O novo ano começou e a rotina voltou a ser agitada. Hermione agora estava no segundo trimestre, os enjoos passaram, se sentia mais disposta e o volume na barriga começou a se destacar. Ron dizia que a cada mês que a gestação avançava, Hermione ficava ainda mais radiante. Como se a felicidade por estar gerando uma vida dentro dela irradiasse um brilho único dela.

—Oi, Ron! –Hermione o cumprimentou assim que entrou no carro após um longo dia de trabalho.

—Oi! –Ron sorriu ao vê-la. –Como foi seu dia?

—Cansativo, ficar em pé o dia todo está matando meus pés! –ela resmungou cansada. –E você?

—Cansativo também e descobri que terei que viajar semana que vem. –ele não ficou nem um pouco feliz com a notícia. –Irei perder a consulta.

—Eu posso remarcar. –Hermione sugeriu, não queria que Ron perdesse a consulta que poderia revelar qual o sexo do bebê.

—Você faria isso? –Ron ficou animado com a sugestão.

—Claro, quero que esteja comigo. –ela sorriu. –Mas essa mudança vai te custar caro, começando com um banho de banheira e massagem para diminuir o inchaço dos meus pés e um jantar.

—Tudo pela mãe do meu bebê. –ele ligou o carro para irem para a sua casa.

Como prometido Ron fez o jantar enquanto Hermione ficou sentada com os pés para cima. De tanto que Hermione pedia para Ron cozinhar que ele precisou aprender umas novas receitas, ainda mais que algumas receitas que sabia fazer iam ingredientes que não faziam bem a Hermione, principalmente com o enjoo.

—Chef qual o prato de hoje? –ela perguntou curiosa vendo ele servir o jantar.

—Risoto siciliano. –ele respondeu orgulhoso da receita que aprendera. –Agora é hora dos jurados avaliarem.

—Nós iremos. –Hermione levou o garfo a boca e o gosto estava maravilhoso. –Ron isso é muito bom! Não é, bebê? O papai cozinha tão bem!

—Que bom que gostaram! –Ron sorriu antes de provar o seu risoto.

Após jantarem Ron preparou a banheira para que Hermione pudesse relaxar enquanto ele limpava e arrumava a cozinha. Hermione já estava reaquecendo a água quando Ron finalmente apareceu, sentou-se na borda da banheira e começou a massagear os pés dela.

—A água está quente ainda, você podia entrar também.

Hermione não precisou pedir duas vezes, Ron imediatamente começou a desabotoar os botões da camisa, jogando a roupa no canto do banheiro, se juntou a ela na banheira. Ao entrar na banheira, ele voltou a pegar os pés dela e massageá-los.

—Talvez esteja na hora de você pedir licença do trabalho. –ele sugeriu. –Afinal você fica pé o dia todo e correndo atrás dos pestinhas.

—Não posso, vou ficar até o final do ano letivo. –Hermione estava cansada, mas não queria deixar seus alunos. –Segundo a médica é para o bebê nascer em julho, mesma época que entro de férias.

—Você vai aguentar? –Ron estava preocupado. –Não quero que nada aconteça com você ou o bebê.

—Acho que sim, mulheres no mundo todo trabalham enquanto estão grávidas. –ela sorriu. –Posso dar conta desde que você continue fazendo massagem todos os dias nos meus pés.

—Pode contar comigo. –ele sorriu. –Agora saindo, a senhorita já ficou tempo demais na água.

—Que mandão. –Hermione saiu reclamando enquanto Ron soltava uma risada alta.

Ron esvaziou a banheira, colocou as roupas no cesto de roupas sujas e escovou os dentes antes de ir para o quarto. Hermione já estava deitada e lendo um livro.

—Minha mãe ligou. –Ron olhou o celular e estranhou a ligação. –Vou retornar.

Molly havia ligado para avisar que ela e Arthur iriam fazer uma festa para comemorar o aniversário de 35 anos de casamento. Não seria nada demais, apenas um churrasco em uma chácara para a família e amigos. Marcaram para mês que vem.

—Que fofos! –Hermione comentou após se despedir de Molly. –Comemorar 35 anos de casados.

—Dá para acreditar? –Ron colocou o celular para carregar e virou-se para ela. –Uma vida juntos.

—É, mais anos do que temos de idade. –ela brincou deixando o livro de lado, o sono já estava mais forte do que a vontade de ler. –Boa noite, Ron.

—Boa noite, Hermione. –ele a beijou antes de dormir.

O segundo quarto do seu apartamento começava a virar o quarto do bebê. Hermione conseguiu com a ajuda de Luna a tirar a bagunça que ali estava e deixa-lo livre para as coisas do bebê que precisava comprar.

Ron teve uma semana cansativa na Alemanha, mas agradeceu por ter dado tudo certo, assim não precisaria voltar tão cedo. Chegou em Londres e foi para casa deixar a mala e tomar um banho rápido, pois havia marcado de encontrar Hermione em uma loja de artigos de bebê.

A loja era chique, provavelmente tudo ali custava uma fortuna e Hermione não poderia pagar, mas na vitrine o berço a chamou atenção. Queria entrar e dar uma olhada enquanto esperava Ron.

—Boa noite, em que posso ajuda-la? –a vendedora simpática veio atende-la assim que entrou na loja.

—Boa noite, queria ver o berço ali da vitrine. –ela indicou o berço.

—Claro, vou mostra-lo a senhora.

O berço era lindo, porém pagar quatro mil libras nele estava totalmente fora do orçamento dela. Sem graça em dizer isso a vendedora, Hermione disse que iria voltar para ver com o namorado. Estava de saída da loja quando alguém a chamou.

—Hermione, o que faz aqui? –perguntou Megan estranhando por encontrar a amiga em uma loja de artigos para bebê.

—Eu só estava olhando. –ela respondeu surpresa por reencontrar a ex-amiga que a fez sofrer tanto.

Megan não entendeu até olhar para a barriga dela e se assustar.

—Você está grávida também! –ela abraçou Hermione que não correspondeu. –Estou tão feliz por você! Me conta como aconteceu isso?

Hermione ia abrir a boca para responder, porém Viktor apareceu ao lado delas e ficou ainda mais assustado ao ver a barriga da ex-namorada.

—Viktor, Hermione está grávida também! –Megan contou a novidade ao marido. –Que coincidência, não?

—É. –foi tudo que Viktor conseguiu dizer.

—Me conta, como isso aconteceu? –Megan perguntou novamente. –Você sumiu depois daquele dia, nós queríamos pedir desculpa, mas não a encontramos.

Ron procurava Hermione nas lojas perto do lugar que marcaram de se encontrar, seria mais fácil se ela atendesse o celular, mas conhecendo ela, sabia que Hermione deveria estar mergulhada no universo de roupas e acessórios de bebês que nem via o celular tocar. Passava em frente a uma loja chique e viu Hermione conversando com um casal.

—Oi, finalmente te encontrei. –Ron parou ao lado dela e a beijou rapidamente. Estranhou Hermione não ter correspondido o beijo e a cara pálida dela. –Está tudo bem?

—Sim, eu só... –Hermione não sabia o que dizer, nem em seu pior pesadelo essa cena havia acontecido.

—Você deve ser o pai do bebê da Hermione. –Megan se apresentou, já que Hermione não havia feito as devidas apresentações. –Eu sou a Megan, uma velha amiga dela e esse é meu marido Viktor Krum.

—Ronald Weasley. –ele cumprimentou sem entender o clima estranho. –Então para quando é o bebê de vocês?

—Daqui dois meses. –Megan respondeu ansiosa. –Viemos comprar os últimos detalhes para a chegada do Viktor Júnior.

—Parabéns. –Ron respondeu tentando entender por que Hermione e Viktor se olhavam de um jeito estranho.

—Acho melhor irmos indo. –Hermione finalmente conseguiu dizer algo. –Precisamos olhar outras lojas.

—Claro, também vamos. –Megan se despediu. –Bom te ver Hermione, me ligue para tomarmos um café qualquer dia e conversamos sobre nossos bebês.

Ron e Hermione saíram da loja e Hermione andou o mais rápido possível para longe. Estava enjoada e com raiva da cena que acabara de acontecer, todo o conteúdo do seu estomago parecia voltar. Achou uma lixeira e colocou tudo para fora.

—Você está bem? –Ron perguntou preocupado. –Achei que estivesse melhor dos enjoos.

—Acho que nunca vou conseguir olhar para o meu ex-namorado e ex-melhor amiga que me traíram e agora estão casados e terão um filho juntos sem sentir vontade de vomitar. –ela falou antes de vomitar mais uma vez.

Agora Ron entendeu tudo, principalmente o clima estranho.

—Você poderia ter me avisado. –ele falou ao relembrar a cena. –Fiquei tentando ser simpático com duas pessoas que te fizeram tão mal.

—Desculpe. –Hermione tirou o rosto da lixeira, sentia-se um pouco melhor. –Eu fiquei sem reação, primeiro encontro Viktor na Alemanha, agora os dois nessa loja. Esperava não vê-los nunca mais na vida!

—Sinto muito. –Ron a abraçou. –Quer que eu volte lá e de um soco na cara dele?

—Dispenso esse tipo de cavalheirismo. –ela riu voltando a andar, Ron ainda segurava seu corpo perto do dela. –Vamos olhar as outras lojas.

Como ainda não sabiam se seria um menino ou uma menina, Hermione comprava roupas em cores neutras, não que se importasse com estereótipos, mas algumas coisas preferia esperar. Ron não conseguia imaginar como um bebê tão pequeno poderia usar tantas roupas, Ginny havia lhe avisado que recém-nascidos usam muitas roupas, pois vivem se sujando com leite e fraudas cheias. Além que cresciam rápido então uma roupa que servia hoje, semana que vem poderia não servir mais.

—Não sei se eu já te falei, mas o berço meu pai vai dar. –Ron comentou quando voltavam para casa.

—Ron, não precisa. –Hermione não queria causar trabalho ao senhor Weasley. –Não vou comprar o berço de quatro mil libras que vi na loja, mas posso comprar um mais barato.

—Meu pai insistiu. –ele explicou. –Ele fez o meu berço, depois o de Ginny. Fez o de James e Albus, agora vai fazer o do nosso bebê. Meu pai é realmente bom em trabalhos com madeira.

—Bom, se é assim, é claro que aceito um presente desses. –ela ficou feliz pelo presente tão especial que Arthur estava fazendo para o seu bebê.

—Ótimo! –Ron sorriu. –Só não diga que eu te contei porque até onde sei é para ser surpresa.

—Pode deixar.

Hermione estava desenvolvendo um projeto com seus alunos e que contaria com a participação das famílias. As crianças estavam aprendendo sobre as diferentes profissões e cada aluno iria levar o pai, mãe ou outro familiar para contar a turma sobre a sua profissão.

—Professora? –George a chamou enquanto preparavam os materiais para a apresentação das profissões.

—Sim, George? –ela levantou da sua mesa e foi até o aluno.

—Você vai trazer o pai do seu bebê para a apresentação? –ele perguntou.

—Não vou. –Hermione respondeu sem entender a pergunta do menino.

—Mas seu bebê está aqui com a gente todos os dias, não deveria participar também? –o menino insistiu.

—É verdade! –Julian concordou com o colega. –O pai do bebê tem que participar, professora!

—Tudo bem. –ela riu da ideia de seus alunos. –Vou ver se ele pode vir, tudo bem?

Ron esperava Hermione do lado de fora da escola para irem jantar com Harry e Ginny na casa da irmã. Ela estava demorando, já ficou preocupado até vê-la sair da escola carregada de papeis, isso significava que teria trabalho no final de semana.

—Oi. –ela entrou no carro e colocou tudo no banco de trás antes de beija-lo. –Desculpe o atraso.

—Oi, já estava preocupado. –ele retribuiu o beijo. –Achei que havia se perdido dentro dessa caixa cheia de papeis.

—Esses papeis são para você. –Hermione riu da cara de dúvida que ele fizera. –Meus alunos falaram que você também tem que participar do projeto sobre as profissões que estamos fazendo. Argumentaram que como o bebê está comigo nas aulas o pai dele também tem que ir.

—Entendi. –Ron riu da lógica das crianças. –Tudo bem, só me diga o dia e o que eu preciso fazer.

—Ótimo! –ela o beijou feliz por ter aceitado o seu pedido. –Teremos lição de casa no final de semana!

Harry e Ginny convidaram Ron e Hermione para jantarem em sua casa, pois precisavam combinar o presente que dariam ao senhor e a senhora Weasley. A festa de comemoração seria daqui algumas semanas.

—Por que não damos uma viagem? –Ron sugeriu enquanto jantavam.

—Agora que estão aposentados podem tirar férias. –Harry completou.

—É uma boa ideia, mas para qual lugar? –Ginny gostou da ideia.

—Eles já foram para Roma? –Hermione perguntou. –É um lugar romântico para comemorar 35 anos de casados.

—Acho que não, eles viajaram pouco. –Ron pensou nas últimas viagens que os pais fizeram.

—Podemos ir em uma agencia de viagem e comprar. –Harry concordou. –Deixamos a opção de data e local para eles escolherem.

—Aproveitamos e compramos uma para nós. –Ginny deu uma ideia ao marido. –Nas férias das crianças podemos viajar.

—Esse presente vai sair caro, hein! –Ron brincou com o amigo. –Eu vou sugerir aos meninos que peçam para ir para a Disney!

—Você nem comece a atentar meus filhos, Ronald! –Ginny ameaçou o irmão. –Afinal a vingança é um prato que se come frio e eu seu filho ou filha está a caminho.

—Depois dessa ameaça é melhor você não se meter. –Hermione riu da cara de espanto de Ron.

Ron estava animado em participar do projeto de Hermione e seus alunos. Hermione o ajudou a preparar o material em cartolina e o instruiu a explicar de forma simples as crianças sobre a sua profissão. Estava em seu escritório pensando no que falar mais tarde para as crianças quando viu a maquete sobre a construção de um parque eólico e teve uma ideia. Iria levar a maquete para mostrar as crianças e fazer vários cata-ventos como um exemplo prático, para isso precisou da ajuda dos estagiários que trabalhavam com ele.

Os pais começaram a chegar no final da tarde, a apresentação estava marcada para sexta-feira após o horário da aula, assim os pais e familiares poderiam sair do trabalho e se deslocar até a escola. Ron chegou trazendo a maquete e uma caixa o que acabou assustou Hermione.

—O que é isso? –ela perguntou sem entender. –Só o cartaz bastava.

—Achei que trazendo essa maquete as crianças iriam entender melhor. –ele explicou colocando a maquete em cima da mesa dela. –Ei, a caixa é surpresa.

As apresentações começaram e os pais, mães e familiares foram falando sobre suas profissões. Tinham várias desde bombeiro, policial e médico a profissões novas como analista de dados e design de sites. Quando todos haviam falado, foi a vez de Ron. Hermione o apresentou como pai do seu bebê e explicou a sua presença ali devido pedidos dos alunos.

—Oi, eu sou o Ron Weasley e como a professora Hermione contou sou o pai do bebê. –Ron se apresentou antes de começar. –Eu sou engenheiro civil e trabalho construindo coisas, principalmente uma coisa muito interessante que transforma o vento em energia.

Ron ligou a maquete na tomada antes de continuar a explicar.

—Todos nós precisamos de luz. Para iluminar essa sala, ligar a televisão em casa e tantas outras coisas. Mas como essa luz é feita? Tem vários jeitos, esse que eu estou mostrando é através do vento.

A maquete ligada começou a acender conforme os cata-ventos giravam e a energia era levada até as casas da pequena cidade da maquete. Era simples, mas ajudou muito as crianças a entenderem e elas ficaram ainda mais felizes por poderem levar para casa um cata-vento, saíram assoprando o fazendo girar.

—Ron foi incrível! –Hermione o abraçou depois que todos foram embora! –Eu nem sei como te agradecer, você viu como as crianças adoraram?

—Não foi nada, eu gostei muito de vir aqui e dizer o que eu faço. –ele respondeu um pouco sem graça pelos elogios que recebera.

—Como teve a ideia dos cata-ventos?

—Tive hoje de manhã e coloquei meus estagiários para montar, mas eu ajudei também. –Ron mostrou os dedos com marcas de cola. –Não sou tão bom como você nessas coisas, mas acho que ficou bom.

—Ficou maravilhoso. –ela o beijou. –Já sabemos que quando for a vez do bebê ter um projeto desse na escola você será o escolhido. O bebê irá adorar ver o pai explicando aos colegas.

—Você acha? –ele sorriu ao pensar na perspectiva de participar da vida do filho.

—Tenho certeza!