Sangue de Arthur III escrita por MT


Capítulo 7
7- Capítulo, O amanhecer


Notas iniciais do capítulo

E aí, capitulo novo e nois tá como? Só querendo um comentariozinho para saber que tá na direção certa, porque escritor também é humano e caga bosta quando deveria
cagar ouro, tá ligado? É isso aí. (kkkkkkkkk)



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Mordred, Pendragon

Eram tantos quanto supora, mas cortá-los, queimá-los e mandar seus corpos de volta ao túmulo ao destroçar suas cabeças não tinha o mesmo resultado que esperara. Continuavam muitos e aqueles que eram apenas cortados não  deixavam de se mover. Era um inferno sem fim e Mordred continuava indo cada vez mais fundo.

Grandes, pequenos, medianos, todo tipo de pessoa havia sido transformado em morto vivo. A cavaleira sentiu-se grata por não conhecê-los, por não serem sua família ou seu mestre ou mesmo alguns dos rostos que vira enquanto passeava por Fuyuki. Era mais fácil cortar a carne de estranhos.

Levou quase uma hora até encontrar o topo da tropa de mortos e ver até o que se dirigiam. Havia um outro exército, vestidos de branco e carregando armas de fogo, disparando contra as criaturas, sendo devorados pelas criaturas, numa batalha caótica e sangrenta onde vísceras e membros voavam por sobre o ar da noite.

O frio era ainda mais intenso ali e todo o corpo de Mordred parecia prestes a perder a sensibilidade. O sangue continuava voando e sua espada permanecia ceifando os cadáveres. A lua movia-se vagarosamente pelo céu, mas mesmo a ideia de sol parecia distante e de pouca credibilidade.

Permanecia noite e continuaria assim, algo parecia sussurrar no fundo dos seus ossos.

Podia sentir a mana de dois poderosos guerreiros se chocando a alguns metros de distância. O Caster, pensou enquanto se dirigia até o local cortando carne e desviando de balas, e mais alguém. Mas não poderia ser… um servo, podia? O Berserker está no fundo do lago, ou não? 

A ideia de encarar o Berserker de novo a enchia de vontade de despedaçá-lo, mas também de arrepios advindos da memória da ilusão na qual fora posta. Queria acabar com a raça dele, porém ainda tremia de leve ao imaginar ser pega em outra alucinação. Mesmo que na realidade meu pai também me odeie… isso mesmo! Pensou apertando o cabo de Clarent com firmeza, se já me detesta não há motivo para temer qualquer teatrinho com isso como plano de fundo!

Avançou sentindo-se sedenta por arrancar a cabeça da criatura sob o capuz. Os zumbis se puseram no seu caminho, mas os fez em pedaços. Balas choveram, mas caíram inofensivamente sobre a armadura da cavaleira. O pé escorregou numa poça de sangue, mas Mordred conseguiu se equilibrar.

E chegou lá.

A cena a pegou desprevenida. Um enorme vácuo entre os dois exércitos se formava entre os seis guerreiros. Era como um rio dando a volta numa rocha. E ao olhá-los rapidamente entendeu porque.

Nenhum zumbi poderia com aquele homem e nenhum humano comum seria um adversário à altura daqueles cinco seres cristalinos. E a energia que eles emanavam certamente estava a par com a de servos. Mordred sentiu arrepios ao enxergar o que defrontava a maior parte dos ataques do enorme homem cinzento carregando um machado de batalha dourado.

Ela não pensou duas vezes antes de atacar as criaturas cristalinas. Elas irradiavam um mal tão profundo, tão frio e inescrupuloso que a cavaleira não teve dúvidas quanto a sua natureza. E também sabia exatamente quem eram. Os assistira na televisão, vira os feitos que tinham realizado e quão temidos eram. Presenciara sua ascensão das profundezas do norte da muralha a sua queda ao sul dela.

Caminhantes brancos.

A espada de Mordred caiu sobre aquele que mais a causava arrepios. Aquele que era a imagem semelhança do rei da noite da série. Aquele cuja mana chegava a se equiparar ao do arco do deus Apolo.

E ele desviou dando um passo para trás, saindo por um centímetro do raio de alcance da cavaleira. A face da criatura permaneceu imutável e uma lança formou-se na sua mão direita e, num piscar de olhos, ele atacou. Mordred abaixou o tronco num impulso único e violento escapando do veloz ataque em arco da arma inimiga. E então contra-atacou visando o pé do rei da noite, mas ele ergueu o joelho e a espada raspou o concreto abaixo dele. Ela ergueu a lâmina numa curva vertical mas com um golpe da lança a criatura cristalina mudou a trajetória da arma. Mordred recuou velozmente quando três estocadas foram lançadas com a lança. E então voltou a investir lançado golpes com extrema força as laterais da criatura forçando-a a recuar sob aparadas que tremiam sob cada golpe.

Mas não continuou na defensiva por muito tempo, o rei da noite mergulhou entre um golpe e outro e a acertou com o cabo da sua arma abaixo das costelas e deslizou por sobre o aço que cobria o ponto deixando uma marca quase profunda o suficiente para alcançar a pele na armadura. Mordred gemeu e saliva escapou por entre seus lábios, porém manteve o foco e desviou da ponta da lança jogando a cabeça para trás e golpeou abrindo um talho branco no rosto do inimigo. Ele não pareceu sentir e investiu com outra estocada. A espada de Mordred repeliu o ataque e com um passo largo e rápido a cavalera se pôs dentro da área onde a lança ficava incapaz de realizar um movimento forte o bastante para machucá-la. E então mergulhou a espada numa estocada rumo ao peito da criatura.

Ele desviou a investida com um tapa, fortificado por um giro que o permitiu usar todo o peso do corpo, na parte lateral da arma. Mordred aproveitou que parara de lado em comparação a posição do rei da noite e lançou um golpe usando também da rotação completa do corpo. O ataque atingiu com violência a lança, que se interpôs entre a lâmina e o corpo da criatura cristalina, e a partiu atingindo com ferocidade a cintura do inimigo e se alojando abaixo do umbigo. 

Acabou, pensou enquanto acumulava mana na espada para fazê-la emitir uma explosão. Posso não ter aço valiriano, mas mana deu conta dos zumbis e você não é muito mais que isso.

Mas antes que o fizesse em pedaços um monte de mortos vivos se jogou contra ela. Num reflexo removeu a espada do corpo do rei da noite e usando a energia acumulada ali os destruiu num único balanço. Nem mesmo um pedaço sobrou daquilo, foram completamente reduzidos a nada. Mas seu líder se recuperou completamente e voltou a atacar com estocadas ferozes e silenciosas e frias. Seu estilo de luta era como o próprio inverno, duro, impiedoso. Nem mesmo quando o atingira demonstrara dor ou surpresa. Ele parecia ser feito de gelo.

Mordred praguejou, um pouco feliz por poder continuar aquela luta que a divertia de certo modo, e se pôs de volta à batalha. Estava pronta para matá-lo quantas vezes fossem precisas e depois talvez ainda fosse necessário lidar com o sujeito que mantinha os outros quatro caminhantes brancos ocupados. E ela tinha a impressão de que seria terrivelmente complicado a julgar pela forma furiosa e habilidosa com que ele lutava. E aquilo a fez sorrir pela primeira vez em tempos com a perspectiva de um combate.

 

Arthuria, Pendragon

— Onde pensa que vai, rei dos cavaleiros? - reconheceu a voz de imediato e sentiu as pernas tremerem. Precisava de um ombro amigo, mesmo que fosse o dele.

— E-eu… - lágrimas brotaram dos seus olhos e seus passos levaram-na até os braços do rei dos heróis. - Eu perdi! Eu perdi o Shirou, perdi minha filha, perdi tudo!

Desatou a chorar como uma criancinha que acabara de ver despedaçar-se aquilo que considerava seu mundo. E ela havia de fato visto aquilo. Quando foi derrotada por sua versão sombria, quando sua espada não pudera cortar o negro rei Arthur, quando a lâmina de Kirei atravessara a garganta de Emiya Shirou. Tudo se despedaçara e agora o que sobrara-lhe era a vergonha, a tristeza, o desespero. Podia arrancar os cabelos, esbravejar contra o mundo ou chorar, como fazia agora, a qualquer momento. E isso era acompanhado de uma terrível dor no peito.

Ainda tinha uma despedida e então acabou, fora como ficara decidido durante a luta e mesmo antes. Quem ganhasse ficaria com a criança e o perdedor morreria. Mas recebera a permissão para ver Eli uma última vez. E a ideia de ser o encontro final machucava seu coração como nenhuma lâmina jamais fora capaz.

Não queria dizer adeus para a filha. Havia sido sua alegria desde o dia que nascera e queria vê-la crescer, se casar e formar uma família. Desejava poder compartilhar de sua felicidade e apoiá-la em sua tristeza, ser capaz de observá-la e instruí-la, cuidar dela.

Mas agora isso era impossível. Porque sua mãe é uma fraca Eli… sua mãe é muito fraca…!

— Quem te fez chorar? - ele perguntou num tom sério e quando ela olhou para cima pode ver o brilho severo de suas íris carmesins.

A resposta era tão absurda que Arthuria riu, uma risada tão cheia de agonia e desespero que a noite pareceu bebê-la. 

— Eu, uma outra eu, mas ainda assim eu e eu também com minha fraqueza. - respondeu em meio a risada histérica.

— Farei ela pagar. - ele respondeu firme.

Olhou para Gilgamesh com as íris verdes encharcadas. Como ele poderia fazer aquilo? 

— Vá para casa e não se preocupe com nada. O rei dos heróis não perderá. - os braços dele ergueram-se até seus ombros e então uma de suas mãos limpou-lhe as lágrimas. - Vá para casa e saiba que o rei de Uruk garantirá seu direito de ficar com sua filha.

Mais água escapou por entre suas íris e da sua boca soluços vieram. Ele havia mantido o semblante sério e falado tão firmemente que Arthuria não conseguia duvidar de suas palavras.

— Obrigada… - disse em meio aos soluços.

E se foi, logo em seguida, rumo a casa de Taiga onde deixara a garota. Iria abraçá-la e beijá-la e mimá-la com todas as forças. Faria questão de gravar cada pedaço da criança na memória, se tornar capaz de lembrar de cada mania e traço da personalidade o mais vividamente possível. Mesmo que morresse e fosse substituída, mesmo que voltasse a sentar no trono dos heróis ainda desejava ser capaz de lembrar do ser vivo que mais amou durante sua existência.

Estava sangrando de diversos ferimentos, usando a Excalibur como uma muleta e quase cega de um olho por causa do sangue que escorria de um talho na sobrancelha. Mais continuou andando, um passo de cada vez, sem jamais hesitar diante da dor. Porque queria ver o sorriso de Eli, porque queria tê-la em seus braços.

Eu jamais desistirei disso, prometeu a si mesma enquanto se arrastava pelas ruas iluminadas por postes com lâmpadas emitindo luz alaranjada.

 

Gilgamesh, antigo rei de Uruk

Aquelas palavras, poderia mesmo fazê-las terem significado algum além das vibrações que produziram no ar? Mesmo sendo quem era? Mesmo tendo todo seu tesouro e poder? Se havia alguma chance de vitória contra o sombrio rei dos cavaleiros, ele ainda não conseguia ver.

Talvez se eu usar o graal de Uruk, pensou pousando o cálice na palma de sua mão e deslizando os dedos por ele. Perigoso, um reator de energia dessa magnitude… não, estamos falando de mim, com certeza posso sobreviver a isso. Já o usei uma vez e usarei de novo.

O fundiu ao seu corpo sem dar a isso um segundo pensamento.  E seu tronco dobrou para frente, tremendo, e as veias pulsaram com violência por toda sua estrutura. Estava explodindo, sentiu enquanto espuma começava a escapar por entre os lábios. A mana corria pelas artérias, irrigava os tecidos e órgãos e se interpunha entre os músculos numa quantidade além dos limites de qualquer corpo mortal. Então sangue caiu no chão a junto a tosse que Gilgamesh começou a emitir.

E quando o fio da vida estava prestes a se romper, parou, tão súbito quanto o término de uma tempestade.

— Como esperado de mim. - disse admirando a camada de mana dourada que agora o revestia.

 

Ritsuka, Fujimaru

Fracasso, um completo fracasso.

Estava sendo carregada para longe enquanto seus servos lutavam, perdiam e morriam. Mesmo estando em vantagem numérica e com um trabalho de equipe perfeito, foram derrotados. Aquilo a enchia de raiva, porque era tudo culpa dela. Se não houvesse hesitado, se não tivesse deixado de dizer uma simples sentença, tudo poderia ter sido diferente. 

O inimigo tinha razão em sua raiva. A garota era fraca e não tinha força suficiente para ordenar a morte de alguém. Estava destinada ao fracasso desde o momento em que no seu caminho houve uma vitória que dependesse do assassinato de alguém. Seus servos já haviam matado outros servos e monstros e mesmo deuses, mas nunca numa situação onde a palavra final sobre a vida ou a morte houvesse sido friamente depositada nas mãos dela. A garota não podia fazer aquilo. 

Mas devo, é meu dever para com a humanidade.

— Davi, vamos recuar para Chaldea e preparar uma nova equipe… - diante de seus olhos o corpo do servo dividiu-se ao meio.

Ela caiu sobre o telhado de uma casa, o baque a fez perder o ar e começar a sentir a dor de pequenos cortes. E quando respirou vomitou logo em seguida. Estava coberta de sangue. E Davi estava morto. Lágrimas caíram sobre a mistura esverdeada que despejara nas telhas. Estavam todos mortos, soube de imediato e antes mesmo de se virar já conhecia o rosto que veria.

Uma mascára negra e robusta feita de lodo negro. Uma aura esmagadora de ódio e raiva e ressentimento concretizada.

— Todos seus servos estão mortos. - ela se pôs de pé e encarou a cavaleira negra.- Bom, lutaram bravamente, faz bem em ao menos chorar por eles. Agora de joelhos e farei isso ser indolor.

A garota fincou-se firme sobre o telhado e cerrou os punhos.

— Não posso morrer agora, sou a última mestra da humanidade, não tenho tempo para a morte.

A cavaleira balançou a espada e metade da residência desabou. Ritsuka quase caiu, salva por ter encontrado um bom ponto de apoio para o pé esquerdo.

Estava tremendo e sentia o estômago tomado por um oco frio. Mas continuou encarando o inimigo. Não viraria o rosto, não fujiria, não se esconderia. Se iria morrer, morreria de cabeça erguida.

A espada subiu e todos os músculos da garota tencionaram. Chegara o momento. Assim que a lâmina negra como a própria escuridão descesse teria encontrado seu fim.

Lembrou de todas as batalhas, de todos que conhecera e de todos na Chaldea. Mash, pensou com uma nova saraivada de lágrimas caindo por sobre as bochechas, você é quem mais vai sentir, não é? Sinto muito.

Estava pronta para partir, apesar dos arrependimentos, das despedidas não feitas graças a falha no comunicador, do dever deixado para trás. Não ficaria triste por morrer.

Mas a morte não veio e a cavaleira negra foi, num piscar de olhos, atirada contra uma casa do outro lado da rua. E naquele momento a garota sentiu no fundo dos seus ossos o amanhecer chegar.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler e espero o fortalecimento aí irmão, aquele comentário foda de três palavras dizendo ´´tá do caralho``! Porque MTimberleick é o caralho, meu nome agora é zé pequeno porra! (KKKKKKKKKK)



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