É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 41
Capítulo 41 – Pra sempre




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Capítulo 41 – Pra sempre

Peter despertou na manhã seguinte, sorrindo ao ver Meredith ainda dormindo contra ele, mas sentindo uma pontada de tristeza ao perceber que Gamora não estava mais no quarto. Ela estava livre, e poderia fazer o que quisesse e ir aonde quisesse outra vez. Pensar nisso o fez sorrir.

Beijou a testa da filha e levantou-se cuidadosamente para não despertá-la, arrumando o cobertor sobre ela e deixando o guaxinim de pelúcia ao seu lado, o qual Meredith abraçou sem perceber enquanto dormia. Peter riu baixinho com o gesto fofo, e beijou os cabelos claros da filha, a olhando até sair do quarto. Eles estavam dormindo na Benatar hoje. Ainda faltavam reparos externos a serem feitos pela Tropa Nova, mas o interior estava em ordem, e todos eles decidiram passar essa noite em casa.

Era muito cedo ainda, a luz que entrava pelas janelas dava a impressão de ainda ser seis da manhã. Caminhou pela nave até chegar na cozinha, sorrindo ao ver a cena a sua frente, e obviamente tirando várias fotos para chantagear Nebulosa no futuro. Depois de esconder seu datapad no bolso, andou silenciosamente até a mesa, onde as duas irmãs dormiam serenamente debruçadas sobre a madeira. Dois copos de água vazios e um prato com migalhas de pão estavam em frente as duas. Estavam ambas descalças e com roupas de dormir, deviam ter conversado até adormecerem.

Com todo o cuidado de que era capaz, afastou a cadeira em que Gamora dormia o suficiente apenas para conseguir pegá-la e colocá-la no colo, surpreso por ela não ter acordado. Ficou perdido observando seu rosto por alguns instantes. Ela parecia calma e em paz, como se essa fosse a primeira vez que ela dormia por décadas. Peter beijou sua testa demoradamente e a abraçou mais firme contra o peito.

— Para o quarto, querida – sussurrou baixinho, ainda que ela estivesse dormindo.

Enquanto seguia para o quarto, teve vontade de simplesmente sentar-se em algum lugar com ela no colo e cuidar dela até que acordasse. Gamora nunca teria ideia do quanto ele sentira falta disso. Mas o quarto seria mais confortável para ela agora, então completou o trajeto, deitando-a ao lado de Meredith e puxando o cobertor sobre ela. Ficou ajoelhado ao lado da cama por alguns minutos observando as duas com todo o amor que sentia. Mas lembrando-se de Nebulosa, beijou os lábios da esposa com carinho e se afastou.

— Eu te amo – falou baixinho para Gamora, beijando a cicatriz prateada em sua bochecha e acariciando uma das mãozinhas de Meredith antes de se levantar e sair novamente.

Peter pensou que a essa altura Nebulosa poderia não estar mais na cozinha, mas a encontrou do mesmo jeito que a tinha deixado, e só então pensou se deveria acordá-la ou não.

— Se me carregar também, vou matar você – Nebulosa falou num tom ainda sonolento, e Peter riu, perguntando-se se todo esse tempo ela estava acordada o observando.

— Bom dia também, Nebulosa.

Ela bocejou e se ergueu, levando alguns instantes para se levantar da mesa e recolher a louça para lavá-la.

— Bom dia – finalmente respondeu – Vai ficar parado aí como um pateta? Eu posso dar conta de um pouco de louça suja. Sua esposa e filha finalmente estão aqui. Vá ficar com elas – falou num tom sincero.

Peter a olhou surpreso por um instante.

— Infelizmente Gamora ainda não é minha esposa.

Nebulosa parou a meio caminho da pia por um instante, virando levemente a cabeça ao perceber seu equívoco. A verdade é que para qualquer um dos Guardiões que alguém perguntasse, Peter e Gamora já pareciam ser casados há muito tempo.

— Eu não me enganei, você que está atrasado. O que está esperando pra resolver isso?

Peter abriu um sorriso enorme.

— Tenho certeza que ela vai ficar muito feliz – Nebulosa acrescentou.

— Estamos em Xandar, num mini recesso. E Meredith ainda quer ver o lugar onde nós dois nos conhecemos. Acho que vou levar as duas pra um passeio hoje à noite. Pensei em fazer isso durante o jantar, mas não sei Gamora ficaria confortável de ouvir minha proposta com todos nós juntos.

Nebulosa ficou pensativa novamente.

— Ela mudou desde que conheceu vocês, pra melhor. Não tenho certeza sobre esse ponto agora. Siga sua intuição.

— Obrigado – Peter sorriu, vendo-a abrir um leve sorriso também antes de voltar sua atenção para a louça e abrir a torneira.

O Senhor das Estrelas voltou ao quarto, vendo Gamora acordada, mas ainda deitada, acomodando Meredith ao seu lado. Ela sorriu ao vê-lo.

— Venha aqui, Senhor das Estrelas.

Peter retribuiu o sorriso, atendendo seu pedido e deitando-se ao lado das duas sob o cobertor.

******

— O que vocês vão fazer agora?

Adam sorriu, ainda sentindo-se incrivelmente leve desde sua conversa com Alia mais cedo. Ele observou a irmã brincando com Mantis, Meredith e Groot, sentados na grama verde e bonita do parque próximo à sede da Tropa Nova.

— Ainda não temos certeza. O Conselho nos concedeu alguns dias aqui pra resolver tudo com a Tropa Nova. A sacerdotisa continua em custódia.

— Ela vai ser punida por isso?

— Além da ordem de restrição do nosso povo à Xandar, com exceção de mim e Alia, a menos em situações específicas, por tempo ainda indeterminado? Creio que sim. Nosso povo ainda é muito rígido. Você deve querer que isso aconteça depois de tudo que te causamos.

Gamora ficou pensativa por um instante, observando sua família. Drax e Rocket estavam discutindo alguma coisa, enquanto Peter conversava com Nebulosa, ambos sentados em outro banco, mas em alerta aos arredores, provavelmente ainda assustados com tudo que acontecera nos últimos dias. Peter tinha tirado um tempo para cuidar de si mesmo pela manhã, e estava barbeado, quase que com a mesma aparência de quando ela o vira pela última vez há nove anos. Isso fez um sorriso leve surgir em seus lábios, mas sem distraí-la da conversa importante que tinha agora.

— Não posso mentir dizendo que não. Depois de todos os pesadelos que passei na minha vida, isso podia ter sido só mais um. Mas esse envolveu a minha filha e toda a minha família. Mesmo hoje, às vezes ainda tenho medo de acordar e descobrir que tudo de bom na última década foi só um sonho.

Adam olhou a família em volta, conseguindo sentir a profundidade de tudo que Gamora estava falando.

— Meredith não faz ideia da maior parte, ela não tinha nada a ver com isso, ela não tinha que pagar por nada disso. Ela sofreu por essa guerra patética antes mesmo de nascer. Não posso mentir dizendo que uma parte de mim não quer isso.

— Eu sinto muito... Eu sei que já te disse isso muitas vezes, mas...

— Eu sei... Você e Alia estavam tão perdidos na situação quanto eu, e acredito que a maioria do seu povo nem sabe ou não tem certeza do que aconteceu.

— Bem... Sim. A não ser os que vivem ou trabalham no palácio e nas proximidades.

— Eu sinto muito que vocês tenham que passar um provável escândalo agora.

Adam sorriu. Ela tinha passado por tudo aquilo, e ainda conseguia sentir compaixão pelos soberanos.

— Seu coração é mais dourado do que todo o ouro do nosso planeta jamais será.

Gamora sorriu, emocionada com o elogio. Peter estava sempre lhe dizendo isso, e achou a coincidência da comparação de Adam divertida.

— Mas como eu disse... Nosso povo é muito sério. Isso vai ser algo tenso, difícil, mas não acho que chegará a ser um escândalo. Eu soube que o que pode acontecer é Alia começar a receber treinamento definitivo imediatamente pra ser nossa nova comandante. Se ela se sentir preparada. Caso ainda não, ela pode aceitar um treinamento mais leve, acompanhada pelo Conselho nas decisões até assumir o reino de verdade.

— E ela já escolheu?

— Não. Me disse que ainda não sabe, mas que dada à rigidez absurda do nosso povo com algumas coisas e tudo que aprendemos com você e Meredith, ela está pensando em começar imediatamente.

— Desejo que tudo corra bem.

— Obrigado.

— E você?

— Eu andei pensando em sair um pouco, explorar o universo. Há pessoas precisando de ajuda em muitos lugares, certo? Mass não agora. Quero ficar ao lado dela por enquanto.

— Você é um bom irmão – Gamora sorriu – Mas sobre isso... Nós conversamos. Rocket ainda está muito relutante em confiar em vocês, como é com qualquer pessoa. Minha irmã também. Mas agora que esclarecemos tudo, você são bem vindos à nossa equipe se desejarem, mesmo que não seja pra ficar, agora que há um reino pra cuidar.

Adam sorriu como uma criança despreocupada com a vida.

— Fico feliz que confie em nós. Ter certeza disso é muito bom. Quem sabe no futuro...?

— Mas ainda estou curiosa... Você não me disse o que pode acontecer com Ayesha.

— O que o representante do Conselho que está aqui nos disse é que ela será afastada pra esclarecimentos, enquanto Alia vai assumir, com ajuda ou não. É raro que isso aconteça, e raro também que algum dos nossos faça algo grave o suficiente pra ser preso. Normalmente essas pessoas são enviadas a um tipo de retiro pra reflexão, pra tomar decisões sobre o futuro, e então decidirem se o infrator retoma integral ou parcialmente o cargo perdido.

— Você acha que ela pode se safar disso?

— Não sei. Mas foi algo grave. O envolvimento com a Ordem Negra, como isso atingiu outros planetas, incluindo este... E querem que Alia assuma. Talvez ela volte como uma conselheira pessoal dela, ou algum outro cargo importante no palácio, mas não como comandante do reino novamente. Ela ainda tem excelência em algumas questões.

— Como podem ser tão cruéis com infratores e tão benevolentes consigo mesmos? Não que isso esteja errado. E o que Rocket fez é muito errado. Mas tudo que ela fez desde que me prenderam é muito mais grave do que o roubo de algumas unidades de bateria que devolveríamos prontamente se nos procurassem pra esclarecer o assunto.

— Eu concordo completamente com você. Por isso que desde o começo estive em dúvida sobre seguir as ordens dela. O que acontece é que, como vocês já sabem, cada pessoa do nosso planeta é feita com um profundo e específico cuidado genético. Cada um é um exemplar genético precioso, pra ciência e pra nossa sociedade. Matar seria um desperdício, mesmo que o erro fosse imperdoável. Nos casos mais absurdos acho que deixariam o infrator em prisão domiciliar perpétua, contribuindo como ainda pudesse pra o reino.

Gamora ficou um tempo pensativa, e acenou positivamente com a cabeça.

— Eu entendo.

— Você vai ficar bem?

Gamora demorou a responder, e percebeu que Peter e Nebulosa a verificavam pelo canto dos olhos às vezes, tanto preocupados com o conteúdo da conversa quanto a ânsia por passarem mais tempo próximos dela de novo.

— Eu espero que isso tenha sido o ponto final da maldição Thanos na minha vida... As cicatrizes jamais vão sumir, mas talvez um dia eu acorde e perceba que não penso mais nisso todos os dias, que não sinto medo de algo assim acontecer o tempo todo, e que tenho uma vida de novo. Nós somos os Guardiões da Galáxia... Nunca estaremos completamente tranquilos e seguros. Mas acho que ninguém está. Se fosse assim, não haveria ninguém precisando de nós. E se for só isso, eu estarei em paz o suficiente.

— Então eu e Alia podemos partir tranquilos – Adam sorriu.

— Nos liguem de vez em quando.

— Vamos fazer isso, certamente.

Os dois ficaram em silêncio por um instante antes de Adam falar novamente.

— Eu não sei como são os relacionamentos fora do meu planeta, mas... Haveria algum problema se eu te desse aquilo que vocês chamam de... Abraço?

Gamora riu gentilmente, e negou com um aceno de cabeça, já puxando o amigo para o contato, e o abraçando com força, tentando deixar ali cada gota de gratidão que sentia a ele e a Alia.

— Obrigada por tudo, meu amigo.

Ela ouviu Adam rir com alegria.

— Você fez muito mais por nosso povo do que imagina, e espero que sejamos capazes de refletir isso no futuro.

— Eu vou cobrar isso.

Adam riu quando se afastaram.

— Acho que ele quer falar com você.

Gamora assentiu, e levantou-se, sorrindo para o amigo antes desse  afastar e ir até Peter e Nebulosa, dando um toque carinhoso no ombro da irmã e puxando o namorado para mais longe, onde eles trocaram algumas palavras que não puderam ser ouvidas e se prenderam num abraço longo e apertado.

— Ei, gente! – Peter chamou de repente quando o casal voltou para perto do grupo – Eu preciso falar uma coisa importante.

— Não me diz que já é trabalho. Eu não ligo de trabalhar como um louco se isso me trouxer muitas unidades, mas acho que merecemos uma folga por uns dias ou semanas depois de tudo isso – Rocket falou.

— Não – Peter sorriu, vendo todos se levantarem e se aproximarem – Eu acho que hoje finalmente podemos dar como encerrada a pior fase das nossas vidas desde que nos conhecemos. Hoje, oficialmente, tudo aquilo que começou há nove anos acabou e é o primeiro dia do restante de uma vida de verdade pra nós, por mais que ela nunca vá ser normal ou perfeita. E tem uma coisa que eu pensei por meses antes daquele monstro acabar com a nossa família, algo que eu queria muito ter feito antes de tudo aquilo acontecer. Eu não quero ficar pensando demais de novo e deixar mais coisas importantes passarem.

— Papai...

— Não estraga a surpresa, docinho.

Meredith riu, saltitando de alegria e expectativa.

— Gamora – Peter a olhou profundamente, levando uma de suas mãos aos lábios para beijá-la, e se ajoelhando à frente da zeboheri, ainda com seus dedos entrelaçados – Eu não sei como isso acontecia no seu planeta, mas é assim que fazemos na Terra.

Mesmo sem ter sentidos super aprimorados, Peter podia jurar que estava sentindo o coração disparado da zehoberi na ponta de seus dedos. Gamora até mesmo inspirou fundo, e as marcas prateadas em seu rosto pareceram mais brilhantes. Ela sabia o que era isso! Peter já tinha lhe contato, há nove anos, mas ela nunca esqueceria.

Peter abriu a caixa de veludo azul marinho que tinha na mão livre, onde a guerreira viu um anel prateado de formato peculiar. Tinha uma pequena abertura ao invés de ser um círculo completo como um anel comum, e duas pequenas pedras de um verde brilhante adornavam as pontas arredondadas.

— Você quer se casar comigo, querida? Nossa filhinha será nossa dama de honra.

Gamora fechou momentaneamente os olhos para conter o choro que se formava no fundo de sua garganta, e assentiu com um sorriso.

— Sim – ela disse num fio de voz, mas suficiente para Peter ouvir.

O ruivo abriu o sorriso mais lindo que ela já vira em seu rosto, e se ergueu para beijá-la profundamente, ambos mandando para o espaço que todos estavam ali observando e que mais tarde Rocket não os deixaria em paz sobre isso. Gamora envolveu com firmeza a mão de Peter que ainda segurava a caixa com o anel. Eles podiam ouvir as vozes felizes dos Guardiões, Alia e Adam celebrando, a reclamação de Rocket sobre como isso era brega, mas também podiam notar o sorriso em sua voz. Um lamento de choro emocionado parecia ser de Drax, e Meredith gargalhava consolando o tio quando provavelmente ele a tirou do chão para abraça-la. Mantis não parava de rir emocionada, provavelmente captando todas as emoções que explodiam entre todos eles agora. Por fim o casal se afastou, e respiraram juntos com as testas unidas enquanto voltavam do momento. Peter beijou a testa da amada antes de abrirem os olhos e ele lhe mostrar o anel novamente.

— Eu e Meredith escolhemos juntos. Mesmo que não seja exatamente seu estilo, acho que é discreto o suficiente e representa algo importante pra nós.

Gamora o viu tirar o objeto brilhante do veludo, ficando ainda mais encantada ao compreender o formato inusitado do anel. Era um fone de ouvido prateado, adornado por minúsculas esmeraldas. Era uma pedra famosa na Terra. Ela sorriu de forma radiante.

— É perfeito – disse quando Peter colocou o objeto em seu dedo – Obrigada – ela o beijou novamente, depois erguendo Meredith em seu colo para que os dois pudessem abraçar a filha juntos.

— Temos algo pra você também. Você trouxe? – Ele perguntou a Gamora, que assentiu com um sorriso.

— Pra mim, papai? Isso faz parte da tradição de casamento na Terra?

— Não, amorzinho – Peter respondeu, rindo junto com a família – Mas quando os bebês nascem, é costume pôr no braço deles uma pulseira dourada, às vezes com o nome deles gravado. Eu não pude estar com você quando você nasceu, então quero te dar um presente simbólico de boas vindas em casa. Antes de encontrar com vocês no shopping, eu e a mamãe fomos a uma loja.

Enquanto Peter segurava a filha no colo, Gamora puxou do bolso uma caixa de veludo rosa em formato de carrinho de bebê, onde através de um acrílico transparente em uma parte do objeto, Meredith pode ver uma pulseira dourada com uma placa adornada com flores gravadas no metal junto com seu primeiro nome. A menina sorriu.

— É linda! Posso usar agora?! Dá pra brincar com o carrinho quando a pulseira não ficar guardada?

O casal riu com a empolgação da filha, e se agacharam para pôr o objeto dourado em seu pulso direito.

— Dá sim – Peter respondeu – Desde que tenha cuidado pra não quebrar. Isso não foi exatamente feito pra ser um brinquedo.

— Ela vai ter cuidado. Eu a ensinei bem sobre isso.

Peter sorriu, beijando a têmpora da zehoberi e puxando as duas para um abraço.

— Eu sou Groot?

— Ainda não sabemos – Peter respondeu – Não temos pressa, mas... Eu não quero esperar muito também.

— Vamos planejar durante esta semana. Pode ser aqui mesmo. Foi aqui em Xandar que tudo começou.

— Eu não acredito que estou dizendo isso... Mas fico feliz de ter vivido suficiente pra ver isso acontecer – Nebulosa falou com seu tom sério, mas claramente feliz.

Peter gargalhou.

— Vocês podem ficar mais um pouco? Eu gostaria que estivessem presentes – Gamora pediu a Alia.

— Acho que podemos arranjar isso – a soberana sorriu – E... Entre minhas viagens eu ouvi em algum momento que casamentos também tem presentes pra os noivos. Nós queremos compensar vocês por tudo que aconteceu. Não temos a menor ideia sobre quais presentes são oferecidos nessa ocasião. Então nos peçam qualquer coisa que estiver a nosso alcance, e ficaremos felizes em atender.

— Vocês já fizeram bastante nos ajudando a chegar até aqui.

— Tio Adam...

A atenção de todos se voltou para Meredith.

— Sim, querida?

— Ainda consegue ir na joia da alma que nem quando trouxe mamãe de volta?

— Eu não sei... Eu só fiz isso sozinho uma vez e nem tenho certeza de como. Meus pais tem uma teoria que nunca foi comprovada. Então talvez eu possa, mas não posso prometer. Por que você quer isso, Mere?

— Tia Nat. Eu nunca a vi, mas sinto que a conheço. Ela ficou lá sozinha. Traz ela de volta também, por favor! Mamãe sempre falou dela.

— Há pessoas sentindo muita falta dela na Terra – Nebulosa pontuou.

— Tanto quanto sentimos aqui – Rocket lhes disse, olhando rapidamente para Peter.

— Isso é mesmo possível? – Drax quis saber.

— Não é perigoso? – Mantis perguntou a Adam – Acho que já chega de coisas perigosas pra nós, por enquanto.

Todos os Guardiões puderam ver o medo de perder algum deles de novo estampado em seu rosto e no brilho de suas antenas.

— Não sei. Mas se meus pais estão certos, preciso ir ao local onde ela morreu.

— Vormir – Nebulosa falou, num tom receoso – É um dos últimos lugares aonde qualquer um de nós gostaria de ir. Mas foi lá que aconteceu.

Gamora trocou um olhar profundo com a irmã, cheio de palavras silenciosas, percebendo mais um nível da dor de Nebulosa pelo que Thanos fizera com todos eles nove anos atrás.

— Eu posso ir sozinho. Me deem as coordenadas.

— Adam... – Alia disse, sem saber exatamente o que falar.

— Não queremos que faça isso se houver qualquer risco pra você – Gamora lhe disse.

— Eu sou Groot.

— Sim, eles disseram – Adam sorriu – Eu acredito nisso depois de tudo que aconteceu. Eu quero tentar. Se tem mais alguém preso, não vamos acabar isso a deixando pra trás.

******

Gamora poderia ficar assim para sempre. Com os olhos fechados enquanto estavam abraçados, de frente um para o outro, Peter com as pernas cruzadas e ela sentada em seu colo enquanto ele acariciava seus cabelos e beijava sua têmpora. Tinha até mesmo cochilado nessa posição enquanto Peter cantava para ela minutos atrás. Já haviam estado assim em momentos muito mais íntimos, mas agora estavam apenas relaxando. E Peter estava mais do que feliz em niná-la por toda a manhã se ela quisesse enquanto Meredith estava incrivelmente entretida ouvindo histórias de aventuras passadas dos outros Guardiões.

Os dedos do Senhor das Estrelas passaram a dedilhar sua coluna, fazendo Gamora estremecer e suspirar com a sensação agradável, enquanto a outra mão permanecia afagando seu cabelo.

— Quero cuidar de você também. Mas me sinto tão cansada.

Peter riu baixinho e beijou sua bochecha.

— Apesar de eu ter passado anos presa onde descansar era quase tudo que podíamos fazer.

Peter suspirou, e ela sabia que era de tristeza.

— Ninguém consegue descansar adequadamente naquelas condições, querida.

— Tudo vai mudar agora. Temos que conversar. Sobre Mere.

— Eu sei. E vai ser pra melhor. Vamos ter que tomar mais cuidado com as missões, mas vamos ficar bem. Agora você só precisa descansar. Quando fomos aquele parque de diversões amanhã Meredith vai parecer que tomou um litro de energético. É melhor nos prepararmos pra isso.

Gamora riu e o abraçou mais apertado.

— Certo – falou baixinho antes de se mover para beijá-lo nos lábios, e assim se perderam novamente por mais vários minutos.

— Vamos passear por Xandar quando anoitecer? Acho que Mere gostaria de ver as estrelas e conhecer o lugar onde nos conhecemos.

Gamora o olhou pensativa e acariciou seu rosto. Então riu.

— O que? – Peter não conseguiu não sorrir com isso.

— Uma vez ela disse... Que estava curiosa pra conhecer o vendedor de sobrancelhas engraçadas.

Os dois riram juntos.

— Ele está aposentado agora, mas o filho dele está cuidando da loja. Vai estar fechada à noite, mas posso conseguir uma foto.

— Temos que dizê-la que não é legal zombar dos outros por essas coisas. Ela nunca o fez, mas não custa reforçar.

— Nós vamos. Depois de rirmos da cara dele todos juntos.

— Peter! – Gamora soltou uma gargalhada, ouvindo-o rir junto.

— Estou brincando.

******

Peter e Gamora tinham saído juntos para passear com Meredith antes do horário de fechamento comercial em Xandar, e a apresentado ao filho do antigo vendedor da loja de artigos onde se conheceram. O rapaz era quase uma xerox do pai, apenas mais jovem. Ele ficou desconfiado ao ver Peter e Gamora, uma vez que não eram próximos, mas rapidamente se encantou com o quão adorável era Meredith, e lhes mostrou a loja com satisfação. Depois contaram à filha exatamente o que aconteceu quando se conheceram ali, e como surgiram os Guardiões da Galáxia. ‘Minha história favorita’, Meredith dissera enquanto os três caminhavam por Xandar e tomavam sorvete. Agora a pequena estava dormindo no colo de Peter.

— Você tem certeza disso? – Peter perguntou preocupado, sentado junto com a noiva e a filha num dos bancos da praça, abaixo da ponte da loja, em frente à bela piscina que enfeitava o local.

Algumas poucas pessoas ainda iam e vinham, mas nada que tirasse a privacidade dos três.

— Não... Se pudesse escolher, nunca mais voltaria lá. Eu odeio admitir isso, mas eu odeio aquele lugar e o que aconteceu.

Gamora secou os olhos, tentando se impedir de chorar com as lembranças outra vez. Peter a puxou para seu ombro com a mão livre e beijou o topo de sua cabeça.

— É uma boa hora pra te lembrar que você está segura expondo suas dores comigo? É só a voz dele na sua cabeça, querida. Não há nada de errado.

Ela respirou fundo, e o abraçou de volta, deixando algumas lágrimas escaparem de seus olhos para a camisa dele.

— Não quero deixar Nat pra trás.

— E não vamos. Você e Meredith podem ficar aqui em Xandar. Eu posso ficar com vocês também.

— Não.

Peter suspirou, já esperando essa resposta.

— Você decide. Nós todos vamos até o fim com você.

— Eu sei. Eu vou. Não quero levar Meredith. Mas não vou decidir por ela.

— Entendo você. Vamos falar com ela amanhã.

Gamora assentiu, depois erguendo o rosto para ver o amado, que já olhava para ela.

— Parece que tudo vai acontecer de novo. Ainda não acredito que ele se foi.

Peter suspirou de novo, sentindo a dor dela tomar seu peito e inconscientemente apertando um pouco mais Meredith em seu colo.

— Não vai. Eu o vi morrer. E do jeito que foi feito ele não pode voltar. Não pra esse universo – Peter lhe garantiu, usando o polegar para secar as lágrimas da guerreira, e a puxando para um beijo demorado.


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