— Venha falar com seu pai Theo. Isabella chamou observando Lavinia sorrindo empolgada enquanto contava ao pai as novidades.
— Eu preciso mesmo? Theodoro perguntou sem deixar de apertar os botões freneticamente do videogame e Isabella suspirou o olhando seria.
— Sim, você precisa, caso queira continuar com este videogame. Ameaçou de forma velada e ele parou de teclar a olhando.
— Que seja... Respondeu malcriado, mas largou o controle e foi ao encontro da irmã que ainda tagarelava com o pai.
— O Theo esta aqui. Lavinia falou direcionando o celular para que ambos se vissem.
— Oi. Theo falou contra a vontade.
— Oi filho, como estão as coisas? Edward respondeu notando a carranca do filho.
— Bem. Respondeu.
— Tem novidades?
— Não. Repetiu monotono. _ Pronto. Posso ir agora? Perguntou virando-se para Bella.
— Theo...
— Me deixa Lavinia. Falou e Lavínia o olhou com cara de choro. _ Posso ir? Voltou a perguntar a mãe.
— Vá. Isabella respondeu ciente de que deveria ter uma conversa seria com ele, muito em breve.
— Por que ele esta bravo assim? Lavinia perguntou inocentemente.
Com seis anos, era uma garota inteligente, meiga e esperta. Isabella se aproximou passando a mão em seus cabelos.
— Não ligue para o seu irmão. Ele ficou bravo por que o fiz sair do video game.
— Filha, deixa o papai e a mamãe conversarem um pouco. Edward pediu e Lavinia concordou entregando o celular nas mãos da mãe.
— Tchau papai.
— Tchau princesa. Obedeça a sua mãe.
— Eu obedeço papai.
Edward sorriu com o beijo que ela o lançou. Tão logo o rosto de Isabella surgiu na tela de seu celular, o sorriso desapareceu.
— O que foi isso? O que esta acontecendo com o Theo?
— Você não sabe? Ela devolveu com outra pergunta e respirou fundo, cansada. _ Eu vou conversar com ele.
— Ele esta dando muito trabalho?
— Anda carrancudo com todo mundo, só quer ficar jogando videogame ou dormindo. Acho que ele sabe sobre o divorcio.
— Não devia ter contado a ele Bella. Combinamos de esperar o melhor momento. Censurou.
— Eu não contei. Ela defendeu-se e o olhou com raiva. Era sempre assim, a conversa entre os dois nunca fluia. _ Mas você ja parou para pensar que seu filho é esperto o suficiente para notar que tem algo acontecendo? Por Deus Edward. Ele tem treze anos. Mas o que eu estou perguntando? Como você ia perceber se mal fala com ele?
— Eu estou tentando. Edward se defendeu.
— Então tente mais. Falou aborrecida. _ Quer saber? Não tem necessidade de falar sobre isso agora. Eu vou subir e tentar conversar com ele. Mais tarde você pode ligar e tentar falar com ele? Uma ligação não vai fazer mal.
— Vou fazer isso. Garantiu.
— Otimo. Tchau. E desligou sem esperar resposta do outro lado.
Respirando fundo, encarou a tela do celular por alguns momentos, antes de reunir coragem e subir para o quarto onde o filho estava.
— Theo... Começou devagar e ele a olhou deitado na cama. _ O que foi? Por que esta bravo?
— Você notou. Isso é novidade.
— Veja como fala comigo menino. Ainda sou sua mãe. Avisou em tom serio e ele sentou-se na cama em silencio. _ Theo você costumava ser gentil com as pessoas e paciente com sua irma. Agora só responde com respostas monotonas, esta sempre bravo. Me diz o que é? Por que esta assim filho? Tentou mais uma vez recebendo em troca o silencio. Suspirando, ela sentou-se na ponta da cama. _ Não vai me responder?
— Você e o meu pai estão se separando? Perguntou de repente.
— O que? Isabella balbuciou surpresa.
— É claro que estão. Por que mais viriamos para a casa da vovó assim?
— Theo, é complicado... Isabella começou.
— Eu entendo mãe. Meu pai nunca esta em casa e quando esta, vocês não param de brigar. Ele vive te fazendo chorar pelos cantos. Vocês estão sempre bravos ou irritados, um com o outro. É normal que se divorciem, não é? A Lavinia é pequena, pode não perceber, mas eu sei.
— Quando foi que você cresceu tanto assim? Isabella perguntou. _ Tem razao filho, seu pai e eu vamos nos divorciar.
— Otimo. Assim vocês vão parar de gritar um com o outro. Ele disse levantando e ficando de costas para ela. _ Vamos nos mudar de vez para ca?
— Não, eu ja disse, é apenas por um tempo. O silencio reinou e Isabella o observou sem saber o que dizer. _ Escuta, filho, sinto muito que você tenha ouvido as brigas entre seu pai e eu. Isso é coisa de adulto.
Theo não respondeu e Isabella suspirou, notando que deveria dar-lhe um tempo.
— Eu vou ajudar sua avó a fazer o jantar. Explicou. _ Desça daqui a pouco. Pediu e saiu ao notar que não conseguiria nenhuma resposta por enquanto.

Desceu as escadas sentindo o peito apertar.
Sentindo a necessidade de ar, acessou a porta dos fundos e saiu. As pernas tremiam, o ar lhe faltava, a visão turva pelas lagrimas.
Encostou o corpo na parede buscando o ar e apertou as mãos na barra da blusa enquanto sua mente trazia mais lembranças a tona.

Flashback
Ela ja estava deitada quando Edward entrou em casa. Apos a discussão na cozinha pela manhã, ambos não se falaram mais durante o dia.
Sentiu o colchão afundar quando ele sentou-se na cama, porem não se moveu. Estava exausta e conversar com Edward no momento, exigia muito de si mesma.
Ouviu o barulho do chuveiro e um tempo depois sentiu quando ele deitou-se ao seu lado.
— Bella. Esta dormindo? O ouviu sussurrar. Não se moveu. _ Hoje de manha, você estava falando serio?
— Sim. Respondeu sem encara-lo.
— Porque? Eu não entendo.
— Não entende? Você esta brincando comigo? Rebateu sentando-se na cama e o olhando. _ Ha quanto tempo estamos casados Edward? Quatorze anos. Estamos casados ha quatorze anos. Respondeu monologa. _ Quantas vezes você fez uma refeição com a gente? Quantas horas por dia você passa em casa? Qual foi a ultima vez que você saiu comigo ou com seus filhos? Quando foi a ultima vez que você realmente parou e tivemos uma conversa de verdade?
— Você sabe que meu trabalho exige muito de mim. Ela riu sem acreditar.
— Serio? É esta a sua desculpa?
— Não é desculpa Bella. Estou falando a verdade.
— Você ao menos sabe por que ainda esta aqui? Por que ainda continuamos casados?
— Você esta exagerando. Eu sei que errei em deixa-la esperando para jantar aquele dia, mas não é motivo o suficiente para a gente se separar.
— Não é sobre o jantar. Ela devolveu nervosa. _ Você ainda não entendeu? Eu cansei Edward. Cansei de ser ignorada, cansei de estar em um relacionamento e me sentir sozinha, cansei de ser invisivel. Não aguento mais ver você ignorar a mim e aos seus filhos, sempre colocando seu trabalho a frente de tudo. Ela parou tomando folego e o olhou, quieto, calado. _ O que? Não tem nada a dizer?
— Eu... Ele começou, sedo interrompido pelo toque do celular. _ Droga. Eu preciso ir. Falou alcançando uma roupa qualquer no guarda roupa e Isabella suspirou.
— Tão tipico de você. Reclamou.
— É uma situação de emergencia. Preciso mesmo ir. Vamos voltar a conversar quando eu chegar. Ele se aproximou para beija-la sendo impedido quando ela virou o rosto bruscamente e ele suspirou se afastando, dando uma ultima olhada nela, que permaneceu impassivel de braços cruzados encarando janela.

Ela voltou a respirar, secando o rosto com raiva. Não devia chorar. Não queria chorar. Entrou novamente na casa e foi ao banheiro lavar o rosto.
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— A comida não esta boa Theo? Rene perguntou ao notar Theodoro revirar a comida no prato sem realmente comer.
— Eu não estou com fome Vó. Falou. _ Vou dormir.
— Tão cedo? Bella falou o olhando.
— Não tenho nada para fazer aqui mesmo. Deu de ombros levantando.
— Ei, rapaz. Que tal ir comigo a um lugar amanha? Charlie perguntou e Renne deu um sorriso tranquilizador quando Bella a questionou com o olhar.
— Para onde Vô?
— Vai descobrir quando chegar la. Charlie falou e uma centelha de curiosidade surgiu nos olhos de Theodoro.
— Posso ir tambem vovô? Lavinia perguntou.
— Não princesa, é um passeio para homens. Outro dia, eu levo você. Garantiu.
— Esta bem, eu vou. Theodoro falou.
— Otimo. Não va dormir tarde. A gente vai sair cedo daqui. Avisou voltando a jantar.
— Para onde vai leva-lo Pai? Bella perguntou.
— Você traz o garoto e o deixa ficar trancado no quarto o dia todo. Vou leva-lo para tomar um ar.
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— Pegou tudo Charlie? Renne perguntou servindo uma xicara de cafe.
— Pai precisa mesmo ser tão cedo? Bella perguntou ao notar Theodoro sonolento.
— Não se preocupe Bella. Confie no seu pai.
— Esta bem. Bella acenou voltando-se para o filho. _ Se comporte e obedeça o seu avô. Falou e Theodoro a olhou em silencio. _ Divirtam-se. Gritou quando eles ja estavam no carro.
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— Vô, não esta muito frio para gente tomar banho de lago? Theodoro perguntou quando viu o Rio a frente deles.
— Quem disse que vamos tomar banho? Charlie perguntou alcançando a carroceria do carro. _ Me ajude aqui. Pediu tirando duas varas de pescar e uma mochila. _ Nós vamos pescar.
— Eu não sei pescar.
— Não quer aprender? Desafiou.
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Charlie deu um sorriso discreto ao ver o neto concentrado na tarefa de pescar.
— Olha só esta vista, este ar fresco. Apontou o sol nascendo a frente deles. _ Não é melhor do que esta grudado em um video game?
— Com certeza é mais bonito.
— O que vocês costumam fazer na cidade? Charlie perguntou.
— Eu estudo, jogo video game com meus amigos, as vezes, vamos um na casa do outro, coisas assim.
— O dia inteiro no Colegio é? Não é cansativo?
— É melhor do que ficar em casa. Theo respondeu e só então notou o que tinha dito.
— Por que? Sua casa é tão ruim assim? Charlie perguntou e ele começou a mexer na vara inquieto.
— É barulhenta.
— Sei. Entendo.
— O senhor entende? Perguntou quando Charlie o olhou.
— Claro.
— Acho que não. Duvidou.
— Seus pais vivem ausentes e quando estão em casa, vivem brigando, o que te faz preferir ficar na escola ou na casa dos seus amigos.
— Como sabe disso vovô? Theo perguntou surpreso.
— Eu ja tive a sua idade garoto. Falou e Theo acenou olhando o lago, calmo e sereno. Charlie o observou.
— Eles vão se divorciar. Theodoro irrompeu o silencio apos um longo tempo. A tristeza presente na voz. _ Meus pais vão se separar. Repetiu e Charlie suspirou olhando o lago.
— É por isso que anda tão chateado?
— Eles se casaram por que minha mãe ficou gravida, não foi? Devolveu com outra pergunta.
— Como sabe disso?
— Ouvi os dois discutindo uma vez. Disse que estava arrependida de te-lo conhecido. Se ela não me tivesse, não tinha porque os dois se casarem.
— Espera ai garoto. O que esta querendo dizer? Charlie perguntou e olhou o neto. _ Adultos são complicados, e isso não é culpa sua. Não é culpa de ninguem, só deles mesmo.
— É, mas...
— Sem mas. Não acredita no seu avô? Quantas vezes ja me viu mentir?
— Nenhuma. Theo respondeu com a pontada de sorriso no rosto.
— Então.. O movimento na agua fez os dois pararem de falar por um instante.
— Alguma coisa esta se mexendo aqui. Theodoro exclamou.
— Você pescou um peixe garoto. Falou e Theodoro sorriu.
— O que eu faço? O que eu faço Vô?
— Espera. Vou te ajudar. Charlie gargalhou notando a euforia do neto.
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— É serio? Você conseguiu pegar um peixe? Bella exclamou notando o sorriso no rosto do filho.
— Ele é um garoto esperto. Charlie elogiou.
— Certo. Agora que tal um banho? O jantar esta quase pronto. Renne anunciou da cozinha.
— Você ouviu garoto. Charlie falou e Theodoro sorriu sumindo escada acima.
— Obrigada por fazer isso pai. Faz tempo que eu não o vejo sorrir assim. Bella falou.
— Você e seu marido precisam dar um jeito nesta situação. Falou e todo o sorriso sumiu do rosto dela.
— O que o Theo contou ao senhor?
— Nada que eu ja não soubesse. Falou indo para as escadas e parou. _ Ah, sabia que seu filho pensa que a culpa é dele por vocês estarem se divorciando?
— O que? Bella perguntou surpresa.
— Algo a ver com o fato de vocês terem se casado por que ele engravidou você. Charlie revelou voltando a subir a escada e Bella levou a mão a boca.

FlashBack
— O que? Tem mais alguem nesta historia que você não quer que eu descubra
— Como é?
— Qual é o motivo de você estar querendo o divorcio com tanta insistência?
— Você é o motivo. Você Edward Cullen. Eu devia ter escutado quando me aconselharam a não me envolver com você.
— Por que não diz de uma vez que esta arrependida de ter se casado comigo?
— Sim, eu estou. Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente. Gritou de volta o deixando sozinho no quarto.

Isabella sentou-se no sofá.
Quantas coisas mais eles disseram na hora da raiva sem ao menos perceber que seus filhos poderiam ouvir?