Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 17
Capítulo 17 - Bastidores




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Capítulo 17 -Bastidores

A garota ainda mantinha um olhar sério diante de Demian. Ele colocou as mãos no bolso, deu alguns passos para a frente ainda com um sorriso irônico, e inicia uma explicação. Sim, eu sabia de primeira mão o que havia ocorrido, mas creio que Max Demian possa dar uma explicação muito melhor.

— Bem - ele começou a falar com Eva, usando uma voz lenta e calma - Para começar, deixe-me adivinhar qual era o seu plano...criar uma aliança com o grupo do Sr. Alípio para eliminar todo o meu grupo, não é?

— Sim. Era isso mesmo - se adiantou Taís.

— Quieta! - bronqueou Eva.

— Heh! Isso não é muito difícil de perceber - ele continuava, com o mesmo tom de voz - Eu era o Detetive do jogo, então, antes de ser eliminado pude saber que Eva pertencia ao lado negro

Ninguém fica muito impressionado com isso. Mas ele continuava a falar.

—Se você pertencia ao lado negro, deveria ser Assassina ou Demônio, mas, como o Demônio não pode ser morto, ela só poderia ser Assassina! E não só isso: o grupo dela também não tinha um Demônio.

— Hã? Como você sabia? - perguntou Taís.

— Pode-se concluir tudo isso apenas com os resultados da primeira rodada - continuava meu perspicaz amigo - Como agora não é mais segredo para ninguém, o meu grupo só possui membros do lado branco. Logo, os Demônios e Assassinos estavam todos nos grupos de vocês. Mas não faria sentido um Demônio atacar alguém do próprio grupo e como a equipe de Alípio estava disposta a atacar a equipe de Eva, sem dúvida eles combinaram do Demônio atacá-la. Estou errado?

Não, não estava nem um pouco errado. O silêncio das meninas só confirmava isso.

— Mas aí é que está: na primeira rodada, dois membros do nosso grupo foram eliminados. Se o grupo de Alípio realmente queria atacar o seu grupo, Eva, pelo menos na votação alguém do seu grupo deveria ter saído. O que não aconteceu. A única possibilidade para isso foi vocês terem criado uma aliança.

E ele não poderia estar mais certo. Isso era evidente e Eva não tinha muitos argumentos para se defender dessa acusação.

— Heh! É verdade...meu grupo conseguiu criar uma aliança com o grupo deles. Isso qualquer um consegue perceber. Até agora você não falou grande coisa - disse a garota.

— O detalhe é que o grupo de Alípio não teria nenhum motivo para se aliar a você se tivessem, além da vantagem do Demônio, a vantagem do Assassino. Logo, o seu grupo, Eva, deveria ter dois ou mais Assassinos! Não posso dar certeza absoluta, mas essa é a hipótese mais provável!

Mais uma vez, ele tinha acertado na mosca.

— Heh! - ela riu, desviando rapidamente o olhar - Certo. Você descobriu a configuração dos nossos grupos. E daí? O que eu quero saber é como você conseguiu fazer a segunda rodada acabar desse jeito!

— Ah, sim. Essa é a parte interessante. Na verdade, eu comecei a agir ontem à tarde, antes mesmo da primeira rodada começar.

 Eis o que aconteceu: no dia seguinte, após os resultados da primeira rodada e uma nova reunião com o nosso grupo, Max saiu para mais uma voltinha quando se encontra com Sr. Alípio saindo de seu quarto. O veterano tenta dar uma disfarçada, mas Max o chamou.

— Olá. Será que eu poderia falar com o senhor um instante?

Alípio tenta fingir que não é com ele, mas Max o chamou novamente.

— Por favor, é rápido. É algo sobre esse jogo que com certeza vai interessá-lo.

— Como assim? - o senhor disfarçava, enquanto olhava para os lados - Não tenho nada para falar com você, rapaz.

— Tenho certeza de que não vai se arrepender se me ouvir. Já disse. Uma conversa particular...mas será rápido.

Alípio olha para os lados, coçou a cabeça e acabou concordando. Ele abriu a porta, pediu que Max entrasse rápido e olhou para os lados mais uma vez antes de fechar a porta.

— Eu não sei o que posso fazer por você, rapaz - disse Alípio - Mas seja lá o que tem a dizer , diga logo.

— Vou direto ao ponto - disse Max, sentando-se de pernas e braços cruzados - Pelos resultados da primeira rodada, é mais que evidente de que se aliou com o grupo de Eva, não é?

Alípio não diz nada. Mas Max o mira com aquele olhar de flecha que eu conhecia muito bem.

— É estranho...imaginei que a melhor estratégia seria mirar no grupo mais forte, não é? A menos, é claro, que o senhor tenha um bom motivo para ter se aliado a elas.

— N-Não sei aonde você quer chegar...

— Bem, acho que isso vai ajudar a explicar as coisas - disse Max, agora se curvando para a frente e olhando ainda mais dentro dos olhos dele - Eu era o Detetive do meu grupo e pude descobrir que Eva era do lado negro antes de ser eliminado. Mas, como Eva foi morta na primeira rodada, com certeza ela era uma Assassina...mas, como não faz sentido o Demônio atacar alguém do próprio grupo e se o seu grupo também tivesse vantagem dos Assassinos, simplesmente não haveria sentido em se aliar à ela e ainda por cima votar na gente, acho que a hipótese mais provável é que vocês tenham a vantagem do Demônio e Eva tenha a vantagem dos Assassinos! Só assim para ela ameaçar o seu grupo e vocês aceitarem uma aliança com ela.

Alípio começa a ficar tenso e suar um pouco. Mas ainda estava bem arredio. Ele olha para os lados, como se aquilo o ajudasse a escapar de toda aquela pressão.

— Pelas minhas contas... - continuava Max - O seu grupo só tinha dois créditos antes da primeira rodada...se vocês sobreviveram, então, agora vocês devem ter mais quatro créditos, totalizando seis. Isso, no mínimo, porque acredito que Eva deve ter oferecido alguma coisa para vocês. Estou certo ou errado, Senhor Alípio?

Alípio não podia esconder mais. Ele finalmente admitiu.

— Sim. É verdade - ele falou, colocando as mãos no rosto - O grupo de Eva possui vantagem dos Assassinos e fez uma oferta que não podíamos recusar.

— Imagino - disse Max.

— Hã?

— Após o primeiro despertar dos Assassinos, vocês automaticamente devem ter concluído que nosso grupo só tem pessoas do lado branco. Sendo assim, se cada um de vocês garantissem os créditos necessários para sobreviver, nosso grupo obrigatoriamente teria que eliminar um membro, já que não teríamos vinte e oito créditos para salvar nosso lado, estou certo? Não precisa mentir...o mais racional seria mesmo aceitar a proposta.

— Então..você entende? - disse Alípio - Não é que eu gostaria de me aliar à Eva, mas a proposta dela era realmente boa! Ela nos deu créditos em troca de votarmos em seu grupo. Se fizermos o lado branco perder, só precisaríamos gastar catorze créditos para salvar nosso grupo e vocês se eliminariam automaticamente.

— Entendo. Mas...vocês não estão pensando no futuro - falou Max.

— Hã?

— Se Eva tem a vantagem dos assassinos, ela precisa guardar no mínimo catorze créditos para salvar o grupo. Tendo vinte e quatro, sobrariam dez para gastar, mas se ela oferecesse todos acabaria ficando em desvantagem depois. Hmmm...imagino que ela tenha oferecido menos de dez créditos para vocês, não é?

— Sim. Ela ofereceu quatro créditos.

— Entendo...no final da próxima rodada vocês já teriam os catorze créditos para se salvar, só que..

— Só que o quê?

— Eva ainda teria muito mais créditos do que vocês.

— Sim...isso é verdade.

— É aí que entra a minha proposta.

— Hã? Que proposta?

— Traia Eva e fique do meu lado.

— O que? Traí-la? Mas...eu não posso.

— Hmm?

— Por mais que eu odeie essa situação, se trairmos Eva, ela acabará com o nosso grupo!

— A menos que o grupo dela inteiro seja eliminado!

— Impossível! Mesmo que eliminemos uma com o Demônio e outra na votação, ainda restaria uma para atrapalhar.

— É o que você pensa, mas tem uma saída.

— Hã?

— O que acontece se houver um empate na maioria dos votos?

— Um empate - Alípio começou a se lembrar da explicação das regras.

— Exato. Os dois votados seriam eliminados!

— Então você está pensando em... - Alípio chega a se levantar de espanto.

— Pois é, sabia que essa regra seria útil em algum momento. Se existe mais de um Assassino na cidade, votar em duas pessoas para sair é como querer eliminar dois Assassinos. No fundo, até que faz sentido, não é? - Demian até ria sozinho ao falar isso.

— Acho...que estou começando a entender - disse o desconfiado veterano.

— Basta que você mande o Demônio do seu grupo eliminar a última Assassina do grupo de Eva. Com isso, só restarão seis pessoas de nosso grupos juntos mais as duas que restarem do grupo dela. Dividindo nossos votos em três para cada uma delas, eliminamos as duas ao mesmo tempo. Faz sentido, não acha?

Alípio acompanha o raciocínio e até fica animado, mas logo se lembra de algo importante.

— Isso não daria certo.

— Hã?

— No despertar dos Assassinos temos que eliminar alguém de seu grupo. Se não fizermos isso, ela vai saber que estamos tramando alguma coisa e pode armar um jeito de evitar nosso plano.


— Não se preocupe. Eu já pensei nisso.

— Hmm?

— Nosso grupo ainda tem o Anjo.


— É verdade - exclamou Alípio - Tinha me esquecido do Anjo!

— Pedirei para o Anjo do meu grupo imunizar a si mesma. Basta que você diga para a Assassina do grupo de Eva que "ouviu" alguém de nosso grupo dizer quem está imune e votar na outra pessoa, mas, na verdade, vocês estariam votando no anjo imunizado!

— Incrível! Se isso der certo...poderemos eliminar o grupo dela inteiro!

— Exato - sorriu Max - E mais: pagarei mais quatro créditos em troca dessa aliança.

— Mas...se fizermos o seu grupo vencer, Eva poderá aumentar o valor da imunidade e nos obrigar a ir para sessão de votos.

— Isso se elas tiverem mesmo créditos para tanto...

— Hã?

— Confie em mim. Pegue esses quatro créditos e faça o que eu digo. Fazendo isso, evitaremos que Eva ganhe mais créditos. Afinal, o grupo dela inteiro estará fora da cidade.

Alípio pondera um pouco. A ideia era boa, mas ele ainda tinha medo.

— Talvez o senhor não confie tanto em mim, mas eu confio. Deixarei, agora, dois créditos com o senhor como voto de confiança. Se nos ajudar, ofereceremos os outros dois...quem sabe, até mais.

O senhor morde os lábios e acaba cedendo.

— Tudo bem. Eu aceito. Só me aliei a ela por não ter opção. Vamos eliminar as três agora!

— E foi isso... - disse Demian, terminando essa lembrança, olhando para o chão para fitar os olhos de Eva com firmeza logo em seguida - Entendeu?

— Bem que eu achei estranho eles disserem que ouviram o grupo de Demian dizer que imunizaram Erivaldo...na verdade, era Natália a imune! - disse Perla.

— S-Sim - disse Natália, tímida.

— Exatamente - completou  Alípio - Fingimos que Giovani ouviu Alan dizer que Erivaldo era o imunizado. Assim, você aceitaria atacar Natália. Com isso, todos sobreviveram e dividimos nossos votos nas duas que sobraram. O resultado foi esse. Vocês três caíram fora.

— E mais importante que isso. Não podem mais conseguir nenhum crédito extra nesse jogo - lembrou Giovani.

Eva permanecia séria, mas não explodia de raiva. Parecia estar pensando em alguma coisa.

— Que seja...vamos embora, meninas - disse ela, virando as costas.

— Hã? Vai deixar isso barato? - perguntou Taís.

— Não podemos fazer mais nada. Vamos logo!

— T-Tá - disse a loirinha, meio assustada.

— Bem - disse Pitre, com um sorriso irônico - Parece que vocês usaram bem da possibilidade de empatar os votos, não é? Aguardemos todos os seis sobreviventes para a próxima rodada de Cidade Adormecida...amanhã, no mesmo horário.

— Vamos nessa - Demian me disse, dando um tapinha nas minhas costas. O grupo todo dela estava fora, mas ainda não havia acabado. Não, ainda não. E Eva sabia disso.

— E agora, Eva? - perguntou Perla - Vamos ficar só assistindo?

— É claro que não! - ela disse, ríspida - Demian ainda não venceu essa. Aliás, ele está longe de vencer!


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Notas finais do capítulo

Era para ter postado esse cap. ontem, mas a preguiça falou mais alto '

Se deixar reviews: mil obrigados

Se recomendar a história: um milhão de obrigados

Até a próxima!



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