"Oi Pacifica. Eu estava pensando... Não terminamos a conversa que estávamos tendo na noite passada.Toda aquela confusão com os lobisomens acabaram nos interrompendo. O que você acha de nos encontrarmos hoje no Fliperama às 15h00? - DIPPER"

Já fazia 30 minutos desde que a mensagem foi enviada e Dipper continuava olhando seu celular a cada um minuto, ansioso pela resposta. Claro que a história de retomar a conversa era só um pretexto para se encontrar com Pacifica e passar a tarde com ela. Mabel  foi ao shopping com Grenda e Candy para "se atualizar nas fofocas". Ela convidou o irmão para se juntas às garotas mas ele prontamente recusou. Ainda estava muito traumatizado por ter sido forçado a participar da noite do pijama com as amigas de Mabel enquanto ele estava preso no corpo da irmã graças ao tapete elétron (experimento nº 78) do tivô Ford. De vez em quando ele ainda tinha pesadelos com "O Lobisomem sem Camisa" e suas 38 continuações. Não tinha feito nenhum plano para aquela tarde e sem a irmã estava morrendo de tédio. Soos de vez em quando aproveitava o tempo livre dos gêmeos pedindo favores que mais pareciam trabalhos escravos na Cabana do Mistério. Dipper não o culpava, com apenas ele e Melody tocando o serviço às vezes era meio puxado, porém não queria perder seu precioso verão trabalhando de graça então sempre arrumava qualquer desculpa para fugir se Soos o encontrasse à toa. E foi exatamente o que aconteceu.

— Dipper! Que bom que te achei aqui, será que você pode me fazer um favor véio?

— SOOS! Err nossa que pena hahaha se você tivesse chegado só um pouco mais cedo daria hahahaha - O garoto olhou a tela do celular que constava com um total de zero mensagens - Mas olha só, eu acabei de combinar de sair com ahn uma pessoa para errr um lugar e bom hahaha não vai dar, estou de saída, tchau, falou, fui!

O garoto pegou uma camisa de mangas compridas de flanela xadrez vermelha com preta e vestiu por cima da camiseta branca, colocou seu boné e sem ao menos dar uma chance para Soos responder saiu às pressas da Cabana do Mistério.

— Essa foi por pouco! Mas o que eu faço agora? - Ele olhou novamente para a tela. 13h47. Nenhuma mensagem. Suspirou fundo e guardou o celular no bolso - Acho que vou para o fliperama mesmo, gastar umas moedas.

***

Pacifica se jogou na cama, exausta. Mesmo sendo férias de verão seus pais a obrigavam a ter aulas de meio período. De acordo com eles isso seria um diferencial e todo Northwest deve ser superior em absolutamente todos os aspectos. Às vezes ela se qustionava se eles realmente acreditavam nisso ou se apenas encontraram uma forma de mantê-la presa e longe de toda a "ralé". Da última vez que eles a viram passeando pela cidade e conversando com pessoas como Lazy Susan e o velho louco McGucket tornaram as regras de casa um pouco mais rígidas.

Sua cabeça latejava após horas de aulas de etiqueta e classe, mas não queria perder sua tarde de sábado deitada em seu quarto. Seu pais estavam em uma viagem de negócios e essas eram sempre as melhores oportunidades para sair de casa. Talvez pudesse dar um pulo na Cabana do Mistério. Levantou da cama, animada com a perspectiva em sua mente, e sentou-se de frente à penteadeira. Abriu a primeira gaveta do móvel e pegou seu celular. Era obrigada a deixá-lo ali durante as aulas "para evitar distrações". Ela leu a mensagem de Dipper e olhou o relógio no canto superior da tela. 14h12.

— Ah não...!

"Não consegui ler sua mensagem antes. Espero que ainda dê tempo de encontrá-lo. Estou me arrumando e chegarei ao Fliperama na hora marcada - PACIFICA"

A jovem levantou em um salto, derrubando a cadeira no chão. Corria de um lado para o outro jogando pilhas de roupas em cima da cama sem saber qual usar. Por fim escolheu um vestido verde-água simples com mangas compridas e bem folgadas. Contente com a escolha separou a roupa e seguiu para o banho.

***

Uma hora se passara desde que Dipper chegou ao Fliperama. Encontrou Thompson, Lee e Nate lá, que o convidaram para umas partidas de Crazy Disc e um pouco de diversão na velha máquina Dancy Pants Revolution, o que ajudou a manter sua cabeça bem ocupada e não pensar na mensagem ignorada. Desde que saiu da Cabana optou por não mexer mais no seu celular e, dessa forma, não se frustrar. Apesar dos avanços da tecnologia a velha loja de Fliperama se mantinha a mesma, o que era até mais interessante.

— Ih, as fichas estão acabando cara. Thompson! Busca umas lá pra gente - Pediu Nate sem desgrudar os olhos do disco que ricocheteava de um lado para o outro em uma disputa de Crady Disc contra Lee.

— E-espera.. eu já to... quase... batendo... o meu... recorde...

— Pode deixar que eu vou lá - Dipper se prontificou a resolver o problema já que era o único que naquele apenas assistia os jogos. Ele seguiu até o caixa e pediu mais 30 fichas. Enquanto aguardava seu troco reparou em uma máquina bem no fundo da loja, praticamente esquecida naquele local tão isolado. Ele imediatamente a reconheceu - Fight Fighters.

Entregou algumas fichas para Nate e se dirigiu até a máquina do velho jogo de luta. Assoprou a poeira de cima dos botões e segurou a manete. Tomado pela nostalgia permitiu que um leve sorriso invadisse seu rosto . Era como se tivesse 12 anos novamente.

— Vamos lá... - Colocou a ficha na máquina, inciando o jogo.

[ESCOLHA O SEU PERSONAGEM]

— Rumble McSkirmish, é claro.

[ESCOLHA SEU PERSONAGEM]

— O que?! Mas eu já...

— E aí Dipper. - Wendy surgiu ao lado do garoto posicionando as mãos sobre o joystick de player 2 após inserir sua ficha dentro do tempo - Se importa se eu te der uma surra?

— Hahaha isso jamais vai acontecer. Eu pratiquei muito lá na Califórnia.

E realmente o garoto melhorara muito pois conseguiu ganhar 4 partidas seguidas contra Wendy.

— Puxa você realmente melhorou seu jogo, não é garoto? - Ela riu, largando os controles e encostando o cotovelo na máquina, descarregando o peso de seu corpo no apoio - Inclusive... Foi muito bom te encontrar aqui, eu tava mesmo querendo falar com você.

— Tava, é? - Dipper percebeu uma pequena mudança no ambiente à sua volta e notou seu coração disparando, nervoso com o que poderia vir depois.

— Eu estava pensando sobre a última vez que você esteve aqui - A ruiva ajeitou a gola da camisa de flanela de Dipper e deslizou os dedos sobre sua extensão enquanto falava - Eu acho que muita coisa mudou desde aquela época, sabe? Mas me pergunto se tudo, tuuuudo mesmo mudou... Talvez... - Ela se aproximou do garoto, falando de forma lenta e suave em seu ouvido - Talvez a gente pudesse sair, o que você acha? - Antes mesmo que ele pudesse responder a jovem lhe roubou as falas com um beijo provocativo no canto dos lábios.

— Dipper...?

Os dois se afastaram assustados.

— Pacifica?! Essa não... Pacifica olha...

— Nossa como eu sou boba hahaha, esqueci que combinei uma cerimônia do chá tradicional essa tarde com meus pais, eles vão ficar muito bravos se eu não aparecer.

— Pacifica espera!! - Dipper estava completamente desnorteado. O rapaz tentou seguir a jovem, que saiu correndo, porém sem sucesso. Nate, Lee e Thompson esbarraram com ele na saída do Fliperama, o agarraram e levaram até a máquina de Dancy Pants Revolution.

— Vai garoto, é sua vez! Achou que ia escapar, né?

— Não gente espera! É importante, espera...! - Ele suspirou derrotado - Eu não estou no clima para Dancy Pants Revolution. Me desculpem.

Dipper saiu do fliperama devastado. Sabia que um estrago tinha sido feito mas não fazia a menor ideia de como consertar. Ele sentou no meio-fio e abriu a mensagem de Pacifica em seu celular. "Será que se eu tivesse visto a resposta antes essa situação toda teria sido evitada?" se perguntou. Alguns minutos depois Wendy se sentou ao seu lado, preocupada.

— Dipper...

— Olha Wendy... Eu agradeço muito sua admiração por mim, mas realmente as coisas mudaram muito desde aquela época. Não sou mais o Dipper de 12 anos com uma paixão insuperável. Na verdade depois que me confessei a você eu percebi que tinha que superar e foi isso que aconteceu. Claro você é incrível, continua incrível como era, mas... - Ele olhou em direção à Mansão Northwest com um pesar em seu rosto - Mas muitas outras coisas também aconteceram naquele verão e... Acho que agora não tem mais volta.

Wendy sorriu. Era um sorriso sincero porém triste.

— Entendi. A herdeira Northwest, hein?! - Ela deu um soco contido no ombro do rapaz mas este permaneceu imóvel e triste - Eu sinto muito por ter te causado problemas. Mas... Você vai dar um jeito de resolver isso. Afinal... Você é um dos gêmeos do mistério, não é?

— Gêmeos do mistério... Wendy, é isso! Eu não sei como resolver, mas conheço quem sabe. Mabel.