Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 10
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei??? Voltei! Bem mais cedo do que esperado, mas né ansiedade não deixa eu sossegar enquanto não postar mais capítulos hehe.

Boa leitura!



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CAPÍTULO IX 

Fez-se um silêncio pesado dentro da igreja no segundo em que Kambriel também virou o rosto para o lado e olhou para Alana, imediatamente seus olhos azuis se encontraram com o par de olhos castanhos da jovem e ambos ficaram daquele mesmo jeito durante um longo tempo. Alana podia até mesmo dizer que, encarar as duas bolas azuis de seus olhos era como ter um pequeno vislumbre do céu.  

Mesmo que ela ainda tivesse muitas outras perguntas para fazer, a última resposta que obteve dele de certa maneira a fez pensar sobre muitas outras coisas ao mesmo tempo. Novas perguntas se formaram em sua mente, outras pareceram terem sido respondidas de um jeito pouco convencional, mas ainda existia muita dúvida que ganhava vida em seus pensamentos. Algumas sequer pareciam fazer muito sentido para ela.  

Enquanto seguia a encará-lo, a filha de Jacob West tentava à sua maneira conseguir desvendar o que ele parecia lutar tanto para manter omitido dela; ainda que Alana não fizesse a mínima ideia do que poderia ser.  

Era muito óbvio que existia sim muita coisa que precisava ser desvendada e mesmo que tinha uma pequena parte de si que se mostrasse incerta sobre tomar tal decisão sem nem saber aonde estaria se metendo, Alana estava disposta a descobrir o que era. Visto que claramente seria algo de grande importância e que tinha alguma relação com o que vinha acontecendo pela cidade, já que, ele fazia tanta questão de ocultá-la assim. 

— Eu tenho muitas perguntas para fazer, mas acho que vou fazer a que mais tem me deixado cismada desde ontem — Ela fez uma interrupção rápida em sua própria fala, mantendo os olhos fixos no rapaz sentado ao seu lado. Kambriel também continuou a encarando, dessa vez parecendo temer o que ela lhe perguntaria. — Você sabe de alguma coisa, dá para perceber isso. Mas por que não pode me dizer o que é? 

Nesse momento o rapaz mudou a direção de seus olhos, os voltando para frente. A morena notou uma leve mudança em seu rosto perfeito e também na forma como ele estava respirando, o que somente fez com que ela se perguntasse qual era a magnitude daquela resposta.  

— Eu poderia lhe dar várias respostas para essa única pergunta, algumas que talvez façam sentido para você, umas que nem tanto... Você obviamente me chamaria de louco e não acreditaria. — Ele começa a falar, dessa vez parecendo relutar em não olhá-la. — Mas isso faria com que você fosse exposta, mais do que já está.  

Alana franziu o cenho com a última frase.  

— Do que está falando? — Questiona, percebendo que em sua mente muitas outras perguntas começaram a aparecer ao mesmo tempo e que precisaria parar por um tempo para organizá-las em sua mente.  

Sem nada dizer Kambriel se levantou do banco e passou para o outro lado, caminhando pelo corredor entre os bancos e a parede. West imediatamente imita sua ação e o segue, apressando o passo para alcançá-lo; como fizera no hospital na noite anterior. Ela simplesmente reduz a velocidade de seus passos ao dar-se conta de que ele apenas caminhava pelo corredor, o corpo ereto e sua postura firme lhe davam uma impressão de que estava atrás de uma estátua.  

— Alana há muito acontecendo aqui, isso é um fato. Você está compreendendo isso aos poucos, mesmo que não esteja percebendo isso e questiona, mas a verdade é que você não pode ter essas respostas. — Anuncia de maneira simples e direta, cortando qualquer outra pergunta que ela poderia vir a fazer a seguir. Apesar de a forma como sua fala soou como se ele estivesse lhe ditando alguma regra, ela conseguia perceber uma gentileza estranha em sua voz. — Te dar essas respostas, mesmo que seja o que queira é ir contra meu real intuito de não envolver mais ninguém nisso!

Ela se assustou quando o rapaz parou abruptamente e virou-se para ela, fixando seus olhos no rosto jovem da morena. West conseguiu perceber um brilho fraco do que seria um arrependimento em seu olhar, sua última fala veio carregada de um peso que ela não compreendia e não sabia se queria compreender.  

E mesmo que isso estivesse indo completamente contra seus pensamentos e suas possíveis atitudes impensadas que poderia ter tomado, Alana apenas meneou a cabeça de maneira lenta, digerindo cada palavra antes de formular uma nova pergunta para ser feita a ele. Apesar de ela sentir algo dentro dela que parecia lhe dizer para parar com o questionamento por ali mesmo.  

— Na primeira vez em que nos encontramos, você disse que estava procurando por meu pai e também não podia me dizer sobre o que se tratava essa procura, mesmo depois de saber que sou filha dele e de que ele está morto, você não me disse nada sobre. — Começa, sua testa estava franzida enquanto as palavras simplesmente saiam de seus lábios, seus olhos estavam fixos num ponto qualquer que encontrou pelo chão; evitando assim que o olhasse diretamente. Pois acreditava que se o fizesse, acabaria se perdendo em sua própria fala. — Depois disso eu fui atacada por uma senhora de sessenta e cinco anos com uma perna quebrada e um dia depois, algo bizarro acontece dentro de um hospital e sinto o mesmo odor que senti antes de ser atacada.  

Ela então ergue o rosto para enfim encará-lo e apesar de reparar que seu estava saindo como um tipo de bronca, seu rosto estava numa expressão neutra e tranquila demais. O que ela mesma estava estranhando em si.  

— Você me faz um monte de perguntas e começa a agir de forma estranha e depois de muita insistência enfim aceita respondê-las, mas não pode me dar todas as respostas que quero e preciso ter! — Alana se afasta meio passo do outro, mantendo o rosto fixo na direção dos olhos dele, parte de si ainda não compreendia o real motivo para tamanha insistência em ter suas perguntas respondias; afinal ela não o conhecia, não sabia quem era, apesar de saber seu nome, mas não conseguia justificar o que realmente buscava por querer tanto ser respondida. — Eu não acredito muito em coincidências e sei e sinto que nada disso que aconteceu nesses últimos dias tenham sido apenas coincidências. 

A moça deu com os ombros, fazendo uma pausa demorada. Dentro de sua mente, seus pensamentos encontravam-se uma verdadeira bagunça devido à agitação que sentiu correr por seu corpo conforme as palavras saíram por entre seus lábios. Alana precisou respirar de maneira mais lenta algumas vezes, enquanto tentava reorganizar a bagunça que existia em sua mente.   

— Aparentemente eu já estou envolvida nisso, seja lá o que for tudo isso e, por mais que você esteja se esforçando para negar esse meu envolvimento, eu consigo ver nos seus olhos. — Alega, não dando tempo nem espaço para que Kambriel pudesse falar novamente. — E acredito que meu pai também tenha se envolvido nisso, senão, por qual outra razão você o estaria procurando?  Por qual outro motivo tentaria tanto esconder isso?!

Imitando o que fizera anteriormente, Alana fez uma nova pausa em sua fala, enfim dando lugar para que o rapaz também se expressasse, mas diferente do que ela imaginou que aconteceria, ele nada diz. Seu silêncio prolongado e o claro sinal de tensão a correr por seu corpo a intriga e também lhe traz uma certa impaciência.  

Não era burra, tão pouco ingênua para fingir que não tinha nada acontecendo ao seu redor, isso estava se tornando cada vez mais explícito e à medida que o outro parecia se esforçar mais e mais para esconder isso dela, Alana West se via cada vez mais tentada a descobrir o que era. Isso também a fez questionar o envolvimento de seu pai nessa história, talvez ele soubesse sobre algo e por isso Kambriel veio procurá-lo. 

— Meu pai sabia sobre isso? Quero dizer, sobre o que realmente tem acontecido aqui em Grória? — Ela pergunta muito de repente quando percebe se não fizesse aquela pergunta teria mais outras para serem feitas.  

Kambriel permaneceu em silêncio por um tempo, parecia pensar sobre sua resposta. Seus olhos se direcionaram para o teto da igreja e Alana o imitou, encarando durante alguns segundos o teto pintado numa representação simplista de um céu. Ela esperou até que o outro voltasse seu olhar para baixo e quando ele o fez, tornou a imitá-lo. Quando voltou a encará-lo percebeu certa relutância nele, como se ao responder àquela pergunta, algo poderia acontecer.  

— E-eu... — O moço gaguejou, fechando os olhos rapidamente. — Honestamente, eu não sei. 

Ao primeiro momento a moça nada diz, pois via verdade através dos olhos azuis do rapaz na sua frente e, o que deveria causar dentro de si uma revolta sem sentido, tirou dela apenas um aceno lento e breve com sua cabeça. Foi como ter e ao mesmo tempo não ter nenhuma das outras perguntas que ainda queria fazer respondidas porque a grande maioria delas precisava que a informação recebida a pouco fosse uma garantia de que seu pai poderia estar ou não envolvido em tudo aquilo. 

Seja lá o que era esse tudo.  

Em um tipo de tique nervoso e pensativo, West morde o lábio superior com força, reformulando muitas de suas futuras perguntas e revendo se realmente as faria a seguir. Estava na cara que, Kambriel sabia de alguma coisa — a qual ele se recusava a dizer —, talvez soubesse até mais do que estava dizendo a ela. Ao desviar seus olhos do belo rosto que ele tinha, sentiu-se um tanto estranha, perdida e mais insatisfeita do que imaginou que estaria. Percebeu que insistiu tanto pela conversa, mas a mesma de nada adiantou, já que uma das perguntas que considerava principal veio de maneira incerta pela pessoa que ela julgou saber de tudo.  

— Sobre o que houve comigo, — Ela voltou a falar depois de um longo tempo em silêncio. Erguendo o rosto para que assim tornasse a olhá-lo nos olhos. — O que você pode me dizer sobre isso? 

— Não muito, como disse antes, não tenho permissão para falar abertamente sobre tal assunto. —  Ele respondeu ainda num tom gentil, contrariando o que ela imaginou que receberia de sua reação, pois imaginava e acreditava que em seu interior, o outro já estava tomado pela irritação pelo interrogatório ali formado. — Na verdade, essa conversa sequer deveria estar acontecendo.  

— Por que? — Alana se sentia como uma metralhadora ao disparar tantas perguntas assim na direção do rapaz, cheia de expectativa ela deu meio passo para frente, diminuindo a distância entre seu corpo e o corpo maior de Kambriel. Deixando transparecer sua necessidade por mais respostas. 

Estava novamente indo completamente contra seus próprios pensamentos racionais.  

— É muito complicado — Ele diz de uma maneira simples, diminuindo seu tom de voz como se não quisesse que mais ninguém que pudesse estar por perto o escutasse; apesar de não ter ninguém na igreja além deles dois.  

Seu rosto se transformou numa careta de dúvida, as duas sobrancelhas se uniram, os lábios se torceram formando um tipo de bico e seus olhos se desviram de seu rosto durante um tempo; ela precisava pensar. Nesse meio tempo o rapaz fez menção de se afastar dela e o fez de fato, deu as costas para West e com passos lentos e silenciosos, começou a andar pelo corredor. 

Alana pensou em rapidamente segui-lo, mas quando se deu conta de que sua última fala pareceu lhe intrigar mais do que pensou, ela simplesmente recuou. Ergueu outra vez seu rosto na direção do rapaz, olhando-o de costas para ela enquanto caminhava devagar pelo corredor. Ela não era muito de ficar reparando nas pessoas, muito menos em pessoas desconhecidas, mas tinha algo nele que a instigava.  

Haviam muitos detalhes, mas o principal era em como sentia-se em paz quando estava próxima dele, percebeu isso logo no primeiro dia, quando foi dormir e pela primeira vez em duas semanas, não teve o estranho pesadelo que lhe atormentava todas as noites. Ao primeiro momento ela achou que era apenas porque estranhou a visita inesperada de Kambriel na lanchonete, mas quando isso prosseguiu até a noite passada. Não teve pesadelo. 

E ela também questionava o motivo disso, mas resolveu deixar esse assunto de lado, até porque ele não tinha nada a ver com o mesmo.   

— O que estava fazendo no hospital ontem? — A voz do rapaz cortou todo o silêncio ali formado no grande salão do interior da igreja, atraindo a atenção da moça novamente.  

— Fui visitar uma pessoa. — Diz simplesmente, não dando muita importância assim para a própria fala.

— A mulher que a atacou? — Kambriel torna a perguntar, aproximando-se outra vez da jovem.  

Alana concorda com a cabeça.  

— Eu posso vê-la? — A última pergunta a surpreende por alguns instantes, mas então Alana começa a associar algumas coisas. Era óbvio que ele iria querer ver Vivian, ainda mais depois de saber que fora ela quem a atacou. — Você poderia levar-me até o hospital, se não for causar nenhum incômodo, é claro.  

— Claro. — Sua resposta veio rápida e sem qualquer tipo de hesitação e leva alguns segundos para que Alana perceba isso. Pensou melhor na decisão tomada de forma tão imediata e logo deu-se conta de que isso poderia ser vantajoso para ela também, 

 ●●●

Kambriel aproveitou a deixa de Alana ir ver como o pastor Jeffrey estava para fazer a visita da mulher que a atacou antes, Vivian Glesser, disse o nome da senhora em sua mente como se quisesse guardá-lo em seus pensamentos, dependendo do que descobrisse ao visitá-la, poderia enfim começar a seguir alguma direção para finalmente começar a pensar em como encerraria todo aquele caos.  

Ao abrir a porta do quarto hospitalar onde Alana lhe indicara que a senhora Glesser estaria, o arcanjo sentiu-se estranho, foi como sentir uma forte presença entranha dentro daquele quarto e, se não estivesse com toda a sua glória — apesar de ainda estar em um corpo humano — era bem provável que aquela sensação estranha o dominasse por completo. Ao avançar agradeceu mentalmente pela filha de Jacob West ter se preocupado com o pastor Jeffrey e ter ido visitá-lo também, caso contrário, ele não sabia ao certo o que poderia esperar caso ela quisesse entrar no quarto também.  

Parando próximo da cama onde a mulher mantinha-se desacordada, o rapaz buscava por algum tipo de sinal físico que denunciasse o que já suspeitava, correu os olhos azuis pelos braços expostos e pescoço e nada encontrou e manteve a observação em seu limite, afinal não iria começar a mexer na mulher em busca de algo. Seria desrespeitoso em todos os sentidos.  

— Como você fez isso? — Murmurou a pergunta baixa demais para que qualquer outra pessoa escutasse ao olhar para a perna quebrar estar suspensa, o gesso grosso cobria até metade de sua coxa. 

Kambriel voltou sua atenção para o ambiente, ao lado da cama viu um vaso pequeno com algumas margaridas, mas estavam todas secas e mortas, como se não tivessem sido cuidadas durante dias. A janela estava fechada, permitindo que o interior do quarto estivesse abafado e um tanto quente demais, apesar do clima do lado de fora ser o oposto e havia também o cheiro... O arcanjo aspirou, sentindo o odor de enxofre que vinha da mulher, mais fraco do que sentiu no dia anterior, mas ele ainda estava presente.  

Ele ficou tenso. Seus músculos se enrijeceram e ele sentiu seu lado guerreiro querer sair, existia uma forma lógica e rápida de resolver aquela questão, mas ele sabia que se fizesse isso, causaria muitas consequências e ele não estava se referindo ao mundo celestial e sim ao mundo dos homens.  

— Quem é você?... — Murmura novamente outra pergunta, olhando para a mulher com mais atenção, percebendo como ela estava pálida, parecia até que não existia vida correndo por suas veias. Era como olhar um cadáver, apesar de ela ainda estar respirando.  

Foi rápido, até mesmo para um arcanjo como Kambriel. A mulher despertou no segundo seguinte o pegando completamente desprevenido, seus olhos se abriram com a mesma rapidez em que se arregalaram ao olhá-lo tão perto assim. E foi possível perceber uma fúria incomum em seu olhar, algo que ele julgou não ser humano. Sua face envelhecida se transformou, aos poucos adquirindo uma aparência demoníaca e fora do que qualquer ser humano consideraria comum, sua boca se entortou ao mesmo em que sua cabeça pendeu para a direita, ao ponto de ele ouvir o som de seu pescoço se torcendo.  

Um som horrível. 

Antes mesmo de ele conseguir reagir, a mulher, ou o que estava dentro dela, o agarrou pelo pescoço, os dedos finos e compridos se fecharam com uma força sobrenatural, conseguindo aos poucos sufocá-lo.  

— Não deveria estar aqui, anjinho! — A voz que saiu por entre os lábios finos da senhora causou nele uma reação humana; um medo que ele sentiu correr por cada extensão de seu corpo o fazendo estremecer.  

O tom rouco, baixo e tão perturbador parecera ter invadido seus ouvidos e deu a impressão de que a mesma estava ecoando dentro de sua mente, seria assim que os humanos se sentiam quando se deparavam com aquela situação? Será que foi essa a reação de Alana quando a mulher atacou? 

Ainda segurando-o pelo pescoço a senhora Glesser, ou ao menos seu corpo humano, levantou-se num sobressalto da cama hospitalar, soltando todos os acessos e fios que estavam conectados a ela. O detalhe de uma de suas pernas estarem quebradas chamou a sua atenção, pois nenhum ser humano seria capaz de fazer o que ela estava fazendo estando completamente são; imediatamente ele recordou-se de quando Alana lhe contou sobre o ataque que sofreu antes e isso apenas confirmou o que ele já sabia. 

Em uma tentativa que se mostrou falha, Kambriel buscou reagir, mas sem que usasse toda a sua força, porque ele não queria ferir o corpo humano da mulher e nem mesmo causar algum tipo de dano físico a ela. Contudo, como se tivesse percebido sua intenção, o demônio abriu a boca soltando um grunhido alto e estridente, este também parecendo ecoar dentro de sua mente, perturbando-o ainda mais sua mente humana. Logo, lançou-se para frente o levando contra a parede em uma força descomunal.  

O arcanjo tentou levar as duas mãos para tentar tocá-la e fora interrompido quando a mulher as segurou usando apenas a mão que tinha livre. Mostrando a ele uma força maior do que o ser celestial; espantando-o. Kambriel fora surpreendido pela ação, pois logo percebeu que o demônio ali não era como os tantos com quem já lutou antes; não era como Zarael ou todos os outros. 

— Kambriel o pastor... — Alana parou sua fala assustada assim que abriu a porta e entrou no quarto, ao ver a cena que acontecia ali dentro seus olhos castanhos se arregalaram numa reação propícia para a situação. Nesse momento o rapaz pôde o motivo de ela querer tanto saber o que realmente estava acontecendo naquela cidade, em sua expressão ele viu o mesmo medo que percebeu quando ela contou sobre o ataque, o brilho em seus olhos não era animação ou algo do tipo, era um medo que ela já conhecia.  

Em seus olhos e na expressão que seu rosto tomou ao ver a senhora Glesser naquela forma bestial trouxe a ele uma compreensão de que a insistência por respostas, não era algo à toa ou sem sentido. A jovem parece travar em seu lugar, os lábios entreabertos tremelicavam levemente como se ela tentasse encontrar palavras para falar naquele momento; apesar de ser quase impossível de se conseguir isso. As mãos tremiam e isso era algo perceptível. 

O corpo humano de Vivian Glesser fez com que seu rosto virasse para a esquerda e os olhos raivosos e demoníacos agora encaravam Alana como se ela fosse um tipo de prêmio que deveria ser conquistado, existia um interesse nela, isso ele também percebeu.  

— Você! — A voz saiu perturbadora saiu num tom alto e incômodo fez com que ela estremecesse e recuasse. O arcanjo foi solto e agora o interesse do demônio estava na filha do pastor Jacob West.  

Ao mesmo tempo em que ele viu quando a mulher praticamente se lançou na direção de Alana, ela recuou até a parede, encurralando-se a si mesma, a porta do quarto se fechou numa batida forte para que ninguém fora dali visse o que acontecia ali dentro. Kambriel avançou também, recuperando o fôlego o mais rápido que conseguia. Novamente Glesser soltou um grunhido, este fez com que a morena levasse as duas mãos ao redor de sua cabeça cobrindo as duas orelhas para não escutá-lo, já o arcanjo sequer pareceu se incomodar com o som, afinal, poderia dizer com toda a certeza que já escutara algo pior. Mas para os humanos, o som era como uma prévia de um tormento e não se surpreendeu quando viu a reação da humana.  

Algo estranho aconteceu, a luta interna que ele travava contra si mesmo entre seu lado transfigurado e o lado guerreiro imediatamente cessou quando, ele contrariou a própria decisão e deixou-se ser tomado. O arcanjo só percebeu o que houve se viu na frente de uma Alana encolhida contra a parede ainda com as mãos a cobrir seus ouvidos, o corpo humano estava agora ereto e sua postura era de defesa e ataque ao mesmo tempo. As duas mãos estavam mantendo o corpo da senhora Glesser afastado da morena, mas existia ali uma luta entre suas forças.  

O outro corpo tentava avançar, forçando-se para frente enquanto Kambriel continuava a segurá-la e mantê-la afastada, sentindo seus músculos trabalharem o dobro de seu normal por causa do corpo humano.  

— Saia! — A voz do rapaz mudou de entonação atraindo a atenção de Alana que, o olhou como se não compreendesse o que acabou de presenciar. A palavra dita saiu numa língua que ele soube que a humana não entendera, mas o demônio ali sim e felizmente houve uma reação. Os olhos arregalados e raivosos mostraram um medo passageiro após a ordem ser dada. 

A mulher soltou mais um grunhido, este parecendo fazer até as quatro paredes do quarto estremecerem e então, o corpo humano da senhora pareceu enfraquecido, tombou para frente caindo nos braços de Kambriel desacordada. 

Alana West se endireitou e avançou meio passo para frente e encarou o rapaz na sua frente ainda assustada, porém essa não era a única expressão ali presente na face jovem e foi então que Kambriel se deu conta do que acabara de fazer e do que causou.  


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Notas finais do capítulo

~Alguém viu o que não deveria ter visto...

~Alana tem perguntas e Kambriel não pode responder a maioria, complicado esse homem também viu haha.

~E agora, hein????

Nos vemos em breve!



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