Você Me Perdoa? escrita por Gaio


Capítulo 5
O Convite


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus caros!! Como vão nessas semanas massantes de quarentena?
Espero que bem.

Esse capitulo ficou grande, mas tem aspectos importantes para nosso roteiro de ação. Vocês gostam de capitulos grandes? Eu exclui varias coisas, mas ainda sim ficou enorme.

Cade vcs nos comentarios, heim? Estou escrevendo para fantasmas? Ajudem seu escritor a ter imaginação para a historia, afinal, escrevo para vocês, então me digam o que vocês esperam!!

Um beijo, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788790/chapter/5

Por Gaio


~•••~

 

Já haviam se passado quatro dias. Nami se aventurava pelos corredores do alojamento onde estava hospedada com o Exército Revolucionário; eles não eram muitos, mas Sabo lhe disse que isso era apenas temporário. Um grupo muito grande apenas chamaria uma atenção desnecessária, despertando os olhos e ouvidos que Doflamingo tinha pela cidade, e o plano precisaria estar bem traçado antes de começarem a agir.

O loiro também havia lhe dado roupas novas, um quarto mais confortável, e também devolveu seu clima tact que ela sempre carregava consigo. Nami notava o quanto ele se esforçava para estreitar seus laços, e sabia que precisava fazer o mesmo. Se quisessem trabalhar juntos, precisavam confiar um no outro.

Mesmo que não gostasse da ideia, Nami sabia que, por hora, precisava ficar com ele, em nome de sua segurança e da segurança de sua família. O Comandante jurou que protegeria Nojiko até o final dessa missão, e ela precisava acreditar, pois fé era a única coisa que lhe restava ter nesse momento. A esperança de que ainda pudessem vencer.

Entretanto, por mais que estivesse ansiosa para traçar o plano o quanto antes, essa era a menor de suas preocupações no momento.

Ela havia concordado em formar a aliança, para que juntos pudessem acabar com Doflamingo com as armas que possuíssem, mas isso não significava que iria fazer as coisas do jeito deles, e era exatamente por isso que se esgueirava pelos cantos escuros a procura de uma brecha para poder sair.

Nami não iria fugir, na noite anterior ela entrou em contato com Rayleigh – que, mais tarde, foi lhe dito que também era aliado dos Revolucionários – e este lhe pediu encarecidamente por paciência, mas estava cansada de esperar. Queria as respostas que ainda não haviam lhe dado: como Doflamingo estava se movendo? Rosinante realmente era um “Donquixote”? De qual lado realmente estava? E onde estaria Law? Estava seguro? ... e onde seu marido se encaixava nessa historia?

Ela precisava saber, precisava de respostas, e só existia um lugar onde poderia encontra-las.

 Nami estava vestida com os trajes que Sabo havia lhe dado: uma jaqueta de couro preta, calça skinny e tênis da mesma cor para poder se movimentar com segurança pelo prédio que mal tinha iluminação. Descia lentamente as escadas que dava acesso a cozinha, como se pisasse sobre uma fina camada de gelo sobre o rio. No jantar, um dos soldados deixou pendurada na parede as chaves de um dos carros que mantinham no subsolo do prédio, e imediatamente a ideia lhe veio à cabeça.

Nami não ficaria de braços cruzados. Se eles não lhe davam respostas, ela as encontraria por contra própria.

Afinal, o que era tão sigiloso que ela não poderia saber? Será que o líder revolucionário ainda tinha ressalvas sobre a aliança?

A ruiva ouviu vozes e deu um passo para trás, se encostando na parede. Ela viu sombras se moverem pela luz fraca de um lampião que clareava a cozinha. Duas pessoas conversavam em tom baixo. Nami espirou de maneira que não pudessem perceber sua presença.

— Precisamos encontra-lo. Se ele criar alarde, vai interferir em toda a nossa estratégia.

Ela ouvia a voz de Sabo. Nami admirava sua capacidade de alto controle mesmo conversando sobre algo que parecia preocupar demais o outro integrante.

— Por isso trouxe a jornalista? Para atrai-lo? – Perguntava o outro homem. Ele tinha uma estatura monstruosa, sua altura era quase o dobro da de Sabo.

— Ela não é uma isca. Precisamos do conhecimento dela. Mas acho que será inevitável.

Nami gostaria de ouvi por mais tempo, mas não poderia se dar ao luxo de ser pega espiando a conversa da qual ela talvez não deveria escutar. Eles estavam entretidos um com o outro, e a ruiva se aproveitou disso para apanhar sorrateiramente as chaves sem que percebessem. Sem fazer um ruído sequer, afinal, ela não tinha afama de ladra à toa.

Obrigada” – sussurrou baixinho com um sorriso de satisfação nos lábios, e logo se dirigiu novamente as escadas, descendo até o último andar onde estacionavam todos os veículos. Quatro para ser mais exato. Eles eram espertos, todas as vezes que precisavam sair, usavam um diferente para não levantar suspeitas.

Nami ainda não sabia o local exato onde o esconderijo se localizava, pois as janelas do lugar não lhe davam uma visão muito extensa da cidade. Por sorte, ela pode observar a direção dos ventos e o comportamento das nuvens durante o dia. A cidade era dividida em cinco grandes regiões; quatro delas sofriam mudanças climáticas dos ventos que vinham do mar, e a região onde estavam não eram uma delas.

Nami entrou no carro e procurou pelo mapa que trouxe no bolso da jaqueta, já que seu telefone fora confiscado por motivos de segurança. Mas aquilo não era um problema, se nada atrapalhasse, ela chegaria no seu destino e conseguiria voltar antes que percebessem sua ausência.

A ruiva segurou o volante com as duas mãos, e por um segundo, fechou seus olhos e respirou fundo, soltando o ar pelos lábios.

No caminho, ela repassava na cabeça os últimos ocorridos, tentando processar de maneira organizada o que soubera por Sabo. Em poucos dias, sua vida dera uma virada tão brusca que só de pensar a deixava tonta, e agora ela tinha dificuldades em conectar os pontos e adivinhar o que poderia acontecer daqui para frente. Nami percebia sua mente dando sinais... começava a pesar e se recusava a interagir com ela. Estava enfastiada com tudo e clamava pelo descanso que, sabia, não conseguiria tão cedo.

Nami estava aflita! Ela tinha ciência que, desde o inicio quando aceitou fazer parte dessa missão, estaria apostando mais fichas do que tinha em jogo.

E nesse jogo de azar, ela não sabia se sairia ilesa.

Nami dirigia com a cabeça em turbilhões, ela sentia o corpo reagir a isso. A prova era o quanto seu coração batia forte contra o peito, não sabendo discernir que tipo de sentimento lhe invadia.... Quando seus planos saíram do eixo ela perdeu completamente o norte, e não tinha mais conhecimento do rumo que deveria tomar. Suas expectativas foram esmagadas, porque ela subestimou o alcance que seu inimigo possuía.

Parecia que nada disso tinha um fim. Esse terrível pesadelo do qual ela esteve presa durante anos lhe solapava ate mesmo nas suas noites de sono, lembrando-a do martírio que vivera durante oito anos nas mãos de pessoas como Doflamingo. Pessoas desprezíveis e que mereciam pagar pelos seus crimes.

Ela precisava por um fim isso. Ela decidiu por esse caminho e por anos e anos vinha se empenhando o máximo que conseguia, extrapolando seus limites, deixando que lhe açoitassem o orgulho e a dignidade... Nami até mesmo sacrificou o amor pelas pessoas que amava, para que um dia... um dia os fizessem ajoelhar e se arrepender pelas vidas que torturaram.

Mas então... por que?

Porque todo seu esforço não parecia ser o suficiente? Por que todas as vezes que vestia sua bravura, e escalava a muralha de dissabores e pesares que lhe cercava... quando sentia que estava cada vez mais perto, algo lhe puxava para baixo novamente, fazendo-a se lembrar de como era fraca? De como se tornava insignificante diante do poder deles?

O que estava faltando? Aonde estava errando?

Nami encostou a cabeça no volante. Precisava afastar os pensamentos ruins, ao menos por hora.

Ela já havia chegado no seu destino, estacionando do outro lado da rua, e esperava que o movimento diminuísse para entrar no estabelecimento. O bar era pequeno, e uma lâmpada de cor amarela iluminava o nome “Saobody” acima da portinhola de madeira. De longe, parecia apenas um simples bar, mas Nami sabia que se quisesse descobrir o que acontecia nos cinco cantos da cidade do Leste, aquele era o lugar.

Ela olhou a rua de todos os lados, e enrolou os cabelos colocando-os dentro do capuz para que pudesse andar até o local sem ser vista.

Dentro do bar, um aroma agradável de arroz frito lhe invadiu e ela sentiu fome, mas não poderia perder tempo. Precisava voltar antes que os revolucionários sentissem sua falta.

Havia apenas duas mesas ocupadas, ainda sim, com poucas pessoas, e ela respirou aliviada por isso. A jornalista se aproximou do balcão do bar onde um homem estava de costas, abaixado sobre uma caixa. Nami não se lembrava de tê-lo viso antes, mas já fazia muito tempo desde que visitara o bar de Shakky.

A ruiva tirou uma nota de dinheiro do bolso e deslizou pela madeira.

— Preciso falar com a Shakky-san. – Disse ela quase num sussurro.

O homem era baixo e gordo, sua camisa branca estava um pouco manchada de sujeira, o que não combinava com o local extremamente limpo. Ele lhe fitou por cima dos ombros e sem se virar para ela, pegou o dinheiro com as mãos tremulas e o colocou no bolso. Por instinto, Nami olhou para trás, para os homens que bebiam em completo silêncio.

Alguma coisa estava acontecendo.

— Ela está na cozinha. – Ele respondeu indiferente.

Nami assentiu com a cabeça e se apressou. Ela abriu e fechou a porta com pressa, mas o local estava escuro, iluminado apenas pela luz da rua que vinha de uma pequena janela. A ruiva ouviu ruídos estanhos, e quando apertou os olhos, viu Shakky amarrada no canto da parede. Uma fita tapava sua boca.

— Shankky-san? – Chamou, mas Nami não conseguiu dar um passo sequer para ajudar a amiga, pois assim que inclinou o corpo para frente, ela ouviu um som, baixo, mais que a fez paralisar, e logo o ferro gelado de uma arma foi encostado na sua têmpora.

Nami engoliu seco. Ela olhou pelo canto dos olhos o homem que lhe encarava com apatia, e sentiu uma gosta de suor escorrer pela testa, e então passos ecoaram pelo local, para segundos depois, a figura de uma mulher emergir das sombras a menos de um metro de si.

Boa noite, senhorita Nami. .... Podemos conversar?


~•••~


Law esperou escurecer para que pudesse ir até a mansão que Doflamingo usava como base. Ela ficava na parte oeste da cidade, num dos bairros mais movimentados, conhecido pelos mais variáveis tipos de comércios, e pelas apresentações artísticas acompanhadas de musicas e fantasias espalhafatosas. As ruas eram iluminadas com lanternas chinesas nas fiações, e estava sempre cheia de vida. Um lugar que parecia em festa 24h por dia, como se não conhecessem as coisas horríveis que aconteciam pelas redondezas, ocasionadas pelo homem que vivia na casa mais luxuosa daquele lugar.

Law estava no bairro desde cedo e vestia roupas simples para não chamar a atenção: um casaco preto com capuz para cobrir o rosto, sua típica calça jeans e sapatos. Ele estava colhendo algumas informações e confirmando outras que Kid havia lhe dado, e parecia que o ruivo não havia mentido. O que o deixava ainda mais preocupado.

Por causa da intromissão do jornal local e do Serviço Secreto da Marinha, Doflamingo havia perdido uma das maiores cargas que já havia chegado ao Leste, e que não iria apenas ser distribuído para a cidade, mas também seriam encaminhados para Kaido, líder de um grande exército no submundo, e que fazia negócios com Doflamingo há anos.

Quando soube disso, Law foi tomado pelo ódio, desacreditando de que isso pudesse ser real. Doflamingo não pararia até encontrar todos os responsáveis e os dilacerar com as próprias mãos, e isso incluía seu irmão, sua esposa, e a ele mesmo, que não tinha nada a ver com a situação..... até agora.

Agora ele fazia parte de um esquema com Kid em troca da posse de parte do império de Doflamingo. Law não se importava com o que aconteceria com a cidade, ele queria sua família a salvo, e isso era o suficiente para que pudesse viver em paz.

Se aproximar sem ser visto não era nada fácil. Mas Law sabia como passar despercebido entre as pessoas, sem nem mesmo esbarrar nelas, quase como um fantasma perambulante. Ele também conhecia quase todos os homens de Doflamingo que trabalhavam naquela área, nada que uma conversa e um bom quantia em dinheiro não o ajudasse a se aproximar da mansão – suntuosa e elegante como a casa de um lorde.

Dois homens guardavam o portão frontal, mas a casa em seu interior parecia tranquila, apesar das pessoas que a habitavam.

A segurança do lugar não era algo que impressionava, e Joker fazia questão de exibir para todo o Leste que sua casa estava aberta a quem quisesse entrar, pois um rei, quando tem ciência de seu poder, sabe que seus subordinados jamais se voltariam contra o seu império.

Law estava escondido na parte de trás da mansão, agachado sobe os pés de uma linda macieira. Jora, a governanta da casa, mantinha uma pequena plantação e alguns animais naquele quintal para que as refeições sempre fossem frescas e saborosas para o seu mestre. O adulando de uma maneira que deixava o cirurgião de estomago embrulhado.

Law podia ouvir pessoas festejando no salão central, o que favorecia seus interesses, já que toda a atenção dos serventes estaria sobre eles. Law viveu por tempo o suficiente naquela casa para memorizar como as coisas funcionavam.

O quarto das empregadas ficavam todos próximos a cozinha, que no momento estava vazia, e o cirurgião se atentava especificamente a uma janela, onde alamandas amarelas subiam pela madeira dando vida aquela parte tão sem graça da casa. 

Já estava quase perto da meia noite quando a luz da janela que o cirurgião vigiava se acendeu. Ele hesitou um pouco, mas avançou para ficar mais perto da casa, sempre agachado entre as plantas para que não fosse visto. Law sabia que seria injusto pedir para que se arriscasse por ele, mas mais uma vez precisava da ajuda dela, e nela o cirurgião podia confiar sem ressalvas.

Ele então colocou as mãos sobre os lábios e imitou o som de uma coruja. Um sinal combinado entre eles há muito tempo.

A luz do cômodo voltou a se apagar, e segundo depois um rosto juvenil despontou na janela, olhando diretamente para ele com um largo sorriso de felicidade. Não demorou muito para que a moça fosse até o cirurgião, ficando de joelhos na frente da porta gradeada da cozinha, trancada com um cadeado. Ela vestia uma camisola branca e chinelos da mesma cor, seus cabelos dourados estavam presos numa trança desleixada, e os olhos grandes, azuis como o céu do meio dia num dia de verão, fitavam o cirurgião com admiração. Law tocou a mão dela através das grades de ferro e retribuiu o sorriso.

Seu nome era Teresa. Law se lembrava até hoje do dia em que Jora a trouxera para a mansão junto com outros serventes. Ainda era uma jovem adolescente, órfã, e que poderia ter tido um destino muito melhor se não tivesse caído em mãos erradas. Ele se sentia aliviado em vê-la bem, e que ainda residia ternura em seu rosto.

A feição da mulher se desfez em preocupação e ela começou a formar palavras com as mãos com muita pressa. Teresa era muda, mas ouvia muito bem. Entretanto, Law aprendera a linguagem de sinais para que pudessem conversar sem qualquer preocupação.

— Não deveria estar aqui – dizia ela, eufórica – A mansão tem mais pessoas do que o normal, alguém pode te ver.

— Não se preocupe comigo – Law a tranquilizou, mantendo uma expressão complacente – Não se esqueça que era eu quem te livrava dos problemas toda vez que você quebrava alguma coisa.

Law fitou o rosto da jovem em silêncio enquanto ela gesticulava, perguntando o por quê ele estava ali. Seus olhos se firmaram um no outro até que Law atravessou a mão pela grade e tocou o rosto dela, afastando os cabelos loiros da face. Ela tinha um hematoma na testa e um corte na sobrancelha esquerda. Um machucado que parecia bem recente.

Teresa se afastou e virou o rosto mordendo os lábios, suas bochechas ficaram ruborizadas de vergonha.

— O que aconteceu? – Law perguntou, fitando-a com seriedade.

— Está tudo bem, foi um acidente.

Quem foi? —  Teresa abaixou a cabeça, balançando de um lado para o outro, se negando a contar, mas Law segurou seu ombro, puxando-a para mais perto, e insistindo mais uma vez usando palavras de ordem. – Quem foi?

A jovem se assustou, e com hesitação escreveu no ar com calma.

— Um convidado de Doflamingo... chamado Morgan-san. – Law permaneceu em silêncio – Prometa que não fará nada, por favor.... Não quero problemas.

Law se fixou nos olhos azuis percebendo que apesar dela ter crescido muito, ainda tinha muita ingenuidade por de trás deles, e ao invés de lhe responder, decidiu finalmente começar aquilo que viera fazer. O cirurgião voltou a usar a linguagem de sinais com a jovem empregada.

— Terê, preciso que me ajude com uma coisa. Sabe em que parte da casa eles trancaram Corazon? Ele está aqui não está?

Teresa assentiu com a cabeça.

— Ele está no seu antigo quarto. Eu deixei minha janela aberta, pode subir por ela. Mas... tem uma coisa...

Teresa parou por uns segundos com os olhos perdidos, para depois subi-los até Law, mostrando temor neles, as sobrancelhas juntas numa expressão de piedade, incitando que tinha algo a dizer que o cirurgião não iria gostar.

— O que foi? – O medico perguntou, não entendendo a atual feição da jovem, e enfim, ela respondeu.

Eles... o torturaram. — Disse ela por fim.

Law abriu seus olhos, e automaticamente lembranças lhe invadiram. Lembranças de tempos muito distantes, mas que ainda lhe corroíam a carne por dentro da pele para que ele nunca esquecesse das dores e das marcas. Todas elas, visíveis e não visíveis.

Uma forte compressão lhe veio no estomago e o cirurgião sentiu o corpo esquentar. Ele franziu o cenho em fúria, pensando que isso poderia muito bem fazer parte dos planos de Doflamingo, que sabia como abalar as emoções do cirurgião.

Teresa segurou suas mãos lhe olhando com convicção. Estava pronta para ajudar.

Law continuou:

— Preciso que encontre minha espada e a traga para mim. Me encontre no quarto, está bem? Estarei esperando.

Assim, a jovem deu as costas para o cirurgião e desapareceu na escuridão. Law andou até a janela aberta, que ficava um pouco mais de três metros do chão, mas isso não seria problema.

O cirurgião deu passos para trás, mediu a distancia e correu. Com um impulso na parede ele conseguiu facilmente alcançar a borda da janela, como se tivesse feito isso a vida inteira. Em segundos, Law já estava dentro da mansão.

Ele foi até a porta e olhou o corredor: vazio. Também escutou com atenção para saber se ninguém se aproximava e rapidamente caminhou até as escadas que davam acesso ao terceiro andar, e chegou ao seu antigo quarto sem contratempos.

A porta estava meio aberta e Law olhou pela pequena fresta. Rosinante parecia desacordado, sentado no chão ao lado da cama, com a mão esquerda algemada acima da cabeça. O cirurgião abriu a porta devagar, adentrando no cômodo em silencio.

Law se aproximou chamando o nome do irmão, mas antes que chegasse a ele, sentiu uma presença atrás de si.

O cirurgião abriu os olhos e se abaixou rapidamente, evitando um chute que lhe atingiria em cheio no rosto. Com muito agilidade, Law girou o corpo aplicando uma rasteira que fez a pessoa cair no chão com um baque seco. Rosinante despertou num susto, e tentava entender o que estava acontecendo.

Parecia ser uma mulher. Law a puxou pelos pés na intenção de imobiliza-la, mas novamente ele teve que desviar de um golpe de faca, onde o fio passou a centímetros dos seus olhos. O cirurgião se ergueu novamente, dando passos para trás. A mulher fez o mesmo, empunhando a adaga em posição de ataque, mas um simples movimento de Law a fez perder o controle da situação.

O cirurgião não tinha mais o capuz sobre a cabeça, o que deixava seu rosto muito mais nítido na luz da noite que entrava pela janela, e escancarava um sorriso malicioso nos lábios, baixando sua guarda propositalmente. A mulher apertou os olhos confusa com a reação do medico, e parou por tempo o suficiente para que Teresa empunhasse a espada silenciosamente e a imobilizasse com a lamina em seu pescoço.

Law não perdeu tempo e se aproximou retirando a adaga das mãos dela e o chapéu que tapava sua face.

Ele sorriu para ela, erguendo seu rosto pelo queixo para que ficasse bem próximo ao seu.

A que devo a honra..... Koala?


~•••~


Negociar? Acha que sou estúpida?

Nami indagava firmemente, cravando seus olhos nos da mulher a sua frente, tentando passar o sentimento de indiferença através de uma expressão completamente letárgica. Os orbes semicerrados e o rosto empinado numa posição imperial.

Nami achava toda aquela situação algo completamente ridículo, e uma perca absurda de tempo. Aquela mulher achava mesmo que ela faria um acordo com Doflamingo? Nami não cairia nessa emboscada.

— Eu sei muito bem o que Doflamingo quer. E mesmo que ele me ofereça o mundo, eu não quero nada que venha daquele homem.

Mesmo se esforçando, a mulher parecia saber ler seu medo em cada movimento involuntário que o corpo da ruiva fazia, e isso assustava de uma maneira nefasta.

Estavam frente a frente, a menos de um metro uma da outra, enquanto o homem permanecia quieto ao lado de Shakky.

Ela era um pouco mais alta do que Nami e abraçava o próprio torso de uma maneira que não desse para ver suas mãos. Vestia uma blusa verde e uma echarpe de plumas brancas que cobria seus ombros e braços, uma calça de sarja listrada e sandálias. Os cabelos, soltos sobre os ombros, tinham uma cor verde peculiar e seu rosto era até agradável, mas aqueles olhos.....

Os olhos dela eram algo que Nami nunca tinha visto na vida. Não tinham sombra, nem sentimentos e se prestasse muita atenção, ela juraria que não a viu piscar nem uma vez. Orbes grandes num tom amarelado que acendiam na escuridão, como se fosse uma fera pronta para caçar. A ruiva tinha a sensação de que se os olhasse por muito tempo poderia, virar uma presa a qualquer momento.

Ela sorria como se estivesse de frente a um amigo de longa data. Era uma mulher que lhe causava repulsa de longe. Se Nami ao menos pudesse pegar o clima tact....

— Eu pensaria duas vezes se fosse você. – A mulher elevou seu rosto e seus olhos pareceram ainda mais sedentos. – Ficar correndo por aí como um cão farejando migalhas não é algo muito inteligente de se fazer.

Nami permaneceu em silêncio, não poderia se deixar levar pelas provocações d. Sabia que ela se referia a carga de drogas que Doflamingo perdeu há algumas semanas – resultado da sua investigação – mas o que ela queria dizer com isso?

— Realmente... perder umas toneladas de drogas não deve ser nada para Doflamingo.

Nami disse em tom afrontoso tentando arrancar alguma informação, mas tudo o que recebeu foi uma leve risada debochada.

Acha mesmo que investiríamos tanto para trazer drogas ao Leste? Além do mais, nossa carga está em boas mãos.

Nami estendeu os olhos, pois aquilo a havia pego de surpresa, e a esverdeada esticou seu sorriso com a reação da ruiva.

Do que diabos aquela mulher estava falando? Eles recuperaram a carga? Mas como? Ela viu com os próprios olhos o transporte do container ser interditado. Eles perderam.

... e então, como uma luz, Nami se lembrou das palavras de Sabo:

Vocês foram traídos

...tudo fazia parte do plano deles?

— Senhorita Nami, Joker não quer te comprar, não somos bárbaros a esse ponto. Ao invés disso, ele te convida para uma conversa, como pessoas civilizadas.

Nami soltou uma risada abafada em sarcasmo. Precisava se recompor.

— Amarrar minha amiga e apontar uma arma para minha cabeça é uma maneira bem interessante de ser civilizado, não acha? – Perguntou, mantendo sua pose. Ela precisava se recuperar.

Novamente a mulher sorriu.

— E de que outra maneira iriamos chamar sua atenção? Vocês duas sairão ilesas, e isso é uma promessa. – A esverdeada passou a se aproximar e entregou um envelope para a ruiva.

— O que é isso?

— Um convite. No próximo sábado haverá um baile na mansão, e você... é nossa convidada de honra.

Nami olhou o papel ornamentado com seu nome em alto relevo numa tinta dourada.

— Por favor, solte a Shakky. Ela não tem nada a ver com isso.

Monet refletiu por um instante e decidiu acatar o pedido da ruiva. Ela deu um sinal para o seu companheiro que cortou as amarras dos pés de Shakky, levando-a para fora.

— Você também é livre para ir – disse para a ruiva – Mas nós nos veremos muito em breve, não é mesmo?


*CRAAAAAAAAASSSSSHHH*


Monet-sama!!

Barulho de vidro quebrando pode ser ouvido. A esverdeada abriu seus olhos, pois seu parceiro gritava por ela em desespero. Monet foi até a porta e Nami a seguiu e ficou perplexa com o que vira.

Se abaixa. – Shakky que estava escondida atrás do balcão do bar lhe puxou pelo braço.

— O que está acontecendo? – Perguntou ela, enquanto olhava por cima do balcão.

A frente de Monet, tentando protege-la, seu companheiro apontava a arma para um grupo de quatro homens que invadiram o local e derrubaram todos que estavam presentes. As mesas foram reviradas na briga e os capangas se retorciam de dor no chão, alguns ainda tentavam se levantar.

Desculpem interromper a reunião, mas.... – Uma voz grave e ameaçadora que fez Nami se estremecer.

Ela já tinha ouvido falar naquele rebelde e nas atrocidades envolvendo seu nome, mas nunca imaginaria encontra-lo um dia, ainda mais procurando por ela, afinal, todos diziam que ele estava morto.

— ... também temos assuntos a tratar com a ruiva!

Finalizou quase numa ameaça. Lançando um olhar mortal para Monet enquanto sorria de maneira assombrosa. A esverdeada devolveu o olhar rangendo os dentes, levando a afronta a altura.

Com certeza era ele...

Cicatriz no rosto e pescoço, uma túnica que ia até os pés, cabelos vermelhos e... um braço feito de ferro.

Eustass Kid.

O que um rebelde estava fazendo ali? Nami precisava sair dali o quanto antes.

O que pensa que está fazendo? — Indagou Monet, seus homens se erguiam com dificuldades, e a única resposta que obteve do ruivo foi o tiro em direção ao companheiro da esverdeada.

O ruivo não quis nem mesmo conversar. Quando os homens de Monet avançaram em direção a ele, iniciando um combate corpo a corpo, Kid deferiu um soco no rosto de um deles que ecoou por todo local, e uma briga desenfreada se alastrou pelo bar.

 Monet pulara para trás de uma mesa para se proteger das balas. Nami olhou para todos os lados procurando uma rota de fuga, observando aquela cena brutal que mais parecia um ring de luta livre. Aquele dia já tinha tido surpresas demais para ela, e sem querer pensar muito no que estava acontecendo, ela traçou uma rota para escapar.

— Shakky-san, me siga.

Não... Nami!!

Mas a ruiva já tinha se lançado no meio da briga, se esquivando como podia, não tirando os olhos da porta. Ela estava quase alcançando quando sentiu uma dor oscilante em seu corpo que a fez se desequilibrar, suas penas fraquejaram e ela cairia no chão se Kid não a tivesse segurado, apanhando-a pela cintura, correndo para a saída, em direção ao carro que lhe aguardava.

— Me solta! – bradou ela, debatendo-se numa tentativa falha de se soltar. Kid apenas a livrou do enlace quando colocou a ruiva no banco de trás – Você.....

O veiculo partiu em alta velocidade. Nami gemeu e automaticamente levou as mãos a cintura, apertando os olhos com o ardor latente que insistia em permanecer.

— Ei, ruiva... você está bem?

Kid afastou as mãos dela do local quando viu suas reações.

Nami foi ferida!



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aiaiai.. onde a Nami foi se meter, heim!!? E ainda arrastou o Law junto!! Ah, e eu esqueci de mencionar para vocês pensarem nos "rebeldes" que eu uso na historia como os piratas em One Piece, mas acho que deu pra entender, né!

Eu decidi adiar o encontro deles, mas logo logo eles terão que resolver seus problemas um com o outro!! E talvez criar outros.. hehehe
Gostaram? O que vcs acham que Doflamingo quer com a ruiva? Teremos mais respostas no próximo capitulo.

Adios, meus caros, e até o próximo.