Broken Heart escrita por La Rue


Capítulo 6
Aceitação


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos, tudo bem com vocês? Finalmente chegamos ao nosso último capítulo e já estou morrendo de saudades.

Seguinte, esse capítulo ficou menor que os demais, mas eu li pelo menos umas duas vezes essa versão final e foi o suficiente pra mim.

Essa fic era pra ter sido concluída já, era pra ser algo relativamente menor, mas ela foi tomando novas proporções e fico feliz de tê-la concluído.

Boa leitura a todos!





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Quando Max finalmente despertou, a primeira coisa que conseguiu registrar foram os olhos cor de avelã aflitos de Kate Marsh. Ainda estava desnorteada, o sonho que tivera com Chloe fora tão real, que tinha receio de inconscientemente ter criado mais alguma desastrosa linha do tempo, ou pior, que todo os picos de stress que tivera até então lhe encaminhara a uma morte súbita.  

 

— Graças a Deus, você acordou. — Sussurrou Kate abraçando uma Max de olhar perdido, como se não estivesse completamente ali. — Eu pensei que… — Ela sequer tinha coragem para completar tal frase.  

 

Talvez ela tivesse relaxado mais do que gostaria, fazia tempo que não conseguia dormir daquela forma, sem pesadelos que envolvessem Chloe, Rachel Amber ou o bunker. Ela não era exatamente uma pessoa religiosa, todavia sabia que aquele momento  — mesmo que tivesse sido apenas em seu subconsciente — fora o mais próximo que chegara de experimentar o paraíso. 

 

— O que… — Max piscou algumas vezes e tentou estabelecer alguma linha de raciocínio ali. O que acontecera em seu sonho ainda estava muito vívido em sua mente. — O que você está fazendo aqui? — Conseguiu finalmente completar, sentia sua garganta seca, com certeza fora culpa do álcool, tampouco estava em condições mentais para entrar em uma discussão com Kate. Não tinha qualquer noção de quanto tempo esteve desacordada, não era sua intenção apagar daquela forma.  

 

A garota de cabelos loiros sentou sobre os calcanhares, estabelecendo uma distância mínima entre as duas, assim que a amiga pareceu recobrar os sentidos por completo. Ela baixou a cabeça e olhou para suas próprias mãos, agora unidas sobre o seu colo. 

 

— Victoria… — Sua voz saiu quase como um fio frágil. Ela sentiu-se desesperada ao ver Max naquele local e naquele estado quando finalmente tomou a decisão de procurá-la, mas Kate não era do tipo mais corajosa quando se tratava de seus sentimentos. — Ela me… 

 

Max fez um sinal com a mão, como se não precisasse continuar com as explicações. Ela franziu as sobrancelhas e apertou brevemente a ponte do nariz… Pedira diversas vezes para que Victoria não se intrometer naquele assunto, mas como sempre, a loira de cabelos curtos fazia apenas o que bem entendia. 

 

— Por favor, Max, nós só queremos te ajudar. — Insistiu Marsh com um pouco mais de firmeza, tomando coragem para segurar uma das mais da morena entre as suas. — Você não é assim… Você precisa reagir. 

 

— Vá embora… — O pedido saiu incerto e doloroso. As palavras de Chloe martelavam em sua cabeça, "há alguém lhe esperando", ela não poderia simplesmente se agarrar àquilo, fora apenas um sonho. — Eu não sou mais a mesma pessoa que você conheceu. — Sua voz saiu fraca e cansada, como se não possuísse mais qualquer resquício de forças. 

 

Ela esperava que Kate finalmente desse as costas e fosse embora, não adiantava, Max estava quebrada em tantos pedaços, que provavelmente o máximo que conseguiria fazer era machucar as pessoas com os seus cacos. Mas a garota doce, frágil e delicada fora contra todas as suas expectativas, ela poderia ter as suas limitações, mas estava determinada a não ceder. 

 

— Eu espero que ela ainda esteja aí, dentro de você… — Comentou baixinho, reunindo toda a sua coragem para segurar o rosto cansado de Caulfield com extremo cuidado e carinho. — Foi ela que me ensinou a lutar e ser forte, que sempre esteve ao meu lado e me protegeu quando ninguém quis acreditar em mim e foi por ela que me vi completamente apaixonada… 

 

Aquela confissão foi extremamente difícil para Kate, mas necessária. Tivera de passar por cima de todos os seus medos e crenças para conseguir finalmente externalizar seus sentimentos pela amiga… Esperava que não fosse tarde demais, que não tivesse aberto ainda mais feridas com a sua covardia, não dava para simplesmente vê-la definhar, não poderia perder Max, principalmente de uma forma tão cruel.

 

Maxine lhe olhou confusa, os olhos azuis sempre tão belos e verdadeiros, irritados pelo peso de um destino desumano e injusto. Kate se aproximou, mesmo com toda a insegurança que ainda tentava acorrentar o seu coração, aos poucos ela fechou o pouco espaço entre elas, espaço que naquele momento mais lhe parecia um verdadeiro abismo. Sentiu os lábios mornos nos seus, bem como as leves notas de tabaco e álcool… Seu coração disparou, mas sem o peso de que aquilo era errado, de que seria punida por aqueles sentimentos que nada mais eram do que um amor puro que havia se desenvolvido em meio aos frangalhos que as duas se tornaram.

 

Caulfield estava incerta de como reagir, tinha receio de que ainda estivesse presa em algum sonho, de que assim que correspondesse Kate simplesmente se daria conta de que era um erro e talvez ela não fosse capaz de não tê-la por perto, nem que fosse apenas sua amizade. 

 

O que foi apenas um roçar singelo de lábios enfim tomou maiores proporções. A própria Srta. Marsh deslizou os dedos pelos fios castanhos e timidamente tornou a troca delicada em um beijo lento. Secretamente ela havia desejado aquele momento, desde que tocará os lábios de Max pela primeira vez… Não importava o quanto a sua razão tivesse tentado lhe sabotar, ou que ela mesmo tivesse tentado se sabotar para negar aquilo que havia inundado o seu peito. Esperava que Deus fosse benevolente para com os seus sentimentos, pois seu coração já não possuía qualquer amarra que lhe mantivesse afastada da outra garota. 

 

Deixaram se intoxicar pelo momento… Necessitavam disso mais do que qualquer outra coisa, eram dois corações quebrantados, com marcas que ambas bem sabiam que  perdurariam pelos restos de suas vidas, mas que juntas, quem sabe, poderiam encontrar um alento, algo que as fizessem seguir novamente em frente. 

 

Max suspirou de forma pesada quando a língua da garota tocou a sua, tinha um auto controle invejável, mas não sabia até que ponto não conseguiria avançar a linha. Enlaçou a cintura de Kate de forma possessiva, queria-a para si como nunca havia desejado alguém em sua vida, mas ao mesmo tempo foi cuidadosa em suas reações. Queria ter a certeza de que a garota não mais fugiria dos seus braços, todavia queria tratá-la da melhor forma possível, que a mesma se sentisse confortável e segura no calor de seu corpo… Marsh não merecia menos que isso. 

 

Sentiu os lábios lhe tocarem o maxilar e descerem por seu pescoço, não foi capaz de reprimir um gemido com a sensação que se espalhou por seu corpo. Suas mãos puxaram delicadamente a barra da camisa social que Kate trajava e subiram com o mesmo cuidado pelas laterais, sentindo pela primeira vez a pele quente por baixo do tecido. Procurou pela boca de Kate de forma sedenta, porém mesmo que a garota lhe correspondesse prontamente, sentiu uma leve tensão quando suas mãos subiram um pouco além da cintura. 

 

— Tudo bem… — A voz da loira chegou aos ouvidos de Max como um acalanto e um pedido de desculpas pela reação de seu corpo. Ela queria ser tocada, como jamais havia pensado até então, por Deus, ela era presidente de um clube de celibato.  

 

Max respirou fundo e fechou os olhos na tentativa de conter a combustão que os pequenos toques lhe causaram, suas mãos até tremiam. Uniram as frontes e continuaram assim por um tempo indeterminado, apenas trocando pequenos beijos. Por mais que tivesse seus impulsos e que precisasse sentir que estava viva de algum modo, Kate merecia mais do que ser tomada em um lixão e ferro velho… Que precisava do seu próprio tempo para lidar com algo que ainda não conseguira superar, a violação no bunker. 

 

— Vamos devagar… — Disse afagando o rosto de Kate, perdendo-se no olhar cor de avelã da garota. 

 

— Vamos devagar. — Reafirmou com um sorriso singelo nos lábios, aliviada por Max entender a sua inquietação e receio.   

 

Kate lhe beijou mais uma vez e ali Max finalmente aceitara o seu destino… De que infelizmente ela e Chloe não mais se encontrariam, pelo menos não naquela vida, ambas haviam fechado um ciclo. Ela não precisava mais se sacrificar para salvar os outros, tampouco necessitava de poderes que surgiram em sua vida como uma bênção, mas também como uma maldição. Ela ainda não estava segura de enfrentar seus próprios desafios, mas sabia que em algum momento conseguiria, ela não estava sozinha, não mais… Kate Marsh estava ao seu lado. 

 

~***~

 

Os dedos da fotógrafa deslizavam lentamente pelas costas alvas e livremente expostas aos seus olhos, o cabelo loiro espalhado pelo travesseiro e a respiração tranquila tornavam o conjunto daquela obra a mais perfeita de todas. Kate mais parecia um anjo do que um ser humano e talvez ela realmente fosse um, enviado especialmente para ela. 

 

Já haviam se passado dez anos desde o dia em que finalmente se renderam aos seus sentimentos, que juntas procuraram vencer as novas barreiras e as feridas que um dia iriam cicatrizar, mas que para sempre permaneceriam como uma lembrança, seja boa, ou ruim. 

 

Todos os dias ela passava por aquele momento de apreciação, era bom ter Kate Marsh — agora, Sra. Marsh-Caulfielf — em sua vida… Sequer possuía alguma capacidade de imaginar-se sem ela, seu sorriso, sua doçura. Ela não só transformava o seu mundo em algo melhor, como também melhorava todo o seu redor. 

 

Depositou pequenos beijos com delicadeza, pela linha da coluna da loira adormecida, não queria acordá-la, pelo menos não agora. Kate vinha de uma maratona após o lançamento do seu livro ilustrado, mas mesmo assim fez questão de estar ali com Max. Sabia que era uma data importante, uma data trágica, mas que ao mesmo tempo fora a responsável pela aproximação das duas. 

 

Todos os anos Maxine fazia questão de deslocar-se de onde quer que estivesse para retornar a Arcadia Bay e assim dedicar alguns longos momentos ao lado do túmulo de sua falecida amiga Chloe. Naquele ano não foi diferente, porém Kate estava em sua companhia mais uma vez e haviam se hospedado na casa de Joyce a pedido da mãe de sua falecida amiga… Era bom poder vê-la mais uma vez, feliz ao lado de David e agora desfrutavam da companhia de um garotinho correndo pela casa, trazendo mais uma vez alguma alegria ao local. 

 

Ela fez sua higiene, vestiu-se e deslocou-se até o cemitério antes que qualquer outro habitante estivesse acordado. Por mais que os Price-Madsen fizessem o mesmo itinerário que ela todos os anos, que sua esposa estivesse ali especialmente para apoiá-la, Max precisava daquele momento a sós. 

 

A passos lentos ela refez o mesmo caminho de dez anos atrás, um caminho que havia sido tortuoso, mas que agora, com seus sentimentos amadurecidos, apenas lhe trazia nostalgia. Parou de pensar em Chloe com tristeza, a amiga jamais estaria em paz se apenas um grande vazio tivesse sobrado entre elas. 

 

O dia estava bonito e fresco, o céu límpido, Max sentou-se na grama bem aparada em frente ao túmulo da amiga e ali começou o seu monólogo anual. Falava sobre sua nova vida com Kate em Seattle; em como a mãe de sua companheira aceitara melhor o relacionamento entre as duas — algo que fora extremamente complicado no início, já que a mesma era uma mulher muito conservadora —; sobre a exposição atual onde acaba se reencontrando com Victoria Chase; as conquistas de Kate no mercado editorial e como a vida das duas apenas melhorava com o passar dos anos; como Chloe teria adorado conhecer o seu irmãozinho mais novo Dean, ele era esperto e arruaceiro como elas mesmas já foram um dia… Vê-lo era sempre bom, sempre aquecia sua alma e germinava a ideia de futuramente, quem sabe, ela e Kate adotarem uma criança. Tudo isso misturado as boas lembranças do passado, as brincadeiras com Chloe, as aventuras com William. 

 

Sentira um toque delicado em seu ombro, não precisava virar-se para saber quem era, deveria ter perdido o horário com tantas novidades a serem transmitidas. Kate depositou uma rosa branca e sentou sobre os calcanhares ao lado de Max, descançando a cabeça em seu ombro. Permaneceram em um silêncio confortador, os olhos presos a uma pequena borboleta azul que pousara sobre a lápide… Um sorriso surgiu nos lábios de Caulfield. 

 

Por mais que a vida pudesse ser estranha em diversos sentidos, o tempo sempre se  encarregava de lhe mostrar que ela ainda poderia ser bela. 




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Notas finais do capítulo

Então meus queridos, o que acharam? Sei que tem muita gente que deve ter se decepcionado, mas como eu disse, eu li e fiquei satisfeita, com a sensação de que era isso que eu queria passar.

Eu não coloquei cenas mais "quentes" pq travei, sério mesmo, sabe quando um personagem gruda em você ao ponto de você conseguir sentir o momento? Pois bem… Eu não prossegui pq pra mim, ali não era o momento certo.

Talvez eu faça uma nova versão bem futuramente? Talvez! Mas por hora espero que tenham gostado e muito obrigada a todos que acompanharam e carinhosamente comentaram.

Espero ver vocês em outras histórias!



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