Maresia escrita por Cinderela Modernizada


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

“Não se pode controlar as coisas que vêm do coração.” — Simplesmente Acontece.



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— Iai Júnior, como você tá? – Cumprimentei meu estagiário predileto assim que passei pelas portas da delegacia.

 - Merlia, oi! – O garoto atrás do balcão me deu um sorriso alegre. – Reunião de domingo? – Assenti me aproximando de onde ele estava, lhe entregando um copo com smoothie de banana.

 - Trouxe para você! – Ele me olhou um pouco assustado antes de aceitar o presente e dar um gole.

 - Como você sabia que gosto desse sabor? – Perguntou limpando o bigodinho formado pela bebida com a manga do uniforme.

 - Por favor, eu sou uma detetive. – Seus olhos se arregalaram e eu dei uma risada. – Sempre tem um copo vazio com smoothie de banana no seu lixo, junto com o saquinho de pipoca de leite ninho. – Apontei com a cabeça para o cesto de lixo perto do seu pé.

 - Você é boa! – A admiração na sua voz era palpável

 - Merlia? – Caleb apareceu do seu jeito sério de sempre e olhou para Júnior e para mim alternadamente. – Desde quando vocês são amigos? – Perguntou juntando as sobrancelhas, confuso.

 - Ele é a pessoa que eu mais gosto nessa delegacia. – Disse implicante, batendo meu copo no dele para fazermos um drinque.

            Júnior ficou verde pelo olhar que Caleb lançou para ele, achei que iria desmaiar.

 - Vamos? Nossa reunião tá para começar e quero muito jogar na cara do Tenente Drian que eu não tô mais chegando atrasada para as coisas. – Fui para o lado do Caleb antes que o estagiário entrasse em combustão.

— E não tem café para mim? – Caleb perguntou enquanto íamos seguindo para dentro da delegacia até a sala de reuniões para o meu compromisso dominical.

 - Sem café para pessoas chatas. – Respondi enquanto bebia um gole do meu café.

 - Então por que você tá bebendo? – Ele rebateu dando um sorriso e me empurrando com os ombros um pouco para o lado, me fazendo desequilibrar um pouco e ficar alguns passos para trás, mas nada que pudesse realmente me machucar.

 - Sabe que eu podia ter caído e batido a cabeça, não sabe? – Disse enquanto o alcançava.

 - Talvez assim você parasse de ser tão dramática. – Ele abriu a porta da sala de reuniões para mim.

 - Que cavaleiro. – Ele deu um sorriso e eu passei um pouco com medo de que deixasse a porta bater na minha cara ou coisa do tipo, mas não o fez.

            O computador já estava na mesa, de frente para duas cadeiras e no mesmo lugar da semana passada. A tela já estava ligada, apenas nos esperando.

— Eu detesto essas reuniões. – Comentei enquanto me acomodava na minha cadeira e Caleb na do lado. – Me sinto muito pressionada e parece que o Tenente sempre quer que contemos alguma coisa extraordinária. 

 - Ele está sendo muito pressionado para fechar esse caso. – Caleb tentou justificar e eu assenti complacentemente.

  Nicholas devia estar sendo esmagado pelos superiores. Ele tinha poucos meses para terminar esse caso e tudo estava dependendo do que fizéssemos.

— É, eu sei. – Disse dando um longo suspiro, repassando as informações que eu tinha anotado mentalmente para dizer.

 - Qualquer coisa, estou aqui. – Caleb disse dando um sorriso doce.

 - Obrigada. – Agradeci um pouco surpresa de ele ter sido tão... legal? Ele era legal sempre comigo, mas dessa vez tinha sido .... muito legal. – Será que podemos terminar com isso logo? – Perguntei tentando disfarçar como tinha ficado inquieta com o novo jeito dele.

 - Às suas ordens! – E ele apertou o botão que conectava com a chamada de vídeo e Nicholas apareceu na tela.

 - Estão atrasados! – Tenente Drian disse antes de qualquer outra coisa.

Olhei para o relógio no canto da tela: dois minutos atrasados. Sério que ele estava brigando com a gente por míseros dois minutos?

— A conexão estava ruim. – Caleb disse tomando frente.

 - O que temos para essa semana? – Nicholas ignorou Caleb e pregou seus olhos dourados em mim. – Merlia?

 - Essa semana tivemos um progresso significativo. – Me ajeitei na cadeira. – Castiel e eu saímos, em um encontro, e nos aproximamos bastante. – Disse satisfeita comigo mesma. O nosso encontro tinha sido sensacional e  vinhamos trocando mensagens desde o dia. 

 - E o que descobriu? – Hoje ele estava para poucos rodeios, indo logo no que lhe interessava.

 - Pelo que parece, Castiel não tem envolvimento com o negócio ilícito do pai, talvez nem saiba. Ele me contou que está tentando sair da empresa e já está investindo em alguns negócios na cidade para isso. – Lembrei da conversa quando ele me contou que o restaurante do topo da montanha era dele.

 - Você acha? — Nicholas perguntou com um tom sarcástico. – Não podemos entrar em um tribunal com especulações Merlia, nenhum juiz vai aceitar isso. – Engoli em seco. – Descobriu mais alguma coisa? Uma que tenha certeza? – Neguei com a cabeça. – Então você não tem nada. – Disse seco.

— Tenente ... – Caleb tentou intervir, mas Nicholas não deixou, continuando com seu mau humor direcionado para mim.

 - Você já está na cidade a quase um mês e o que fez? Festas, um brunch, um encontro e nenhuma informação que eu possa usar, a não ser que qual café que o Castiel gosta faça a diferença se o levarmos ao Tribunal. – Ele deu uma risada de escárnio no fim, o que fez meus olhos encherem de água.

Por baixo da mesa, Caleb segurou a minha mão, a apertando com cuidado para mostrar que ele estava ali comigo (X). Apertei a mão dele de volta, respirei fundo, coloquei as lágrimas para dentro e me recompus. 

Não iria chorar ali na frente dele. Não iria demonstrar que suas palavras tinham me machucado. 

— Agente Quinn ... – Nicholas começou a falar com Caleb e eu imediatamente me desliguei da conversa.

            Como ele podia dizer que eu não estava me esforçando? Ele não sabia da metade das coisas que acontecia. Acha que só porque lia um relatório resumido do que acontecia tinha ideia de como era ficar aqui? Em cada palavra, ato e disposição que eu tinha que fazer para conseguir me aproximar do Castiel sem levantar suspeitas.

            Como eu ficava noites em claro planejando dias que as vezes nem chegavam a acontecer por conta de algum imprevisto. Nem tudo eram rosas, mas eu estava aguando meu jardim na expectativa da colheita.

            Quando aquela reunião dos infernos finalmente acabou e Nicholas desligou a chamada de vídeo, tudo que eu queria era sair dali o mais rápido possível. Fiquei de pé tão rápido que até fiquei meio tonta, tendo que fechar os olhos por alguns segundos para não desabar.

 - Merlia? – Caleb perguntou preocupado, colocando a mão no meu cotovelo para me apoiar. – Tudo bem? – Mesmo de olhos fechados podia sentir seu olhar em mim.

 - Tudo, só levantei rápido demais. – Dei um sorriso fraco e abri os olhos. Como eu disse? Olhos castanhos pregados em mim.

 - Olha, tenta não dar muita atenção para o que o Tenente disse. – Ele disse me seguindo, porque eu já estava andando apressada para fora da delegacia. – Fiquei sabendo que ele e a namorada não estão muito bem.

 - E isso dá o direito de ele me tratar como um lixo? – Perguntei acidamente, mesmo sabendo que Caleb não tinha a menor culpa do que tinha acontecido. 

 - Lógico que não! – Protestou. – Será que dá para parar de andar para a gente conversar? – Ele segurou meu braço quando chegamos já na saída da delegacia, me fazendo parar de andar e olhar para ele. – Bem melhor. – Disse com um sorriso enquanto eu olhava a movimentação da rua.

            O sol estava em todo seu poder brilhando no sol, sem ninguém dizendo que ele estava fazendo tudo errado ou como ele tinha que brilhar.

Sortudo.

 - Ele não tem ideia do quanto você está se esforçando e do progresso que já teve. – Olhei para Caleb e ele estava bem sério, mais do que o normal, como se quisesse que as palavras que estava dizendo entrassem na minha cabeça. – Ninguém conseguiu fazer o que você está fazendo, lembra disso, ok? – Assenti com a cabeça relutantemente, sabendo que ainda estava com cara de choro.

            Merda, eu odiava ser tão sentimental desse jeito. Meu codinome podia ser “manteiga derretida”, faria muito mais jus a quem eu sou.

 - Obrigada. – Consegui murmurar.

Caleb assentiu com a cabeça.

 - Por que não almoçamos juntos? Sei de um lugar bem legal. – Ofereceu com a expressão leve, quase ansiosa para que eu dissesse sim. Ou eu já estava vendo coisas, o que era bem mais provável.

 - Na verdade, tenho um compromisso já. – Callie estava desde ontem me mandando mensagem sobre o início da competição de surfe que seria hoje e eu tinha prometido que iria para lhe fazer companhia.

 - Uma próxima vez. – Disse dando de ombros de forma casual, mas percebi que ele tinha ficado um pouco decepcionado. - Mas nossa noite de seriados está marcada para amanhã, não está? – Imediatamente ele abriu um sorriso.

 - Lógico, é a noite da minha série! – Respondeu animado, me fazendo revirar os olhos. – Claro, isso se você não dormir na metade dos episódios. – Disse me fazendo lembrar da última segunda que eu estava tão cansada que dormi.

 No dia seguinte tinha acordado na minha cama e ficado surpresa ao constatar que Caleb tinha me levado até lá. Confesso que tinha achado fofo, mas não iria comentar.

 - Não prometo nada, se na minha série, que é a coisa mais perfeita do mundo... – Ressaltei e a foi a vez dele de revirar os olhos, mas ignorei e continuei a falar. - ...imagina sua? – Dei um sorriso implicante e continuou a me olhar de uma forma que estava se tornando habitual, mas que eu ainda não tinha conseguido descobrir o que significava. – Pode deixar que a comida fica por minha conta.

 - Ou seja, por conta da Diana. – Mostrei a língua.

— Vou embora antes que eu decida cancelar tudo porque você é muito chato! – Ele deu uma risada e juro que vi um policial que estava passando olhar assustado para o seu subdelegado, talvez um pouco surpreso por ele saber rir.

*

 - Então vocês tiveram uma noite super romântica no restaurante do topo da montanha e ele te deu um cachorro? – Callie perguntou enquanto andava na minha frente de costas para o resto do mundo.

Como combinado, tínhamos nos encontrado na praia oeste para assistirmos o início do campeonato de surfe. A loira na minha frente estava tão animada que conseguiu até me fazer esquecer um pouquinho o que tinha acontecido na reunião mais cedo. Ela e um grande copo de smoothie de goiaba que estava simplesmente delicioso.

 - Tem como você andar como alguém normal? – Perguntei preocupada de ela tropeçar em alguma coisa e cair de cara no chão.

 - Eu já posso te chamar de cunhadinha? – Perguntou com um enorme sorriso enquanto eu tomava um gole do meu smoothie.

 - Por favor, não! – Ela deu uma gargalhada alta. – E eu nem sei bem o que é isso tudo, estamos apenas nos conhecendo. – Acrescentei com o canudinho ainda na boca.

            Estávamos na praia oeste para o começo do campeonato de surfe e, como a Callie já tinha cansado de me dizer, era um dos maiores eventos da cidade. A praia estava extremamente bem estruturada, com um grande palco, banca para os jurados, câmeras para televisionar e filmar tudo. Barraquinhas de comidas espalhadas pelo calçadão e o símbolo da empresa do pai do Castiel para todos os lados.

 - Não sabia que sua família apoiava esportes. – Indiquei com a cabeça para uma das bandeirinhas com um C gigante desenhado.

            Callie revirou os olhos.

 - E não apoia. É só uma coisa que meu pai acha que faz a moral da empresa ficar bem ou coisa do tipo. – Explicou dando de ombros enquanto entrava na fila de algodão doce junto com algumas crianças. – Mas ele aparecer aqui? Nunca! – Disse com um sorriso ácido enquanto pegava o algodão doce cor-de-rosa.

 - Hoje o sol está de matar! – Me abanei com as mãos, tentando fazer um pouco de vento chegar no meu rosto para que aquela sensação de que iria derreter sumisse.

De todo o tempo que eu estava na cidade, aquele era sem dúvida o dia mais quente. Eu quase podia ver faíscas saindo do asfalto.

 - Voltando ao assunto que eu estava amando... – A minha companhia disse enquanto íamos de volta para perto do palco onde um DJ tocava uma música animada. – Meu irmão e você vão formar um casal bem lindo. – Revirei os olhos de brincadeira. - Já tô até imaginando vocês na capa de uma revista de fofoca. 

 - Você não vai deixar esse assunto de lado, não é? – Perguntei já sabendo a resposta.

 - Nunca. - Ela disse negando com a cabeça. - E falando no diabo... – Callie, com um sorriso, acenou com a cabeça para atrás de mim de uma forma nada sutil.

            Me virei e vi o loiro de olhos azuis em cima do tablado do bar, conversando com um senhor. Ele estava impecavelmente bonito, com um calção de surfista branco e uma camisa de botão de mangas curtas com estampas de abacate. 

            Como se percebesse que alguém estava o observando, Castiel se virou e olhos azuis se pregaram nos meus. Seu rosto se iluminou em um sorriso que eu tive que retribuir. Acenou com a cabeça, apertou a mão do senhor com quem estava falando em despedida e começou a andar em nossa direção, mas, no meio do caminho, uma garota alta, morena, com cabelos ondulados como os da Moana e vestindo um longo vestido de verão púrpura o parou.

 - Ou ou. – Callie murmurou do meu lado.

            Por que ela disse ou ou?

 - Quem é? – Perguntei continuando a olhar para a garota que estava passando a mão delicadamente pelo braço do Castiel enquanto conversavam.

 - Victoria Liss. – Por que aquele nome não me era estranho? – Ela é o caso de verão do Castiel. Sempre se pegam quando ela está na cidade. – Continuei a olhar para os dois e percebi que teria um grande problema com a chegada da Princesa da Disney. – Mas não precisa se preocupar, não é como se ele fosse simplesmente te deixar de lado para ficar com ela. – Callie tentou me tranquilizar, mas não estava ajudando.

 Pelo jeito que Victoria tocava nele e como era perceptível que seu corpo reagia, estava na cara que Castiel sentia algo. Eles estavam conversando sobre alguma coisa e parecia que ele estava negando, dando um passo para trás, mas de uma forma delicada, fazendo Victoria deitar a cabeça e juntar as sobrancelhas. 

Eu não podia continuar ali vendo aquilo sem poder fazer nada, mas como ir embora sem que Callie fizesse um alvoroço? Pensando rápido, despejei o resto do meu smoothie na minha blusa.

 - Merda! – Exclamei, fazendo Callie voltar o olhar para a mancha avermelhada na minha blusa.

 - Como que você fez isso? – Ela perguntou juntando as sobrancelhas, olhando horrorizada para a minha blusa.  

 - Vou ter que ir para casa, não dá para ficar aqui assim. – Disse rapidamente antes que ela pudesse sugerir alguma solução maluca, estragando meu plano.

 - Vai perder o início do campeonato? – Perguntou com um biquinho.

 - Eu sinto muito. – Nem tanto assim. - Mas você pode aproveitar por nós duas, não pode? – Perguntei lhe dando um sorriso.

 - Não vai ser a mesma coisa sem você. – Como Callie estava de frente para mim, não conseguiu ver quem se aproximava de nós.  

 - Mas acho que você vai conseguir. – Disse com um sorriso quando Pete abraçou Callie por trás e lhe deu um beijo.

 - Oi! Por que não está se preparando? – Callie perguntou para ele e notei que vestia um daqueles macacões de borracha que surfistas usavam. Ele ia competir?

 - Tenho um tempinho para ver minha garota. – A loira abriu um sorriso tão grande que quase desconfigurou seu rosto ao ouvir aquelas palavras. – Oi Merlia. – Ele me cumprimentou.

 - Oi e tchau. Preciso ir. – Me despedi dos dois e, antes de voltar para o estacionamento, olhei para Castiel que ainda estava conversando com a Victoria. Nossos olhos se encontraram e ele fez um sinal para que eu o esperasse, mas eu o ignorei.

 - O que aconteceu com você? – Diana perguntou assim que entrei como um raio pela cozinha de casa.

 - Joguei um smoothie na minha blusa. – Expliquei simplesmente como se aquilo fosse uma resposta nada estranha. Peguei meu laptop e o abri sobre o balcão.

 - Achei que você ia ficar o dia inteiro fora. – Ela disse enquanto colocava o nome da Victoria na aba de pesquisas do site de busca

            Eu tinha lembrado de onde a conhecia. Victoria estava nos arquivos do caso que Nicholas havia me dado. O pai era dono de uma grande empresa de metais e minerais e desde pequena tinha sido meio que prometida ao Castiel. E eu achando que isso só acontecia em romances medievais.

 - Eu ia, mas tive um imprevisto. – Respondi Diana sem prestar muita atenção enquanto procurava um número no celular, colocando para chamar assim que o encontrei.

 - Por que você está me ligando em um domingo de madrugada? – Anabela perguntou com uma voz embargada de sono.

 - Já são meio dia! – Exclamei e ouvi um suspiro do outro lado.

 - E daí? – Dei um sorriso. Eu não sabia se podia ligar para a Anabela ou não, mas eu precisava. – Agora que já me acordou, fala o que quer. – Ela era prática e eu gostava disso.

 - Preciso de você para hackear o celular do Castiel. – Nem eu estava acreditando no que estava dizendo, mas era a única opção que eu tinha conseguido pensar. 

As palavras do Nicholas estava me matando por dentro e eu queria desesperadamente provar que estava errado.

Com acesso ao celular do Castiel, podia ter noção do que estava acontecendo. Saber se ele e Victoria estavam conversando, se iriam se encontrar e, assim, desenvolver algum plano para que ela não estragasse tudo o que eu já tinha conseguido conquistar. E, lógico, jogar na cara de um certo Tenente como ele estava errado.

 

 - O celular? Sério? Tem um mandado? – Ela perguntou sem um pingo de julgamento na voz. 

— Não. – Disse com um suspiro. É claro que ela iria dizer não em seguida. Nunca que aceitaria fazer uma coisa pelas costas o chefe.

— É muito arriscado, que tal o e-mail? – Ouvi o barulho do teclado do outro lado.

 - E-mail? Como que um e-mail pode me ajudar? – Perguntei descrente. 

Ninguém mais usava e-mail hoje em dia, a não ser para compras online e confirmação de acesso em alguns sites. Nada de útil. Dei um suspiro longo. 

— Se você acha que é mais seguro.

 - Ok, porque eu já entrei. – O que? Rápido daquele jeito?

 - E como eu faço para acessar? – Perguntei enquanto me virava para a tela do computador novamente, vendo que tinha ficado tudo preto. Só faltava que ele tivesse estragado logo agora.

 - Espera um pouquinho e... – A tela do computador acendeu novamente, na tela do e-mail do Castiel. -... pronto.

 - Você é incrível Anabela! – Estava maravilhada enquanto abria alguns e-mails do Castiel, tentando encontrar alguma coisa que podia me ajudar.

 - Eu sei, use com sabedoria. Ok? – Nos despedimos e comecei a ler os e-mails.

            Primeiro tentei encontrar alguma coisa sobre o tráfico de armas ou algo que o incriminasse de cara, mas isso seria fácil demais. Aquele era o e-mail pessoal dele, provavelmente tinha um corporativo para tratar sobre os assuntos da empresa como sobre venda de crianças e contrabando. 

Tudo bem, não iria desistir tão rápido. Li alguns com a mãe sobre a sua campanha, algumas contas a serem pagas ... ele tinha comprado um barco? Quem compra um barco? Ok, foco.

            Estava quase desistindo e aceitando que aquela ideia tinha sido péssima quando a caixa de entrada apitou por conta de um novo e-mail que tinha chegado. Era de um restaurante na cidade. O abri.

 

 Bom dia Sr. Cross.

Sua reversa para mesa de duas pessoas às oito da noite foi concluída.

Agradecemos pela preferência.

Será um prazer tê-lo conosco essa noite.

Atenciosamente, Restaurante Molly’s”

Uma reserva para dois no dia que Victoria volta para a cidade? Lógico que podia ser apenas uma suposição, mas e se não fosse? Peguei o número do restaurante e imediatamente liguei para lá, conseguindo uma reserva para mesa de duas pessoas depois de vinte minutos quase que praticamente implorando para a moça, explicando que era por uma razão muito importante.

Depois de conseguir a reserva e prometer que daria uma bela gorjeta para a mulher que tinha me atendido, liguei para Caleb. Ele atendeu no segundo toque.

 - Oi? – Só pelo jeito que atendeu, podia ver claramente sua expressão séria enquanto lia alguma coisa em sua sala na delegacia.

 - Tem um terno? – Perguntei dando um sorriso. – Porque você e eu temos um encontro hoje à noite! Oito horas!


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