Sangue de Arthur III escrita por MT


Capítulo 4
4- Capítulo, Permanece noite


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para a coleção. Venham, se aconcheguem perto do texto.



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Mordred, Pendragon

No começo eram apenas uns poucos a frente. As pessoas fugiram para a direção oposta, alguns gritando e outros não. Parecia que tudo ficaria bem. Não acabariam como aqueles dois que foram pegos. 

A cavaleira ouviu outro grito de dor. Alto e estridente. Logo seguido do choro de uma garotinha. E a multidão regrediu até onde ela estava.

Com um olhar para trás Mordred viu outra tropa de pálidas criaturas humanas bloqueando a rota de fuga e então outras emergindo dos prédios. Haviam sido pegos num cerco, reconheceu de imediato. Geralmente era ela quem armava aquele tipo de situação para um inimigo. E esta normalmente era mortal e final. 

Praguejou, empunhou sua espada e armadura e ouviu alguns murmúrios e palavras de surpresa.

— Fique aqui e não morra.

— Quanto amor! - respondeu Apolo.

A face de Mordred assumiu um ar irritado.

— Não falava com você. - disse e partiu.

Os inimigos vestiam roupas casuais e soavam a japoneses. Com olhos puxados e cabelos negros. As armas eram improvisadas, canos, pedaços de móveis, facas de cozinha. Clarent às partiu como se fossem manteiga.

Decepou cabeças com cortes laterais velozes e dividiu corpos com movimentos verticais pesados. Mas mesmo desmembrados os inimigos continuavam se movendo. Uma mão agarrou o pé dela e um canivete acertou a armadura que vestia. Mas Mordred pouco se abalou e em segundos de cortes e estocadas uma das frentes de mortos via-se completamente inutilizada. Para finalizar a cavaleira os queimou com Clarent.

— Por aqui. - chamou e aqueles que não haviam sido pegos vieram correndo.

Apolo se posicionou atrás da cavaleira.

— Pode com eles? - perguntou o deus zombeteiramente. - Se quiser posso tentar fazer esse corpo lutar razoavelmente bem.

— Calado. - rosnou. - Só mantenha meu mestre vivo.

A noite os cobria, e eles eram velozes para mortos. Mais da metade da turba que fora cercada jazia no chão. Mulheres, homens, crianças. Não havia piedade para ninguém vivo. Mordred ergueu sua espada e a desceu disparando uma rajada de energia que varreu a tropa de zumbis de volta ao pó.

Ela também não possuía misericórdia.

— Onde?

O deus em pele de garoto balançou a cabeça em negação.

— Não sei.

A cavaleira o encarou por um instante antes de dar as costas e começar a andar.

— Para onde vai? Há muito mais mortos e metade de Osaka está no caos.

Aquilo não importava por hora e mesmo a cavaleira não poderia lidar com todos os zumbis a tempo de salvar boa parte da cidade. Teria de encarar o Caster e como não podia achá-lo a melhor alternativa era simplesmente esperar que o contrário ocorresse num palco de escolha dela. 

O topo de um prédio ou um parque…? Bom, tem um edifício bem ao meu lado. 

Andou em direção a um que parecia particularmente alto e tocou a porta, ponderando sobre se deveria escolhê-lo ou não. Então o impacto. Algo a acertou por trás a lançando para dentro do prédio e destruindo a entrada.

Fora um golpe forte e a primeira coisa em que ela pensou foi no mestre. Separar uma tropa da rota que levava a base de onde vinham os suprimentos era uma das estratégias usadas para conquista. E na maioria das vezes acabava mal para o exército pego por ela. E naquele caso a fonte de mantimentos era o garoto desprotegido do lado de fora do edifício. Que provavelmente era querido morto.

Ela se pôs de pé num salto e pulou para fora com faíscas emanando do corpo a tempo de ver Apolo rolar para fora do alcance de um zumbi bem maior que os que a cavaleira derrotara.

Isso me lembra um filme… pensou instantes antes de brandir a espada na direção da criatura.

 

Rose, Moron - Mestre do Caster

O café da manhã haviam sido panquecas com mel caramelizado. Comera tantas fatias que provavelmente ganhara alguns quilos e essa perspectiva a fazia sentir-se meio culpada. Não queria ficar  gorda, sabia que garotos preferiam mulheres magras e, apesar do assédio que sofria, ainda nutria esperança de encontrar o amor.

Sentira ciúmes das amigas que tinham conquistado aquilo, mesmo se forçando a pensar que não. Ela queria um homem bom ao seu lado, mas também não tinha coragem para procurar interagir com os que assim considerava.

Mas que saco de pensamentos

Seguiu para a próxima sala antes do fim do intervalo. Estava quase deserta. Apenas ela, mais dois alunos e o professor viam-se ali. Os garotos, distantes um do outro, pareciam perdidos em leituras. O mestre remexia papéis e fazia anotações num caderno. Pôde ver algumas delas ao sentar-se num dos bancos mais próximos ao quadro.

Sentiu os pelos arrepiarem ao ler o termo ´´invocação de servo`` entre os rabiscos e de novo ao ver o nome ´´santo graal``. 

O professor não pareceu notar sua bisbilhotice e simplesmente continuou sua atividade até que a aula teve início.

Foi sobre a primeira trégua entre magos e a igreja. Ambos os lados estavam cansados e líderes com cabeças mais razoáveis haviam assumido o controle quando o pacto de não agressão foi criado. A caça às bruxas foi encerrada e algumas práticas mágicas, as que requeriam sacrifícios humanos, proibidas.

Depois disso ambas as facções fizeram outros dois tratados porque alguns rebeldes continuavam danificando a paz. 

Nada que Rose já não conhecesse, com excessão é claro de um detalhe ou outro. 

Quando a aula terminou a garota ficou fitando o professor por um instante da entrada da sala, ponderando se devia abordá-lo ou não. Fazê-lo poderia gerar uma aliança na guerra do santo graal ou, como uma parte dela tremia ao cogitar, seu pior inimigo. O homem era um inglês, alto, forte e, além de mestre na arte da magia moderna, alguém que conhecia sua força. Ele estivera com a garota e a instruira na construção de grande parte do seu conhecimento prático na magia. Sabia das suas lacunas e pontos fortes.

Por outro lado, pouco sei sobre ele. 

Depois desse segundo mordeu o lábio inferior e partiu. Atravessando o corredor e ouvindo cochichos obscenos a seu respeito. Calúnias sobre sua masturbação e vídeos para dormir. As pessoas gostavam de pisar na dignidade dela já que Rose geralmente pisava neles durantes as aulas práticas. Uma troca da qual ela não tirava nenhum prazer.

Só queria ficar em paz.

Por sorte atingiu o quarto sem encontrar seus principais algozes. Os amigos do aluno número um da torre do relógio. Suspirou aliviada e se jogou na cama ouvindo a estrutura dar um gemido com o impacto.

Estava planejando ir para o aeroporto na manhã seguinte e já tinha separado as roupas. Até mesmo escolhera um catalisador para seu servo. Um dos livros que mais gostara de ler. O pensamento de encontrar seu personagem favorita a fez girar de um lado ao outro sobre o colchão enquanto agarrava um travesseiro.

Mas não durou muito, ela sabia que aquilo não era brincadeira. Pessoas morreriam num festival egocêntrico de matança. Servos com poderes sobre humanos lutariam sob o céu destruindo uns aos outros em confrontos de proporções que mesmo magos teriam dificuldade em conceber como possível. Tudo pela chance de obter um desejo. Um que supostamente poderia trespassar qualquer lei da realidade.

Que tipo de estrago alguém em posse disso tem a chance de causar? 

O pensamento a encheu de arrepios. Se o graal for realmente onipotente o mundo ser erradicado não é um perigo fora de cogitação. E que tipo de pessoa pediria por isso também não lhe era segredo. Loucos, amargurados e vingadores. Ela mesma já sentira vontade de voltar-se contra o mundo quando os pais a abominaram por sua práticas de magia. 

Ela se sentou na cama e olhou para a maleta. Parecia mais pesada depois de pensar naquilo. Não era mais uma luta apenas por seu desejo egoísta e auto satisfação. O destino do mundo bem podia estar em suas mãos de dedos finos e pálidos.

Vencer talvez tivesse um significado maior do que surrar a raiz do bullying a ela dirigido e conquistar poder como maga. E isso a fazia sentir o estômago revirar.

 

Arthuria, Alter

Aquilo era irritante. 

Estavam lutando a horas e apenas conseguira matar um deles. Em geral não se mostravam tão fortes, mas o trabalho em equipe era afiadíssimo. As correntes, similares a dos rei dos heróis, espreitavam-na a cada movimento enquanto as petálas do Merlim tentavam pregá-la num sonho. A espada da garota japonesa com os peitos cobertos por duas faixas ligadas às suas ombreiras também não dava-a espaço para pensar e o apoio do pequeno Gilgamesh e do homem atirando pedras aumentava o grau de dificuldade.

Ela estava perdida. Seus ataques com Excalibur eram retidos pelas correntes e tesouros capazes de atravessar sua armadura eram atirados contra a cavaleira negra em cada abertura. Logo seria derrotada, sabia. 

Tentou avançar, mas a lâmina da garota japonesa se interpôs no caminho. E sem mesmo olhar soube que as correntes formavam uma rede as suas costas. Pulou, escapando delas, e defletiu com sua espada lanças e machados lançados pelo servo criança. Mas uma pedra acertou-a no canto esquerdo do quadril.

Arthuria deixou um gemido escapar e ao dar um relance para baixo viu o buraco que o projétil produzira. A lama do graal cobriu o ferimento e logo este sumiu. Mas aquilo ainda deixara o gosto da dor na boca dela.

E de repente acabou.

As pernas e os braços foram enlaçados por aço. Seu corpo erguido e pétalas de flores rosas dançaram ao redor dela.

Os servos restantes e a mestra deles reuniram-se à frente da cavaleira. Com exceção da garota humana e Bedivere que ficara próximo a ela, estavam todos sujos de poeira e sangue, com suor banhando suas roupas e olhares selvagens despontando de suas faces. Mesmo o Merlim não pudera ficar com sua típica face tranquila e sorridente. 

— Merlim, Bedivere, - disse num tom frio. -  é essa a lealdade que têm para com seu rei?

A face do seu antigo escudeiro ficou vermelha, mas o mago não se deixou abalar. Era velho e sábio demais para cair naquele truque.

— O cálice, entregue e isso não precisará terminar em sangue. - a ruiva proclamou séria.

— O cálice, minha vida… não existe diferença, tome ambos se tem que tomar um. - respondeu.

Ela pareceu hesitar por um momento. Os lábios apertaram-se e os punhos cerraram-se. 

Abriu a boca e as palavras estavam ali.

´´Faça``, mas a cavaleira não pôde de fato ouvi-las.

O silêncio cantou alto sob aquele estranho grupo. O vento balançou e acariciou os cabelos. A poeira ergueu-se e abaixou-se conforme a força do ar. E ela soube que a garota ruiva não tinha força suficiente para aquilo. Era só uma garotinha e não sabia nada da guerra. 

  Então a risada desdenhosa e sombria eclodiu da boca do rei dos cavaleiros. Um semblante de desprezo tomou sua face e tom de voz.

— Você é uma fraca. - declarou. - Uma criança fraca e tola. Se não é capaz de dar uma simples ordem… - seu tom mudou, quando disse a próxima sentença, do asco a fúria. - Saia da merda do meu caminho! 

Forçou as correntes e sentiu a lama do graal jorrar para fora do seu corpo, a cobrindo e reforçando. As amarras gemeram conforme a cavaleira se contorcia.

Podia sentir que afrouxavam. Logo estaria solta e mostraria para aquela pirralha de cabelos ruivos, e para todos os seus servos, o que é uma guerra. Esmagaria seus crânios, macharia sobre seus cadáveres e usaria suas tripas como enfeites para sua arma. Não podia perdoá-los por se oporem a felicidade dela com uma determinação tão medíocre. Como ousavam seguir alguém incapaz de condenar o inimigo a morte? Era aquilo um jogo para a garota? Uma brincadeira para aliviar o tédio das bonecas? Imperdoável. Não permitiria que alguém assim ficasse no seu caminho nem mais um segundo.

Iria matá-la e erguer-se vitoriosa em direção a sua família. Ver de perto o sorriso de sua filha, trazer de volta o Emiya Shirou, abraçá-los, era para lá que estava destinada.

E, num segundo instante, estava solta diante a garota ruiva. O semblante da morte desenhado na sua espada.

Mordred, Pendragon

Arrancou a cabeça com um único balançar da espada e pousou ao lado do garoto. O tombo do corpo ocorreu instantes depois e o membro decepado rolou até os pé de Mordred. E antes que um dos dois voltasse a se mover ela queimou-os com Clarent.

Mortos deviam permanecer mortos, agora entendia aquilo. Quando pessoas que não estam mais vivas começam a querer morder sua bunda, você fica com vontade duas vezes maior de arrancar suas cabeças. E agora que pensava nisso, esse devia ser o motivo pelo qual enfrentar servos a fazia sentir tanta raiva.

— Vamos subir aquele prédio. - disse após se virar para Apolo. - Alguma razão para não fazer?

— Não acho que há um motivo para fazer. Da última vez que chequei os mortos pareciam estar se movendo rumo a Fuyuki. Imagino que o líder deles esteja a frente. 

Aquilo a deixou ainda mais zangada. Primeiro dissera que o Caster estava em Osaka e agora que ali chegou a queria enviar de volta a Fuyuki. Isso começava a cheirar mal para a cavaleira. Nunca confiara no deus e aquelas palavras ascenderam a chama dessa desconfiança.

Mas ainda não. Não era o momento, nem tinha suficientes indícios, para pô-lo contra a parede por trabalhar contra ela. Deixaria que conservasse sua posição por hora.

Afinal matá-lo seria matar Tatsuo Koji e Mordred ainda não estava pronta para receber esse golpe outra vez.

— O que sugere então? - perguntou.

— Ora, pensei que fosse óbvio para uma pessoa com sua experiência. - disse deixando um sorriso zombeteiro  escapar. - Permanece noite, o que grupos menores fazem para se opor a maiores? 

Mordred entendeu o que ele quis dizer e virou-se em direção aos corpos que começavam a se levantar. Tinham olhos azuis e pele pálida junto a mãos negras.

Realmente a lembrava de algo que vira na televisão.


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Notas finais do capítulo

Alguma ideia de quem seja o Caster? Deixe sua teoria nos comentários. E obrigado por ler.



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