É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 40
Capítulo 40 – Céu ensolarado


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo a todos!! =D ♥ Já comecei o ano numa correria, mas finalmente consegui revisar e publicar este capítulo.

Me entristece ver que depois do encontro Starmora, quase ninguém comenta mais na história, mesmo eu tendo publicado 2 caps seguidos no dia pra ninguém surtar esperando mais um cap pra eles conversarem depois que se encontraram na batalha.

Mas bem, a história está se encaminhando pra o final. Espero que gostem dos próximos capítulos. ;D



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Capítulo 40 – Céu ensolarado

Os dois entraram sozinhos na Benatar após os outros Guardiões seguirem com Meredith para um shopping próximo. A Tropa Nova estava cobrindo alguns reparos na nave após a batalha, mas Peter pediu que adiassem o trabalho para o dia seguinte. E sabendo de tudo que havia acontecido, Dey não viu problemas nisso.

Gamora sempre pensou o que sentiria se visse a Benatar novamente, se ainda conseguiria se sentir em casa, se o sentimento confortante e maravilhoso de estar em casa ainda viria. E por mais que ela tivesse pensado que não, veio. A nave praticamente não havia mudado. Se tinha algum detalhe muito diferente, Gamora não notou. Talvez percebesse alguma coisa quando olhasse os outros cômodos. E ao menos nesse instante parecia que Thanos jamais a levara deles, e que ela sempre esteve ali. Peter esperou em silêncio enquanto ela parou assim que entraram, para lançar um longo olhar ao seu redor.

— Você quer... – ele começou quando ela o olhou – Conversar no nosso quarto?

Ela sorriu por ele ainda chamar o quarto de nosso, e assentiu. Os dois caminharam até o quarto e Peter abriu a porta, permitindo que ela passasse primeiro. Ele fechou a porta ao entrar mesmo sabendo que estavam sozinhos. Gamora não sabia como reagir agora. Parte dela queria se jogar nos braços de Peter e esquecer qualquer coisa que precisavam discutir, a outra estava com receio. Mas suas emoções venceram, e tudo que sentiu por estar naquele quarto outra vez se transformou num choro que não podia controlar. Gamora pensou que não conseguiria se emocionar de novo tão cedo depois do quanto eles choraram juntos na batalha, e na banheira algumas horas atrás, mas nada estava muito dentro do que se considerava normal na família deles mesmo.

— Ei... – Peter chamou preocupado quando a viu chorar, e correu para abraçá-la – Shh... Tudo bem. Tudo bem, querida.

As mãos dele afagaram de leve suas costas e seus cabelos enquanto ela repousava em seu ombro. Gamora tentou, mas não conseguiu parar de chorar por vários minutos e enterrou o rosto no peito do terráqueo enquanto a camisa de Peter ficava enxarcada onde o rosto dela estava apoiado, e ele beijava seus cabelos carinhosamente. Isso fez Gamora chorar mais porque ela sentira tanta, tanta, tanta falta disso.

— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo tanto – Peter lhe disse, e Gamora notou que ele também estava chorando, e não se importou quando ele a abraçou ainda mais forte – Venha, venha – Peter chamou baixinho e do mesmo jeito suave que ela se lembrava, enquanto a guiava para se sentarem na cama.

— Eu achei que nunca mais veria essa nave. E que nunca mais estaria aqui outra vez.

Peter a tirou do chão e se apoiou na cabeceira da cama, segurando-a firmemente em seu colo e a acomodando contra ele. Permaneceram mais tempo em silêncio. Ela fechou os olhos e se confortou com os dedos dele deslizando por seu cabelo.

— Nada mudou, meu amor. Essa ainda é sua casa, sua família, seu quarto. Você está segura aqui – Peter falou beijando sua testa – A única diferença é que você me deu o melhor presente que recebi em toda a minha vida.

Quando Gamora abriu os olhos ele estava sorrindo, apesar das lágrimas em seu rosto. Ele secou os próprios olhos e gentilmente fez o mesmo por ela.

— Você não tem que me dizer nada agora se não quiser. Só não me diga que vai embora.

— Eu não deixei você voluntariamente, e eu jamais vou fazer isso. Tudo que eu quis nos últimos anos foi você. Todos os dias. Especialmente quando ela nasceu.

O coração de Peter doeu. Era uma das questões nas quais ele mais tinha pensando quando encontraram Meredith. E ele tinha tanto pra perguntar e esclarecer... Mas Gamora estava aqui, finalmente, depois de quase dez anos que Thanos a levara deles. Sua Gamora. Viva.

— Eu te amo mais do que tudo – a guerreira falou exatamente como da última vez que dissera aquilo a ele.

Peter respirou fundo para impedir seu choro de se tornar incontrolável, e a beijou. Eram longos e dolorosos anos sem beijá-la. A conversa poderia esperar um pouco mais. Eles se beijaram como se precisassem disso para continuar respirando e existindo, e só a falta de ar pode separá-los.

— Onde você esteve, Mora? – Perguntou baixinho quando voltaram a se abraçar – Mere falou dos Soberanos.

— E a Ordem Negra.

— Achei que todos tinham sido mortos na Terra.

— Sobrou uma. Pelo que Adam me disse, a outra eu que Nebulosa trouxe de 2014 invadiu o sistema dos Soberanos. Ela estava perdida, confusa e agressiva depois do que houve. Acabou sendo presa. Quando acordei na prisão dos soberanos, não tinham certeza do que fazer comigo. Queriam acabar com todos nós juntos, e só depois que o bebê nascesse. Adam nunca revelou toda a verdade a Ayesha, pensam que eu tive uma perda de memória temporária. Alguém da Ordem Negra apareceu. Acho que foi ideia dela me manter como prisioneira, pra um dia me usarem como moeda de troca com vocês, ou pra atraí-los e destruí-los junto comigo.

— Mas como, se você não sabia onde nós estávamos e nem o contrário?

— Eu não tinha como saber. Eu era uma prisioneira. Creio que ela pretendia dar um fim a vocês sem que eu sequer soubesse. E não queria que eu saísse e descobrisse a verdade. Mesmo quando começaram a me deixar sair e ir a planetas próximos com uma equipe, sempre estavam por perto e de olho.

— Como eu não consegui rastrear você por quatro anos?

— O planeta deles fica longe. E eles desenvolveram um sistema anti-rastreamento. Você saberá onde está o sistema deles, mas não quem está lá e nas imediações. Quando saíamos, a nave tinha a mesma tecnologia, e os planetas aliados também.

— Mas... Como você voltou? – Peter perguntou cada vez mais confuso.

— Adam. Algum tempo depois de seu nascimento e depois de nos conhecermos, ele começou a desconfiar cada vez mais de seus criadores. Ele tem uma ligação inexplicável com a Joia da Alma e pode controlá-la de uma maneira que faria Thanos entrar em pânico. Ele pode trazer pessoas de volta, e quem sabe até colocá-las lá também...

— Lá onde?

— Há outro mundo. Tudo é muito laranja. Não sei se é igual pra todos que vão parar lá. Eu estava sozinha a maior parte do tempo. Cinco anos, foi o que me disseram, mas pareceram apenas algumas horas. Até hoje é algo confuso. Eu estava sozinha naquele lugar, e de repente eu estava conversando com um desconhecido e eu mesma do passado. Ele fez alguma coisa, ele uniu nossas almas pelo que consegui entender. Eu acordei na prisão dos soberanos, atordoada e confusa. A única coisa que pude pensar antes de perder a consciência foi o medo de terem tirado meu bebê de mim.

— Então você... – Peter conseguiu dizer, sentindo as lágrimas arderem em seus olhos novamente – Você realmente...

Gamora assentiu, permitindo-se chorar novamente junto com ele.

— Eu estava... Teríamos descoberto em breve.

Peter tentou falar, mas seu rosto apenas se contorceu em dor conforme seus pensamentos lhe traziam cenas terríveis de seus pesadelos.

— Foram só cinco horas pra mim. Eu não vi você lá.

Gamora o olhou com dor. Então Peter tinha sofrido o estalo... Sua respiração ficou pesada quando todo o ódio que sempre sentira por Thanos voltou.

— Só Rocket e Nebulosa sobreviveram. Eles estiveram na Terra por cinco anos até encontrarem um jeito de trazer todos de volta. Ou quase todos. Thor não recuperou seu povo, e nem o irmão. Ele nos disse que o irmão dele fugiu no tempo de uma das épocas passadas em que foram, mas não foi mais visto.

— Xandar! Não tive tempo de observar nada com atenção desde que cheguei.

— Foi destruída, mas está quase totalmente recuperada agora. Muitas mortes. Mas Banner conseguiu trazê-los de volta. Apenas alguns que Thanos matou pessoalmente se foram. Dey e a família dele estão bem. Nova Prime também.

— Banner...? Bruce?

— Sim. Os Vingadores. Ele é um deles. Scott, Tony e Banner descobriram um jeito de resolver tudo, ao menos tudo que foi possível. Nós vamos à Terra qualquer dia. Você vai conhecer todos eles. Mas como sabe o nome dele? Você tem lembranças da outra Gamora?

— Muito pouco. Vamos à Terra?

— Sim. Se você quiser.

— Missouri?

— Os Vingadores não vivem lá, mas é claro que vou te levar a Missouri. Quero mostrar a todos vocês – ele disse sorrindo.

Peter silenciou por um instante. E Gamora sabia que ele estava pensando em sua mãe. Ela estendeu a mão para acariciar seu cabelo e ficou feliz quando o terráqueo suspirou e se inclinou um pouco para sentir melhor seu toque.

— Você nunca pode registrar Meredith? – ele perguntou de repente.

— Isso a tornaria rastreável. Mas eu sei exatamente em que dia e horário ela nasceu, e até o peso que ela tinha. Quando eu descobri que vocês estavam vivos... Eu ouvi Ayesha dizendo que matariam nós duas se vocês descobrissem onde eu estava.

Peter inspirou fundo, e Gamora continuou a afagar seu cabelo, tentando ajudá-lo a conter a raiva enorme que correu por seu corpo.

— Se queriam te usar pra nos atrair... Isso não faz sentido.

— Não queriam surpresas. Queriam atrair vocês no momento em que quisessem, e fazê-los sofrer do jeito que quisessem, e não uma possível operação de resgate. Quando Adam decidiu traí-los as escondidas, ele disse que eu tinha que falar pra você sobre Meredith. Mas eu não sabia o que podia acontecer, eu disse que o mataria se ele contasse. Eu a deixei com ele quando fui atrás da Ordem Negra. Eu ia voltar. Não podia ir atrás de vocês sem saber onde estavam, nos alcançariam antes. Mas ela é nossa filha, e fugiu na primeira chance. E milagrosamente vocês a acharam antes de Adam.

— Meredith sabia disso tudo?

— Não, eu não contei que nos matariam, eu não contei toda a verdade. Mas ela sabia que eu estava aterrorizada, então ficou do mesmo jeito.

Peter passou a mão livre pelo rosto em nervosismo.

— Como... Quando você se foi... Nossa menininha já estava aqui. E nenhum de nós percebeu.

— Mais alguns dias e eu teria notado. Eu percebi antes de apagar em Vormir. Eu sangrei muito e a dor era horrível.

Peter viu os olhos castanhos se encherem de lágrimas de novo, e tentou controlar seu ódio por Thanos, pela Ordem Negra e pelos soberanos, que crescia a cada palavra que Gamora dizia.

— Achei que a tinha perdido. Quando acordei, Adam disse que eu ainda estava grávida.

— Mas quem diabos é Adam? E se ele se dava bem com você, porque disse isso pra eles?! Bom... Eu o encontrei hoje cedo. Nós conversamos, e ele parece muito gente boa, mas... Outras pessoas que já causaram problemas também pareciam.

— Nesse dia ele ainda acreditava muito em Ayesha, mesmo não entendendo e concordando com suas obsessões. E não haveria como esconder minha gravidez por muito tempo de qualquer maneira. Eles ficaram curiosos, alguns já tinham visto mulheres grávidas de outras espécies, mas não tinham a menor ideia de como era o processo e o nascimento.

— Se tiverem feito algo a vocês, eu juro que vou matar o restante deles e explodir aquele planeta!

— Não fizeram. Além de me manter presa naquele reino irritantemente dourado. Eles prepararam um quarto pra o parto, com tudo que eu disse que seria preciso. Foi engraçado vê-los em pânico quando o momento chegou, não tinham a menor ideia do que fazer. Queriam sequestrar alguma enfermeira ou médico num planeta aleatório pra me ajudar, e depois matar, ou manter na prisão. Eu não aceitei e não quis a ajuda de nenhum deles. Eu os assustei o suficiente pra me deixarem sozinha e ficarem longe.

— Você... – Peter parecia aterrorizado – Fez isso sozinha?! – Sua voz misturava pânico, dor e medo – Mora...                         

— Correu tudo bem – tentou tranquiliza-lo acariciando seu rosto – A dor começou na noite anterior. Eles me deixaram ficar numa cela melhor quando a gravidez avançou. Mas Adam me levou ao quarto quando amanheceu. Levou horas. Mas não tive nenhuma complicação. Ela chorou imediatamente quando nasceu.

                Gamora observou atentamente as reações de Peter. Ele a estava abraçando com mais força, e seu olhar cortou seu coração, a respiração dele também estava mais pesada.

                - Você sentiu muita dor?

                - Isso é normal, Peter.

                - Quanto sangue você perdeu? Alguém cuidou de você?

                - Perdi, mas nada fora do normal. Embora o suficiente pra fazer Ayesha e Alia se sentirem num filme de terror quando entraram pra nos ver. Acharam que tínhamos morrido. A reação de Ayesha ao ver Meredith foi impressionante, acho que nunca viram um bebê tão pequeno antes.

                - O que ela fez?

                - Ela só teve tempo de acariciar o rostinho dela. Eu acordei quando abriram a porta e a assustei o suficiente pra que se afastasse e me deixassem sozinha de novo. Levei horas pra arrumar tudo. Eu ainda estava sangrando, e ainda doía... Fiz muitas pausas, mas consegui limpar tudo e mandar tudo o que descartei direto pro incinerador. Me ofereceram ajuda, mas         eu neguei. Não queria dar a chance de conseguirem amostras do meu sangue. Algumas horas depois, Adam me trouxe remédios, pra dor, pra evitar uma infecção, e um composto pra hidratação. Eu estava com febre também.

                - Confiou nele?

                - Eram medicamentos conhecidos em outros pontos da galáxia, inclusive nas farmácias daqui. Eu os analisei por muito tempo até ter certeza de que não eram falsos ou substâncias trocadas. Eu também disse que mataria quem entrasse no quarto enquanto eu estivesse em trabalho de parto. Ele disse que por ter nos trazido de volta, nos protegeria com a vida dele. Ouvi vozes do lado de fora em alguns momentos, mas ele realmente não deixou ninguém entrar.

                Peter ainda estava em dúvida sobre as intenções do homem dourado que os ajudara na batalha, mas se Gamora estava dizendo, ele tinha feito bem em agradecê-lo.

                - Você passou por tudo isso sozinha...

                Peter suspirou de tristeza e a abraçou mais perto dele, escondendo o rosto em seu pescoço.

                - Eu sinto muito, querida! Eu sinto muito!

                - Não é culpa sua – Gamora falou baixinho, acariciando os cabelos ruivos.

                - Eu queria tanto ter estado com você, queria ter visto nossa garotinha chegar, ter te ajudado a passar por tudo isso. Você não teria que mover um dedo depois. Você devia ter descansado.

                Gamora o abraçou com mais força, continuando seu carinho nos cabelos de Peter enquanto ele estremecia em seus braços.

                - Tudo que você já passou... Você já suportou dor demais na sua vida pra ainda ter que passar por isso.

                - Eu estou bem agora, e é nisso que prefiro me focar.

                Sem dizer nada, Peter assentiu, e Gamora acariciou seu cabelo até que ele parasse de chorar.

                - Não podemos recuperar isso, mas vamos ficar bem agora. Você vai poder mimá-la e cuidar dela todos os dias. E eu vou voltar a dormir tranquila e ao seu lado todas as noites, meu Senhor das Estrelas.

******

Eles reorganizaram o quarto antes de sair, e Peter lhe mostrou o restante da nave, quem estava dormindo em qual quarto e onde poderiam fazer um quarto para Meredith. Nebulosa agora dormia no mesmo quarto que um dia fora apenas de Gamora, e que estivera desocupado desde que a zehoberi começou a dormir com Peter. Os demais Guardiões também tinham cada um seu próprio quarto, embora constantemente Rocket e Groot acabassem dormindo no mesmo quarto. O último cômodo destinado a esse fim era usado raramente, quando precisavam guardar algo que estavam transportando e não queriam precisar ir até o compartimento de carga. Mas agora seria perfeito para o quarto de sua filha.

No próprio quarto deles, Peter tinha explicado à amada os motivos de ter movido as lembranças dela que estavam espalhadas pelo quarto para dentro do guarda-roupas, o que Gamora compreendeu perfeitamente. Na verdade, ela já tinha deduzido isso no instante em que entrou no quarto, conhecendo Peter muito melhor do que qualquer outra pessoa no universo. Antes de sair, os dois juntos colocaram tudo de volta no lugar, e Gamora tomou seu tempo para admirar as duas God Slayers que tinham agora, se emocionando mais uma vez ao segurar novamente sua espada, e decidindo voltar a portá-la, guardando a que tinha agora, e que pertencera à Gamora de 2014, para que Meredith aprendesse a usar e herdasse no futuro se tivesse vontade. Levando em conta o quanto ela se parecia com o pai, provavelmente ela preferiria as armas de fogo, mas só o futuro traria essa resposta.

O casal levou um tempo para sair da nave, tomando alguns minutos para se recomporem e eliminar as evidências de choro, não querendo preocupar Meredth com mais nada agora. Esse momento não fora o fim de sua reconexão. Os dois ainda tinham muito para conversar, queriam muito passar mais tempos sozinhos, tanto quanto também queriam passar tempo juntos com sua filha e sua família outra vez. Precisavam de tudo isso, e esperavam poder fazê-lo aos poucos, contando com a ajuda dos outros para cuidar de sua criança. Gamora vinha pensando em como isso aconteceria, se sua filha ou seu namorado poderiam se sentir emocionalmente deixados de lado enquanto ela tentava se dividir entre ambos, mas é claro que Peter era muito observador com ela, e já estava um passo à frente.

— Eu quero muito passar algum tempo sozinho com você. Só nós dois. Um dia que seja. Mas só quanto nos reajustarmos. Não quero que Meredith se sinta deixada de lado. Ela só teve você por quatro anos.

Gamora ficou surpresa ao ouvi-lo dizer isso enquanto ainda caminhavam pela nave.

— Eu estava pensando exatamente nisso.

— Querida, eu não quero que depois de tudo que vocês passaram você ainda se sinta pressionada a ficar se equilibrando entre nós dois. Estamos todos aqui pra ajudar. E nesses quatro anos, certamente vocês duas criaram uma ligação que vai ser mais forte do que qualquer coisa pra ela. Ela vai precisar de todos nós pra se adaptar perfeitamente de agora em diante, mas principalmente de você. E está tudo bem. Por mais que você seja meu maior ponto fraco, e a única coisa no universo capaz de me levar tanto ao chão quanto às estrelas...

Gamora abriu um sorriso radiante diante dessas palavras.

— Eu sou o pai dela. E vou dar tudo de mim pra ser o melhor que ela pode ter.

A zehoberi estendeu a mão para acariciar seu rosto, ainda sorrindo.

— Eu sei... Eu tenho certeza disso. Ela é nosso bebê das estrelas.

Peter fechou os olhos com mais um suspiro, se inclinando ao toque dela, e correspondendo imediatamente ao sentir os lábios da amada nos seus. Nesse instante, Peter não queria sair mais dali. Queria leva-la de volta ao quarto deles, e curar ao menos parte da dor que sua alma sentia por ficar tanto tempo sem ela. Mas isso tudo não era apenas sobre eles, ao mesmo tempo em que era sobre todos os Guardiões, mas principalmente sobre Gamora e Meredith. Elas é que precisavam do maior suporte agora.

— Eu sei... Eu também... – Gamora sussurrou em seu ouvido quando Peter beijou demoradamente seu pescoço, num ponto que ela sabia que a fazia estremecer – Teremos nosso tempo, meu Senhor das Estrelas – ela prometeu, virando o rosto para beijar a têmpora dele.

— Eu sei, eu só...

— Tudo bem – Gamora afagou suas costas, o abraçando com força.

— Me desculpe – ele riu baixinho, ouvindo Gamora também rir antes de lhe dar outro beijo demorado, dessa vez em seus lábios.

— Vamos, Gam, pare com isso.

A zehoberi riu com alegria, beijando a mão do terráqueo e o puxando de mãos dadas para a saída da nave, onde foram presenteados por um dia ensolarado, muito parecido com o dia em que deixaram Xandar juntos pela primeira vez.

Eles falaram rapidamente com Dey, e seguiram para encontrar os outros Guardiões no shopping, ficando felizes em encontrar sua família reunida, conversando e gargalhando juntos na praça de alimentação. Drax segurava Meredith no colo, enquanto os dois e Mantis compartilhavam um pacote de zagnuts. A pequena trajava um vestido azul e branco xadrez e uma sapatilha azul clara que, assim com as roupas do dia anterior, Gamora não reconheceu, e deduziu que um dos Guardiões tinha comprado para ela. A ruivinha estava com seus cabelos perfeitamente arrumados e soltos, caindo em ondas de duas cores como os de Gamora. Mesmo que estivessem observando em silêncio, ela quase podia sentir o coração de Peter explodir de emoção com essa visão.

— Ela parece uma princesa... – Peter murmurou fascinado.

— Como as das histórias da Terra?

— Também – ele sorriu – É uma expressão. Mas meio que... As princesas da Disney criaram um estilo de moda que se reflete até hoje, principalmente nas crianças, principalmente meninas. Há um lugar na Terra onde podemos encontra-las. Scott disse que ainda existe. Podemos tentar ir até lá qualquer dia.

— Acho que ela vai amar isso.

— Ela já gosta da Barbie. Então podemos ter quase certeza. Apesar da ganância de grandes empresas estar por trás disso na Terra, ainda é um sonho bonito.

Gamora sorriu.

— As princesas das histórias de verdade vivem na Terra?

— Não... São atrizes, atrizes muito boas. Mas não contamos isso pras crianças, pra manter o sonho delas. Mere poderá descobrir a verdade e lidar com ela naturalmente enquanto crescer.

— Isso é muito bonito.

— Sim – o sorriso de Peter aumentou quando finalmente se aproximaram da mesa onde sua família estava.

— Eu sou Groot – o jovem os cumprimentou com um sorriso.

— Mamãe! Papai! – Meredith pulou para o colo dos dois com alegria, abraçando ambos ao mesmo tempo.

Os dois beijaram o rosto da filha, e sentaram-se entre Mantis e Nebulosa.

— Tio Rock e tio Drax estavam apostando.

— Apostando o que? – Peter perguntou desconfiado.

— De que vocês não voltariam tão cedo – o Guaxinim gargalhou – Mas Drax apostou o contrário.

— E agora você me deve dez unidades – o grandão falou enquanto comia mais zagnuts.

Gamora fuzilou Rocket com o olhar, o e o guaxinim parou de rir, bufando de insatisfação enquanto erguia as mãos para o alto, insatisfeito por perder dez preciosas unidades.

— Tudo bem? – Nebulosa perguntou à irmã.

— Como sempre deveria ter estado – Gamora lhe garantiu com um sorriso – Nós estamos pensando... Se todos concordarem, em transformar o quarto extra num quarto pra Meredith no futuro.

— O quarto de carga? – Rocket questionou.

— Você e Drax são quem mais usam aquele cômodo. E facilita a vida de todos nós em emergências. Mas é o único quarto que ainda temos na nave.

— Eu sou Groot.

— Sim, por nós tudo bem. É até bom dar uns passos a mais pra manter nossa disposição no trabalho. Ou podemos só largar as cargas em qualquer lugar com tranca em emergências e depois mover pro lugar certo.

— Por mim tudo bem – Drax falou com alegria.

Era visível o quanto ele estava no céu por terem uma criança pequena na família agora, e por ser uma menina. E mesmo que ele não dissesse em voz alta, todos ali sabiam como ajudar a cuidar de Meredith trazia conforto a seu coração, e uma sensação de uma segunda chance.

— Vou dormir sozinha?

— É o que todas as crianças fazem quando começam a crescer – Gamora explicou – Você vai descobrir que tem coisas boas nisso, e vai te ajudar a se tornar mais forte e independente. Mas não precisa ser agora, só quando você se sentir segura pra isso. Acabamos de chegar em casa, e vamos tomar o tempo que precisamos pra nos reajustarmos. E seu quarto será ao lado do meu e do papai. Pode ir até qualquer um de nós pedir ajuda se precisar durante a noite, ou se ficar com medo ou sem sono.

— Então posso continuar com você e o papai no começo?

— Sim – Peter confirmou, não conseguindo para de sorrir, apesar do quanto tinha chorando minutos atrás.

— Vocês resolveram tudo? – Mantis perguntou.

— Sim. E o que não, resolveremos com o tempo – Peter respondeu – Vocês já comeram?

— Não, papai. Queríamos esperar vocês.

— E ficaram só aqui conversando enquanto isso?

— Não. Fomos ao parque de diversões do shopping. Mas resolvemos sair quanto ameaçaram expulsar tio Drax.

Peter e Gamora olharam indignados e com questionamento para Drax.

— O que...?! Ninguém nos avisou que aqueles monstros da casa do terror eram atores. Um deles tentou comer Meredith!

— Eu o arrastei pra fora antes que socasse algum dos funcionários disfarçados – Nebulosa informou.

Peter e Gamora espalmaram uma das mãos no rosto, se perguntando porque ainda ficavam surpresos com isso, e rindo em seguida. A cada segundo com sua família fora do comum, Gamora se convencia mais de que tudo não era um sonho, e que estavam realmente livres e em casa. Outra vez, ela precisou respirar fundo para conter as emoções que explodiam em seu coração. Peter apertou sua mão, e ela apertou de volta, lembrando-se muito bem desse gesto, e indicando que estava tudo bem.

— Agora você sabe, e espero que não esqueça – Gamora exigiu.

Drax acenou positivamente, e eles começaram a discutir um local para almoçar na praça de alimentação. Cada um tinha uma ideia, mas no final das contas nenhum deles fez objeção quando Peter e Meredith sugeriram um restaurante que servia comida da Terra.

— Eu senti falta disso – Gamora sorriu.

— É gostoso que nem o papai disse?

— Sim. Eu acho que você vai gostar, querida.

******

— Mamãe não vai vir atrás de nós se demorarmos?

— Só se demorarmos muito. Já que deixamos bem claro que é uma surpresa pra ela, e que não contamos a ninguém mais além de Mantis e Nebulosa, e que as duas sabem fingir muito bem, acho que estamos seguros – Peter respondeu enquanto passavam pelas vitrines e prateleiras de uma joalheria, ainda dentro do enorme shopping do distrito da Tropa Nova em Xandar.

— Boa tarde – uma jovem os atendeu – Vocês estão procurando algo específico? Como posso ajudar?

— Boa tarde. Eu quero pedir minha namorada em casamento.

— Você tem alguma ideia em mente? Sobre cor, formato ou alguma tradição específica para os anéis?

— Eu não sei muito sobre as tradições de casamento da galáxia, apesar de eu viver por aqui minha vida quase toda. Mas eu vim da Terra. Pensei em um anel de compromisso prateado, e alianças douradas.

— Venham comigo.

A mulher lhes mostrou vários modelos de anéis prateados a princípio. Alguns muito simples, outros super extravagantes, o que fez Peter e Meredith rirem, deixando claro que aquele definitivamente não era o estilo de Gamora. Por fim, eles viram modelos mais trabalhados ou com formatos fofos e divertidos, inusitadamente encontrando um que ambos adorariam dar a Gamora.

— Acho que ela vai amar esse, papai!

— Você acha? Não é exatamente o estilo dela, mas é discreto, e simboliza algo importante pra nós dois.

— O que?

— Vamos terminar de escolher, pagar, então vou te contar como foi a primeira vez que tentei dançar com sua mãe.

— Acho que ela já me disse... Alguma coisa com uma faca – Meredith tentou se lembrar.

Peter riu.

— Logo você vai saber.


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