Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 24
Atração


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Depois de apanhar mais uma vez de Arthur, após ele vim atrás de mim e dizer que eu era igual ao meu pai e dar um ataque, eu estava sentado na bancada da cozinha em minha casa enquanto Rafael chegava com o kit de primeiros socorros.

— Acho que a sua função na vida é cuidar do meu rosto depois que o meu irmão vem pra cima de mim. – falei enquanto ele se posicionava em minha frente. Ele pegou uma gaze e passou soro, limpando a lateral da minha boca. – Você não quer papo comigo né? Por que tá fazendo isso então?

— Porque eu me preocupo. – ele respondeu sem me olhar.

— Não deveria.

— Eu sei muito bem disso. Você fez questão de mostrar.

— Não vou te pedir perdão, porque foi a terceira vez... Mas saiba que se eu pudesse voltar atrás eu não faria de novo, não parei pra pensar que você seria o mais atingido. Só queria ferir Arthur.

— O seu problema é esse, você quer ferir as pessoas.

— As pessoas não querem, mas acabam ferindo. – ficamos nos olhando.

— O que você quer dizer com isso?

— Depois da festa fiquei pensando em você e em como eu faria para que mudasse de ideia e continuasse ficando comigo... Você acha que eu estava com Sophia atrás de vocês no sábado por quê? Eu queria te ver Rafael. Queria ter uma oportunidade de tentar conversar com você. O que eu consegui foi apenas contemplar a cena de uma garota em seu pescoço. Eu já estava irritado no domingo, dai quando Alice contou de você e Otávia... Não pensei que eu fosse ficar tão magoado.

— Você não vai conseguir me manipular.

— Eu te prometi que não faria isso.

— Prometeu também que não faria essa merda de novo. E olha só, você fez.

— Talvez o Arthur tenha razão, eu sou um verme que destruo tudo que toco. – ele ficou em silêncio. – Você deve ter ficado muito feliz ao saber que a sua amada vai vim no natal né?

— Na verdade nem vou estar aqui. Vou ir pra casa.

— Fugindo também? – nos olhamos.

— Não preciso fugir. Sei lidar com o que sinto por Alícia, é só odiá-la. Vou ir porque quero ver o meu pai. Não posso deixa-lo sozinho no natal.

— Deve ser legal ter um pai normal.

— Fica longe de Arthur. E de mim. – ele fechou a caixa. Fiquei completamente sem respostas. – Você consegue fazer isso?

— Não quero ficar longe de você. Sabe disso. – olhei em seus olhos que pareciam mais azuis hoje. - Faz diferença se eu disser que gosto de você?

— Nenhuma. Você não consegue mudar e vai estar sempre procurando um jeito de me machucar. Não quero isso.

— Faria diferença se eu dissesse que o esqueci né? – ele ficou em silêncio. – Sabia. Você passaria por cima de qualquer merda se não tivesse o Murilo na minha vida.

— Não me coloca no meio dessa história de vocês dois. Odeio drama.

— Tá fazendo um.

— Desculpa se dói quando você faz alguma coisa comigo que não é nem um pouco legal. – ficamos nos olhando. – Estou indo, tchau.

— Rafael eu preciso de você.

— Agora o dramático está sendo quem? – ele perguntou e saiu, tão rápido que nem tive tempo de tentar impedir. Joguei um copo contra a parede e quando vi estava quebrando tudo.

— Enlouqueceu de vez? – meu pai perguntou ao chegar. – Um dia é uma bichinha e no outro é o valentão que quebra a casa? Decida-se Kevin.

— Sai daqui antes que eu te quebre também.

— Capaz! – ele exclamou e riu. – Você é forte mentalmente para aguentar a dor e não forte o suficiente para me bater. Esqueceu-se disso? Mas se quiser tentar, vai ser divertido. – o olhei e vi aquele sorriso maligno.

— Você o tirou de mim, você é um monstro.

— Quem? O loirinho bonitinho que acabou de sair aqui? Mas eu nem fiz nada. Inclusive ignorei todas as noites que ele passou nessa casa.

— MURILO! – ele revirou os olhos ao me ouvir gritar.

— Vão se passar anos e você não vai ter superado esse garoto? Ele tá feliz lá na dele, nem lembrando que você existe. Eu te disse quando ele foi embora que ele não te amava e nem se importava tanto assim com você... Acontece. Por que agora você não desconta na irmã dele? – fechei os olhos tentando ignorar aquelas palavras. – Contar ao pai do namoro não daria em nada, ele sabe e se faz de idiota. A cara do Vinicius isso. Você deveria... – fiquei olhando pra ele e tentando imaginar até onde ele iria. – Simular uma traição. Bem simulada. Daquelas que não teria volta. – isso seria muito fácil considerando que os hormônios de Arthur estavam o controlando. – Eu conheço essa carinha, é de quem quer aprontar! Vá em frente, eles merecem. Você sabe disso. – meu pai deu um tapinha em meu ombro e subiu. – A coitada da faxineira vai ter trabalho amanhã com todos esses vidros.

Agora eu teria que lutar contra os meus impulsos. No meu pior momento eu teria que dar o meu melhor e não ceder. Eu prometi a ele e já havia falhado, não podia ir tão longe.

Meu celular vibrou em meu bolso e eu peguei vendo que era uma mensagem de Alice. “Não abre sua rede social, Murilo acabou de fazer uma declaração de amor ao namorado. E eu prometi que não esconderia mais nada de você... Ele vai ficar em Paris por mais algum tempo, minha mãe ligou para o meu pai e contou. Eu estou do seu lado, saiba que pode contar comigo. Se quiser vim aqui em casa pra conversarmos, qualquer hora, pode vim. Tenta não ficar mal, isso vai passar, algum dia vai passar.” Ao acabar de ler eu estava chorando, mas não pelo Murilo e sim por pensar em prejudicar uma garota tão incrível e amorosa como Alice. Deixei meu corpo escorregar e me sentei no chão, chorando mais ainda. Eu era um monstro. Um verdadeiro monstro. E era por isso que eu o amava tanto assim, só ele conseguiu ver em mim algo bom... Algo que nem existia. Aquela com certeza entrou na lista das piores noites da minha vida.

....

Dizem que depois da tempestade o sol nasce. Não sei se é verdade e nem o sentido real disso. Mas o fato é que eu acordei focado no que interessava.

— KEEEEEVIN! – ouvi o grito e sorri, levantando da cama.

— Olá papai. – sorri ao chegar perto dele.

— O que significa o banheiro social com um papel de parede cheio de pênis?

— É em 3D você viu? Um ótimo trabalho inclusive, eu amei a empresa.

— KEVIN! – ele estava ficando cada vez mais nervoso e a minha vontade de rir era ainda maior.

— Rolas pai, é universal. Homens tem, mulheres conhecem.... Qual a novidade?

— Como eu vou trazer alguém pra cá? – agora eu ri.

— Não traz. Simples. – sai andando e ele me puxou.

— Por que você está andando desse jeito?

— Desse jeito como? – franzi a testa.

— Requebrando Kevin! – ele apertou as mãos e eu estava começando a ficar com medo de partirmos para a pancadaria antes mesmo de ele ver tudo o que preparei.

— Ah, você disse ontem que fui uma bichinha né? Estou sendo como tal.

— KEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEVIN! – me virei novamente e o olhei.

— Caralho, eu sei que meu nome é bonito, mas para de grita-lo.

— Vou mandar tirarem essa merda hoje ainda.

— Que seja, sua reação já valeu a pena. Vem, vamos tomar café. – ele notou que eu havia aprontado mais coisas. Quando chegamos a cozinha, a funcionária, que estava com a gente há anos, era uma senhora e estava com os olhos arregalados.

— QUE MERDA VOCÊ FEZ KEVIN?! – ele chegou até a frente da geladeira e viu o imã escrito “LOOK! UP IN THE SKY! Its GAY JESUS” e a foto de Jesus nu fortão sorrindo e voando.

— Olha senhor Caleb, eu não sou preconceituosa não e respeito as opções das pessoas, mas isso aí é pecado. Tá na Bíblia. E eu também respeito a Bíblia.

— Joga isso fora. Agora. – segurei a risada. – Você vai para o inferno.

— Com a sua lista de pecados, você vai disputar o lugar do capeta.

Segurei o riso ao ver a expressão dele quando ele pegou a caneca e leu o que estava escrito.

— Eu amo anal? – ele me olhou e continuei inexpressivo. – Viade-se? – ergui a sobrancelha. – Gays são tudo? – dei um sorriso. – Que porra de canecas são essas?

— Tem uma de dois bonequinhos se beijando, você viu? Achei fofa.

— Acabou a palhaça! Que merda toda é essa? Responde Kevin! – o encarei furioso.

— Isso é o que a sua vida vai virar. Você viu os tapetes? E as toalhas? – ele me pegou pela gola da blusa. – Ei... Solta. Estou seriamente ofendida com esse comportamento. – afinei a voz e balancei as mãos. Ele me soltou com violência.

— Explica isso tudo agora. Maria pode ir arrumar lá em cima. – assim que ela saiu eu comecei a falar.

— Você não cumpriu com a sua palavra. – falei em um tom normal. – Agora vou fazer da sua vida um inferno. E não é só a decoração colorida não. Isso é o de menos. Vou andar daquele jeito, falar daquele jeito e soltar a bicha que existe dentro de mim. Inclusive quero roupas diferentes, coloridas, muito glitter, lantejoulas, coisas muito justas, exatamente como a vida não é.

— Nossa, que comparação ridícula.

— Você não diz que isso tudo iria te envergonhar? Comece a se sentir assim desde já.

— Você não é assim. Mesmo gostando de homens você não é desse jeito e sabe disso.

— Se é pra tirar sua paz eu serei.

— Posso resolver isso com apenas uma conversinha...

— Não. – sorri maliciosamente. – Não estamos no abrigo. Você não pode me prender e não tem mais o Murilo como moeda de troca.

— De qualquer forma sempre foi assim que lidamos com as coisas, lembra?

— Não agora. – sorri mais ainda. – Você perdeu a linha. – me fingi pensativo. – O Vinicius sabe... Mesmo que você não deixe marcas, eu posso me bater e correr para os braços do meu titio e convencer ele e a família toda a denunciar você. Agora eu me aproximei deles, lembra? – dei um sorriso bem grande. – Eles confiam em mim... E até gostam muito de mim se quer saber.

— Denúncia essa que eu reverteria, sabe disso.

— Ah, mas vale passar pelo desgaste? – ele respirou fundo e ficou me olhando.

— Dá a chave do seu carro. Seu celular e o seu cartão. – fiquei sorrindo olhando pra ele. – Você é o verdadeiro demônio! O que você fez?

— Minha mãe me deu um carro novo. Vai chegar daqui poucos dias. – entreguei a chave. - É... Esse século né? Mulheres empoderadas que trabalham e se sustentam. Deve ser difícil para homens como você.

— Se você conseguiu isso porque não vai ir estudar na capital com o próprio carro e dinheiro?

— Ela não quer. – respondi contrariado.

— E você não imagina por quê? – fiquei olhando pra ele. – Você já foi bem mais esperto.

— Não vai me envenenar contra a minha mãe. O fato aqui é que eu convenci o Kemeron que eu o amo, o satisfiz, ele convenceu o pai a perdoar sua dívida. E você não vai me deixar ir embora estudar. Agora estamos em guerra. Só isso.

— Então se prepare. – ele me deu um olhar mortal e saiu. Confesso que eu estava com medo, mas não tinha mais como voltar atrás.

Arthur Narrando

Kevin saiu da minha casa e logo Alice foi pra casa dela com o pai. Chamei Rafael e fui atrás do meu irmão.

— O que você tá aprontando? – perguntei ao Kevin assim que ele atendeu.

— Não é da sua conta irmãozinho, não se mete. – ele deu aquele olhar presunçoso.

— Se for algo que atinja Alice ou o irmão dela é da minha conta sim.

— Não precisa defender sua princesinha, ela não está em perigo.

— Por que você insiste em me provocar? – perguntei tentando me controlar.

— Não estou te provocando, você que está descontrolado Arthur.

— Vou te mostrar quem tá descontrolado. – dei um soco nele e Rafael me puxou com toda força.

— Para porra, você só sabe bater no cara, precisa relaxar. Sei que ele te tira do sério, mas você precisa aprender a lidar com isso.

— Fiquem aí vocês dois. – entrei no carro e voltei pra casa. Custei a dormir. E no outro dia trabalhei com dor de cabeça.

— Por que você anda tão nervoso Arthur? – Rafael perguntou enquanto íamos para a faculdade.

— Minha mãe tá enchendo o saco com o meu namoro, o trabalho tá cheio de serviço, a faculdade com os trabalhos e provas finais, o Kevin saindo do controle... Quer mais?

— Posso fazer alguma coisa para ajudar?

— Não se apaixonar por ele. – falei baixo e respirei fundo.

— Ele tem algo peculiar e eu passei a admira-lo ainda mais conforme o tempo ia passando... Mas eu não estou apaixonado Arthur. E já tomei a decisão de me afastar.

— Que ótimo! Não ia acabar bem e você sabe disso. – meu celular acendeu no painel.

— Letícia? – ele me olhou. – Não acredito.

— Ela tá no grupo da faculdade, me chamou no privado... A gente conversou ontem e hoje... – ele ficou me olhando.

— Enquanto isso a Maíra perde até o sábado nos ajudando em trabalho pra tentar ter uma chance... Atração não se explica né?

— Não estou atraído pela Letícia.

— Se não tivesse não estaria conversando com ela. E eu notei a forma como olhou para o celular, parecendo saber que seria ela. O papo foi bom né?! Logo você Arthur.

— Não quero e nem vou trair Alice.

— Então termina logo. Por que você vai acabar traindo. – fiquei em silêncio. – O que tá acontecendo com vocês dois? Você acha que não a ama mais? Sabe que se amasse não estaria tão atraído por outra né?

— Eu a amo Rafael. Não tenho dúvida disso. Só que... As coisas estão um pouco complicadas. Você não sabe, mas eu tive uma dificuldade muito grande para ir adiante com Alice... Ela sempre vai ser...

— Intocável. E você tá sentindo essa atração por Letícia porque ela é gostosa pra caralho. – o olhei assustado. – Eu não sou o Kevin, mas não sou burro. Alice é nova, virgem, a última pessoa que você transou foi nossa ex professora e um parênteses, que mulher gostosa, é bem esperado que tudo isso esteja acontecendo. Mas você vai mesmo correr o risco de perder a Alice por isso?

— Não, lógico que não. Vou aguentar qualquer coisa. Vou esperar. É que essas garotas, elas são... Insistentes. – respirei fundo enquanto estacionava.

— E de tanto insistirem... Uma hora vai. Não existe faculdade masculina? Seria uma boa pra você.

— Já pra você não né irmão? Eu te vi beijando um cara, então não é só o Kevin que te fez ter essa atração.

— Foi só ele. O cara foi pra fazer raiva nele. – ele respondeu bem contrariado.

— Oi, eu te mandei mensagem. – Letícia nos abordou assim que entramos. Rafael me olhou imediatamente.

— Nem vi, estava dirigindo. O que era?

— O pessoal vai ir beber hoje depois da aula, vamos? Você também. – ela disse e o olhou.

— Não, não. Não é uma boa ideia. – ele respondeu bem rápido. – A vó do Arthur fica brava quando a gente chega um minuto depois do horário.

— Ah, se ela trancar vocês pra fora vocês dormem lá em casa. – ela brincou e riu. O sorriso dela era tão chamativo.

— Temos que ir. – ele saiu me puxando. – Porra Arthur, que merda é essa? Vocês estão paquerando na maior cara de pau. Onde eu estava que não percebi isso?

— Sua cabeça só tem alguém que começa com K e termina com N e fora isso não existe espaço para mais nada.

— Você tem que conversar com alguém mais velho. Claramente você e ela tem uma coisa... E eu vi o quanto você sofreu por Alice e sei o quanto a ama. Mas ao mesmo tempo aquela ali pode ser a mulher da sua vida e a Alice apenas o seu primeiro amor da adolescência. Entende o quanto é complicado? Não sei te ajudar. Por isso tem que procurar alguém sábio e experiente o suficiente.

— Esse alguém seria o pai dela, mas uma ele daria um soco na minha cara, duas ele me derrubaria na porrada.

— E o seu padrasto?

— A gente andou discutindo no trabalho. Não estou nervoso só com ela, você ou Kevin. Estou com nervoso com todo mundo.

— Vai lá transar com a Letícia, vai. – ele deu um tapa em meu ombro. – Tô falando sério. Foda-se seu relacionamento. – ele saiu andando pelo corredor. – FODA-SE. – se pelo menos eu tivesse um melhor amigo normal ajudaria um pouco.

Rafael Narrando

Quarta feira. Havia acabado de chegar da faculdade, Arthur me deixou em sua casa e foi direto pra casa de Alice. Ele estava passando o máximo de tempo que podia ao lado dela, para que assim a cabeça dele não pensasse em outra coisa se não nos dois.

— Ei. – sentei ao lado de Otávia na sala.

— Não vai comer nada? – ela perguntou me olhando. – Se tiver com preguiça posso te ajudar, aproveita que estou boazinha. – dei uma risada.

— Tô sem fome.

— Você tá bem pra baixo esses dias, o que tá acontecendo?

— Saudade de casa eu acho.  – suspirei.

— Aposto que tá se sentindo sozinho né?

— Com essa sua casa cheia de gente? Jamais. – dei uma risada.

— Estou falando por causa do Arthur, idiota.

— A vida dele tá um caos, não posso cobrar atenção dele agora. E a gente passa muito tempo junto na faculdade.

— Estudando. Ele podia tá aqui com você agora.

— Ah, não. Agora ele precisa estar com Alice.

— Tá acontecendo alguma coisa?

— Não. Coisa dele. Enfim... Acho que vou subir e tentar dormir.

— Posso te pedir uma coisa? – a olhei desconfiado.

— A última vez que me perguntou isso eu acabei dentro de você. – ela deu uma risada escandalosa.

— Deixa de ser ridículo garoto! – suas bochechas se avermelharam.

— O que foi?

— Desabafa comigo. Conta o que realmente está te deixando tão mal. Sou uma boa ouvinte. Tá na cara que você precisa de uma amiga agora. – não aguentei ouvir o jeitinho carinhoso que ela falou. – Ah não, não acredito que consegui te sensibilizar! Vem cá. – ela se levantou e me arrastou até a área da piscina.

— Tenho medo que alguém possa sair do meio dessa mata. – falei olhando pra trás.

— Deixa de ser idiota, tem área delimitada, nunca entrou ninguém aqui. Vai, me conta. O que está acontecendo?

— Não é uma coisa específica. É só... Sei lá. Eu era um completo imbecil, um retardado que por ter sofrido usava o sexo para se distrair e então minha cabeça era só sexo, maconha e cerveja. Nessa sequência. E apenas isso. Ah, e julgar a Alícia quando eu a via. Mas aí conheci o Arthur e ele trouxe um pouco de dignidade a minha vida.

— E qual é o problema?

— Só sinto falta de ser como antes. É só que... Antes eu não me preocupava com nada.

— E com o que você se preocupa agora?

— Com tudo. O que eu estou fazendo aqui? Eu não sei.

— Tá estudando, vivendo e pegando pessoas... Pegou o Kevin, me pegou e daqui a pouco vai pegar mais alguém. – ela disse e deu uma risadinha. – Não fica assim. Deve ser normal ter medo já que está tão longe de casa.

— Verdade, você tá certa. – concordei e sorri.

— Por que até uns dias atrás não existia essa preocupação? – ela me olhou meio desconfiada.

— Acho que é por que eu estava distraído. – baixei os olhos.

— Se distraia novamente.

— Não é tão fácil assim.

— Você sabe que aquilo que eu disse para todos sobre a minha experiência contigo foi verdade né? - franzi a testa sem entender o que ela queria dizer. – Se quiser se distrair comigo, estou a disposição. – dei uma risada.

— Não Otávia, confusão é o que eu menos quero agora.

— O que estão fazendo aqui? – a mãe dela apareceu questionando de uma forma não muito satisfeita.

— Conversando mãe. – sua resposta foi em igual tom.

— Podem conversar lá dentro, não? Tá tarde. E cadê o Arthur?

— Você sabe. – Otávia deu um sorrisinho irônico.

— Não estou aguentando mais isso. – ela afirmou e entrou nervosa.

— Vem. – me levantei e a chamei.

— O Arthur nunca vai lá a noite, os dois tem que acordar cedo amanhã, o que está acontecendo?

— Já namorou? – a olhei enquanto andávamos pela cozinha e íamos pra copa. – Eu não. Então não posso te explicar. – ela riu e subimos cada um indo para o seu quarto. Não demorou nem dez minutos e eu ouvi o barulho de Arthur chegando. E passei quase a noite toda ouvindo todo e qualquer tipo de barulho, o que era muito atípico pra mim que tinha o sono profundo. Comecei querendo que as horas passassem rápido, depois os dias e agora eu queria que as semanas corressem para que enfim eu fosse pra casa e de alguma forma tudo melhorasse.

"Parece até ironia hoje ser só nostalgia que preenche um espaço no meu peito em lacunas vazias."


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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