Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 66
Segundo fim


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
*foto do Kevin e seu atual estado de humor.



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Kevin Narrando

Ficava olhando para o meu pai tentando entender como ele poderia ter feito Arthur que era alguém tão bom e Yuri que era tão bobo e me feito tão semelhante a ele. E sendo como eu era eu estava muito satisfeito depois da minha vingança, uma vez que eu sabia que cedo ou tarde ele conseguiria o que tanto queria comigo.

— Ainda está pensando a respeito de tudo o que eu te disse? – questionou com um sorriso ao entrar no hotel naquele domingo.

— Já consertei tudo. Estou indo. – tentei sair, mas ele não deixou.

— Ainda estou esperando meu velho filho voltar. – nos olhamos. – E pelo que percebo, ele tá sob a superfície. – riu. – Um Kevin bom não perderia tempo com vinganças.

— Eu andei lutando muito com esse meu lado, sabe disso. Mas desde que aceitei que não posso reprimi-lo ele não pode mais me controlar. E não vai ser você que vai fazer isso.

— Não importa quanto tempo leve você dará tudo de si pra fazer dele novamente seu.  – estreitei os olhos.

— Rafael? – sua risada me irritou um pouco mais.

— Você sabe muito bem de quem estou falando. – mantive o silêncio. – Namore a garota, a peça em noivado e se case. Em troca eu faço do império Palace seu, te dou toda a minha parte das ações e deixo todos os imóveis em seu nome.

— Tá tentando fazer aquilo de comprar as pessoas né? Nem todos estão à venda.

— Se não terminar seu namoro e fizer isso, além daquilo que já te disse, eu posso trazer seu verdadeiro amor de volta e fazer com que esse seu namoro não dure mais nem um segundo. – dei uma risada. Cheguei mais perto dele e olhei em seus olhos.

— Tá tão velho que anda perdendo a memória? Ele já esteve aqui. E eu continuei namorando.

— Depois de terminarem por ciúme. Não é mesmo? Foi isso que fiquei sabendo. Ah... Quer mesmo testar pra ver se resistem a uma segunda vez? Não acho que esse laço seja tão forte assim.

— Tá. – cruzei os braços. – E se der certo? Eu fico com ele. Continuarei com um cara. Não é esse o seu plano.

— Separar você e o Murilo é muito mais fácil que separar você e esse loiro... – arregalei os olhos o impedindo de continuar.

— Pensa bem em qual palavra irá usar.

— Ele é um gigolô novinho. Apenas isso.

— Igual você? Se bem me lembro... O motivo de se aproximar da mãe dos meus irmãos nunca foi amor... Sua pretensão era outra.

— Não fala do que não sabe. Eu sempre a achei muito linda. E... – se calou.

— E hoje a ama né? – sorri. – O mundo não é tão cruel afinal. De alguma forma você paga por todos os seus pecados diariamente. – aproveitei seu estado de fraqueza e sai.

Quando cheguei à cobertura, na tarde daquele mesmo dia, Rafael estava com cara de quem havia chorado. Sabia que ele já tinha percebido que algo errado acontecia, eu só não sabia como fazer aquilo. Pensei em viajar com ele e passar uns dois ou três dias perfeitos e me despedir da forma como tinha que ser, mas... Isso seria doloroso demais. Pensei em tanta coisa. Não podia fazer nada. Só continuar estranho. É o que daria sentido a toda história que eu inventaria depois.

— Oi. – me sentei e fingi que não notei nada. Ele não disse uma palavra, só ficou me olhando por um bom tempo. Depois parecia que ia chorar de novo.

— Para com essa merda, não dá mais pra ficar assim. Diz logo o que tá acontecendo, por favor.

— Já disse mais de três vezes que não está acontecendo nada.

— Arthur também percebeu. Se Alice não estivesse desse jeito ela teria se atentado. O pior é que... – respirou fundo. – Você é tão bom com esses joguinhos, que não dá nem pra saber que porra se passa na sua cabeça com esse comportamento. – nos olhamos. – Às vezes pode ser pura estratégia e estar acontecendo algo grave, às vezes pode ser o seu pai ou cansaço mental. Não dá pra saber. – queria tanto acolhê-lo, dizer que apesar de tudo eu o amava. Mas eu tinha que me manter naquele personagem. – Você tá tentando me fazer terminar Kevin?

— Você quer terminar? - pegou minha mão e segurou forte.

— Não preciso responder essa pergunta idiota. – olhei pra baixo. – Você não consegue nem olhar em meus olhos direito. Nos últimos dias tem sido assim... – me soltou e se encostou ao sofá. – De alguma forma eu sabia que era passageiro, porque era bom demais pra durar. Só me diz se é uma vontade sua ou se ele tá fazendo alguma coisa. Ele está não tá? Sua mãe disse hoje que vocês estão brigando muito. Ele tá te chantageando? É algo relacionado ao Murilo? Lógico. Só ele teria o poder de te fazer terminar comigo.

— Estou terminando? Não disse isso. E você nunca vai superar essa insegurança Rafael?

— Como? Se a gente começou com sexo e ele te amou com o amor mais puro. Ele foi e vai sempre ser bom pra você. Já eu... – não me segurei e o beijei.

— Já você me provoca, desde o início, você me surpreende e me faz querer te surpreender, mesmo que eu nunca consiga te alcançar já que você faz isso tão naturalmente. Você é único Rafael. Não diminui o que temos pela forma que começamos.

— É que você e ele... – coloquei o indicador em seus lábios.

— Esquece ele. Eu já esqueci.

— Qualquer coisinha que acontecer eu sempre vou trazer seu antigo relacionamento de volta. Agora me diz, por que você tá estranho?

— Ando sentindo coisas bizarras... Coisas que jamais imaginei que sentiria. – decidi acabar logo com aquilo. Era torturante demais pra mim e pra ele. – Tenho sentido atração por garotas... – falei com muita dificuldade. – Quer dizer... Uma garota especifica. – ele começou a rir. – Dá pra me levar a sério? – questionei o olhando.

— Você que tá brincando. Até parece Kevin. Não vou nem discutir o quanto isso é incoerente.

— Não sei o que aconteceu Rafael, mas aconteceu.

— Você desejou uma mulher? Tá mesmo falando sério?

— Acho que você me conhece. Eu não iria brincar com isso.

— Eu demorei semanas pra me aceitar pra você vim agora e dizer que sente atração por uma MULHER! – seu nervosismo me fez apertar os lábios.

— O que uma coisa tem a ver com a outra? – franzi a testa.

— Quem é ela? – ele havia se levantado e me olhava de cima. – Fala logo Kevin! A secretária do seu pai? Alguma das meninas? Não é... – deu uma volta e retornou. – Não diz que é a Alice, por favor. – pediu abaixando o tom de voz.

— Ela é a namorada do meu irmão. Não sentiria nada por ela. Não pergunte isso nunca mais. Alice é como uma irmã pra mim.

— O irmão dela não é como um irmão pra você. DIZ LOGO QUEM É!

— Para de gritar. – ficamos nos olhando. – É a Diana.

— Você realmente tá brincando comigo.

— É que ela já fez tanta coisa por mim e eu passei a prestar atenção em como ela é tão delicada e linda e... – não me deixou falar.

— E você por acaso gosta de delicadeza?

— Namorei Murilo, ele é bem delicado. – sua expressão mudou no mesmo instante. – Desculpa.

— Ele não é delicado. Ele tem a aparência de um bebezinho, é diferente.

— Você só quer discordar de mim. – dei de ombros. – Quem ficava com ele era eu.

— Você acabou de pedir desculpas e tá piorando tudo.

— Não importa Rafael. Depois de hoje não vamos mais ter nada. Não dá, entende? Não vou te trair nunca e eu preciso viver essa experiência.

— Tá terminando comigo?

— É... – suspirei. – Estou.

— Então era mesmo um jogo. Você queria o tempo todo que eu terminasse com você. É igual ao seu pai. Ou pior.

— Eu sei. No fundo vai ser bom, você merece alguém melhor. – tentei me levantar, sendo impedido.

— Não faz isso. Tenha a experiência namorando comigo, eu não me importo. – balancei a cabeça negativamente.

— Eu me importo. E se eu gostar... Eu vou querer ficar com ela.

— É a segunda vez que você tá me deixando. A primeira foi por minha causa, por eu não ser seu. Agora é por palhaçada sua... Não vou te perdoar e voltar se você se arrepender.

— Tudo bem, eu sei disso. – continuei tentando ir e ele ainda impedindo.

— Kevin. – encostou a cabeça em meu peito e apertou meu corpo com muita força. – Vou parar de ficar irritado quando tenho fome, vou deixar de ser tão ciumento na maior parte do tempo e também não vou mais tocar no nome do Murilo quando algo ruim acontecer. Vou te esperar acordado tarde todos os dias que estiver trabalhando e acordar mais cedo pra fazer café, não vou reclamar o tempo todo e vou até aprender a cozinhar pra você, mas, por favor, não me deixe. – enxuguei bem rápido as lágrimas que caiam dos meus olhos.

— Eu não quero. Não me obrigue. Por favor.

— Se for algo com o seu pai fala o que ele tá ameaçando e a gente vai resolver isso junto. – fiquei olhando pra ele. – Você não quer terminar comigo, eu sei disso.

— Você quer acreditar nisso. – mudei o meu olhar. Sua boca se abriu e ele encolheu os ombros. 

— Não acredito que você realmente esteja falando sério. – se recuperou e começou a ficar bravo. Tirou a aliança do dedo e veio até a mim me pressionando contra a parede. – Eu falei que faria você engolir essa aliança, eu não estava brincando. – sua respiração era pesada e eu sabia que ele estava fora de si.

— Sai Rafael. É sério. Não me faz te machucar.

— Não tão fácil assim. – ele realmente iria cumprir a promessa. Enquanto apertava meu rosto tentando abrir a minha boca eu pensava em um jeito de sair dali menos agressivo possível.

— O que é isso? – Arthur chegou me trazendo alívio. – Vocês estão batendo um no outro? – ficou assustado com a cena. E com razão.

— Tira ele daqui, por favor. – pedi de forma quase inaudível.

— O que você fez? – me questionou enquanto puxava o melhor amigo. – Fica calmo Rafael!

— Diz o que você fez. – seu olhar era fulminante. – Ele quer transar com a louca da vizinha da sua vó. Pela segunda vez se não me engano né?

— Que loucura é essa? – meu irmão me questionou diretamente.

— Só estou terminando com ele. E ele não quer aceitar. Preciso ir.

Sai correndo de lá e eu sabia que não tinha tempo pra chorar. Iria fazer o que tinha que ser feito, deixar minhas emoções de lado e agir conforme as necessidades das pessoas que eu amava e no caso, a pessoa que eu mais amava nesse momento.

Arthur Narrando

 O choro de Rafael era tão intenso que cortava meu coração. Eu já não tinha mais palavras para consola-lo. Deixei que ele apenas sentisse sua dor.

— Ele não pode me fazer passar por isso de novo. Não é justo Arthur. – concordei com um sorriso triste.

— Não dá pra saber quais são os motivos por trás das atitudes incoerentes do Kevin. Vou tentar descobrir. Farei de tudo.

— Você acredita que ele possa mesmo estar atraído por Diana? – ficamos nos olhando.

— Gostando de homem do jeito que ele gosta? Acho muito difícil.

— Então o seu pai realmente tá envolvido nisso. Odeio tanto esse homem! Só não o odeio mais porque ele fez o Kevin.

— Você o ama demais né? – o olhei sorrindo.

— Tá de sacanagem? Estou desidratando de tanto chorar aqui e você me faz essa pergunta?

— É mais uma afirmação. – dei uma pequena risada. – Vocês vão ficar juntos. Nada que meu pai faça vai ser o suficiente.

— Pelo visto foi né Arthur. E... – respirou fundo. – Acho que tem a ver com seu primo.  – franzi a testa sem entender. – Só ele seria capaz de fazer com que ele terminasse assim.

— Você acha então que o Murilo está acima de você para o Kevin? – concordou. – Eu não acho. Aliás, eu vejo que não está. Mas esse seu ciúme e essa insegurança é normal. – suspirei. – Eu... Tenho sentido algo bem parecido.

— Como assim? – enxugou o rosto e mudou de posição prestando total atenção em mim.

— Alice se encontrou com Orlando voltando da escola... Ele fez questão de me contar. Eu sei que ela nem pode se sentir atraída por ele nem nada, mas... Eu tenho ciúme. Ele é afim dela e deixa isso bem claro e ela... Ela é vulnerável demais.

— É muito complicado. Porque é como se ela fosse... – parou de falar. – Pensa pelo lado bom, pelo menos agora ela sabe o que são todas as emoções e tudo que ela poderia sentir já que ela já sentiu antes. Ela entende melhor as coisas agora.

— Isso é verdade.

— Então ela entende que o melhor é manter distância dele né?

— Não quis confronta-la com isso. Ela já tá passando por tanta coisa.

— Tem que falar Arthur. Se em um relacionamento você vai deixando as coisas debaixo do tapete uma hora a sujeira é tão grande que fica difícil continuar. – sorri.

— Quando você amadureceu tanto? – fez uma expressão triste.

— A partir do momento que eu tive um namorado. E agora ele me largou.

— A gente vai resolver isso, relaxa. O importante é você saber que ele não te largou porque ele quis. Isso é bem óbvio e você seria idiota se acreditasse que ele tá mesmo atraído por uma mulher e  logo pela Diana.

— E como você pretende descobrir o motivo?

— Com Kevin é bem simples. É só você provoca-lo até o limite dele. – nos olhamos. – Ele vai me dizer. Só que Rafael... Se for algo contra você e que eu não posso te contar para o seu bem, quero que me entenda e saiba que você é meu melhor amigo, eu te amo e vou te proteger e sei que ele também vai e se ele tá fazendo isso provavelmente é porque é sim algo contra você. Você já teve a sua perna cortada, eu não acho que Kevin arriscaria que te ferissem mais uma vez.

Minha intenção era ir atrás do Kevin aquele dia mesmo, mas ele sumiu. Simplesmente desapareceu. Seu celular desligado. Ninguém sabia dele. Então reuni todo mundo e contei o que havia acontecido.

— Temos que saber o que estamos enfrentando. Se isso for real eu já vi filmes demais para saber que não acaba nada bem. – Ryan foi o primeiro a falar.

— Ele com certeza ameaçou matar Rafael. Kevin não fingiria estar atraído por Diana atoa.

— Se tem alguém aqui que consegue descobrir isso... – todos seguiram o olhar de Larissa. Alice.

— Mas eu não quero me meter nisso.

— Deixa de ser imprestável garota.

— Não fala desse jeito com ela! – chamei a atenção de Lari. – Vou tentar descobrir, mas receio que ele não me conte por envolver a segurança de Rafael.

— Daqui uma semana as férias começam. Todos nós vamos ter mais tempo para lidar com isso. Enquanto isso tente não sofrer tanto Rafael você tá parecendo um zumbi. – Otávia finalizou a pequena reunião. Ela estava mais amarga nos últimos dias, acho que era algo relacionado a Danilo.

Minha missão era não sair do lado do meu amigo nesses dias. Não seria eu se eu não agisse assim. Mas enquanto isso o meu namoro ia ficando cada vez mais estranho e complicado. Parecia fácil... Era só amar. Eu cuidava dela e pronto. Na prática não era assim. Quando seu rosto inexpressivo me encarava parecia sempre me questionar o que estávamos fazendo juntos. A verdade é que agora nem eu mesmo sabia.


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Notas finais do capítulo

Estou ausente apenas por estar ocupada com uma reforma em casa e bom... Os piores cômodos que são os quartos ainda não foram quebrados, então... Isso dificulta eu dizer com que frequência eu virei. Mas sempre faço de tudo pra vim o mais rápido possível ♥



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