Saint Seiya - Saga de Hades: Reboot escrita por Ítalo Santana


Capítulo 4
Capítulo 04: O Lamento dos Três


Notas iniciais do capítulo

Enquanto o Vilarejo de Rodorio é atacado por soldados misteriosos usando trajes esqueléticos, mais três "espectros" surgem diante da Casa de Áries. Devido a ausência de Mu que foi enviado ao Yomotsu por Máscara da Morte, um Cavaleiro de Ouro surge para impedir o avanço dos espectros, e o Relógio de Fogo é aceso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/788245/chapter/4

Capítulo 04: O Lamento dos Três


Vilarejo de Rodorio, Santuário de Atena – Grécia

O vilarejo fica localizado fora dos limites do Santuário de Atena, mas ainda assim próximo o suficiente para ser beneficiado com a proteção dos cavaleiros. A pequena cidade é frequentada pelos servos da deusa Atena, e serve como lar de alguns soldados, e distração para aqueles que frequentam as movimentadas tabernas.

Apesar de toda a prosperidade e segurança que essa aproximação oferta, o vilarejo acaba sendo afetado quando inimigos atacam o santuário. Como estava acontecendo naquela noite. Os cidadãos foram surpreendidos quando soldados armados com foices e trajando surplices esqueléticas surgiram invadindo as casas e estabelecimentos, ateando fogo e matando quem encontrassem pela frente.

Mulheres e crianças saíram correndo desesperados pelas ruas, enquanto os homens davam cobertura e enfrentavam os soldados do inferno. Mas desarmados eles não tinham qualquer chance. Até mesmo os soldados do Santuário, que faziam a segurança da região, estavam sendo mortos, vítimas das afiadas foices.

— Avancem, homens!! — gritou um dos soldados infernais.

Os outros soldados gritaram e correram pelas ruas se espalhando e atacando deliberadamente. Eles não tinham escrúpulo. Não importava se o golpe desferido iria matar ou não a pessoa em sua frente. Eles atacavam e seguiam em frente sem hesitar. Era como uma onda de destruição que avança deixando rastro de sangue e desordem.

A atenção dos soldados voltou-se para um poderoso cosmo que se ergueu atrás deles. Uma mulher mascarada, trajando uma armadura de prata, estava correndo em direção a eles, de punho cerrado.

— Meteoro!!!  gritou ela

Centenas de socos em forma de meteoros foram disparados em uma velocidade que superava em muito a do som, cruzando a rua principal e abatendo dezenas de soldados infernais em segundos.

— Marin, cuidado!! — gritou uma amazona que carregava um chicote na mão.

A arma estralou no chão antes de ser lançada e se enrolar no corpo de um soldado infernal que estava prestes a atacar Marin pelas costas. O soldado foi lançado de um lado para o outro pelo chicote e por fim foi arremessado no chão.

— Não adianta tentar se soltar. Esse chicote só vai libertar você quando você estiver morto.

— Obrigada, June. Mas não o mate agora. — disse Marin, colocando o pé na garganta do soldado. — Responda...  Quem são vocês? Por que estão atacando o vilarejo?

O soldado sorriu.

— Somos espectros. Guerreiros do mundo dos mortos. A ordem é para matar todos vocês.

— Marin... — disse June, preocupada. — Espectros?! 

— Guerreiros de Hades. Então é isso... A Guerra Santa começou?

— Sim, garota idiota. E neste momento as doze casas estão sendo invadidas em busca da cabeça de Atena. O Imperador Hades vencerá a Guerra Santa sem que haja uma baixa entre os seus 108 Espectros.

— Do que você está falando? — perguntou June, apertando o chicote. O soldado gritou de dor ao sentir seus ossos sendo fraturados. — Quem está invadindo as Doze Casas? Diga!!

— Os cavaleiros mortos.... — em meio a dor ele  soltou uma gargalhada. — Os cavaleiros mortos foram revividos e irão matar a deusa Atena.

— O-O que?! Então... Então Atena corre perigo!! — disse Marin, preocupada, olhando para o templo da deusa.

— Se preocupe com a sua vida, garota. — disse outro soldado se aproximando. Dezenas de guerreiros infernais surgiram cercando as duas amazonas. — Como ele disse... A ordem é para matar todos vocês.

Um vento gélido e forte soprou e flocos de neve começaram a cair. As chamas que se alastravam pelas casas consumindo tudo se apagaram, e a temperatura despencou. Vapor saia das narinas e bocas dos soldados durante a respiração.

— Nós também não temos a intenção de deixá-los vivos. — disse um jovem de cabelos loiros andando em meio a neblina que se formou. Ele estava trajando uma armadura de bronze. E estava acompanhado por outro rapaz, também cavaleiro de bronze, de longos cabelos negros.

— Hyoga! Shiryu! — disse June.

O vento gélido envolveu os soldados do mundo dos mortos e se transformou em um turbilhão no momento em que Hyoga ergueu o braço e a neblina se afastou revelando os dois cavaleiros.

— Turbilhão congelante!!

Os soldados foram jogados para o alto enquanto o turbilhão de cosmo e cristais de gelo se erguia rodopiando em rápida velocidade como uma devastadora coluna. Os soldados foram congelados e seus corpos foram completamente destroçados, caindo espalhados.

— Vocês estão bem? — perguntou Shiryu para uma família que estava se escondendo atrás dos escombros de uma barraca. — Procurem um local seguro e fiquem lá até tudo isso passar. Está bem?!

O homem acenou com a cabeça e agradeceu antes de ir.

— Pensei que vocês dois estivessem no Japão com Seiya. Onde ele está? — perguntou Marin.

— Seiya seguiu direto para as Doze Casas. — disse Shiryu.  Ele sentiu o seu cosmo e queria vir ajudar, mas pedimos para ele seguir em frente.

— Parece que não são apenas esses soldados que estão querendo invadir o Santuário. — disse Hyoga. — Seiya, Shiryu e eu derrotamos um grupo de encapuzados nos arredores do vilarejo. Mas seus corpos sumiram após serem mortos.

— É isso o que acontece quando um cavaleiro revivido morre. Ele vira pó e retorna para o Mundo dos Mortos. — disse o soldado preso no chicote de June.

— Cavaleiros revividos? Do que está falando? — perguntou Hyoga.

O soldado sorriu.

— Hyoga... Os cosmos familiares que sentimos vindo dos encapuzados... Será que eles... — Shiryu avistou uma coluna de fumaça se erguendo no sopé da montanha do Santuário. — Um incêndio?! Ali não é onde fica o Cemitério dos cavaleiros?

— Senhorita Marin!! Senhorita Marin!!

Gritou um soldado do Santuário, correndo as pressas acompanhado de outros guerreiros da guarda.

— O que está acontecendo no Santuário? — perguntou a amazona.

— Os mortos estão ressuscitando. — disse ele ofegante. — Hades, o Imperador do Inferno!! Ele reviveu os cavaleiros mortos!! A senhorita Shina ordenou que ateássemos fogo nos túmulos para evitar mais ressurreições.

O soldado infernal zombou do desespero do guarda do Santuário.

— Parece que não queimaram tudo a tempo de impedir a ressurreição daqueles três ali. — disse ele apontando com o queixo para o final da rua.

Havia três homens encapuzados encarando o grupo de cavaleiros.

— Hyoga... Shiryu... Vão para as Doze Casas. June e eu cuidaremos deles.

— Tem certeza, Marin? — perguntou Hyoga.

— Vá, Hyoga. — June puxou o chicote com força e matou o soldado de Hades quebrando todos os ossos do seu corpo. — Marin e eu daremos um jeito neles.

— Está bem. — disse Hyoga. — Vamos, Shiryu!!

Enquanto Hyoga e Shiryu se afastavam, os três encapuzados avançaram em direção as amazonas. Marin interceptou um, enquanto o segundo foi preso pelo chicote de June, mas o terceiro passou direto pelas duas perseguindo os Cavaleiros de Bronze.

Notando que o inimigo estava se aproximando, Shiryu parou e girou. O inimigo concentrou cosmo em seu punho e desferiu um golpe em forma de tornado que arrastava tudo pela frente durante seu avanço. Em resposta ao oponente, Shiryu ergueu o braço direito e desceu com um golpe cortante que partiu o turbilhão ao meio e abriu uma fenda no solo. O feixe de luz afiado rasgou o manto revelando um cavaleiro alto e forte, trajando uma replica da armadura de prata de Hercules.

— Algethi!! — disse Marin, olhando por cima do ombro, reconhecendo o antigo companheiro.

O golpe de Shiryu partiu Algethi ao meio e seu corpo se desfez em cinzas instantaneamente.

— Então vocês dois são... — disse Marin, tentando olhar para o rosto do inimigo.

O encapuzado que Marin havia bloqueado se livrou dos punhos da amazona e revelou sua identidade. Era o antigo Cavaleiro de Prata de Cão Maior. Sirius. No chicote de June o outro invasor também se revelou. Dio de Mosca. Os três prateados que haviam sido mortos por Seiya no Japão.

— Marin...

— Vá Shiryu! Cuidaremos do resto.

Sirius saltou para trás tomando distância, concentrando cosmo em seu punho, e em seguida avançou tendo seu corpo tomado por um cosmo fantasmagórico, que lhe deu o aspecto de um cometa indo em alta velocidade em direção a Marin.

A amazona de prata saltou, desviando do golpe, e elevou o seu cosmo concentrando-o em sua perna. Marin desceu em uma investida direta aplicando um chute devastador. A força do golpe estraçalhou o peito da surplice e a rajada de cosmo transpassou o peito do renegado. O corpo de Sirius se desfez em cinzas assim como o de Algethi.

Vendo que seu amigo estava morto, Dio de Mosca reagiu. Ainda preso no chicote de Camaleão, Dio saltou e tentou aplicar um chute, mas seu esforço foi em vão. June tomou controle da situação através de sua arma e puxou o renegado, aplicou uma sequência de socos que danificou a surplice.

— Grande Captura mortal! — gritou a amazona, agitando seu chicote.

O cosmo de June se elevou e avançou pela arma, apertando ainda mais no corpo do renegado e desferindo uma potente descarga elétrica enquanto jogava o inimigo de um lado para o outro violentamente. Dio gritou de dor, mostrando que apesar de ser um morto-vivo, ele podia sofrer.

Sentindo remorso, Marin segurou no braço de June, que compreendeu os sentimentos da amazona. A descarga elétrica cessou, e o cosmo de June recuou junto com o seu chicote. Dio foi jogado no chão se contorcendo de dor. Aquela cena ilustrava bem a perversidade do exército de Hades. Os mortos-vivos pareciam não ter emoções alguma devido a forma silenciosa e gélida que lutavam, mas eles não foram privados de sentir dor. Além de terem seu “descanso eterno” interrompido e serem usados como marionetes, foram humilhados e sentenciados a sofrer mais uma vez antes de voltarem ao inferno.

Os gritos de Dio cessaram quando um dos soldados rasos do Santuário atravessou o peito do renegado com uma lança. Furiosa, Marin avançou e segurou no pescoço do soldado. O corpo do antigo Cavaleiro de Prata de Mosca se desfez em cinzas.

— Se-senhorita Marin... Eu...

— Saia da minha frente. Façam uma rigorosa vistoria nos arredores do Santuário. — disse ela, soltando o soldado. — Verifique se ainda restou algum cavaleiro ressuscitado ou alguma escória dos soldados de Hades.

— Sim... sim senhora.

—...—


Templo do Grande Mestre – Santuário, Grécia

No primeiro andar do Templo do Grande Mestre, no terraço superior, estava Atena, a deusa da guerra, encostada na sacada observando o Santuário e o movimentos dos cosmos hostis.

— Parece que temos focos de invasões pelo Santuário. — disse ela. — A situação em Rodorio parece estar sob controle. O cemitério está em chamas, mas não sinto qualquer conflito naquela região. Restando apenas as Doze casas, que parece ser o verdadeiro alvo.

— O cosmo de Mu... — disse Shaka, ajoelhado alguns metros atrás da deusa. — Ficou cada vez mais distante até desaparecer por completo.

— Sim. — disse lamentando. — Ao mesmo tempo que dois outros cosmos familiares se extinguiram em Touro. Aldebaran está vivo e sinto que... Seiya! — Atena arregalou os olhos.

— Não é só o Seiya. Hyoga e Shiryu também. É de se imaginar que eles não iriam ficar de braços cruzados. — disse um jovem que estava em pé na entrada do terraço.

As tochas penduras lateralmente na parede faziam sombras dançarem no rosto do cavaleiro. Ele tinha cabelos curtos azul-escuros e olhos azul-claros.

— Assim como você... Ikki. — disse Shaka, olhando para o antigo oponente por cima do ombro.

— Estou aqui porque é onde o meu irmão estaria se estivesse vivo.

— Shaka... — chamou Atena. — Eu quero que você volte para a Casa de Virgem.

— Sim, senhora. — disse se levantando. — E quanto ao nosso plano de invasão?

— Espere mais um pouco. Sinto que há algo estranho acontecendo. Preciso tentar entender as intenções de Hades.

— Está bem. — disse fazendo reverência. — Com licença, Atena. — Shaka caminhou até parar lado a lado com Ikki. — Proteja Atena. Não deixe que ninguém se aproxime dela. — disse sussurrando.

Ikki concordou silenciosamente gesticulando com a cabeça e Shaka seguiu em frente desaparecendo na escuridão do corredor.

—...—


Entrada da Casa de Áries – Santuário, Grécia.

 O homem encapuzado permanecia em pé no pátio da primeira casa.

— O cosmo de Afrodite se extinguiu e instantes depois o cosmo de Máscara da Morte também desapareceu. — disse pensativo. — Tenho que seguir em frente.

O encapuzado caminhou em direção a Casa de Áries, mas parou depois de dar alguns passos quando viu que as chamas do Relógio de Fogo foram acesas, com exceção da chama de Áries.

— O quê?! O relógio de fogo das Doze Casas se acendeu!! — disse surpreso em voz alta. — Mas... Quem foi que fez isso?!

— Fui eu. — disse o Mestre Ancião, andando vagarosamente, saindo das sombras do interior da primeira casa. — Há quanto tempo, Shion.

— Doh-Dohko. Você saiu de Rozan...

— Estava na hora. Já faz 243 anos desde a última vez... Não imaginei revê-lo nestas circunstâncias.

— Se sabia que eu estava aqui, por que veio?! Por acaso pretende assumir a guarda da primeira casa?

— Estou disposto a pelo menos tentar. — disse o Mestre Ancião.

“Não será necessário, Mestre Ancião.” — disse uma voz familiar ecoando no céu. — “Peço perdão por eu ter me ausentado dessa forma. Apesar de ter sido jogado tão longe na colina do Yomotsu... — uma fenda dimensional se abriu. Era a passagem de Presépio. Dela surgiu Mu, que pouso alguns metros a frente do Mestre Ancião. — Parece que Máscara da Morte esqueceu a passagem para o Yomotsu aberta, possibilitando o meu retorno.

— Mu! — disse o Mestre Ancião, surpreso.

— Mas é curioso que eu tenha visto a alma dos dois na fileira dos mortos. Aldebaran deve ter dado cabo deles. Por isso... Eu assumo novamente a proteção dessa casa. Eu estou disposto a ir contra o meu Mestre se for necessário para manter a segurança de Atena.

— Deveria ter ficado escondido no Yomotsu até essa Guerra Santa terminar. — disse Shion, ainda coberto pelo manto. — Teria evitado uma morte dolorosa. Você é um grande tolo, Mu. Não serei o seu oponente, mas a batalha não terminou só porque Máscara da Morte e Afrodite não estão mais aqui.

— Não importa se os 108 Espectros tentarão subir. Eu...

— Não estou me referindo aos 108 Espectros. Não foram somente Afrodite e Máscara da Morte que vieram arrancar a cabeça de Atena.

— O-O que disse? — disse Mu, surpreso.

— Preste atenção nas sombras, Mu. — disse o Mestre Ancião.

Ainda surpreso, Mu voltou sua atenção para a região ao seu redor. Havia outros cosmos hostis ali. Escondidos.

— É verdade... Posso sentir. — pensou Mu, perplexo.  Há outros inimigos ao redor dele. Mas esses cosmos... Eles não são desconhecidos. Não me diga que...

As sombras se agitaram em três pontos distintos e se ergueram dando forma a mais três encapuzados.

— Não pode ser! — disse ao reconhecer os cosmos dos inimigos. — Vocês são... Vocês também caíram na tentação de Hades e vieram matar Atena? — questionou Mu, incrédulo.

Os encapuzados rasgaram os mantos e se revelaram.

— Saga... Camus... e Shura. — disse o Mestre Ancião.

— Eu... Eu não posso acreditar que até vocês se rebaixaram dessa forma. — disse Mu.

— Se vai acreditar ou não... — disse Shura caminhando e concentrando cosmo em seu braço direito. — Não me interessa. Saia da frente, Mu! Caso contrário... Vai se arrepender. Excalibur!!

O renegado se moveu na velocidade da luz se aproximando de Mu e desferiu seu golpe cortante. Sem tempo para erguer qualquer barreira defensiva, Mu teve que se teletransportar, mas ele não saiu ileso. Ainda que superficialmente, Mu  teve a testa cortada e perdeu alguns fios de cabelo. Sangue quente escorreu pelo seu rosto.

— Pode ter escapado com teletransporte desta vez, mas na próxima... A sua cabeça irá rolar, assim como a de Atena também.

Shura partiu para o ataque mais uma vez, mas dessa Mu ergueu a Muralha de Cristal.

— Eu conheço a sua defesa. — gritou Shura. — Eu vi você utilizando contra Máscara da Morte e Afrodite.

O antigo Cavaleiro de Capricórnio aplicou consecutivos golpes cortantes usando os dois braços. O ataque abriu fendas na terra e atingiram a Muralha de Cristal com tanta potência que a defesa não suportou por muito tempo e começou a rachar.

A barreira se rompeu proporcionando um forte deslocamento de cosmo que arrastou Shura para trás. Mu se teletransportou mais uma vez, mas foi surpreendido quando círculos de gelo surgiram ao seu redor e o paralisaram, mantendo-o suspenso no ar.

— Shura! Não derrame o sangue de Mu. — disse Camus. — Eu cuido disso. Eu vou tirá-lo do nosso caminho com o meu... — cristais de gelo rodopiaram na palma da mão de Camus se concentrando. — Com o meu frio. Pó de Diamante!!

Camus estendeu o braço e disparou uma potente rajada de cosmo frio composta por cristais de gelo. O golpe atingiu Mu em cheio provocando um forte impacto e o arremessou contra a parede da Casa de Áries. Ainda paralisado pelos círculos de gelo, Mu desabou ferido e cuspindo sangue.

— Ainda consegue se levantar? — perguntou Camus, vendo o defensor da primeira casa se esforçando para ficar em pé.

— Eu não posso deixar passar mais nenhum soldado de Hades. É minha missão impedir. — disse Mu. 

— Você já falhou nessa missão esta noite. — disse Shura. — Mas ainda quer insistir em lutar apesar dos seus ferimentos? Você mal se recuperou dos danos que as Rosas Diabólicas lhe causaram. 

Mu deu alguns passos cambaleando e recobrou a postura.

— Um Cavaleiro de Ouro jamais será impedido de cumprir sua missão.

— Tem razão. — disse Saga. — É um erro forçar um homem como você a sair do caminho. Seja pelo seu poder ou pelo seu caráter. Neste caso... A nossa melhor opção talvez seja enterrá-lo aqui mesmo. Tirar a sua vida será a nossa maior, e última, demonstração de respeito.

Saga elevou o cosmo e ergueu o braço para o alto, emitindo uma energia cósmica que se espalhou pela região e criou a imagem de uma distorção dimensional seguida por dezenas de planetas.

— Saga... Vocês realmente venderam suas almas igual os outros dois?

— Apenas fizemos o que julgamos ser o certo.

— Está dizendo que se rebelar contra Atena é algo que os Cavaleiros de Ouro deveriam fazer?

— Isso mesmo. — respondeu Saga, sem hesitar.

A resposta do renegado despertou uma profunda indignação em Mu. E mais uma vez o pacífico guardião de Áries se deixou levar pela fúria.

— Eu te julguei mal, Saga!! — disse o ariano, furioso, cerrando o punho e elevando o cosmo.

Mu concentrou cosmo na palma da mão e estendeu o braço lançando uma rajada de cosmo contra Saga. O Renegado então concentrou a energia cósmica que já havia preparado e disparou uma rajada de cosmo que colidiu com o golpe de Mu. Ambos sustentaram a colisão até os golpes se anularem.

— É isso?! Quer dizer que esse é todo o seu poder, Mu de Áries? — disse Saga, com desdém. — Esperava muito mais de você.

— Droga!

O cosmo de Saga se elevou mais uma vez.

— Vai sentir na pele... — Saga concentrou cosmo nas duas mãos e as uniu, disparando uma densa rajada cósmica. Ainda mais potente que a anterior. — A sua fraqueza!!

O golpe provocou uma estrondosa explosão, erguendo uma coluna de poeira e fumaça. Mas Mu não foi atingindo. O Cavaleiro de Áries se teletransportou e voltou a surgir no céu, mas para a sua surpresa Camus já tinha avançado em sua direção.

— Lento demais, Mu!

Camus desferiu um soco no estômago de Mu e recuou seu punho para aplicar mais um golpe, mas Mu reagiu a tempo aplicando um chute para afastar Camus e se teletransportou novamente. Saga, que já esperava por mais uma tática evasiva do ariano, correu e saltou em direção a Mu assim que o Cavaleiro de Áries reapareceu, e aplicou uma sequência de socos que fez o dourado cuspir sangue. Por fim o renegado segurou no braço de Mu e o girou contra o chão.

O ariano foi arremessado, mas conseguiu recobrar a postura e pousou rasgando o solo, levando a mão até o abdômen, sentindo a dor do golpe. Mas Mu não podia se dar ao luxo de tomar folego agora. Shura, o homem portador dos braços e pernas mais mortais entre os Cavaleiros de Ouro, já havia se deslocado em sua direção brandindo a Excalibur.

— Achou que tinha evitado os nossos ataques? — gritou Shura. — Vou partir você ao meio!!

— Já chega! — gritou o Mestre Ancião, elevando o cosmo.

Mas Shura não se conteve. A Excalibur foi disparada com tanta potência que parecia que ia partir a montanha do santuário ao meio. A terra tremeu enquanto o golpe cortante rasgava o solo abrindo uma profunda fenda em direção a Mu.

Um brilho forte e dourado ofuscou os olhos de todos quando a Excalibur atingiu o “alvo”. Mu caiu de joelhos, vivo, e se viu protegido pelo escudo dourado da Armadura de Libra.

— Me-Mestre Ancião... — disse o ariano, surpreso.

— É uma atitude bastante covarde recorrer ao auxílio de uma das poderosas armas de Libra, Mestre Ancião. — disse Shura.

— Tolo! Sou eu quem decido quando utilizar as armas de Libra. Não cabe a você questionar a minha autoridade sobre elas.

— Não importa. — disse Saga, ríspido. — Mu já deve ter notado que é totalmente inútil insistir em nos deter.

— Eu... Eu não consigo aceitar isso... — disse Mu, ainda de joelhos, cansado.

Mu ergueu o rosto para encarar Saga e os outros dois renegados. Era difícil de acreditar que aqueles homens, assim como Máscara da Morte e Afrodite, haviam jurado lealdade a Hades em troca de uma nova vida. Apenas para satisfazer o desejo de viver. Nenhum cavaleiro, por mais que tenha diferente opinião sobre justiça, iria se rebaixar ao Senhor do Mundo dos Mortos.

Os cavaleiros de Atena, em especial os Cavaleiros de Ouro, treinam arduamente se preparando para enfrentar Hades e suas ambições. Não dá para imaginar que os guerreiros que lutam dispostos a sacrificar a própria vida pela Justiça e por Atena, voltariam do Mundo dos Mortos por causa de uma oferta com aquela.

— Será que... — pensou Mu, aguçando seu sexto sentido enquanto analisava os renegados.

O cosmo corrompido dos renegados parecia esconder algo. Era como se fossem centenas de camadas de “mentiras” ocultando uma “verdade”. Havia algo ali. Algo que gritava silenciosamente. Mu seguiu em frente, aprofundando seu olhar psíquico naquele cosmo obscuro, até que enxergou algo que a percepção humana comum jamais conseguiria ver.

Primeiro surgiu uma mancha no rosto dos renegados. Era a mesma marca que surgiu no rosto de Máscara da Morte em um rápido instante. A marca de uma borboleta. E além disso, havia algo escorrendo nos olhos deles.

— Saga... Está chorando. — pensou Mu, surpreso. — O coração de Saga está chorando sangue. E... E não é só o Saga. Eu posso sentir... As almas de Camus e Shura também choram, e estão derramando lagrimas de sangue. Mas... O que isso significa?! Será que eles...

— Então Mu... — disse Saga se aproximando e elevando o cosmo. — Prepare-se.

Mu se levantou para confrontar Saga, mas seus movimentos foram paralisados. Uma energia cósmica purpura envolveu o corpo de Mu e o colocou de joelhos contra sua própria vontade.

— Meu corpo... Eu não consigo...

— Já Chega, Saga. — disse Shion. — Não podemos continuar perdendo tempo. Eu paralisei os movimentos de Mu. Eu mesmo acabarei com ele e com Dohko. Vocês devem se apressar. — Saga e os outros dois se ajoelharam diante do encapuzado. — E prestem atenção... Vou dizer só mais uma vez... Vocês têm 12 horas para me trazer a cabeça de Atena. Será que fui claro?!

— Sim. — disseram unanimes

Saga e os outros se levantaram e correram apressados. Eles deixaram Mu para trás, que tentava se desvencilhar da paralisação, e o velho Mestre Ancião, que apenas os observava se afastar.

— Mu, você me desobedeceu inúmeras vezes. Espero que esteja pronto para pagar por isso. — disse elevando o cosmo. — Apesar de tudo, eu ainda gosto de você. Mas é inaceitável desobedecer as ordens do seu mestre a ir contra os desejos do Imperador Hades. Por isso te matarei rapidamente com minhas próprias mãos. Adeus... Mu!

— Você não vai matá-lo. — disse o Mestre Ancião, elevando o cosmo. — Eu não vou permitir.

— Dohko...

— Por que você não me mostra o seu resto? Meu velho amigo. Antigo Grande Mestre que perdeu sua vida na rebelião de Saga. Você também já foi um Cavaleiro de Ouro, como nós... Shion de Áries!

Shion segurou o manto e o rasgou, lançando para o alto permitindo que o vento levasse. O antigo Grande Mestre revelou sua aparência. Um homem de aparência jovem, longos e volumosos cabelos verde-claro e olhos lilás. Ele estava trajando uma réplica obscura da armadura de Áries.

— Meu Mestre, Shion de Áries... — disse Mu, surpreso. — Mas como pode ter essa aparência?

— Você devia ter 261 anos como eu. Mas continua com a mesma aparência jovem que tinha na última Guerra Santa, há 243 anos... — disse o Mestre Ancião.

Shion deu um fino sorriso.

— Você está surpreso, Dohko? Isso é graças ao poder do Imperador Hades. Eu recebi uma nova vida cheia de energia ao jurar lealdade ao Imperador Hades. Ele me concedeu o corpo jovem de quando eu tinha 18 anos de idade, quando se está no auge da força, beleza e juventude. Já você, meu caro Dohko... Está acabado.

— Não passa de uma ilusão.

— O-O que disse?

— Estou dizendo que a vida e a juventude que ganharam são ilusões. Por que você acha que eu acendi as chamas da Torre do Relógio? 12 horas... É o prazo que Hades dá para as marionetes dele. Você sabe muito bem disso. E você errou ao dizer que ainda tem 12 horas. Caso não tenha reparado, a chama de Áries não foi acesa. Isso porque já tinha se passado 1 hora desde o início da sua invasão.

Shion olhou de relance para o relógio. A chama de Touro já estava enfraquecendo.

— Mu... — chamou o Mestre Ancião.

— Sim, senhor...

— Vá atrás de Saga e dos outros imediatamente. Eles não subiram sozinhos. Junte-se a Aldebaran e os demais para impedir que os Espectros avancem em direção de Atena. E mais uma coisa... Há uma marca de borboleta no rosto dos renegados. Você já deve ter visto. É uma marca de controle.

— O-O quê?! Eu... Eu vi essa marca momentos antes de ser enviado ao Yomotsu pelo Máscara da Morte...

— Isso explica por que você foi enviado de corpo e alma, e o porquê de a passagem de Presépio ter ficado aberta. Máscara da Morte não cometeria um erro como esse. — Mestre Ancião encarou Mu. — Você compreende a situação, Mu?! — o cosmo do Cavaleiro de Libra se elevou e envolveu Mu, libertando o Cavaleiro de Áries da restrição imposta por Shion. — Agora você pode se mexer. Eu cuido das coisas por aqui. Vá!

 — Sim, estou indo.

Mu se levantou com um olhar acuado para o seu mestre, que lhe observava com um olhar altivo de repreensão, mas ele seguiu em frente. Mesmo sentindo o peso da reprovação vindo de sua excelência, o Cavaleiro de Áries permaneceu firme e apressou os passos.

Shion se virou para ir atrás de Mu, mas o Mestre Ancião ergueu seu cajado.

— Não se mexa!! — disse incisivo. — Já disse que eu sou o seu adversário, Shion. Depois de 243 anos... Eu voltarei a lutar.

Shion parou e deu um sorriso de desdém.

— Hm... Você sabe que se nós lutarmos começaremos uma guerra de Mil dias. É isso o que pretende, Dohko?

—  É justamente isso que eu quero.

—...—


Caminho para a Casa de Touro – Santuário de Atena, Grécia

— O nosso próximo adversário é o Aldebaran. — disse Camus, correndo logo atrás de Saga, e acompanhado lado a lado por Shura. — Devemos tomar bastante cuidado.

— Bobagem. — rebateu Shura. — O Touro deve estar ferido após ter enfrentado os outros dois. Ele não terá chance alguma contra nós três.

— Camus tem razão. — disse Saga. — Não podemos ser pegos pela tourada dourada de Aldebaran. Se não...

Saga parou subitamente ao chegar diante da Casa de Touro. Camus e Shura pararam logo atrás estranhando o comportamento de Saga, mas logo em seguida compreenderam. Havia uma esmagadora pressão cósmica fluindo da segunda casa. Era um poder colossal e intimidador. Ferido ou não, Aldebaran estava disposto a deter os invasores.

Desconfiado e cauteloso, Saga caminhou em direção ao interior da segunda casa. Camus e Shura o seguiram. A casa estava revirada, com o teto destruído, pilares caídos e paredes danificadas. E em meio a todo aquele escombro estava Aldebaran, em pé, com os braços ainda livres, mas com o cosmo aceso e intenso.

O Touro estava bastante ferido e ensanguentado, e sua armadura estava danificada devido os golpes das Rosas Adagas lançadas por Afrodite. Mas nada daquilo parecia ser um empecilho. Aldebaran permanecia como uma gigantesca muralha imponente diante de seus inimigos.

— Se aproximem. — disse o Touro. — Não sejam covardes diante do Touro Dourado.

—...—


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?

Apesar de ter críticas sobre a Obra Clássica, eu tenho uma enorme admiração com Kurumada. O que eu estou fazendo aqui na Fanfic, eu considero “fácil”. Apenas estou pegando uma obra pronta e aprimorando ela. Todo o mérito pertence ao Mestre Kurumada por ter proporcionado esse universo e ter despertado gatilhos na nossa imaginação.

Nessa Fanfic eu trabalho com quatro coisas importantes, as quais eu considero como pilares fundamentais: Mangá Clássico, Anime Clássico (elementos positivos), minha imaginação e a preferência dos Fãs. Fico atento ao que a maioria desejaria ver, e anoto para tentar desenvolver.

Espero que tenham gostado do capítulo e desculpa por qualquer erro de digitação que eu tenha deixado passar.

Espero que tenha sido uma leitura agradável. Aceito críticas e dicas. Fiquem a vontade. Se quiserem falar comigo ou participar do meu grupo de fanfics, vou deixar os contatos e links abaixo:

Contato: (81) 99755-3813
Facebook: @italosantanaofc
Grupo das minhas fanfics: https://www.facebook.com/groups/562898237189198/

Até a próxima!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya - Saga de Hades: Reboot" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.