Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero agradecer os comentários ♥ vocês são uns amores, muuuuuuito obrigada por estarem acompanhando a história e engajando tanto.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787962/chapter/25

Meu corpo inteiro doía, uma dor que eu não havia conhecido até então, como se um caminhão houvesse passado por cima de mim e voltado. Até mesmo minha cabeça latejava, e um bip que continuava tocando insistentemente não ajudava em minha saúde mental. Quis gritar para alguém desligar essa porra, mas percebi que minha garganta estava seca demais para isso.

Abri meus olhos, a iluminação exageradamente branca me cegando novamente. Demorei a me acostumar, e minhas mãos e braços estavam pesados demais para eu conseguir levanta-los e coçar meus olhos.

Suspirei, incomodada quando finalmente minha visão se firmou, mesmo que levemente embaçada. Percebi com pesar que estava em um hospital, mas apesar da dor, eu não me lembrava o motivo que me levou até ali.

Uma figura masculina estava sentada na poltrona próxima a minha cama, ele dormia, mas pela distância, eu não reconheci. Da janela não vinha nenhuma luz, então imaginei que era de noite, mas eu não sabia exatamente quanto tempo havia se passado desde quando dormi pela última vez.

Ouvi um barulho e a porta se abriu, fazendo eu virar a cabeça rapidamente naquela direção, o que apenas me causou mais dores. Consegui reconhecer Carlisle, mas dessa vez, estava vestido com um jaleco e um aparelho de médico em seu pescoço.

— Bella! Você acordou! – Ele sorriu, se aproximando.

— Car... lisle – Falei com dificuldade, sentindo minha garganta seca.

Ele assentiu, e encheu um copo com água, entregando a mim. Me ajudou a beber, o que eu agradeci, meu corpo ainda doía muito e parecia pesar uma tonelada.

— Como se sente?

— Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim e voltado – Respondi. Minha voz ainda estava rouca, mas pelo menos conseguia falar – O que aconteceu?

— Não se lembra? – Neguei com a cabeça – Você estava na saída da escola e foi atropelada.

Franzi o cenho, pequenos flashes dessa memória voltando à minha mente.

— No estacionamento? Como isso é possível?

— A policia está investigando – Ele disse, mas parecia pensativo e em dúvida.

— O que houve, Carlisle? Você não está me contando tudo?

Carlisle se sentou perto de mim e segurou minha mão que não possuía o acesso. Ele acariciou meus dedos, suspirou e tornou a me olhar.

— Bella, há algo que eu não te contei. Acredito que foi Connor que te atropelou porque...

— Bella? – Fomos interrompidos por outra voz, que percebi ser Edward. Era ele na poltrona, e eu não poderia estar mais surpresa. Sua aparência era... bagunçada, como se ele não houvesse trocado de roupa ou se ajeitado em dois dias – Como você está?

— Bem – Respondi, sem ter muito o que responder.

Carlisle não disse mais nada, mas me examinou, deixando a postura de médico dele tomar conta.

— Bella, você está relativamente bem, bateu a cabeça com o impacto do carro, mas os exames mostraram que não foi nada grave. Há alguns arranhões em seu corpo, e você quebrou a perna. Foi um milagre, Edward disse que o carro estava em alta velocidade.

Bem, não sei como quebrar a perna e estar toda machucada pode ser um milagre, mas aceitarei isso como “graças a Deus você não morreu, minha cara”.

— Quanto tempo eu fiquei desacordada?

— Dois dias. Você passou por uma pequena cirurgia na perna, mas vai ficar bem se fizer o repouso necessário. Ficará em recuperação essa noite, e se estiver tudo bem, poderá ir para casa.

— Como ela ficará na sua casa cheia de escadas? – Edward perguntou, saindo de seu, até então, silêncio.

— Pensaremos nisso depois – Ele sorriu para o filho, apertando seu ombro – Está com dor, Bella?

— Muita – Não fiz a modesta, quero logo parar de sentir isso.

— Vou pedir para uma enfermeira lhe trazer remédio para dor, tente descansar. Se sentir alguma coisa, não hesite em me chamar.

Assenti, me sentindo cansada demais para dizer algo mais. Carlisle conferiu meu prontuário uma ultima vez e saiu do quarto, me deixando sozinha com Edward que parecia muito preocupado.

Ouvi um suspiro vindo dele e o encarei. Ele sentou na onde Carlisle estava antes, e segurou minha mão da mesma forma que seu pai havia feito.

— Eu achei que... – Apertou minha mão e a beijou, demorando com os lábios ali. Sua expressão era dolorida, como se ele estivesse sofrendo. Meu coração acelerou no peito, encantada com sua atitude – Deus, Bella, eu quase morri de preocupação.

Antes que eu respondesse, uma enfermeira loira entrou. Ela nos cumprimentou educadamente e trocou minha bolsa de soro, dizendo que era um remédio para dor. Se retirou e só então eu respondi a Edward, sentindo aquilo incomodar meu braço.

— Não vai se livrar de mim tão facilmente, Cullen – Sorri, sentindo-me mais sonolenta do que antes, aproximando meus dedos de seu rosto e acariciando sua pele lisa.

— Nem quero. Não me dê outro susto desse novamente – Ele pediu.

— Edward, eu preciso te contar – Murmurei, quase dormindo – Eu não sou quem você pensa...

Queria lhe contar toda a verdade logo, mas meu corpo pesava e minha cabeça ainda mais. Só queria dormir, e foi o que eu fiz. Caí no sono com a carícia de Edward em minha mão e em meu cabelo, enquanto ele cantarolava uma canção de ninar, mesmo que não fosse o melhor cantor do mundo.

xXx

Estava sentada no sofá do apartamento de Edward, brincando com a barra do vestido que usava, um vestido branco e leve. Olhei ao redor, e na poltrona estava Edward, ele sorria para mim, e se não estivesse louca, diria que ele sorria apaixonadamente.

— Tenho algo para te contar – Eu disse, mas não queria dizer. Porque minha boca continuava falando quando meu coração pesava em angustia? ­

— Diga, Bella.

— Você me ama?

— Você sabe que sim – Ele sorriu.

Edward me ama? Desde quando? Eu sorri, satisfeita com sua resposta, mas em minha mente, me perguntava em que mundo paralelo eu entrei.

— Eu menti para você, Edward, venho mentindo para você desde o inicio – Não, cale sua maldita boca, Isabella, não conte isso a ele – Eu era uma garota de programa, e não filha de amigos do seu pai.

Edward ficou em silêncio, mas sua expressão não era boa. Ele se levantou, vindo em minha direção. Me encolhi, quis sumir, nunca ter existido. Gritei, desesperada por libertação daquela realidade horrível.

— Bella! – Abri os olhos, assustada, vendo Edward, o mesmo de quando acordei no hospital, me olhar preocupado. Ele segurava em meus ombros como se me puxasse de um afogamento – Se acalme, foi um pesadelo apenas.

— Não foi um pesadelo – Choraminguei, ainda sentindo meu coração acelerado por pensar que Edward me odiaria se soubesse a verdade.

— Está tudo bem, volte a dormir – Ele disse, sentando na poltrona perto da cama.

— Você não foi para casa? – Perguntei, percebendo que ele usava a mesma roupa de antes.

— Não consegui sabendo que você está aqui.

— Me desculpe por te preocupar – Tentei sorrir, em vão.

— Descanse.

O encarei, era impossível dormir sem nenhum medicamento tendo consciência de que Edward estava ao meu lado, preocupado comigo e cuidando de mim. Por um momento, a angústia da realidade me deixou e eu fiquei feliz por tê-lo comigo, mesmo que temporariamente.

Mas a decisão estava tomada, eu contaria a ele. Já havia feito a merda de contar que estava apaixonada por ele, e como diz o ditado: o que é um peido pra quem tá cagado? Me doeria na alma afastar-me de Edward, mas era o seu direito de escolha e eu não poderia lhe tirar isso.

— Você parece cansado, está comendo? – Perguntei, tirando sua concentração do celular. Ele o desligou e voltou-se a mim.

— Está preocupado comigo? – Sorriu.

— Para ficarmos quites – Dei de ombros, sentindo uma fisgada de dor – É sério, Edward, você tem que comer.

— Você parece até minha mãe falando assim.

— Esme sabe das coisas – Sorri.

— Tudo bem, eu irei até a lanchonete, e você descanse – Disse autoritário. Assenti, sem forças para discutir.

Ele saiu do quarto e eu suspirei, sozinha novamente. Mas não durou muito tempo, a porta se abriu e Carlisle entrou, dessa vez não estava com sua roupa de médico.

— Como está? – Perguntou.

— Melhor do que a última vez que você me perguntou – Respondi irônica, sentindo dores por todo meu corpo – Não está mais trabalhando?

— Não, meu plantão acabou. Encontrei Edward, ele me disse que você o expulsou para comer.

— Ele parece cansado.

— Sim, ele está. Edward não saiu do seu lado desde o momento em que deu entrada no hospital – Carlisle segurou minha mão e a acariciou, sorrindo com carinho para mim.

— Você não odeia a ideia de seu filho estar tão próximo de mim? – Franzi o cenho, até hoje sem conseguir entender o que Carlisle viu em mim.

— E por que eu odiaria, Bella? Já disse para você que seu passado não te define, eu te conheço e sei que você é uma boa pessoa.

— Mesmo eu te servindo café frio e te colocando pra trabalhar no telhado? – Senti pequenas lágrimas se formarem em meus olhos, mas não as deixei cair. Não choraria, apesar de ser extremamente grata a Carlisle. Aquela época parecia tão distante, mas havia apenas algumas semanas.

— Eu escolhi concertar seu telhado – Ele riu, dando batidinhas em minha mão, como se dissesse “está tudo bem, passamos dessa fase”.

— Carlisle, obrigada por ser tão bom comigo, eu nunca vou conseguir retribuir tudo o que vocês fizeram e fazem por mim. Obrigada por me dar uma segunda chance – E apesar de ter prometido que não choraria, lágrimas escorreram e Carlisle gentilmente as limpou.

— Eu também sou grato a você, Bella. De alguma forma, sua presença transformou meu casamento que ia de mal a pior. Hoje posso dizer que sou feliz novamente com minha esposa, e ela comigo. Você abriu meus olhos e me fez enxergar novamente as coisas como elas são. Então estamos quites, não precisa retribuir nada, você já fez demais, minha querida.

Carlisle acariciou meu rosto e beijou minha testa. Me senti acalentada, com o coração quentinho, como se eu tivesse o mundo nas minhas mãos por ter o carinho e o amor de Carlisle. Era assim que um filho se sentia? Carlisle havia se tornado uma figura paterna para mim, e saber que ele me considerava especial em sua vida, me deixava extremamente feliz, como se houvesse algum sentido e rumo em minha vida.

Guardei esse sentimento no fundo do meu coração, sentindo-me extremamente grata, mas ainda havia outro assunto a tratar com Carlisle.

— Me diga o que tentou dizer quando acordei – Pedi.

Sua expressão tencionou, assim como sua postura. Ele largou minha mão e ajeitou a postura.

— Bella, se prepare, é uma história um pouco longa – Ele disse, assenti, curiosa – Depois que você veio conosco para casa, Esme e eu decidimos fazer algo sobre aquele lugar onde você trabalhava. Não era justo, Bella, Connor não pagava corretamente as mulheres e abusava delas, você bem sabe.

Meu corpo tremeu levemente, lembrando-me daquela época. Faria de tudo para esquecer aquela minha vida.

— Não pudemos aceitar isso, então o denunciamos. Mas Connor aparentemente possuí contatos com a policia de Nova Orleans e não houve resultado algum. Conversei com um promotor daqui e expliquei a situação. Ele conseguiu provas de todas coisas ilícitas que Connor estava metido e conseguiu um mandado de prisão até que ele fosse levado a julgamento.

Eu estava em choque. Quando Carlisle havia feito aquilo? Por que?

— Carlisle... – Balancei a cabeça, sentindo-me tonta – Eu sei que era horrível, senti na pele muitas vezes, mas... nem todas tiveram a sorte de te conhecer. Muitas daquelas mulheres possuem famílias para sustentar, e apesar de terrível, é o que elas têm... o que vai acontecer...

— Bella, se acalme – Carlisle segurou minha mão novamente, sentindo dessa vez como ela estava gelada. Me calei e deixei que ele falasse – Elas não foram desamparadas. Conversei com uma ONG e estamos ajudando-as, com pequenos cursos e um valor mensal para que elas se reergam na vida sem precisar fazer o que faziam.

Quis chorar novamente. Carlisle era mesmo real? Não bastava ter salvado minha vida, agora ele estava ajudando mais de dez mulheres que de alguma forma, tiveram o mesmo destino que o meu.

A verdade é que mulher nenhuma escolhe vender o próprio corpo, muitas pessoas viam apenas como elas gostam de fazer sexo e mostrar o corpo... o tormento vai muito além disso. Clientes nojentos nos cercavam, corríamos o risco constante de pegar alguma doença sexual, não tínhamos respeito e éramos obrigadas a aceitar tudo, afinal o cliente está pagando.

Eu me sentia um lixo, uma boneca descartada e usada por mãos demais. Não achava que minha vida valia a pena, nunca questionei Connor sobre a forma como me tratava e tratava as outras garotas. Aceitei desde muito jovem que era aquilo que eu merecia por me deixar vencer e me vender de forma tão baixa.

Conhecer Carlisle era voltar a acreditar no mundo mais uma vez. Ele se importou comigo e me acolheu quando nem mesmo meus pais o fizeram. Como não ama-lo? Ele não era bondoso apenas comigo, mas com outras mulheres que ele nunca nem viu o rosto. Isso aquecia meu coração.

— Onde está Connor? Por que você acha que ele é o culpado do acidente? – Perguntei, tentando organizar meus pensamentos.

— Depois da intimação, Connor sumiu do mapa, não fazemos ideia na onde ele se meteu. Isso pode prejudica-lo no julgamento, alias. Bella, ele com certeza sabe que fui eu quem fez a intimação, e sabe que é por sua causa. Connor tem muitos contatos na cidade e pode descobrir isso facilmente. Ele quer vingança, e na mente deturpada dele, tem muitos motivos para isso... Bem, você realmente deslocou o pênis do cara...

Carlisle riu desconfortável, me fazendo rir também. Minha costela doeu. Oh, sim! Isso era algo que eu me orgulhava. Iria sempre lembrar com muito prazer ao me Connor se contorcendo de dor no chão após eu torcer seu pênis em minha mão quando tentou abusar de mim.

Filho da puta maluco!

— O carro foi abandonado alguns quilômetros depois em uma área deserta, e não havia placa. Não temos nenhuma prova de que foi ele, mas eu acredito nisso, Bella. Ele não é o tipo de homem que deixa algo barato... Bella, eu sinto muito por isso. Se eu não tivesse feito isso...

— Não! Carlisle... – Neguei veemente com a cabeça – Você está salvando um monte de mulheres, não se arrependa por isso, eu não me arrependo nem um pouco de ter quebrado o pênis daquele filho da puta.

— De quem você quebrou o pênis?

Olhei chocada para a porta. Edward havia acabado de entrar no quarto, segurando um copo com café. O cenho franzido e os olhos arregalados, curioso e muito atento sobre o que falávamos.

Oh, porra! Fodeu!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu rachei muito nos comentários do capitulo passado pq MUITA gente achou que a Jessica que atropelou a Bella. Ela é só tóxica, mas não uma criminosa hahahaha
Mas será que o Carlisle está certo?
Veremoooos
Não deixem de comentar ♥
Beijoooos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corações Perdidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.