É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 34
Capítulo 34 – Xandar


Notas iniciais do capítulo

Pra quem não viu o aviso que deixei essa semana no capítulo anterior, o encontro starmora será no próximo capítulo! ;D



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Capítulo 34 – Xandar

Rocket, Groot, Drax e Mantis entraram na sala de reuniões da nave, encontrando a cena mais fofa e comovente que tinham visto por muito tempo. Peter dormia sentado, a cabeça apoiada na parede, uma de suas mãos segurando o zune, os fones sendo partilhados entre ele e Meredith, que dormia serenamente em seu colo com a jaqueta vermelha de Peter sobre ela. A outra mão do Senhor das Estrelas estava gentilmente repousada nos cabelos da filha, algo que eles o viram fazer muitas vezes com Gamora, ou Gamora fazer com ele, quando os dois pegavam no sono ali exatamente na mesma posição e também partilhando o zune, às vezes Peter também a cobria com sua jaqueta em noites mais frias.

— Depois dos momentos fofos de Groot bebê e de Morgan, é a coisa mais linda que eu já vi – Mantis falou baixinho.

— Ele merecia isso depois de tudo que passamos – Drax disse.

— Eu sou Groot.

— Eu não sabia se ia chegar a ver isso, mas eu sempre achei que esse pateta fosse ser um ótimo pai – Rocket comentou sem notar o guaxinim de pelúcia que Meredith abraçava, escondido pela jaqueta de Peter.

— Devo acordá-los? Não podemos deixá-los aqui a noite toda. Se amanhã vamos trabalhar com o que está acontecendo é melhor que todos descansem bem.

— Não, deixe-os aproveitar mais um pouco – Drax respondeu a Mantis – Eu virei acordá-los daqui a pouco se não levantarem sozinhos.

— Eu sou Groot!

— Vamos! – Mantis exclamou baixinho.

Peter não soube dizer qual deles estava fotografando o momento, mas ele certamente daria um jeito de conseguir essa foto depois e colocá-la junto com as outras. Esperou que os passos dos quatro se distanciassem e, sem abrir os olhos, sorriu pelo comentário de Rocket e imaginou novamente qual reação o guaxinim teria ao saber do presente que ele dera a Meredith. Não fora para chatear o amigo, encontrou o bichinho de pelúcia por coincidência e achou que Meredith ia gostar.

Peter abriu os olhos e fitou a filha, acariciando seu cabelo ruivo e se lembrando de todas as vezes em que estivera com Gamora nessa mesma posição, do quanto ela se fazia de durona, mas amava adormecer em seu colo enquanto ele afagava seus cabelos. E Peter também sabia que ela amava quando ele a carregava no colo para o quarto quando não havia ninguém por perto. E agora ansiava por fazer isso de novo.

Por outro lado, não conseguia tirar de sua cabeça o que tinha acontecido. Onde ela estava. Porque não voltou. Como teve Meredith. Se alguém a ajudou a criá-la. Qual seria sua reação ao vê-lo novamente depois de anos. E o medo... E se ela não o quisesse mais? Se outra vez ele estivesse de volta ao zero com ela como na Terra? Não queria que ela fosse embora de novo, ele não suportaria perdê-la três vezes. E agora não queria perder Meredith. Essa possibilidade trouxe lágrimas a seus olhos, mas respirou fundo e se conteve. Não podia ter certeza de nada antes de encontrá-la.

******

— Está tudo bem? – Adam perguntou ao perceber que já fazia um bom tempo que Ayesha estava de olhos fechados com o rosto apoiado em uma das mãos.

— O que você acha? – Ela perguntou, parecendo entediada e nervosa ao mesmo tempo.

Adam sentiu o coração doer. Ayesha estava apenas colhendo as consequências de suas escolhas extremas, mas ainda não gostava de vê-la mal.

— Se me permite... – ele começou, enquanto verificava a tropa não tripulada a qual ele estava pensando em como eliminar ou desviar acidentalmente antes de irem a Xandar, poderia cuidar de Aster sozinho – Eu sei que agora não adianta mais, porém... Não acha que se tivéssemos feito esse acordo das baterias desde o início, teríamos evitado muitos problemas e gastos de recursos? Não foi Gamora quem fez aquilo. Eu e Alia jamais a vimos roubar nas missões. Ela sempre fez questão de pagar, trocar ou oferecer força de trabalho por cada item que ela e a filha precisaram até hoje. Ela não precisava ter passado por tudo isso. O pai não viu a filha nascer, e estava vivo esse tempo todo. As duas sofreram muito no nosso planeta.

— Nós sempre provemos todo o necessário para as duas.

— Será mesmo?

Ayesha ficou em silêncio, o observando com surpresa e confusão.

— Se há algo de bom que aprendi convivendo com as duas e com muitas das pessoas que encontrei nas nossas missões é que valorizar os laços emocionais e momentos de felicidade com qualidade são tão vitais pra viver quanto água, comida e abrigo, principalmente pra humanos e pessoas que vivem em sociedades mais flexíveis como elas duas, principalmente pra crianças. Admiro sua disciplina e o cuidado com nosso povo e nosso reino, mas elas precisavam mesmo ter passado por tudo isso?

— E você quer que eu desista depois de tudo isso? O concelho já não ficou nada feliz com o que aconteceu anos atrás.

— E também não vão ficar se nos sairmos mal em Xandar. Mas se evitarmos um conflito, fazendo um acordo, o gasto de recursos será mínimo. Só teremos que enfrentar Aster, que é uma ameaça real a qualquer ser vivo que ela não goste, na minha humilde opinião. E eu tenho certeza que Gamora vai cumprir o restante do acordo, independente do que acontecer. Peter Quill é o líder do grupo que salvou e ajudou a salvar a Galáxia três vezes. Ele ama Gamora mais do que tudo. Seria muito negar a ele o que ele tem de mais importante de volta?

— Como você sabe de tudo isso?

— Passei muito tempo com ela nos últimos quatro anos.

Adam programou a nave para descer ao avistar o planeta onde havia deixado Alia, Meredith, Gamora e o piloto, rezando para que a criança fugitiva estivesse bem e Alia a tivesse encontrado. A tropa não tripulada ficou suspensa no céu enquanto a nave deles aterrissava na parte deserta do estacionamento.

— O que aconteceu aqui? – Ayesha questionou surpresa ao ver o vazio e os rastros de destruição do lugar – A esse horário deveria haver atividade intensa neste ponto do planeta.

— Talvez seja por causa do atacante da Ordem Negra que entrou em combate com Gamora aqui.

Os dois saíram da nave, olhando em volta com cuidado, e vendo algumas tendas comerciais derrubadas ou destruídas, poucos veículos ainda presentes no estacionamento, e aparentemente ninguém no centro comercial. Algumas lojas ainda estavam abertas, porém vazias de pessoas. Caminharam até a entrada do lugar gigantesco, tentando avistar alguém.

— Foi aqui que me separei delas e do piloto.

— Mas não tem ninguém aqui, e a nave não responde – Ayesha falou num tom baixo, mas nervoso.

— Alia!! – Adam gritou.

Vários segundos se passaram sem resposta alguma, até alguém surgir lentamente por trás de um stand.

— Alia? A mulher dourada? Eu vi um jovem a chamando assim.

— Sim – Adam respondeu, caminhando até o homem.

Outras pessoas assustadas começaram a murmurar e sair de seus esconderijos.

— Onde ela está? Havia mais um dos nossos, uma mulher e uma criança com ela.

— A mulher que está sendo procurada pela Tropa Nova? Nós a vimos lutando no estacionamento com um homem estranho. A batalha começou a ficar mais séria e todos começaram a fugir com medo ou pra proteger suas próprias mercadorias e negócios. Nos escondemos quando ouvimos bombas explodirem e uma nave arrancando do hangar. Vi um casal dourado correndo por aqui depois, mas não havia mais ninguém com eles. E há outras crianças transitando, filhos e netos nossos inclusive. Ninguém conhece todo mundo, esse lugar é imenso e tem população flutuante, como saberíamos qual é a sua?

— É uma menina ruiva de 4 anos de idade.

— Se passou por mim eu não a vi. Você pode perguntar aos que ainda não foram embora.

— A nossa nave também não está no estacionamento – Ayesha comentou quando começaram a andar para mais longe ao longo dos stands.

— Eles ouviram bombas. Se a batalha ficou perigosa e chegaram mais deles, podem ter fugido. Talvez agora estejam voltando ao nosso planeta ou estejam em outro lugar, até daqui mesmo.

— Isso vai levar uma eternidade. Você pode voar, use isso!

— Boa ideia. Tanta coisa na cabeça me fez esquecer disso por um instante. Me espere aqui – ele disse antes de se erguer no ar e disparar pelo restante do caminho, olhando em todas as direções por qualquer rastro de Gamora, Alia, Meredith ou o piloto.

Não obtendo sucesso, após vários minutos, lugares e hangares verificados, ele retornou até Ayesha.

— Me diga que encontrou alguma pista.

— Nada.

Ayesha soltou um suspiro frustrado, e começaram a andar de volta à nave.

— Vamos tentar rastrear de novo. Se a nave saiu dos territórios que monitoramos vamos poder localizar.

— Que assim seja. E que nenhum desses idiotas seja ignorante o suficiente para delatar o paradeiro dela aos policiais.

— Bom, talvez...

Adam nunca terminou a frase. Um barulho veio dos céus e metade das naves não tripuladas explodiu.

— Não!! De novo não! Não! Não! Não! – Ayesha gritou inconformada.

— Eu vou...

Novamente Adam foi interrompido quando um flash de luz mais forte surgiu entre as explosões, indo na direção deles. O jovem dourado foi rápido em tirar Ayesha do raio do ataque, antes de tudo escurecer.

******

— Mamãe disse que você era forte, mas assim não parece – Meredith falava enquanto prendia o pai no chão, envolvendo o pescoço dele pelas costas, com as duas pernas, e prendendo as mãos dele para impedi-lo de se defender do golpe.

Os demais Guardiões tinham parado de conversar para observar pai e filha brincando no chão do saguão da Tropa Nova, cada um deles com um sorriso no rosto, sendo o de Mantis o maior de todos.

— Sua mãe é menor e bem mais leve que eu, mas muito mais forte. Como você quer que eu ganhe essa luta com uma mini Gamora tentando me sufocar pelas costas.

Peter ouviu risadas, entre elas as de Nova Prime e Dey, que tinham acabado de chegar.

— Vejo que estão se divertindo. Isso é maravilhoso – Dey sorriu.

— Oi – Meredith sorriu – jogando-se no chão, ainda prendendo o pai, e olhando para cima para ver os recém chegados.

Mais um dado para os Guardiões, ela era tão concentrada, forte e flexível quanto Gamora. E tão sociável e alegre quanto Peter quando estava se sentindo segura.

— Você é linda – ela disse para Nova Prime, cujo sorriso aumentou.

— Você também, meu bem. Qual o seu nome?

— Meredith.

Nova Prime sorriu, mesmo já sabendo disso, e sempre sabendo que se Peter e Gamora tivessem uma filha o nome seria esse.

— Um lindo nome, como o da sua avó. Eu sou uma velha amiga de sua família, deve ter ouvido falar de mim. Todos aqui me chamam de Nova Prime. Sabia que temos mapas e projeções virtuais de vários planetas aqui?

— Sim, papai disse.

— Você gostaria de ver?

— Sim!

— Então pode começar não enforcando seu pai – Dey falou com gentileza.

— Ah, tá... Mas eu ganhei essa – ela soltou Peter, que se jogou no chão fingindo exaustão.

— Você quase me matou, que nem sua mãe no dia que nos conhecemos.

Outra onda de risadas se seguiu quando Peter se levantou, pegou a filha no colo de surpresa e a ergueu, fazendo-a gritar pela surpresa e depois rir. Eles seguiram juntos para outro lugar, onde Nova Prime havia feito um levantamento de possíveis lugares onde Meredith poderia ter nascido ou estado nos últimos quatro anos. Com sorte, descobririam rápido.

— Querida, nós somos a segurança do Império Nova. Protegemos as pessoas, como a sua família também faz. Você está segura aqui e ninguém vai pegar você e nem te fazer mal – Nova Prime prometeu – Você pode falar de onde veio se quiser, de algum amigo, de pessoas que conheceu. Se lembra de alguém mais além de sua mãe? Ou como eles eram? Ou o lugar onde vocês moram?

Meredith ficou em silêncio por alguns instantes, como se refletisse, trocando um olhar com Peter, e recebendo um aceno positivo.

— Ela disse que viriam atrás delas se ela contasse, mas só isso – o Senhor das Estrelas adiantou.

— Quem, querida? – Nova Prime tornou a perguntar.

— Os dourados.

— Dourados...? Os soberanos?! – Peter ficou chocado.

— Denarian Dey, por favor.

— Agora mesmo, senhora.

Dey mexeu nos comandos de um painel, fazendo surgir o holograma do sistema dourado dos Soberanos em perfeitos detalhes.

— Você conhece esse lugar, pequena?

— Sim. Estávamos morando lá. Mamãe passou anos me treinando pra fugirmos quando eu crescesse.

Peter respirou fundo, e todos olharam para ele, ainda que o choque fosse visível no rosto de todos os Guardiões. Ninguém perdeu as lágrimas que ele passou a segurar.

— Fale mais, querida, por favor. Se você contar mais, achamos a mamãe mais fácil – Peter pediu.

— Não lembro de tudo.

— Não tem problema. Qualquer coisa que você lembrar vai ajudar muito – Mantis lhe disse.

— Há algum detalhe que você se lembre mais do que os outros? – Nebulosa tentou.

— O quarto.

— Que quarto?

— Eles chamavam de cela, mas era nosso quarto. Não tinha grades como uma sela de verdade. Quase nunca saíamos. Mas Adam e Alia iam sempre nos ver e cuidar de nós.

— Eu sou Groot?

— Não. Eles são diferentes dos outros. Até faziam coisas escondido pra nós duas. A sacerdotisa nem sabe sobre Celeste.

— Quem é Celeste? – Rocket perguntou.

— Meu ursinho. Ele é ruivo que nem eu. Mas acho que o perdi quando fugimos. Mamãe diz que Adam e Alia me deram ele quando fiz um ano.

— Por que os soberanos prenderam vocês?

— Não sei – a criança respondeu a Drax – Sempre foi assim. Mamãe disse que não gostam de vocês e nem dela, por causa de alguém que se enganou com alguma coisa, e que ela foi parar lá sem querer antes de eu nascer.

Nenhum deles, com exceção de Meredith, perdeu os olhares tristes de Drax e principalmente de Rocket.

— Adam pediu pra mamãe contar a você.

— Contar o que? – Peter perguntou com uma urgência maior do que desejava.

— Não tenho certeza, mas era importante. Ela não queria contar porque Ayesha ia vir atrás de nós.

— Eu vou matar aquela sacerdotisa! – Nebulosa exclamou num impulso.

— Eu acho melhor vocês só a capturarem e nós cuidamos no resto – Dey lhe disse.

Batidas urgentes na porta interromperam a conversa.

— Aconteceu alguma coisa séria? – Dey perguntou ao oficial nervoso que estava na porta.

— Denariam Dey, Nova Prime, Guardiões – ele os cumprimentou – Acabaram de deixar um homem na nossa porta. Possivelmente um criminoso, e uma nave que eu não esperava ver também está estacionada lá.

Todos se entreolharam.

— Já temos algumas informações preciosas. Se estiver tudo bem por vocês continuarmos essa conversa depois...

— Tudo bem – Peter respondeu antes de Nova Prime terminar – Eu preciso processar tudo isso.

— Entrem em contato quando souberem mais. Com o que sabemos agora a busca vai ser muito mais fácil.

O telefone da sala tocou, e Nova Prime foi atender enquanto Dey acompanhava o colega para fora e os Guardiões saíam.

******

— O que está acontecendo? – Dey perguntou ao retornar e encontrar Nova Prime ainda no telefone, e outros funcionários da sede no lugar onde uma hora atrás estavam os Guardiões.

— Pessoas não pararam de ligar pra cada setor desta base – a líder respondeu – Todos eles alegando ter informações sobre Gamora. Ela foi vista entrando em combate com um homem estranho no estacionamento de um planeta comercial, onde estava acontecendo uma grande feira de venda e troca de peças e equipamentos pra aeronaves.

— Seria a mesma em que os Guardiões estavam antes de virem pra cá?

— Possivelmente. Acho que já sabemos como a criança fugiu. E você? O que aconteceu lá fora? Denarian Dey, está ficando pálido!

— É... Que... Eu acho que esse homem que falam nos telefonemas... Acabou de ser deixado amarrado e ferido na nossa porta. E uma nave que aparenta ser de um grupo que acreditávamos estar extinto, e que por mim eu não ouviria falar o nome nunca mais.

Nova Prime arregalou os olhos.

— Denarian Dey...

— Ordem Negra – ele sussurrou.

— Voltem a seus afazeres e arquivem os telefonemas que puderem – ela disse aos demais funcionários na sala – Envie-o ao interrogatório imediatamente – ela ordenou para Dey quando os dois saíram da sala e fecharam a porta, vendo uma nova agitação no saguão de entrada.

— Parece que todo mundo tirou o dia de hoje pra resolver pendências – Dey brincou.

Os dois seguiram até os funcionários que argumentavam e tentavam prender uma mulher dourada, jovem e aparentemente muito tranquila, apesar das ameaças dirigidas a ela.

— Eu não sei onde está Gamora agora! Eu contrariei ordens e a confiança de minha sacerdotisa pra vir aqui entregar tudo isso. São coisas muito importantes pra elas. E precisam avisar aos Guardiões pra ficarem preparados. Qualquer coisa pode acontecer agora – ela dizia com urgência.

— Deixem...

O grupo se afastou, apenas bloqueando a saída diante da ordem de sua líder, e Alia a olhou com desconfiança.

— Você deve ser Alia – Nova Prime sorriu – Me parece que você sabe aproveitar a chance de fazer a coisa certa.

— É a intenção – ela respondeu – Parece que vocês já sabem mais do que eu pensava. Então devo ter chegado atrasada, mas espero que a tempo.

— Veremos. O que você tem pra nós?

— Antes de nos separarmos por acidente, Gamora deixou essa mochila conosco. Tem coisas muito importantes aqui, de valor prático e sentimental. Ficarei grata se guardarem em segurança e entregarem aos Guardiões.

— Por acaso Celeste está entre esses pertences?

Alia ficou surpresa.

— Vocês acharam Meredith?!

— Ela nos achou, e está bem. Disse que você e Adam são amigos. Mas que não devíamos confiar em sua sacerdotisa, o que não foi tão surpreendente, levando em consideração que ela governa pelos modos arcaicos do sistema soberano.

— Se eu não perder meu direito à sucessão depois disso, prometo tentar melhorar muita coisa.

— Vamos ver se Meredith está certa, por mais que eu confie no julgamento das crianças.

Alia abriu a bolsa, não gostando de invadir a privacidade de Gamora e Meredith assim, mas era preciso agora.

— Sim, ele está aqui – ela mostrou o ursinho ruivo, vendo Nova Prime e Dey se entreolharem e sorrirem.

— Nos acompanhe de bom grado e nenhuma atitude extrema será precisa.

Alia concordou, devolvendo o ursinho à mochila e a entregando a Dey.

— Obrigado.

— Eu ficaria feliz se acolhessem meu piloto e não destruíssem nossa nave. Ele nem sabe de tudo e está só ajudando e cumprindo ordens.

— Tudo bem, mas vamos ter que coloca-lo sob custódia temporária, e a nave também. Até que se esclareça tudo, seu povo cometeu uma série de crimes. Você e seu amigo são os únicos ajudando e protegendo as vítimas, sendo possivelmente testemunhas confiáveis. Explicaremos isso a ele também.

— Eu compreendo.

Alia foi conduzida a um elevador e levada para uma sala em outro andar, onde haviam outros funcionários e seguranças do lado de fora. Talvez eles a considerassem uma ameaça em potencial, apesar de tudo que disseram, ou queriam protege-la como testemunha, ela não sabia.

— Vá guardar isso. Eu vou contatar os Guardiões.

— Certo, senhora – Dey concordou, saindo do local com a mochila de Gamora.

— Você pode se sentar se quiser – a mulher mais velha sorriu, indicando uma fileira de cadeiras, na qual Alia se sentou na primeira delas.

Nova Prime falou com alguns funcionários, alguns deles olhando para Alia com um olhar que ela não conseguiu decifrar, e depois a mulher apertou um botão para chamada de voz.

— Guardiões, aqui é da sede da Tropa Nova. Nova Prime falando. Tenho informações interessantes e algumas confirmações sobre nossa conversa mais cedo. Gostaria que todos vocês voltassem aqui imediatamente. Um grupo de guardas aguardará vocês aqui perto. Alguma coisa perigosa pode estar acontecendo. Venham todos, não deixem ninguém pra trás.

— Se tudo que você nos contou no elevador for verdade, temos que conter essa criança, e mudar o caminho dela, se possível, enquanto ainda não descobriu todas as suas capacidades – a líder dos Nova falou para Alia ao concluir a chamada – Por que você acha que Gamora está aqui?

— Quando vimos a nave da Ordem Negra levantando voo, não sabíamos se era ela ou aquele homem fugindo. Como nenhum dos dois estava em lugar algum, decidimos seguir a nave. Não sei o que aconteceu lá depois. Mas também não encontrávamos Meredith. Uma comerciante nos disse que os Guardiões tinham acabado de sair pelo outro lado da feira antes de começar a batalha no estacionamento, e que havia uma menina com eles, que batia com a descrição de Meredith. Gamora foi muito enfática que se não sobrevivesse ao parto, deveríamos deixar o bebê aqui com vocês, ou na Terra com os Vingadores.

— Ainda me sinto muito confusa sobre como seu amigo a trouxe de volta, ainda mais, grávida.

— Nós também. Isso ainda é um mistério até pra ele. Estávamos tentando descobrir em segredo no nosso planeta, mas não temos muito ainda. Quanto ao bebê... Gamora disse que seu assassino sabia quando a matou.

— Thanos..

— Sim.

— E o que aconteceu com a Gamora de 2014?

— Eu não sei... Acho que agora elas vivem como uma só.

Nova Prime assentiu, e apertou outro botão num painel, fazendo surgir um holograma.

— Por acaso o homem que viram em combate com Gamora é esse?

— Sim! É ele! Como chegou aqui? Então acertamos? Gamora está aqui mesmo?

Antes de uma resposta vir, um estrondo foi ouvido do lado de fora e alarmes de alerta dispararam na base.

— Nós vamos resolver isso. E quando acabar, nós, os Guardiões e o seu povo teremos muito, muito a discutir.

— Eu já esperava por isso – Alia respondeu simplesmente, pensando no quanto Ayesha detestaria descobrir tudo que ainda não sabia e que podia acontecer.

Mas bem... Ela e Adam tinham tentado evitar, muitas vezes. E pensando profundamente nos poucos minutos que ainda pode ficar quieta no canto da sala, Alia teve certeza que não se arrependia de nada. Ela levantou e tentou ver pelas janelas. Naves e oficiais da base já estavam correndo e se posicionando do lado de fora, alguns seguindo na direção da cidade, e uma nave negra e prateada, seguida por algumas menores, se aproximava do solo.


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