente.

 

"Vejamos...com mais uma pessoa do grupo de Max Demian eliminada, ele estará a um fio da derrota. Mesmo que Eva tenha muitos créditos, meu grupo é mais numeroso. Se usar os próximos jogos para eliminar de vez a equipe dele poderei recuperar nossos créditos e conseguir a hegemonia da casa de novo. Sim. Se conseguir pegar nossos créditos da mão da Eva de volta nos próximos jogos, minha equipe vence. Sem dúvida. Vai dar certo. Tem que dar!", Alípio pensava, já fazendo planos para o futuro.

— Sendo assim...só nos resta aguardar o sinal da abertura da sala - disse Eva, entrando na conversa - Foi um prazer fazer negócios com vocês, mas...lembrem-se que ainda me devem 30 créditos.

— Nós sabemos - respondeu Alípio, sem olhar para ela. É. Parece que não havia muita saída a não ser aguardar o final do jogo. Dessa vez, ou eu ou Natália iríamos sair. Não tinha jeito.

— Então...acabou - disse para Max, evidentemente chateado - Foi muito azar não termos encontrado as rosas logo. Droga.

— Bem...talvez seja melhor eu sair - disse Natália.

— Hã? Por que? - perguntei.

— Eu...eu acho que não sirvo para ficar aqui dentro...só vou atrapalhar vocês se continuar e...

— Não diga isso! O único peso morto aqui sou eu! Tenho certeza que você será muito mais útil para o Max do que eu e...

— Vocês querem se acalmar - disse Max, com uma voz relaxada.

Olhamos para ele, ainda muito tensos, mas, mesmo numa situação daquelas ele parecia tranquilo. Não duvido que ele conseguisse vencer a casa mesmo sozinho, mas eu nunca conseguiria ter a mesma calma dele numa situação daquelas.

— Desculpe, mas... - tentei me desculpar, mas ele me interrompe.

— Não decidam nada antes do jogo acabar. Tenham paciência. 

Paciência. Está aí uma coisa difícil de se ter ali dentro. Não falamos mais nada por cerca de quinze minutos. Quando a sala iria abrir? Era mesmo inesperado. Agora entendo a situação das dez virgens da parábola bíblica. O chamado pode vir a qualquer momento. Quando viria? Quando? Max olha para o relógio, tira as mãos do bolso, se espreguiça e se levanta, indo em direção às escadas.

— Onde você vai? - perguntei, intrigado.

— Ao banheiro.

— Mas...e se a porta abrir? Pode abrir a qualquer hora! - lembrou Natália.

— Calma. Ela vai ficar aberta por dois minutos, não vai? Dá tempo de ir e voltar

— T-Tudo bem. 

Nisso, Giovani também parece ter ficado com vontade de ir ao banheiro. 

— Putz...agora que ele falou - o gordinho comentou - Também tô apertado pra cacete!

— Olha lá, heim? Não vai se atrasar - disse Aline.

— Não, não vou. É rápido. Mas se não for, aí sim vai ser uma tragédia.

— Vai rápido, Giovani! - disse Alípio - Essa porta pode abrir a qualquer hora!

— Já vou, já vou. 

O gordinho saiu correndo. Parecia um acontecimento banal, não é? Bem...era o que achávamos também. Giovani correu para seu quarto, entrou direto no banheiro sem ao menos fechar a porta e abre o zíper da calça. Não tem alívio maior, não é? Mas, é nesse momento que algo inesperado ocorre. Giovani ouve a porta do banheiro se fechar e ser trancada do lado de fora.

— Ei! O que é isso? - ele estranhou. O rapaz termina o que foi fazer e tentava abrir a porta.

"Trancada? Mas...a chave não fica do lado de dentro?", ele pensou.

— O que foi, Giovani? Parece estar preso? - era a voz de Max. Giovani começa a gelar.

— Demian? É você? O que você fez? 

— Nada demais...só troquei a chave do lado de dentro do banheiro para o lado de fora. Como o vaso ficava longe do espelho, você nem me viu chegando, não é?

— Para com essa brincadeira! Me tira daqui!

— Brincadeira? Talvez...mas faz parte do jogo.

— Para com isso! Abre logo a porra dessa porta! Abre! - ele socava a porta, mas é claro que Max não abriria - Seu...por que fez isso comigo?

— Por que eu fiz isso? Por que você fez isso com você? - respondeu Max.

 – Hã? Do que está falando?

— Seu maior erro foi o pecado da gula!

— Como assim?

— Lembra-se do chá que eu te ofereci? Aquele chá é uma bebida altamente diurética. Quando eu subi falando que iria ao banheiro, provavelmente você já devia estar apertado por um bom tempo. Quando lembrei que mesmo que fosse ao banheiro ainda daria tempo de voltar, você também se sentiu à vontade para ir. Mas o resultado seria esse, mesmo que você fosse ao banheiro primeiro. No fim, as coisas saíram exatamente como eu esperava.

— Maldito! Abre essa porta! Abre logo!

— Claro que vou abrir...assim que o Jogo das Dez Virgens acabar. Até lá...você pode ficar aí mais um tempinho.

— Seu....isso é um ato de violência, Demian! Você vai ser desclassificado! Lembra das regras?

— Violência? Como assim? Eu não estou te machucando, estou?

— Seu...

— No máximo, eu impedi temporariamente seu direito de ir e vir. Mas não é violência. E nunca falaram que é proibido usar desse meio...e, segundo a premissa principal da casa...o que não é proibido, é permitido.

— Filho da puta! Abre logo! - ele gritava, mas era inútil, não podíamos ouvir nada lá debaixo.

— Desculpe, mas não posso...o sinal vai tocar...daqui a poucos segundos.

— Hã? Como você sabe?

— Pois é...essa é outra informação que você só pode ver nas entrelinhas.

— Como assim?

— Eu só pude fazer isso com você, porque descobri a hora que a porta iria se abrir.

— Impossível! Eles não soltariam essa informação!

— Ah...mas eles não fizeram isso diretamente.

— Hã?

— Quando cheguei na sala dos criados, para tentar comprar as rosas, Eva já havia comprado todas, mas ela não havia percebido uma coisa importante.

— Que coisa importante?

— Logo acima da porta, havia um relógio - ele explicava confiante. No início, eu também não havia percebido que havia um relógio na sala - Só que esse relógio era diferente...ele se movia no sentido anti-horário.

— Como?

— Eu olhei para ele na hora que um dos ponteiros se movia. E, para minha surpresa, ele se moveu no sentido contrário. Mais do que isso...ele estava marcando 2h e 45 minutos...e o jogo havia começado por volta de quinze minutos. Era muito razoável crer que o relógio tinha algo a ver com o jogo. Sendo assim, pude supor que o sinal tocaria no final de três horas, quando o relógio chegasse às 12 horas.

— Às doze? Por que às doze?

— Por que esse jogo começou às nove da manhã...e o relógio da sala estava graduado às 3 horas...logo, 12 horas é o momento em que os dois horários iriam se equivaler!

"Um detalhe desses? Esse cara é mesmo anormal!", pensou Giovani, mas ele mal termina de pensar isso e o sinal toca.

— Bem, desculpe, não posso ficar mais tempo. A gente se vê mais tarde.

— Espera! Me tira daqui! Não...

Mas o apelo de Giovani era inútil. O sinal toca, emitindo um canto gregoriano em alto e bom som. A porta da sala da vitória se abre para os presentes na sala.

— BEM-VINDOS VÓS PRIVILEGIADOS POSSUIDORES DAS ROSAS DA VITÓRIA! - anunciava uma voz imponente gravada - AQUELES QUE POSSUIREM TAL DÁDIVA, POR FAVOR, ENTREM NESSA SALA NOS PRÓXIMOS DOIS MINUTOS!

— Espere..o Max - tentei gritar, mas Max já estava voltando.

— Ei, e o Giovani? - perguntou Alípio.

— Não sei...não o vi - Max respondeu tranquilamente com as mãos no bolso e entrando na sala.

— Seu Alípio...vamos - disse Valéria - Ele disse que não ia demorar. Além disso, ele deve ter ouvido o sinal.

— Espero que sim.

Ah, sim. A sala tinha um sensor que impedia qualquer pessoa sem as rosas que entrasse. Não adiantava entrar à força. Sabíamos disso pelo toque de aprovação sempre que alguém entrava na sala portando a rosa. Passa-se o primeiro minuto e nada do Giovani aparecer. Natália e eu começamos a estranhar.

— O Giovani não vem mesmo? - perguntou Natália.

— Será que aconteceu alguma coisa? - perguntei.

— O que será que houve? - perguntou Aline - Ai, não! Só falta! Aquele tapado não fez isso com a gente!

— Não diga isso nem de brincadeira - disse Alípio.

— TRINTA SEGUNDOS PARA O FECHAMENTO DA SALA - anunciava a voz da sala (não parecia ser o Pitre).

Não podia ver muito bem como era  a sala da vitória, mas não era um lugar muito grande, apesar de luxuoso. Deve ter sido construída única e exclusivamente para esse jogo.

— Parece que ele não vai vir...será que aconteceu alguma coisa? - comentou Eva.

— Aquele incompetente! O que está fazendo? - seu Alípio começa a se exaltar, mas Valéria o acalma.

— Esqueça...não dá para ir procurá-lo em menos de trinta segundos.

Mas Giovani estava realmente desesperado para descer.

— ABRE! ALGUÉM! SEU ALÍPIO! ALINE! VALÉRIA! QUALQUER UM...-  ele gritava e esperneava, mas era inútil. Tentava empurrar e arrombar a porta, mas ela não cedia. E ele não era muito bom nisso. Logo, ele ouve mais uma vez o sinal, evidenciando o fechamento da porta. Ele só podia sentar e chorar.

— Espere! Um de nossos colegas com a rosa ainda não voltou! - reclamou Alípio.

— INFELIZMENTE...AS REGRAS ERAM CLARAS! AQUELES QUE NÃO ENTRARAM NA SALA DA VITÓRIA PERDEM O JOGO!

E as portas se fecham. Todos lá dentro ganham 10 créditos cada. Natália, Giovani e eu não entramos. Éramos os perdedores. Mesmo Giovani tendo uma rosa.

— Droga! Onde aquele Giovani está? - reclamou Aline.

— Talvez - disse Max, agora com um sorriso no rosto - Ele tenha ficado preso no banheiro.

— Você! - Alípio o olhava nervoso, mas Max não se abala. Era o jogo. E Giovani caiu na armadilha.

Depois que a porta de abre, Pitre recepciona os vitoriosos (não me pergunte como ele apareceu).

— Uhuhuhuhu! Parabéns! Vocês sete foram os vencedores do Jogo das Dez Virgens! Estão diretamente classificados para a próxima fase e ganham mais dez créditos cada!

— Ótimo. E cadê o Giovani? - pergunta Alípio.

— Ah! O participante Giovani! Acho que podemos ir buscá-lo! - disse Pitre.

Pouco tempo depois, abrimos a porta do banheiro do quarto de Giovani e vimos o próprio, caído ali no chão.

— Gente! Graças a Deus...já estava ficando louco.

— Giovani... - resmungou Alípio, nada feliz.

— Desculpa, gente! Desculpa mesmo! - ele disse, arrependido - Foi ele! - o gordinho gritava, apontando para Max - Max Demian me enganou!

— Não leve para o lado pessoal - disse Max, arrumando o cabelo - É só um jogo!

— Agora não podemos fazer nada. Você perdeu, Giovani! - disse Alípio. 

— Mas...vocês ainda podem pagar minha imunidade, não podem?

— Não - interrompeu Eva - Eles não podem. Seu grupo me deve 60 créditos. E é tudo que eles tem no momento!

— Exatamente - disse Alípio, com lágrimas nos olhos - E não é só isso...por sua culpa...no momento não temos um único crédito! Perdemos tudo! Tudo! 

— Exatamente. Mas não se culpem - disse Max, se aproximando - Garantir a entrada na sala era um fator importante nesse jogo, afinal, vocês não sabiam quando a porta iria se abrir, sabiam?

— Como alguém poderia saber? É claro que isso só amentava a pressão em cima da gente - comentou Valéria.

— Bem...na verdade...

Max nos contou o truque do relógio. Pitre riu.

— Uhuhuhu. Isso mesmo. Sendo sincero, nunca pensaríamos que alguém poderia descobrir o truque do horário de abertura da porta.

— Ver as entrelinhas...é fundamental nesses jogos - completou Max.

— Geentee! Quebra a casca que eu tô chocada! - disse Aline - Como alguém presta atenção nesses detalhes?

— Tsc! Não importa! Agora é nosso grupo que se deu mal! - retrucou Alípio.

"Impressionante", penso Eva, "Mais uma vez, Max Demian provou seu valor. Tsc! E eu achava que fiz uma grande descoberta ao encontrar o criado vendedor de rosas. Max Demian. É cada vez mais perigoso deixá-lo nessa casa, mas...devo admitir que não teria a mesma graça sem ele. Veremos como você vai se sair no próximo jogo, Max...porque agora...o meu grupo tem quase 100 créditos!"

No sessão de votos, os participantes eram eu, Natália e Giovani. Até mesmo um burro como eu sabia o que fazer naquele momento. A decisão do eliminado foi óbvia.

— Sendo assim...vejamos os resultados - disse Pitre - Bem, o próximo eliminado da casa é...participante número seis...Giovani Baptiste.

— Merda... - é tudo que Giovani balbucia, caindo de joelhos ao ouvir seu nome. Em poucos instantes, ele prepara as malas e as portas principais da casa se fecham atrás dele. Um a menos.

— Parece que tudo se equilibrou agora - comentou Max - Três pessoas em cada grupo...o que virá pela frente?

— Eu não sei - respondi - Mas posso garantir que, seja lá o que for, não será nada fácil...

— É verdade. Fique atento. Erros agora podem ser fatais.

O que viria pela frente? Agora...o cerco estava se fechando cada vez mais...

Créditos de cada grupo no final do Jogo das Dez Virgens

Grupo Demian: 38

Grupo Alípio: 0

Grupo Eva: 97


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Notas finais do capítulo

Cada grupo com três membros...mas o grupo da Eva tem praticamente o monopólio dos créditos (ou seja, eliminar alguém do grupo dela vai ficar mais difícil).

Nove participantes...quem será o próximo a ser eliminado? Aguarde o próximo jogo...



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