Lightsabers Out escrita por Lady Liv


Capítulo 7
The 'Eat Shit' Scene


Notas iniciais do capítulo

porque a autora não tem criatividade pra pensar em um título melhor



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Após darem voltas pelo jardim, Hux resolveu finalmente iniciar a investigação dentro da casa. Luke Skywalker os cumprimentou na entrada, segurando uma caneca de porcelana.

— Vieram cedo, não querem um pouco de café?

— Ah cafeína! Onde eu estaria sem ela? Mas no momento estou bem, obrigado. – Hux sorriu, voltando-se para as garotas. — Vocês querem?

— Eu só tomo chá. – Rey murmurou ao mesmo tempo que Rose também recusava.

— Bom, a cozinha está sempre aberta. Assim como os outros cômodos. – Luke riu, gesticulando. — Não sei aonde vão investigar, mas se precisarem de qualquer coisa...

— Não são todos que aceitam estranhos bisbilhotando.

— Pra mim, quanto mais rápido isso tudo terminar, melhor! Mara e eu estamos planejando férias bem longe daqui. Temos uma ilha em Mustafar.

— É um lugar bem quente. – Hux disse, fazendo Luke rir ainda mais.

— Você não tem ideia!

Pedindo licença, voltaram ao trabalho. Rey os guiou pela casa e Rose notou, não pela primeira vez, como sua amiga estava desconfortável com toda aquela situação.

Controle seu instinto, Tico, ela se ordenou. Você não é o Hux.

E por falar no ruivo, ele não parava de observar os cantos mais alheios da casa.

— O que você espera encontrar aqui? – Rose perguntou, sem entender. Confiava bastante na equipe de perícia que tinham, e se nem mesmo Beaumont Kin havia encontrado algo suspeito, não conseguia ver como Hux conseguiria. — Sem querer parecer pessimista, mas...

— É, eu sei.

Ele não parecia saber, mas ela não pressionou.

Dentro do estúdio, Rose e Rey esperaram pacientemente na porta, e não demorou muito para Hux começar a ficar frustrado.

— Cadê a... a... bolsa de remédios?

— Eu não sei, – Rey respondeu. — Eu deixei aqui, sempre deixo aqui a noite.

— Podem ter pego como evidência?

— Pode ser, eu vou dar uma olhada.

Deixando-os sozinhos, Rose desceu as escadas com o celular em mãos.

— Sim? – Finn atendeu.

— A bolsa de remédios da Rey.

— Sim?

— Vamos precisar dela.

— Foi o Hux que pediu? Deixa eu adivinhar, a frustração já ‘tá tomando conta?

Rose sorriu. — É quase uma tortura assistir. Não somos assim, somos?

— Naaah, a gente pula direto pro abandono.

— Sabia.

— Enfim, a bolsa deve estar no laboratório. Vou pedir pro pessoal pegar quando forem atrás do exame toxicológico.

— OK, e... aonde você está?

— No terraço com o Poe e a Zorii.

— Zorii?

— Eu sei, mas até agora continuo sobrevivendo.

— Aguenta firme, ‘tô indo pra aí.

Certo... agora qual terraço? Rose se perguntou, decidindo pegar a direita. Mesmo sabendo que toda a família estava em casa, era incrível o quão vazio o lugar parecia. O clima também não ajudava, os raios de sol da manhã sendo cobertos pelas nuvens carregadas e impedindo a iluminação de boa parte dos corredores. Céus, nada poderia ser pior do que-

— CRUZ CREDO! – o grito lhe escapou antes que pudesse controlar. Sentado em frente à janela, o velho Palpatine ignorava os jardins a encarando fixamente. — Aaah... Oi! Eu só estava...

Sendo estúpida, pensou, as bochechas queimando.

Apontando para trás, ela voltou por onde tinha vindo, e em sua vergonha, não percebeu a porta do escritório se abrir, quase trombando com Leia.

— Rose! Pensei ter ouvido alguém gritar.

Ah, é, sobre isso...

— Gritar? Não, não ouvi não! Na verdade, eu estava procurando o... – sua voz diminuiu ao ver que a mulher limpava o rosto com um lenço. — Desculpa, eu só-

— Tudo bem, querida. – Leia sorriu, ou pelo menos, tentou sorrir. — Quem você estava procurando?

— Finn.

— Oh! Sim, eu o vi no terraço. Pra lá.

— Ah.

— Começaram cedo hoje não foi?

— Quanto mais rápido terminamos, melhor né. Luke que disse.

— Claro.

Leia continuou a falar, algo sobre como a família estava sendo afetada pelas investigações, no entanto, toda a atenção de Rose estava em suas mãos, segurando um lenço em uma e uma caixa de artesanato em outra, cuja qual estava repleta de papéis cor de rosa com emblemas, bilhetes talvez?

Rose ergueu os olhos, o estranho silêncio tomando conta do ambiente.

Ai não.

Não, não, não, não.

Ela não era esse tipo de Detetive, não mesmo.

— Eu... – Rose tossiu, coçando a cabeça. — Eu sei que... muitas pessoas já te disseram isso, mas... Eu sinto muito pela sua perda, sinto de verdade.

Leia a considerou por um momento, como se tentasse enxergar se o que ouvia era sincero, e conhecendo sua história, conhecendo a história de Paige, não demorou muito para que seus olhos se suavizassem.

— Obrigada. Só que meu pai e eu... não tínhamos uma relação fácil.

— Eu sei.

— Sabe?

— Han.

— O que?

Ela sorriu, e explicou como era comum encontrar Han Solo resmungando sobre Skywalker sempre que Finn o citava. Apesar de não lembrar exatamente o que ele dizia, Rose lembrava do seu tom de defesa, contra o sogro e sempre a favor de sua esposa... ex-esposa? Rose nunca teria coragem de perguntar.

— Han não parecia gostar muito dele.

— Não, ele... não gostava... culpa minha, não vou negar. – Leia fungou, dando de ombros. — Antes de saber a verdade sobre o meu sangue, eu odiava o meu pai e, acho que Han acabou tomando as minhas dores.

— Só que vocês deram um jeito, não é? Quer dizer, você e o seu pai.

— É, eventualmente, encontramos um jeito de... nos comunicarmos. – ela riu, sem humor, os olhos voltando a marejar. — Porque sempre foi assim com ele, ele gostava de jogar um jogo com você, por mais ridículo que fosse. Luke com as espadas, Holdo com os livros, meu filho com aquele tabuleiro de GO... era o modo dele demonstrar que se... importava.

— São bilhetes dele?

Leia sorriu, quase abraçando a caixa.

— Não.

Rose franziu o cenho.

— São meus. Eu queimei todos que ele me mandava. Como eu disse, não tínhamos uma relação fácil.

— Ah.

— Pois é.

Mais uma vez, o silêncio esquisito ameaçou voltar, mas Leia o quebrou antes que o fizesse.

— Anakin guardou os meus bilhetes, durante todos esses anos, cada um deles. Não sabia o que ele fazia, mas nunca pensei que ele fosse guardar. Eu não era exatamente simpática.

Quando ela riu, dessa vez realmente achando graça, Rose a acompanhou.

— Então ele se importava de verdade.

— Sim, por mais ridículo que fosse... sabe, depois de perder tantas pessoas, não pensei que a morte dele fosse doer, humhum, mas dói bastante.

Sempre dói, Rose pensou em dizer, mas se manteve quieta. O que fazer naquela situação? Um toque no ombro? Um abraço? Bem sabia que tais gestos não haviam funcionado quando ela própria passou pela mesma situação. Seu remédio havia sido o trabalho e as piadas ruins de Finn. Mas também, pessoas agiam diferentes com o luto.

Antes que pudesse tomar sua decisão, o momento foi quebrado.

O ronco de motor familiar e os latidos constantes de BB-8 a fizeram correr até a janela, confusa. — É o Ren?

Por um instante maravilhoso, havia esquecido a existência do filho de Leia.

— Foi buscar a Bazine no hotel. – Leia suspirou, seu tom de voz cansado. — Só assim pra essa garota vir pra cá.

Agora Rose Tico tinha ouvido muito falar de Bazine Netal, a filha adotiva de Ahsoka Tano, mais especificamente sobre como ela havia abandonado a carreira promissora de modelo para se casar com um empresário barrigudo três vezes sua idade. Enquanto a família nunca a perdoou por tamanho escândalo, Kylo Ren fazia questão de tê-la por perto.

— Já viu quem chegou?

— Mais pra ouvir quem chegou. – Rose respondeu ao passo que Finn, Poe e Zorii se aproximavam. — Espero que tenha se preparado bem porque eu não vou interrogar ela.

— O que?!

— Finn, não começa.

— Mas Rose!

— É, Rosita, que tortura.

— Poe, só vou falar uma vez: nem pense em se meter nisso!

— Calma, eu não sonharia! Posso enfrentar o Kylo todos os dias, mas Bazine me cansa.

— Não me diga.

— Nunca vi alguém tão narcisista! Só de pensar naquele sorriso falso... – Zorii grunhiu, a mão fechada em punho. — Ainda bem que vai ser a última vez que lidamos com aquela cobra!

— E com o Ren!

— Parece até um sonho.

— Bom demais pra ser verdade, eu sei.

Rose olhou entre o casal, sem entender. — Do que estão falando?

— Digamos que hoje as coisas vão mudar muito pra aqueles dois, mas principalmente, pro Ren. – Poe disse, e Rose não gostava do sorriso que ele carregava, não mesmo.

— Acho que eu lembro da Bazine, – ignorante a sua desconfiança, Finn disse pensativo. — Não foi por causa dela que você quase perdeu o seu brevê? Aquele vídeo cantando Take My Breath Away, bêbado na-

— HÁ HÁ HÁ, não. – Poe gritou, rindo nervosamente. — Não, não foi bem assim. Isso foi só uma brincadeira que foi longe demais.

— Como eu disse, uma cobra! – Zorii insistiu.

— Foi ela que te dedurou pro Han?

— Ela não dedurou nada, porque não houve nada para dedurar.

Rose rolou os olhos, Poe Dameron era de longe o menos inocente de seu grupo de amigos.

— Sempre há algo para dedurar, sr. Dameron. – a voz de Hux reverberou junto de seus passos na escada. Rey vinha bem atrás dele, não parecendo muito feliz. — Todos guardamos informações, detalhes que não julgamos importantes, detalhes que recusamos a aceitar, e que fazem a diferença em um quadro completo. É necessário apenas aplicar a pressão certa.

— E você planeja aplicar a pressão certa na Bazine? Boa sorte com isso, Detetive.

Rose o ignorou, perguntando a Rey e Hux:

— Sobreviveram sozinhos?

— Ele gosta de testar minha paciência. – Rey resmungou, fazendo Hux sorrir.

— Eu acho que você está indo muito bem.

Uma sombra surgiu na porta, os calando subitamente. Kylo Ren parecia estar em outro dia ruim, Rose notou, tensa. Ele conseguia transformar o simples ato de limpar os sapatos no tapete algo violento. Não sabia decidir o que era pior, ouvi-lo falar ou ouvir seu silêncio.

— Babaca. – Poe xingou.

Bazine Netal entrou logo em seguida, sua demora explicada na forma dos maiores saltos do mundo. No entanto, nada comparado a droga do casaco de pele de zebra que a mulher vestia.

— O que que é isso? – Poe perguntou, horrorizado.

— Ela parece um personagem dos Jogos Vorazes. – Finn murmurou de volta.

— Da Capital?

— Sim.

— Acredite, ela é tão vazia quanto um.

— Sra. Netal. – Rose a parou, tentando não encarar suas marcantes e pontiagudas sobrancelhas. — Sou a Detetive Tico, esses são meus parceiros Hux e Trooper, estamos aqui para fazer algumas perguntas sobre a noite em que seu avô morreu.

— Parceiros... é assim que estão chamando hoje em dia?

— Como é?

— Oh, perdão. Eu não quis ofender.

— Sim, quis. – Hux retrucou de modo simples e sem hipocrisia.

— Tá, só um pouquinho. – ela sorriu para o ruivo, o olhando de cima à baixo. — Tenho algumas ligações pra fazer, mas... logo estarei sozinha. Podemos ter uma conversa então.

Rose apertou os olhos, mas o que raios-

Oh.

— Eu vou esperar.

— Nós, – Rose frisou. — iremos esperar.

A mulher assentiu, e Rose usou de todo o profissionalismo que tinha até que ela fosse embora.

— OK, ela tem mesmo um sorriso falso.

— Eu disse. – Zorii suspirou, puxando Poe pelo braço e também se afastando.

Certo, era hora de ignorar aquela sensação desagradável e se focar no que era realmente importante, eles tinham um trabalho a fazer e-

— Ué, cadê a Rey?

Hux olhou ao redor, surpreso. — Uau, ela é boa mesmo não é?

— Boa em que?

— Não se preocupe, Tico. Tenho certeza que ela não foi muito longe.

Eles se guiaram até a sala de estar aonde a família aguardava a chegada dos advogados, e também aonde as vozes gradualmente aumentavam. Aparentemente, Mara Jade e Luke não concordavam com os destinos de viajem.

— Eu não vou pra lá, não mesmo!

— Você disse que queria uma ilha!

— E você me oferece Ahch-To?! Aquele lugar mal tem areia, onde eu iria praticar meus exercícios?

— Sempre há Mustafar como opção.

— MUSTAFAR?!

Hux bufou uma risada, encostando-se na parede e os observando. Rose e Finn fizeram o mesmo.

— Não lembra o que aquele lugar fez com a minha pele?!

— Eu-

— Eu lembro! – sentada no colo de Poe, Zorii ergueu a mão. – Também me queimei toda com aquele sol, foi horrível.

— Nós vamos vender aquela sauna na primeira oportunidade! – Mara Jade exclamou, ignorando Zorii completamente.

— E-eu não posso simplesmente vender a ilha do papai!

— E por que não?!

— Mara, não se irrite tanto. – Leia interrompeu sua conversa com Holdo, dizendo. — Provavelmente a ilha não vai ficar pro Luke, não irá precisar se preocupar com a venda dela.

— Como assim provavelmente?

Leia se calou, mas bastou um olhar para Amilyn Holdo para Mara Jade voltar a explodir.

— Ah claro! Por que não estou surpresa?! Não conseguiu fazer a cabeça do meu marido, mas conseguiu a do meu sogro!

— Mara! – Luke arfou.

— Eu não fiz a cabeça de ninguém, Anakin me deixou cuidando da ilha por vontade própria, ele sabia que eu seria competente o bastante. Pense nisso como um favor.

— Vou te mostrar o favor quando eu enfiar-

— Por favor, gente, – Luke pediu, segurando a esposa pelos ombros. — Papai não ia querer que brigássemos.

— E de que lado você está? – Mara Jade retrucou.

— De ninguém, por que tem sempre que ser lados com você?

— Bom dia família! Grande dia!

Todos pareceram fechar os olhos ao mesmo tempo, a presença de Bazine Netal os fazendo gemer em lamentação.

— Já vi que acordaram animados, hein? Do que falavam?

— Você não iria se importar.

— Tem razão, titio, mas estou entediada.

— Devia ter ficado em casa. – Mara Jade falou, ainda irritada pela discussão anterior.

— Ou num zoológico. – Poe adicionou, ainda horrorizado com o casaco de pele que Bazine ostentava. Céus, aquilo devia ser pesado, Rose pensou, e quente. Sem querer, lembrou-se de Paige novamente, de sua insistência em protege-la do frio, de sua coragem em trabalhar na rua, de seu sacrifício para com Rose. Não eram uma família grande, mas com certeza eram mais família do que aquele grupo de pessoas que insistiam em jogar farpas uns contra os outros. — Ah, que ótimo! – Poe voltou a resmungar alto, bufando.

Rose piscou, afastando-se a tempo para Kylo Ren adentrar a sala como um furacão.

— Se divertindo sem mim, Baz? Ouvi gritos. – ele disse, jogando-se numa poltrona vazia e esticando os pés sobre a mesa.

— Só tentando me atualizar, mas ninguém aqui me diz nada.

— Devem ter esquecido de mencionar que a Kaydel finalmente saiu do jardim de infância.

— Mentira! E o que ela está estudando?

— Artes liberais. – Luke respondeu, deixando-a com um olhar confuso.

— Artes, o que?

— Justiceira social. – Ren simplificou, zombando.

Netal gargalhou, desejando boa sorte em um tom provocador. Kaydel nem mesmo se mexeu, continuando a digitar furiosamente no celular. Rose acreditava que a menos que um terremoto ameaçasse destruir a casa, ela iria continuar bem aonde estava.

— É necessário muita cara de pau pra julgar o curso da Kaydel, – Poe disse, parecendo expressar o que tanto Luke como Holdo engoliam em respeito à Leia. — Principalmente vindo de alguém que escolheu música.

— Eu não brincaria com a minha paciência hoje, Dameron. Estou de mal humor.

— Calma irmãozinho, sou um grande apreciador da arte, só estou preocupado. Há rumores que a sua banda está por um fio, é verdade? Como vai conseguir sobreviver?

— Uau, você é mais dedicado à minha vida do que os meus fãs.

— Não fale assim Kylo, ele precisa de uma vida pra cuidar já que a Zorii está tão ocupada cuidando da dele. – Netal diz, fingindo um biquinho triste.

— Hey! – Zorii exclama, ficando de pé.

— Não se ofenda tanto, Bliss.

— É, estamos ansiosos para ver como o seu golpe do baú termina. Será que vai ser um sucesso igual ao meu?

— Veja lá como fala comigo!

— É, veja lá como fala com ela!

— Sem ofensas, mas me sinto ameaçada por uma tartaruga.

As risadas de Mara Jade serviram como plano de fundo quando os quatro passaram a trocar gritos, Leia fechando os olhos para a cena enquanto Luke cruzava os braços em desgosto. Holdo quietamente dava sua atenção a Kaydel, preferindo não se envolver.

— Já estão discutindo? – Rey pergunta, se achegando hesitante.

— Aonde você estava?

— Tomando café.

— Você não toma café.

— Tomando café da manhã. – Rey completou. — Maz ofereceu.

— Achei que estivesse sem fome.

— Oh, ela estava com muita fome. – Hux sussurra, se intrometendo entre as duas. — Muita, muita fome, não é srta. Niima?

— Rose, eu vou socar o seu parceiro.

Rose consegue segurá-la a tempo, arregalando os olhos.

— O que é isso? Parem, vocês dois!

— Foi ele que-

— Eu não fiz nada.

— Cara, você é estranho. – Finn comenta para o ruivo, que dá de ombros.

Colocando-se entre a amiga e o Detetive, (só por precaução!), Rose tentou entender que tipo de jogo Poe estava tentando contra Kylo Ren dessa vez.

— Não acreditei que fossem dar as caras por aqui hoje. Chega até a ser engraçado, por que se incomodaram em vir? Quer dizer, depois do que o Anakin fez... eu realmente não entendo.

Houve um momento.

A informação pareceu demorar a ser digerida, mas logo todos tinham o mesmo olhar confuso no rosto. Ren tirou os olhos do chão, e ele estava a um passo de se enfurecer.

— Como é que é, Dameron?

Poe sorriu cinicamente.

— A Zorii-

— Poe!

— -ouviu algo bem interessante aquela noite.

— Poe, não! – Zorii exclamou, a face vermelha em... vergonha? Não, Rose pensou, com certeza irritação.

— Foi quando o Anakin foi conversar com Bazine na varanda, oh sim, ela ouviu tudinho!

— Espera, o que? – Leia foi a primeira a perguntar. — Ouviu o que?

— Nada.

— Zorii! – Poe esganiçou.

— Eu não quero falar sobre isso, eu-

— Quer falar sim, e vai!

— Do que vocês dois estão falando?! – Luke indagou, buscando pela sobrinha. — Bazine, pode explicar?

— Não.

— Não pode ou não quer? – Poe desafiou, porém a mulher desviou os olhos para as unhas, como se elas fossem mais importantes. Rose sabia que isso só estava irritando Poe ainda mais.

— Sabe-se lá o que a sua noivinha pensa que ouviu atrás da porta-

— Em primeiro lugar, eu não ouvi atrás da porta! Até porque a varanda é aberta, e foi isso que eu fui fazer, pegar um pouco de ar, e-

— Zorii, minha querida, – Leia interrompeu, se pondo de pé. — Está mais do que claro que você sabe de algo que não sabemos, então por favor, apenas fale a verdade. Diga.

Foi quase engraçado a forma que ela se encolheu, como se a figura pequena de Leia Skywalker fosse algum tipo de realeza, e ela devia ser, Rose pensou, o modo como todos se silenciavam em sua presença era inacreditável.

Ironicamente, Ren também tinha esse mesmo efeito.

— Tá, eu só ouvi duas coisas... – Zorii admitiu, e Rose resistiu a vontade de rolar os olhos, aquilo não era “tudinho” como Poe havia se gabado. — Ouvi Bazine perguntar sobre alguma mudança, e Anakin respondeu com... “meu testamento.” Não fiquei para ouvir o resto, mas... pelo que eu percebi, Bazine deve ter contado ao Kylo, porque ele foi tirar satisfações com o Anakin logo em seguida. Foi quando eles começaram a brigar no escritório.

Hux pigarreou, dando um passo à frente.

— Srta. Bliss, creio que se esqueceu de mencionar isso no seu depoimento.

— É sério, é?! Como se falar sobre a discussão do Anakin com a Holdo não fosse o suficiente, eu ainda tinha que- ai, droga!

— Como é?! – os olhos verdes de Mara Jade brilharam. — Que discussão?

Holdo arregalou os olhos, sua postura elegante se desmanchando em choque. — Eu não... eu não sei o que essa garota está inventando!

— Argh! Viu só o que você fez?! – Zorii acusou, apontando para Poe. — Agora todos vão pensar que eu sou abelhuda!

— Que se dane o que todos pensam, pelo amor de Deus, estou te ajudando!

— Ajudando?!

— Mantendo uma informação importante como essa no meio de uma investigação de assassinato e pra quê-

E ali estava, Rose fechou os olhos ao descobrir. Poe Dameron poderia usar de seu charme o quanto quisesse, mas a verdade sempre escaparia eventualmente. Ele não queria apenas humilhar Kylo Ren dessa vez, e sim colocá-lo como suspeito.

O que Poe não sabia é que aquele era um jogo de mão dupla, e apenas por fazer uma insinuação, isso também pintava um alvo em suas costas. Era a lei.

— Certo, já chega! Chega! – Leia pediu, dirigindo-se para Mara e Holdo, que continuavam a se enfrentar com os olhos. — Vocês duas, quietas. Eu não quero saber se o Anakin brigou ou não com a Holdo, ela sempre foi excepcional no trabalho e-

— Não excepcional o suficiente. – Mara Jade interrompeu a cunhada, sorrindo.

— Isso não é da sua conta. – Holdo falou, entredentes.

— Querida, eu vou vender aquela ilha você querendo ou não.

— Chega! – Leia exclamou novamente, e as duas se encolheram. — Bazine? O que isso significa? O que você disse pro meu filho? Por que eles brigaram aquela noite?

Ren pareceu rir, um som grave e rouco, como se estivesse forçando algo para fora da garganta. — Sabe, podia perguntar a mim... mas você nunca me ouviu antes, por que ouviria agora, não é?

Leia soltou o ar que segurava, cansada. Aquela deveria ser uma discussão recorrente.

Com isso, Luke se aproximou, um estranho ar alegre em sua expressão.

— Acho que todos podemos entender que o papai finalmente tomou consciência e cortou o Ben do testamento. – Luke mal havia terminado de falar e Ren já se encontrava de pé, a mão erguida no ar:

— Não ouse usar esse nome! Se não-

— Se não o que?!

— Eu acabo com você.

— Gostaria de ver você tentar, garoto.

— Não me teste, velhote.

— Ai meu Deus, por favor não comecem! Luke! – Holdo apela, mas os dois estavam quase em transe, envoltos em uma bolha de ódio. De fato, Luke até sorria.

— Sinceramente, o que você esperava? Que o papai ia continuar passando o pano depois de tudo que você nos fez passar nesses últimos dez anos?! Destruindo essa família, e não estou falando só dos escândalos, seu merdinha! Snoke, Han, Poe... – Luke citou, contando nos dedos. — É melhor começar a pensar em economizar o seu dinheirinho de músico, e parar de usar a droguinha que está na moda, porque se você acha, que algum de nós vai te ajudar, como o papai costumava dizer, dar uma simples moedinha, VOCÊ ESTÁ LOUCO!

O silêncio que se seguiu foi cortante, e desconfortável, Rose tirou um momento para checar seus amigos. Rey era a que mais parecia afetada, encolhida e roendo as unhas nervosamente. Perguntou-se quantas brigas como essa ela presenciava. Perguntou-se se ela se importava.

Devagar, Leia voltou a se aproximar de Ren.

— Filho?

— Mãe?

Como sempre, ignorou seu tom audacioso, e questionou o que todos queriam saber:

— Anakin te tirou do testamento?

— É, tirou.

— Então ele fez... o que nem eu ou o seu pai tivemos força e coragem pra fazer, talvez isso te faça ser uma pessoa melhor. Crescer.

Ren bufou uma risada, um sorriso debochado no canto dos lábios. — Obrigado, mãe.

— Olha, isso não vai ser fácil pra você... mas vai ser bom. Tudo que é bom sempre é difícil. – Holdo disse, e isso foi o estopim para Kylo Ren.

— Vai pro inferno, Holdo. Sua hipocrisia já passou do limite.

Ela piscou, perplexa. Mara Jade gargalhou.

— Olha, eu nunca concordei com você, mas-

— Você também, Mara. Acha que alguém te suporta? – Ren cuspiu. — Você é burra, estúpida e irritante! Realmente, o par perfeito pro Luke.

— Não fala assim da minha mulher, seu moleque!

— Pro inferno, seu velho idiota.

— Desculpa, vai continuar com isso? Pro inferno? Muito maduro da sua parte.

— Quer saber? Você merece um lugar melhor! Vai à merda, Dameron.

— Como é que-

— Vai à merda. – Ren apontou para Luke.

— Seu moleque-

— Vai à merda, vai à merda, vai à merda. – continuou a apontar, uma ruga entre as sobrancelhas como se estivesse emitindo uma sentença para cada um.

— Ela é a nossa MÃE!

— Eu vou arrancar esse sorrisinho cínico do seu rosto, seu-

— Se pensa que pode falar assim comigo-

— Com certeza vai à merda! Toooodo mundo vai à merda.

Céus, aquilo não era uma família.

Era o puro caos.


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Notas finais do capítulo

Por que dividir um capítulo é tão difícil?

trivia (des)necessária: o lance do Poe se encrencar por insinuar algo é muito verdadeiro! minha mãe foi fazer uma denuncia anônima uma vez e pois é, não deu certo. é triste porque sabe-se lá quantos casos não são resolvidos no Brasil, não deveria ser um desconforto dizer a verdade.

Eu também comecei uma nova fic Reylo com viagem no tempo (porque eu realmente não sei controlar uma ideia), o nome é Never Tell Me The Odds e ela tá bem bonitinha yey

Se cuidem gente! bjsss ♥



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