Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 9
O único capaz de ajudar


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"Nunca se desiste da pessoa que você ama."

Kevin Narrando

Estava na garagem da minha casa fazendo uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando estava muito tenso, dar socos. Fiquei extremamente irritado ao ver Arthur aparecer.

— Como você entrou aqui? Minha mãe já foi viajar a trabalho e o meu pai está no hotel. – perguntei sem tirar os olhos do saco de boxe.

— Não sabia que praticava atividade física. – ele começou a fazer barra. Parei um pouco e fiquei olhando pra ele.

— Você quer me responder?

— Pulando o muro é que não foi. Tenho a chave que Caleb me deu há muitos anos. Acho que é a primeira vez que uso inclusive.

— O que você quer?

— Eu ainda estou chocado com o fato de te ver fazendo isso.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer que vocês não me conhecem?

— Por que não luta na academia com Vinicius?

— Por que ele estouraria minha cara? Fala logo Arthur.

— Ele não faria isso, ainda mais agora que entende um pouco o seu lado... Enfim... – ele respirou fundo. – Preciso da sua ajuda. – fiquei olhando pra ele. – É justamente Vinicius. Ele está com problemas com Raíssa, ele...

— Virei conselheiro matrimonial agora?

— Por que você está tão estressado?

— Ah, você não viu? Olha aí as coisas que o seu priminho postou ontem. – ele pegou o celular e viu Murilo no que parecia ser uma boate e em vídeos e fotos com um cara.

— Engraçado... – fiquei observando ele dar zoom nas fotos. – Ele está com os olhos normais, tá com uma garrafa de água na mão e não tem garotas ao redor. Não vejo motivo para tanto stress.

— Você é meu irmão mesmo? – cheguei perto dele. – Olha o jeito que o cara olha pra ele. – passei o vídeo de novo.

— Não vi nada de mais.

— Ele está louco pelo Murilo. E eu o entendo perfeitamente.

— Murilo não está correspondendo. E a gente sabe que ele é louco por você.

— Mas eles terminaram a noite juntos e eu tenho certeza disso.

— Não acho. Isso tudo é muito novo para o Murilo. Ele não teria coragem, ainda mais sem beber.

— Hoje você tá mais idiota que nunca.

— Eu não dormi direito. Estou falando sério, o Vinicius está com um problema sério com Raíssa e eles vão se separar se...

— O que você quer que eu faça? Prenda os dois juntos?

— Tem a ver com Murilo. Ele tá tomando remédios e fazendo sessões de terapia como disse na ligação aquele dia, Vinicius sabia disso e só contou a Gustavo, que contou pra porra da minha mãe que jogou pra Raíssa.

— Eu amo o espirito de harmonia que sua mãe tem.

— Não é hora para o seu deboche.

— Ainda não entendi o que eu tenho que fazer. O certo mesmo é dar uma lição em sua mãe. - olhei para ele e dei um sorriso grande.

— Você pode ter uma conversar sem ser tão sarcástico, rude e debochado?

— Só se você for menos chato e idiota. 

— Vá até a Raíssa dizer que foi você que pediu para Vinicius não contar nada a ninguém. Porque você é o namorado dele e o conhece melhor que qualquer um e sabe que é isso que ele iria querer. Se a mãe dele soubesse a família toda saberia.

— Eu não sou o namorado dele. E tecnicamente falando eu estaria chamando a mulher de fofoqueira. Não acho que vai ser muito agradável.

— Foda-se, ela já te odeia. O negócio é ela perdoar o Vinicius.

— Por que você está sempre lutando pelas relações alheias? – ele deu de ombros.

— Isso é importante para Alice e então é importante pra mim.

— Tá. – suspirei. – Mas eu não vou falar essa merda dessa historinha ridícula que você inventou. E ainda por cima finalizar tudo com uma ofensa. – fiz sinal negativo. – Vou pensar em algo.

— Você precisa estar bem pra conseguir pensar, quer que eu ligue para Murilo pra confirmar que ele dormiu sozinho? – fiquei calado. – Sim, você quer. – ele pegou seu celular e apertou para ligar arrumando o cabelo.

— Não é para a sua namorada que você está ligando.

— Quieto.

— Arreda. – o guiei. – Ele conhece aqui.

“Oi.” – ele atendeu e tudo o que eu queria era vê-lo.

— Nossa, que cara de sono. Estava dormindo?

“Acordei tem uns vinte minutos. Eu to meio lesado ainda, se você ligou pra falar alguma coisa séria faz isso mais tarde, por favor.”

— Não, liguei só pra saber como você tá mesmo.

“Ah, você sabe como estou, já te falei aquele dia.”

— Achei que tivesse melhorado, você estava em um rolê ontem.

“Não é porque eu sai que as coisas mudaram.”

— Você ficou com alguém ou dormiu com alguém? – ele demorou muito pra responder. Arthur foi direto ao ponto rápido demais.

“Ele está aí né?! Por que ele não consegue seguir a vida dele?”

— Pelo mesmo motivo que você não consegue seguir a sua. Sei que não ficou com ninguém. Se quiser um conselho de quem já passou por isso adie esse momento o máximo possível, vai ser horrível você ver que tá com alguém e queria estar com ele.

“Isso não é prioridade pra mim agora. Estou cuidando de mim Arthur e se fosse ele também cuidaria dele e dos traumas que o pai de vocês o fez ter.”

— Murilo, não se compare a ele. Você e eu somos pessoas sensíveis. Ele... – meu irmão me olhou. – Ele é a pessoa mais forte que já conheci em minha vida. A única pessoa que pode fazê-lo sofrer é você.

“Minha psicóloga disse que é melhor não ficarmos juntos, nem agora nem nunca.”

— Sua psicóloga quer dar pra você. – falei nervoso e sai andando. Arthur começou a rir.

— Ele não tá falando sério. Por que vocês não mantem a amizade?

“Porque eu o amo e ele me ama.— aquelas palavras me fizeram sorrir.- Arthur vou desligar, quero dormir de novo.”

— Ele não tá com ninguém e disse que te ama, satisfeito? – meu irmão perguntou depois de desligar a ligação.

— Bastante. Agora vou até lá e matar essa psicóloga. – ele me olhou assustado. – Estou zoando idiota. Vou pensar em um plano para juntar os meus sogros. – cheguei perto dele. – Foi uma ótima ideia essa sua de ligar pra ele sabia? Eu me enchi de energia.

— Eu já disse que eu não me tornei menos inteligente e esperto só porque você se destacou.

— Só um pouquinho. - falei tentando não rir.

— Nada disso. – dei uma risada com a indignação dele. Fui pra dentro e ele pra casa. Agora eu tinha uma missão e era das mais difíceis.

Arthur Narrando

Cheguei de volta a Torres depois de levar o pessoal e já era de noite, lembrei-me da despedida com Rafael, ele disse que odiava despedidas e me mandou para o inferno e foi assim. Ele era incrível. Alícia me prometeu que se aproximaria dele. Já Fabiana me fez prometer que falaria com ela pelo menos dia sim, dia não e quase chorou quando acabei de arrumar as minhas coisas. Eu sentiria falta, não vou mentir.

— O que é isso? – perguntei ao ver Vinicius sentado na sala de casa.

— Eu que pergunto o que é isso, não era pra você estar na universidade? – ele questionou estranhando.

— Vou ficar aqui. Eu te contei da minha decisão.

— Eu devo ter sido a última a saber né? – minha mãe veio fazendo drama, como sempre.

— Com o tamanho da língua que você tem é o melhor mesmo. – olhei para o meu tio após sua resposta.

— O que está acontecendo?

— Sua mãe contou a Raíssa que eu sabia que Murilo estava se tratando. – olhei pra minha mãe bem indignado.

— Porra mãe!

— Ela tinha o direito de saber, é mãe dele. E você tá simplificando demais Vinicius, Murilo está tomando medicamentos controlados e isso é seríssimo.

— Ele tem um problema e precisa ser tratado. Você quer o que?

— Espera. Então você está aqui porque ela te mandou pra fora de casa? – ele concordou gestualmente. – Tenho que ir pra lá, Alice precisa de mim.

— Já vai você novamente girar toda sua vida em torno dessa garota!

— Eu iria de qualquer jeito, só ia tomar um banho.

— E não vai mais?

— Não. – antes que eu saísse Otávia estava descendo e parecia nervosa.

— Cadê o meu pai? – ela perguntou olhando para nossa mãe.

— Está cuidando do trabalho dele que ficou parado todo esse tempo. Por que a mimada tá dando show?

— Mais uma vez o idiota do Yuri... – minha mãe a interrompeu.

— Já falei para não usar esse tom!

— Eu fui. – sai rápido de casa antes que as duas brigassem. Cheguei até a casa de Alice e fui recebido por Raíssa que não estava muito bem.

— Ela tá lá no quarto.

— Ah... Lamento pelo momento que você e Vinícius estão passando.

— Nosso relacionamento vinha ruindo há algum tempo. Era inevitável.

— Mas ele sempre fez tudo por você e vocês se amam tanto... Será mesmo que não tem conserto?

— Ele escondeu de mim que o nosso filho está fazendo tratamento psiquiátrico. Depois disso não tem nenhuma chance.

— Tenho certeza que ele contaria sim, minha mãe que é a errada nessa história Raíssa.

— Por que você o defende tanto? Ele nunca vai deixar você ser feliz com a nossa filha. – fiquei pensando por um tempo.

— O certo é certo independente dos meus interesses.

— Se ele te visse como eu te vejo vocês dois já estariam juntos.

— Ele vê. Só que vai demorar a ele entender que ela ainda não é uma garotinha e que já superou os obstáculos da doença.

— Vai lá. Ela vai ficar feliz em te ver. – subi e encontrei Alice deitada em sua cama. Ela deu um pulo quando me viu e me abraçou.

— Surpresa. – falei antes de ser sufocado.

— O que você está fazendo aqui? – nos separamos e eu a olhei.

— Não vou mais estudar lá, pedi a transferência para Alela e hoje só fui buscar meus documentos e as minhas coisas.

— Por que você fez isso? Não é por nossa causa né?

— Também. Mas é mais pelo Kevin. Ele mudou por causa de Murilo e isso foi algo grande demais, perde-lo não está sendo fácil para ele. Ele precisa de mim.

— Nossa, isso foi lindo. Espero que ele reconheça.

— Mas você sabe que eu queria ficar perto de você né?

— Eu vou amar muito te ter aqui. Estava começando a ficar com medo daquele lugar e do que ele faz com você. – revirei os olhos. – Você já tá sabendo? – concordei. – Não posso acreditar que eles levaram mesmo essa ideia ridícula adiante. – ela se sentou, me sentei ao seu lado. – E o pior é que eu ouvi a última conversa deles e a culpa é toda minha e do Murilo.

— Se o seu pai não tivesse escondido que o Murilo está se tratando eu acho que eles conversariam com calma e acabariam se acertando. Eu to com tanto nojo da minha mãe.

— Ela ficou nervosa porque o meu pai insultou o seu pai. Será que eles estão tendo algo? – a olhei desacreditado.

— Ela nunca trairia Ravi. Sabe que ele a deixaria pra sempre. E ainda mais com aquele ser inútil do meu pai.

— Mas devemos lembrar que Caleb sempre consegue o que quer, ele manipula as pessoas, conseguiu fazer isso até com você.

— Não, sem chance Alice. Minha mãe é a pessoa mais vaidosa do mundo. Ela ficou com orgulho ferido. O seu pai também fala demais às vezes. Todo mundo está cansado de saber que ninguém gosta do meu pai, que todos apenas o suportam, que ele tem desvio de caráter e que ele só está nessa família por ser filho do Ítalo que nem vivo está mais e isso é o que mais pesa. Respeitam a morte dele na figura do Caleb que NADA tem a ver com o pai.

— Tenho muito medo de ter filhos. Minha mãe tinha esse trauma também por causa do pai dela.

— Mas você tem medo por causa do meu pai, por correr o risco dele nascer com as características dele?

— Sim. – ela suspirou e eu abaixei a cabeça bem triste.

— É uma probabilidade. Às vezes a genética dos avós se faz presente.

— Não é só isso. Eu tenho um problema gravíssimo. Dizem que não é genético, mas eu não sei. O meu pai tem o transtorno que o deixa cego de raiva, o pai dele teve depressão. Meu irmão agora tem transtorno mental. Nós dois somos primos, nossa família inteira é cheia de problemas. É muito arriscado.

— Por que estamos falando de filhos? Começamos a namorar há menos de um mês. – ela ficou me olhando.

— Não sei. É idiotice né? – ela deu um sorriso e eu a beijei.

— Muita. – respondi.

— Sabe a única parte boa dos meus pais se separarem? – a olhei questionando. – Minha mãe é a favor da gente e ele nunca vai estar aqui. Não precisamos tomar cuidado nem disfarçar. – dei uma risada e a agarrei. Depois dessa conversa séria, decidimos apenas namorar como um casal normal. E eu quase dormi por lá, o que seria fácil de explicar, já que eu era o primo dela que ela mais amava e o melhor amigo e nesse momento ela, que era tão frágil, precisava de consolo por causa dos pais. Mas eu decidi não fazer isso, porque se eu fizesse corria sério risco de ultrapassarmos um limite que eu sabia não podíamos. Pelo menos não por enquanto.

"Quando nós estávamos juntos, cada átomo do meu corpo me dizia que era a coisa certa."


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Notas finais do capítulo

Ainda me derreto com Alice e Arthur, confesso ♥
Até amanhã ♥



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