Draco acordou na manhã seguinte com um grito.

“Mas que diabos?!” Ele grunhiu, caindo da cama com o susto. 

Ao chegar na sala, deparou-se com uma Hermione Granger descabelada, de maquiagem borrada e com mais de uma almofada em mãos, pronta para atirar em quem quer que aparecesse pelo corredor.

E foi exatamente isso que ela fez.

“Granger!” Draco gritou, desviando-se da próxima almofada. “Granger! Está louca?!”

“O que - diabos - você fez - comigo — Malfoy?!” Hermione berrou, enquanto atirava todas as almofadas da sala em cima do louro. Assim que elas acabaram, passou a procurar por mais a sua volta - o que foi inútil, já que todas estavam estiradas aos pés dele. Mais vermelho do que se julgava ser capaz de ficar, ele se aproximou dela com passos largos e pesados, segurando firmemente seus pulsos assim que a alcançou.

“Eu perguntei se você está louca, Granger!” Disse, entre dentes. “O que diabos deu em você, mulher?!”

Ele se assustou ao notar pequenas lágrimas se formando nos olhos dela, então a soltou lentamente.

“Como eu vim parar aqui? O que aconteceu? Você… Nós…?”

Ele arregalou os olhos. Ela, por acaso, não pensava que eles…?!

“NÃO! Mas é claro que não!” Respondeu prontamente.

Hermione o olhou desconfiada por alguns instantes, mas então pareceu se lembrar de que ele era Draco Malfoy e que ele tinha um nome a preservar - um nome que não manteria qualquer tipo de relações com sangues-ruins, muito menos... do teor que ela estava pensando. Ela bufou e se jogou, parecendo derrotada, no sofá, com as duas mãos na cabeça, como se quisesse conter uma dor de cabeça.

Considerando que ela havia bebido ontem - e, de acordo com o que ele imaginava, não estando acostumada a beber em tal quantidade - Draco não se surpreenderia se fosse exatamente esse o caso.

“Estou tão confusa… Minha memória é um borrão. Não me lembro de nada da noite passada.”

“Nada?” Draco arqueou a sobrancelha, desconfiado.

Hermione bufou.

“É claro que não. Você poderia me esclarecer, por favor?”

“Bom… Você foi ao Pumpkin’s Juice e bebeu algumas taças de vinho.”

“Isso explica a dor de cabeça, mas disso eu lembro. O que mais?”

“Você começou a atormentar o barista.”

“Quer dizer, Ben?!” Ela parecia verdadeiramente assustada. Draco assentiu. “Oh, Merlin.”

“Não vá me dizer que você tem uma queda por ele?”

Hermione lhe lançou um olhar mortífero.

“Não. Mas Ben é o vizinho dos meus pais. Não seria muito legal se ele contasse alguma coisa a eles.” Ela fez uma pausa, franzindo o cenho. “Por que diabos estou lhe contando isso?”

“Hã… Porque eu te ajudei e não permiti que você ficasse ao relento na noite de ontem?” Draco redarguiu.

“É um argumento satisfatório.” Hermione disse, recostando-se no sofá. Draco se perguntou quando ela havia se tornado tão acomodada assim. “Você não teria uma aspirina aí, teria?” Ao ver que ele não entendera absolutamente nada do que ela falara, ela emendou. “Poção antiressaca?” Ele balançou a cabeça. Nunca bebia o suficiente para ter ressaca no dia seguinte. Hermione suspirou. “Esquece, então.”

Antes que Draco pudesse perceber, ela já estava de pé, pegando do chão a pequena bolsa que a acompanhava na noite anterior e calçando os sapatos de salto alto. Ajeitou o cabelo desgrenhado em um coque frouxo, fez um rápido feitiço para desamassar a roupa e o olhou como se nada estivesse acontecendo.

“Bom, vou indo.”

E simplesmente aparatou.