Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Voltei com mais um capítulo, agradecimentos super especiais a Isah Doll e Angie Ellyon que deixaram um comentário no capítulo passado. Obrigada meus amores ♥

Pois bem, sem mais delongas boa leitura!



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CAPÍTULO I

Primeiro veio um silêncio assustador e pesado, todo e qualquer som imediatamente cessou deixando o ambiente com um ar mais sombrio. A pergunta de como ela viera parar no alto daquele prédio preenchia sua cabeça, mas o que realmente a atormentava era o imenso abismo mais adiante.  

Ousando bem mais do que seria seguro e prudente de sua parte, Alana West avança cinco passos e para assim que chega à beirada do prédio onde se encontrava, percebendo que a altura quase surreal não era o real problema ali e sim o breu que a rondava. Seu corpo reage quando a jovem observa que o abismo parecia não ter um fim, seu coração passa a dar algumas batidas mais aceleradas e aos poucos ela recua.

 Numa tentativa de manter-se afastada da beirada, afinal, ela não sabia para onde iria caso caísse dali de cima. Isso também a preocupou.  

Alana olha ao seu redor, percebendo que não existia mais nada ali a sua volta além da escuridão interminável, ela estava no telhado de um prédio, de tal altura ela deveria conseguir enxergar ao menos algum outro ponto da cidade, um outro prédio, talvez? Porém parecia não existir mais nada ali. Apenas escuridão. 

O que veio depois a assustou. Era como se a terra estivesse cedendo, mesmo que ela não conseguisse enxergar, sua adição parecia mais aguçada que o normal e permitiu que ela tivesse uma leve noção do que acontecia ao seu redor. Ou abaixo dela. Numa reação automática de uma pessoa que acabara de assustar-se, Alana encara o chão, temendo que aquele barulho de terra cedendo viesse logo abaixo de seus pés e para seu alivio — ou não — ao menos aquele pedaço continuava igual. 

O som parou exatamente da mesma forma como fora iniciado; de repente e sem qualquer explicação lógica. O silêncio de antes retornara e mesmo que tudo fosse estranho demais e assustador, a moça sentiu-se mais segura e aliviada. Sensação que durou pouco, gritos de desespero e agonia preencheu todo aquele vazio onde Alana estava, gemidos aterrorizantes e perturbadores invadiram sua mente tão rapidamente que sua primeira ação foi cobrir as orelhas com as duas mãos.  

Algo que se mostrou completamente inútil, pois aquelas vozes pareciam vir de dentro de sua cabeça, a deixando mais aflita, assustada. O coração agora batia mais acelerado, West conseguia sentir o medo daquelas pessoas correr por suas veias como se fosse o seu medo ali presente. A agonia que era presente nos tantos gemidos parecia rasgar seu peito e ela pudesse, também estaria gritando junto.  

Seus olhos se fecharam com força, acreditando fielmente que tudo aquilo não passava de um terrível sonho e que acordaria assim que os abrisse outra vez, contou mentalmente até dez e, lentamente começou a abrir os olhos, frustrando-se quando se viu no mesmo lugar de antes.  

— Alana! — Ela ouviu os gritos atrás de si, chamado por seu nome no mesmo tom de agonia como qual gritavam, ela se virou. Nada. — Alana!  

Virou-se outra vez quando seu nome foi gritado pela segunda vez. Não demorou para que ela se encontrasse num tipo de perseguição mental, girando de um lado para o outro em busca da direção das inúmeras... Centenas de vozes que gritavam, gemiam por seu nome.  

Assustada o suficiente para sentir que seu coração poderia sair por sua boca a qualquer momento, Alana abriu a boca para gritar também, mesmo que considerasse a ação quase tão inútil quanto a de cobrir suas orelhas. Nenhum som saiu de seus lábios e isso apenas lhe perturbou mais. 

— PARA! — Alana conseguiu gritar, teve a sensação que sua garganta tinha se rasgado ao fazê-lo, mas isso ao menos fez com que tudo voltasse ao silêncio de antes. Não havia mais gritos, gemidos, agonia. Não havia mais nada.  

Apenas um ser na sua frente. Alto, na forma de uma besta. Impossível de ser descrita sem que ela sentisse que sua mente enlouqueceria se o fizesse. Os olhos vermelhos lhe encaravam como um predador encara sua presa, ansioso e sedento. Alana não tivera tempo de reagir, ele avançou em sua direção ao mesmo tempo em que sentiu centenas de garras segurar seu corpo e arrastá-la para o desconhecido. 

 — Alana acorda! — Exclamou Thomas assim que lhe deu um leve empurrão no ombro, ajudando-a a despertar.  

A moça desperto num sobressalto, seu corpo ergueu-se do sofá e ela logo sentiu as dores pela posição péssima em que acabou cochilando. Alana precisou de alguns minutos para que despertasse de forma total, estalou o pescoço e então olhou para o homem parado na sua frente a olhá-la. 

— Já deu meu horário? — Questionou levemente sonolenta, sentindo sua mente um pouco retardada pelo despertar prematuro.  

— Tem mais cinco minutos, mas achei que iria querer acordar antes. — Disse o homem, Thomas era seu chefe e dono da lanchonete aonde ela trabalhava. Um homem na casa de seus quarenta anos, calvo e baixo demais.  

Mentalmente ela queria poder descansar um pouco mais, contudo após recordar-se do terrível sonho que estava tendo, agradeceu por ele ter tido a iniciativa de acordá-la.  

— Obrigada. — Ela levantou do sofá, sentindo um leve estalar no corpo após a ação, Alana não costumava dormir no horário de seu almoço, mas depois da noite anterior onde simplesmente não conseguiu pregar os olhos nem por dez minutos, ela não viu outra solução que não fosse descansar no tempo livre. E arrependeu-se de tê-lo feito.  

— Você fecha hoje pra mim? — Seu chefe pediu e sem nem pensar duas vezes ela concordou. Já sabendo o motivo do pedido feito.

— Não precisava nem pedir, Tom. — Alana assentiu. Joanna era esposa de Thomas e estava no hospital por causa de um acidente de trânsito que acontecera três dias atrás. — Eu fecho, sem problema.  

O homem mostrou um sorriso leve antes de sair e deixa-la se aprontar para continuar com o expediente. Thomas não gostava de pedir aquele tipo de favor para Alana, mesmo que confiasse na moça ele sempre dizia que aquela era sua responsabilidade como dono, mas depois do acidente de Joanna, ela esperava pelo pedido quase todos os dias.  

Sozinha novamente, Alana se aprontou para retornar, lavou o rosto para tirar o ar sonolento que ela bem sabia que estava presente em sua feição e tentou afastar também as imagens do sonho que tivera durante o cochilo. West não se surpreendeu pelo sonho durante o cochilo, ele estava sendo seu companheiro já fazia duas semanas inteiras e de certa forma, sua mente e até mesmo ela, já estavam acostumados a recebê-lo sempre que fechada os olhos.  

A procura pela resposta para a repetição de um mesmo sonho durante quatorze noites seguidas não foi encontrada, nem mesmo na internet. O pensamento de procurar uma ajuda profissional para solucionar aquele estranho problema passou por sua mente, porém em Grória as notícias corriam mais rápidas que os carros e Alana tinha em mente que se procurasse por alguém que poderia lhe ajudar, não demoraria para que outros pensassem e comentassem que ela estivesse enlouquecendo.

 O argumento já viria pronto e sabia muito bem qual seria.  

Assim que retornou para o salão, Thomas terminava de servir um casal. Alana vestiu o avental amarelo que fazia parte de seu precário uniforme e prendeu o cabelo curto e enrolado para que nenhum fio cair na comida que serviria nas próximas horas. Trocaram de lugar, Thomas ficou com o caixa, pois faria a chegassem do dinheiro que havia entrado enquanto ela limparia as mesas vazias e atenderia os próximos clientes que entrariam.

 A rotina da lanchonete era sempre muito tranquila e fácil de se acompanhar. Alana já estava familiarizada com todo mundo que ali entrava para se alimentar, a variação da clientela acontecia apenas quando ela sabia que tinha gente nova na cidade. Contudo isso não tem acontecido, devido aos últimos acontecimentos estranhos e assustadores que Grória passava, receber novos clientes passou a ser algo raro de se acontecer; não apenas na lanchonete, mas a cidade não recebia visitantes e aqueles que já viviam ali, procuravam uma forma de sair.

West não os culpava, as tantas mortes que ocorreram em apenas dois meses chocou a todos, assustou muitos e deixou noventa e nove por cento da população tomada por um medo surreal. Em dois meses muita coisa mudou de forma drástica e notável, horários eram importantes e ficar nas ruas depois das nove da noite era quase um crime.

O toque de recolher que a policia especificou acabou se mostrando necessário quando o número de mortos passou de dez em apenas duas semanas. As rondas nas ruas dobraram e todo o tipo de medida de segurança foi tomado, mas os mortos continuavam a aparecer; com suas mortes sem explicações.

— Alana! — Chamou Bill, um dos cinquenta policiais de Grória. Ele era bem parecido um daqueles atores de filmes antigos, como algumas mulheres mais velhas gostavam de chamá-lo: Galã aposentado. Um homem alto que carregava consigo uma barriga pouco exuberante, o rosto já cheio de rugas e marcas de expressões mostrando que sua idade já ultrapassava os cinquenta.

Quando chamada, a moça dirigiu-se até sua mesa, mesmo que ela já soubesse qual seria o pedido que ele faria, ela precisava anotá-lo, assim Thomas iria ter o controle de tudo o que foi consumido durante o dia.

— Vai querer o mesmo de sempre, Bill? — Ela perguntou, pronta para fazer a anotação conhecida do que o homem mais velho iria querer comer, ele assentiu lentamente.

— Mas dessa vez me mande um refrigerante de limão, quero alternar os sabores. — O homem riu brevemente, recebendo como resposta um gesto positivo feito com o polegar. Alana anotou na pequena caderneta a porção de fritas e bacon e a lata de refrigerante de limão, escrevendo logo abaixo do pedido o nome da pessoa que iria consumir a comida.

— Tem alguma novidade sobre ele, Bill? — Ela perguntou num tom mais baixo antes de sair de perto da mesa, olhando para o policial com certa esperança; mesmo que parte de si já tivesse aceitado com muita dificuldade o que acontecera a seu pai.

O policial olhou para a jovem e suspirou, coçou o bigode devagar como se estivesse pensando.

— Infelizmente ainda não Alana, — Ele responde com claro pesar em sua voz. — Estamos investigando todos os casos e principalmente o de seu pai, mas parece que estamos sempre andando em círculos e não chegando a nada.

Alana morde os lábios com força e anui a cabeça de forma positiva, ela sabia que não havia nenhuma novidade com o caso de seu pai, se tivesse Bill já teria lhe contato como prometera que o faria. Mas ela queria ouvir tal resposta da boca do policial, da pessoa que estava pessoalmente cuidando dos casos.

— Qualquer novidade que aparecer eu vou te contar. — Ele a lembrou e ela novamente concordou.

— Eu sei disso, obrigada Bill. — Ao agradecer e claramente dar a curta conversa por encerrada, Alana seguiu para o balcão e levou o pedido do policial para que Charlie o preparasse na cozinha da lanchonete.

Seus pensamentos se voltavam para a fala de Bill, como os demais civis ela não sabia de todos os detalhes dos casos, apenas o suficiente para estar ciente do claro perigo que aquela situação deixara Grória e mesmo que quisesse que o homem lhe contasse tudo o que sabia, tinha ciência de que não poderia exigir isso dele.

As horas foram se passando com muita lentidão, Thomas fora embora partindo em direção ao hospital onde sua esposa estava e assim seu expediente se estendeu por mais algumas horas. Nesse tempo Alana limpou mais mesas, atendeu mais alguns clientes e anotara diversos pedidos, sentindo-se cada vez mais cansada conforme os minutos se transformavam em horas.

Já era quase sete e meia quando alguns clientes começaram a irem embora, Alana sabia que teria de fechar o estabelecimento às oito e por isso começou a preparar tudo para encerrar mais um expediente. Charlie era um que já fora, o rapaz responsável por cozinhar e preparar os pedidos partia sempre às sete da noite para buscar a mãe na cidade vizinha e chegar a tempo de estar em sua casa quando anunciavam o toque de recolher.

Quando o relógio marcou exatamente sete e quarenta, apenas ela estava dentro da lanchonete. Percebendo o horário ela se apressou em organizar tudo, arrumar as mesas e cadeiras, assim como fazer a contagem do caixa; guardando o dinheiro que entrou durante o dia no cofre que Thomas deixava no armário abaixo do balcão.  

Alana estava prestes a fechar de vez o caixa para então fechar a lanchonete quando a sineta que alertava a chegada de um novo cliente tocou. Cortando o silêncio do lugar. A moça suspirou, pensamento na forma em que expulsaria o morador da maneira mais gentil que conseguiria, até porque, todo mundo estava ciente do horário e claro, que todos os estabelecimentos ficariam abertos até sete e cinquenta e nove da noite.

Contudo para sua surpresa a pessoa que entrou não era um morador de Grória e isso a surpreendeu ainda mais. Sua testa se franziu de imediato, um tanto confusa e surpresa pela presença inédita. Era um rapaz, provavelmente alguns anos mais velho do que ela, vestia roupas comuns, uma calca jeans escura e uma blusa fina branca; não era um turista. Disso ela tinha certeza.

— Boa noite. — Ele a cumprimentou quando percebeu a presença dela atrás do balcão, fechou a porta atrás de si assim que pisou no interior da lanchonete e começou a caminhar em sua direção. Olhando ao seu redor como se tudo o que via ali fosse uma novidade para ele.

— Boa noite. — Ela o cumprimentou de volta, logo dando-se conta de que teria de encontrar uma maneira de expulsá-lo dali sem parecer rude e grosseira demais. Seus olhos rapidamente foram em direção ao relógio enorme na parede ao lado, os dois ponteiros quase marcando oito da noite, ver o horário a deixou ansiosa. Tinha apenas dois minutos para tirá-lo dali gentilmente.

Conforme ele caminhava para perto de onde ela estava, Alana notou que seu andar era quase perfeito, a postura firme e ereta e expressão facial séria presente em seu rosto perfeito lhe davam um ar estranhamente autoritário. Seus olhos piscaram várias vezes rapidamente, admitia que estava encantada com o rapaz desconhecido.

— Hã... — West sacudiu a cabeça quando percebeu que ele já estava perto demais, foi como sair de um transe do qual ela nem sabia que havia entrado. Respirou fundo com os olhos fechados antes de erguer o rosto e encarar o desconhecido para tirá-lo dali. — Desculpe, mas...

As palavras fugiram de sua boca quando ela o encarou agora bem mais perto. O desconhecido já estava na sua frente e a única coisa que os separavam era o balcão. Alana se viu estática assim que o encarou novamente, os olhos azuis dele pareciam encará-la e volta como se conseguisse lê-la através de seus olhos.

Estaria sendo exagerada se dissesse que o rapaz de nome desconhecido ali na sua frente era perfeito?

Foi necessário que ela respirasse fundo com os olhos fechados pela segunda vez para voltar ao seu estado normal e firmar-se para que, ao olhá-lo outra vez, não perdesse a fala como acabara de acontecer.

— Sinto muito, mas estamos fechados. — Ela disse de uma só vez sem voltar seus olhos para ele, temendo que se o fizesse acabaria perdendo a pouca coragem que tinha, ergueu seu rosto apenas quando sentiu que estava firme o suficiente para encará-lo sem se perder. — Imagino que provavelmente deve estar com fome, mas infelizmente estou fechando.

Durante alguns segundos ele pareceu um pouco confuso, como se a fala de Alana não fizesse muito sentido, sua expressão foi de uma leve confusão para algo mais neutro.

— Hã... Não, eu não vim comer — Disse, causando em Alana desconfiança. Ele poderia ser um assaltante. — Na verdade, eu estou procurando por uma pessoa.

Alana o acompanhou quando ele enfiou a mão no bolso de sua calça e retirou dele um pedaço de papel dobrado, devagar ele o desdobrou até que conseguisse ler o que estava escrito nele.

— Saberia me dizer onde eu encontro com o pastor Jacob West? — A pergunta feita por ele a pegou de surpresa e a paralisou. A jovem engoliu seco quando ouviu em sua mente a voz mansa do rapaz repetir a pergunta em sua mente.

Automaticamente ela olhou a sua volta, procurando por alguém que estivesse segurando alguma câmera ou apenas esperando o momento certo para sair de onde estivesse escondido e risse dela, porque ela imaginou que aquilo seria uma piada.

— Por que está procurando por ele? — Perguntou quase gaguejando, conseguindo manter-se relaxada; apesar da pergunta que acabara de ser feita.

— Eu não posso contar, apenas que o pastor West é uma pessoa que poderá me ajudar com um problema. — Responde o outro, em seu tom de voz havia agora uma leve pressa; a mansidão de antes pareceu desaparecer.

A moça assentiu outra vez e olhou para o relógio, oito e cinco da noite.

— Se isso for uma piada... — Ela coçou a cabeça de forma apressada.

— Por que seria uma piada? — Ele a interrompeu ao questioná-la, agora com um olhar sério. — Eu pareço alguém que contaria algum tipo de piada?

A moça pensou em responder a última pergunta, mas deu-se conta de que iria apenas prologar aquela conversa.

 — O pastor Jacob West está morto, se quisesse fala com ele deveria ter vindo aqui duas semanas atrás. — Respondeu de uma só vez, mantendo o tom de voz calmo. — Eu... Eu preciso mesmo fechar aqui, então se me der licença...

 Alana evitou demonstrar muito sentimento com a resposta, até porque o assunto recente lhe causava uma dor no peito que ela tentava a todo custo evitar e por isso tentou mostrar pressa. Assim o desconhecido perceberia que ela precisava mesmo fechar a lanchonete.

— Morto? — Seu tom de voz novamente mudou, havia clara descrença em sua voz. Como se a revelação dada por ela não passasse de algo impossível de se ter acontecido.

Houve confirmação da jovem com um aceno breve de cabeça, a morena continuou a encará-lo e estranhou quando o viu se afastar do balcão, as duas mãos estavam sobre sua cabeça como se ele tentasse pensar em algo. Por um segundo breve ela o ouviu sussurrar algo que não fazia muito sentido, parecia ser em outra língua, mas apenas ignorou. Já estava perdendo tempo demais ali.

Confuso ele andava de um lado para o outro, como se estivesse desorientado e ver a cena a fez questionar se ele estava fingindo ou se de fato não sabia sobre a morte do homem. O que parecia ser impossível, pois as notícias em Grória corriam mais rápido do que um carro de fórmula um.

Mas então lembrou que ele não era um morador de Grória e por isso não sabia sobre a morte de Jacob West.

— Como aconteceu? Como foi que ele morreu? — Perguntou muito de repente, virando o rosto para o outro; encarando as mesas vazias e limpas.

A morena mordeu os lábios antes de respondê-lo, havia respondido aquela mesma pergunta feita por pessoas diferentes durante duas semanas inteiras e agora teria de repetir a resposta de antes para o desconhecido cujo sequer sabia o motivo de ele querer tanto falar seu pai.

— Como todas as outras mortes que tem acontecido por aqui, ele está na lista daqueles casos. — Ela disse, enfatizando a menção dos estranhos casos de mortes que vinham acontecendo pela cidade, porém ele não pareceu entender de imediato, pois virou o rosto em sua direção e a olhou outa vez, os olhos semicerrados e as duas sobrancelhas levemente grossas franzidas em clara dúvida.

Aqueles casos? — Perguntou outra vez, mas não deixou que ela o respondesse. — Ele também?...

Como se algo tivesse sido ativado em sua mente, Alana percebeu que ele sabia de alguma coisa sobre aqueles casos. Sua expressão era diferente das pessoas que mencionavam o que vinha acontecendo, a face bonita deixava claro que ele sabia mais do que aparentava.

— Você claramente não é daqui, mas está sabendo disso... Como? E o que queria com meu pai? — Assim que soltou as duas perguntas West uniu os lábios com forças ao perceber que dera uma informação a mais para ele. Os olhos do rapaz se arregalaram imediatamente, a surpresa fazendo-se presente em seu rosto.

— O pastor West era seu pai? — A pergunta feita veio novamente com o mesmo tom de descrença e ela não entendera a razão para que ele não acreditasse nisso. — Não me contaram que ele tinha uma filha...

A última fala foi dita para si mesmo e ela se perguntou quem seriam essas pessoas, agora ele parecia conversar consigo enquanto ela seguia o encarando sem entender o que estava acontecendo com ele. Com quem ele parecia estar conversando.

— Obrigado pela ajuda. — Dizendo isso ele simplesmente partiu, avançando com estranha rapidez para a entrada da lanchonete e saindo, sem mais nem menos. Deixando-a sozinha e sem entender o que acabara de acontecer ali.  

West piscou algumas vezes, buscando em sua mente alguma resposta que explicasse cada momento da estranha conversa que teve com o desconhecido, teria sido aquilo real ou apenas um surto de sua mente em um momento de puro cansaço?

De qualquer maneira ela não sabia o que foi aquilo, desde a quase invasão do desconhecido sem nome na lanchonete a ele apenas agradecer pela ajuda e simplesmente deixá-la ali.

Seja quem fosse ele, Alana percebera algo de diferente no tempo em que conversaram, não apenas em sua aparência absurdamente bonita e atraente. Admitiria que, qualquer moça que estivesse em seu lugar já estaria caindo de amores por ele no segundo em que os olhos se direcionassem até ele, mas não era isso o que chamara a atenção de Alana West naquele momento. Desde o segundo em que ele entrou de supetão, sentira dele uma sensação estranha de pura paz.

Esta lhe dominava e pareceu a abandonar quando ele simplesmente foi embora.

Alana outra vez suspira, passando a mão pelo rosto até que deu-se conta de que precisava ir embora.


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Notas finais do capítulo

Até breve!



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