A Arte do Casamento escrita por Saori


Capítulo 1
Uma Weasley nunca fica sem palavras.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas, adivinhem quem voltou?! Sim, eu mesma, a flopada! E voltei com Scorose! Bem, fiquem aqui com esse primeiro capítulo de uma fic novinha minha. Espero que gostem. ♥



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Rose Granger-Weasley.

 

Eu descobri minha vocação no auge dos meus nove anos. Era aniversário de uma menina da minha turma. Ela decidiu fazer uma festança e convidar toda a classe. Bem, como eu estava inclusa, eu decidi ir. 

Aquele dia tinha de tudo para ser tão simplório e comum quanto qualquer outro, mas aconteceu algo inesperado, como se eu recebesse um aviso do destino. Como a melhor amiga da aniversariante, eu cheguei cedo e fiquei grudada nela até mesmo quando os preparativos ainda estavam sendo arrumados. O tema da festa era ballet, e toda a decoração se concentrava em tons de rosa bebê e branco. 

De fato, o salão estava ficando magnífico, exceto por um pequeno problema: o enfeite principal havia vindo com uma pequena falha na pintura. Ao ver Meredith e sua mãe chateadas, eu primeiro me perguntei o motivo de tamanha histeria por algo tão simples. Depois, eu tive uma ideia brilhante que mudaria todo o curso da minha vida: por que não colocar uma faixa na sapatilha? Ela cobriria a falha e daria um toque de elegância a mais. Coincidentemente, a fita que prendia a minha cintura, detalhe do vestido que eu usava, era do mesmo tom de rosa utilizado em toda a arrumação do salão. 

Eu expliquei a minha ideia e, subitamente, os gritos de desespero e lágrimas de nervoso transformaram-se em esplêndidos sorrisos. Elas me agradeceram como se eu fosse a grande salvadora da pátria. Foi ali, vendo aqueles sorrisos sinceros, que eu percebi o que eu queria fazer da minha vida. Eu queria deixar as pessoas tão felizes quanto eu consegui naquele dia, no aniversário de dez anos da Meredith. 

Obviamente, eu cresci e, hoje em dia, sou uma organizadora de eventos. Tenho que dizer, eu sinto como se eu tivesse nascido para isso e, embora eu ame o meu trabalho como um todo, há uma área em especial pela qual me apaixonei. 

A minha história começou quando eu tinha um ano e meio de carreira. Foi quando Dominique, minha prima mais velha, finalmente encontrou o amor de sua vida e decidiu de casar. Aliás, sorte a minha ter a família tão grande. Com a cabeça pirando devido ao enorme número de escolhas que precisava fazer para o seu grande dia e prestes a entrar em colapso, ela chegou a uma conclusão brilhante: “Minha prima, Rose Weasley, é uma organizadora de eventos, será que ela me ajudaria com o meu casamento?”

E foi assim que eu planejei o meu primeiro casamento, desde as pétalas de rosa até o vestido de noiva. Cada mínimo detalhe, a música, as cores, a harmonia entre os adereços. Tudo precisava ser perfeito aos olhos de Dominique. No dia da cerimônia, tudo parecia impecável. A decoração possuía tons nude e branco, exceto pelas flores, que tinham cores pastéis que enquadravam-se perfeitamente ao cenário. 

Eu acho que eu nunca vi Dominique sorrir tanto em toda a minha vida e gosto de pensar que eu correspondia a, pelo menos, uma pequena parcela daquela felicidade, porque, de acordo com ela, havia sido o casamento dos seus sonhos. Eu havia organizado uma cerimônia que ela considerava, sob a sua própria ótica, perfeita. Não havia nada mais gratificante do que isso. No entanto, não foi só isso que me encantou. Naquele dia, pela primeira vez, eu reparei na troca de olhares entre os noivos. Apesar de ser a minha prima, eu não foquei na noiva, como todos costumavam fazer. Era fato, quando a mulher entrava, com um vestido deslumbrante e chamativo, naturalmente todos os olhares se voltavam para ela. Mas não o meu. Eu olhava para o noivo, para o sorriso bobo que ele dava ao ver a mulher de sua vida, repleto de pureza e alegria e, apenas depois, eu encarava a noiva, que finalmente se dava conta de que estava prestes a entregar-se completamente para o seu amado, sem nenhum arrependimento.

Foi assim que eu me apaixonei ainda mais pela minha área de trabalho e, mais especificamente, por casamentos. Desde então, essa tem sido a minha parte preferida. Eu já havia perdido a conta de quantos casamentos eu havia planejado e, apesar das correria, loucura e desespero que alguns eventos proporcionavam, eu não me arrependia de nenhum. Cada cerimônia era única e se apegar aos casais, especialmente às noivas, era algo inevitável. Confesso que havia feito muitas amizades no ramo e, além disso, tinha até mesmo sido convidada para ser madrinha de alguns casamentos. 

No auge dos meus vinte e cinco anos, eu já era razoavelmente reconhecida pelo meu, modéstia parte, excelente trabalho. Entretanto, eu estava prestes a enfrentar um novo desafio, que tinha nome e sobrenome, e se chamava Victoire Weasley. 

Victoire era minha prima, assim como Dominique, e, há alguns anos, havia encontrado o amor de sua vida. Como o esperado, ele a pediu em casamento no último mês, o que resultou em uma nova cerimônia para que eu pudesse preparar. Entretanto, aquela seria significativamente diferente das outras, isso porque, tanto ela, quanto o noivo, Teddy Lupin, eram figuras públicas. Toire era uma atriz e Ted, um famoso cineasta. Por uma obra do destino — ou não — eles trabalharam juntos em um filme e eventualmente se apaixonaram. 

O grande problema era: haveriam jornalistas e paparazzis por todo o lado, procurando saber detalhes que eu, tecnicamente, não poderia contar. Claro que eu tinha sido instruída e orientada por eles, mas, por algum motivo, apesar de eu costumar ser confiante, desta vez eu estava insegura. Eu estava com medo do novo, daquela situação completamente inédita. Mas, de qualquer modo, eu nunca negava um bom desafio, seja lá qual fosse. 

Era por isso que eu estava em uma floricultura, acompanhada de Victoire, cheirando o que eu diria ser a décima terceira flor. Honestamente, eu já havia  perdido a conta.

— Victoire, você não acha que já está bom? — Eu indaguei, já farta. Ela era provavelmente a noiva mais exigente de todos os tempos. 

— Rose, eu já te disse, eu quero que esse dia… — Ela começou a dizer.

— Seja perfeito. — Concluímos juntas. 

Ela sorriu para mim, orgulhosa por eu ter decorado a sua frase de efeito. 

— Mas, por favor, não se esqueça, eu ainda tenho outros casamentos para organizar. Por favor, tenha um pouco de piedade. — Implorei, fazendo cara de cachorrinho pidão. 

— Mas o meu é o mais importante, não é? — Perguntou, com os olhos cheios de lágrimas. Maldita atriz. 

— Nem vem fingir choro, eu conheço os seus truques como ninguém, não vai me deixar com o coração mole. — Eu falei, com um sorriso nos lábios, orgulhosa da minha postura. 

  — Só precisamos esperar mais um pouco, certo? Lembra que eu falei que precisava conhecer um amigo meu? Ele já está a caminho, disse que o trânsito está uma loucura porque houve um acidente, mas já está chegando. — Explicou, com um olhar de súplica. 

Eu rolei os olhos de um lado para o outro, impaciente, mas cedi, deixando um sorriso escapar. 

— Você sabe que eu odeio atrasos, mas vou deixar passar desta vez. — Proferi, com um tom de voz brincalhão, mas, ainda assim, com um fundo de seriedade. 

— Rosie, você tem que parar de ter tudo planejado na sua vida. — Lá vem a hora do sermão da noiva, que agora, de uma hora para a outra, só porque estava prestes a se casar, já entende absolutamente tudo sobre a vida. — Você é planejadora de casamentos, mas isso não significa que tem que levar a sua vida da mesma maneira, permita-se viver um pouco, sem regras. Apenas seja você. 

Eu revirei os olhos, mais uma vez, um pouco impaciente, mas relevei, respondendo educadamente.

— A minha vida não é tão planejada quanto você imagina. — Respondi, fingindo tranquilidade e despreocupação. 

— Rose, a sua vida é pautada em uma agenda. — Ela disse, apontando para o pequeno caderno que eu tinha em mãos e nem sequer tentei esconder. — Você não precisa ser perfeita, só precisa ser você. 

— Olá, meninas. — Uma voz masculina chamou a minha atenção, tirando-me o direito de resposta. — Desculpe o atraso. 

O rapaz em questão era alto, loiro, tinha olhos cinzentos e pele pálida. Era um tanto quanto bonito, para dizer a verdade. Especialmente pelo sorriso que carregava no rosto, que eu diria ser quase perfeito. 

— Olá, Scorpius. — Ela o cumprimentou, com um sorriso e um aperto de mãos. — Essa é a minha prima, Rose Granger-Weasley, ela será a responsável pelo meu casamento. 

Eu sorri, tentando parecer simpática, e apertei a mão dele. 

— Rose, esse é o Scorpius Malfoy, um jornalista de minha confiança que será o único a ter as informações oficiais acerca do meu dia perfeito. — Depois de dizer aquelas palavras, ela bateu palminhas, e um sorriso que tomou os seus lábios, indo de orelha a orelha. 

— Um jornalista? De confiança? — De repente, eu pareci muito aliviada. — Desculpe, é que ela e o Teddy me deixaram paranoica com essa história de paparazzi e coisas do tipo. — Expliquei, um pouco sem graça pela minha reação completamente exagerada. 

Antes que ele pudesse responder, Victoire se pronunciou. 

— Oh, eu estou atrasada. — Ela proferiu, nervosa, enquanto olhava o relógio. — Sinto muito, terei que deixá-los aqui. Vejo vocês em breve. 

— Toire! — Eu tentei chamá-la, mas ela me ignorou, apenas saiu correndo pelos cantos até sumir do meu campo de visão. — Típico. — Resmunguei, referindo-me à atitude dela. 

— Então, por que embarcou nessa loucura? — O homem perguntou, fazendo com que eu voltasse minha atenção para ele. 

— Bem, ela é a minha prima, e eu fico muito feliz em… 

Scorpius gargalhou, interrompendo a minha fala. Eu apenas olhei para ele, tentando compreender o motivo daquela risada irônica e nada sutil. 

— Eu não estou falando do casamento da Victoire, estou falando de planejar casamentos. — Esclareceu, em um tom risonho, como se sua fala fosse óbvia. 

— Ah, eu me apaixonei com o casamento da minha outra prima, Dominique. — Eu disse, nostálgica, e um pequeno sorriso apareceu no meu rosto. — Foi o primeiro que eu organizei. Eu acho incrível saber que as pessoas confiam em mim a ponto de me deixarem planejar um dos dias mais importantes das vidas deles…

Novamente, fui interrompida, dessa vez, por uma risada ainda mais histérica. Por um momento, eu fiquei sem reação, apenas permaneci o encarando, com uma expressão que exalava dúvida. Permaneci estática até que sua risada cessasse, e ele me explicasse o motivo daquela gargalhada totalmente fora de hora. 

— Você realmente acredita em toda essa besteira? — Indagou, ainda em meio a própria risada. 

Eu estava incrédula, fitando-o, a princípio, sem ter ideia de como reagir. Todavia, se ele achava que ia ser a primeira pessoa do mundo a deixar Rose Granger-Weasley sem palavras, então estava enganado. 

— Besteira? — Eu cruzei os braços, completamente indignada. — Você está caçoando do meu trabalho? 

— Não. — Retrucou, sério, e balançou a cabeça de um lado para outro, em negação. — Estou caçoando de casamentos e do seu trabalho. — Enfatizou, em um tom de voz cínico. 

— Você… É um grande idiota! — Explodi, perdendo toda a minha paciência. — Não acredito que está desmerecendo o meu trabalho desse jeito! E os matrimônios! É uma cerimônia que une vidas para sempre, duas pessoas que se amam e estão prontas para dar um grande passo juntas. Isso é lindo e uma total prova de confiabilidade, a pessoa se entrega por completo. 

— O casamento é apenas mais um papel que precisa ser assinado, assim como o do divórcio. — Ele deu de ombros, como se fosse algo simples. 

  Claramente, Scorpius não entendia a importância do matrimônio, e isso estava me tirando do sério.

— Você é um insensível, um sem coração! — Bufei, irritada. — Aliás, se é tão descrente assim acerca de casamentos, por que está querendo fazer uma matéria sobre um? — Ergui as sobrancelhas, tentando parecer desafiadora. 

— Porque eu quero ser promovido. — Rebateu rapidamente, com um sorriso cínico dançando nos lábios. 

— Eu vou contar isso para a Torie, é inaceitável que uma pessoa como você vá cobrir o casamento dela. — Eu estava decidida, na próxima vez que encontrasse a Victorie pessoalmente, contaria toda a nossa conversa, sem esconder qualquer detalhe. Seria a minha palavra contra a de Scorpius Malfoy. 

— Tem certeza? — Indagou. Percebi que ele queria me deixar em dúvida, mas eu não cairia naquele joguinho ridículo. — Porque, quero dizer, a Victoire confia em mim, e você quer mesmo arriscar arruinar o dia mais importante da vida dela? 

Aquelas palavras pesaram na minha consciência mais do que deveriam. Eu, de forma alguma, gostaria arriscar ver a minha prima infeliz, principalmente quando parecia tão sobrecarregada. Querendo ou não, eu tinha que admitir: Scorpius realmente sabia como jogar. E ele era tão bom nisso, que nem sequer tive o direito de resposta. 

— Já que concordamos, eu vou partir, tenho mais trabalho para fazer. — Ele começou a caminhar para longe, mas parou no meio do caminho e se virou para mim novamente. — Foi um prazer te conhecer, Rose. — Falou, levemente zombeteiro, e seguiu o seu caminho. 

Eu fiquei parada ali por alguns minutos, surpresa com toda aquela situação inusitada. Pela primeira vez, provavelmente em toda a minha vida, eu fiquei sem saber o que dizer. Eu detestei a sensação, mas, agora, ele provavelmente era a única pessoa no mundo inteiro capaz de se gabar por isso. 

Ainda sem dar um único passo, eu respirei fundo, tentando manter todo o meu controle e calmaria restante. 

Scorpius Malfoy havia me deixado sem palavras, mas se ele pensava que conseguiria esse feito novamente, então estava muito enganado. Afinal, uma Weasley nunca fica sem palavras.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sério, eu estou muito curiosa para saber. Sintam-se a vontade para deixar comentários e até a próxima! ♥



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