Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark
POV KATNISS
—Olá!
O desanimo é tão grande quanto o descontentamento, faz meu estômago saltar enojado.
Logo essa voz?
Peeta, vendo que não irei me manifestar, acaba por tomar a atitude apropriada. Afinal, é sua amiga.
Pouso meu ante braço na testa, tampando grande parte do meu olho, evitando-o abri-los e dar de cara com essa garota.
—Katniss?- mas esqueci que tenho um marido bastante educado e gentil.
—Delly está aqui.
"Infelizmente. Eu ja percebi."
A resposta vem perfeita na mente, mas como acabamos de conseguir e firmar algo novo, me contenho.
—Oi.
Piorou quando ouvi as suas palavras em relação a mim, ao meu relacionamento com Peeta e da forma como ele se comporta comigo.
Essa loira passou dos limites. Meu desgosto por ela só aumentou.
—Anelise, vá brincar um pouco. Mamãe vai conversar com seu tio.
A menina é um doce, parece ser bem grudada ao loiro.
Nada contra a criança, o problema é a mãe.
Continuo sentada, apenas admirando as crianças correndo no gramado. Como Delly nos descobriu aqui é um mistério, ou essa mulher fica vigiando nossa casa.
—Você sabe que o aniversário dela esta chegando, pensei em fazermos algo especial.
Não queria ouvir a conversa, mas algo me deixa completamente incomodada. Tirando o fato dela colocar Peeta nessas responsabilidades.
Começo a enrolar o cabelo de uma boneca nos dedos, me fingindo de distraída.
—Claro. O que você pensou?
Ele realmente concordou assim tão fácil?
Quero jogar na cara dela que não fiquei procurando ajuda para arrumar a festinha de Willow, ja que Peeta estava na Capital.
Por que ela está procurando ele?
—Você pode fazer o bolo? E me ajudar a arrumar a casa? E...
—Que dia esta pensando em fazer?
Peeta é bom, não burro.
—Semana que vem, no sábado.
—Certo. Preciso me organizar para fazer o bolo.
—E a casa?
—Delly, eu tenho a padaria e preciso ficar com a minha família.
Sorrio virando o braço da boneca, como se desse um tapa na cara de Delly.
—Você prometeu, Peeta!
Não gosto do tom, parece cobrar algo.
—Prometi?
De rabo de olho, assisto a mulher segurar os braços dele com raiva. Abomino sua atitude, sendo agressiva e desnecessária.
—Não se lembra? Do nosso segredinho? Concordei em mantê-lo enterrado se você continuasse por perto, me ajudando.
Peeta empurra as mãos delas, olha pra trás. Viro o rosto, me certificando que passo despercebida.
—O que quer dizer?— o pânico é evidente, aperto a cabeça do brinquedo, desesperada pela ideia mais maluca da minha mente, seja verdade.
Não pode ser isso.
—Anelise quer ficar perto, precisa de você!— Delly suspira, abro a boca, dominada pelo medo. -Não sei por quanto tempo vou ficar nesse acordo. Já se passaram anos.
O silêncio me incomoda, faz minha mente trabalhar sem controle. Juntar as peças, formular as piores possibilidades.
—Podemos conversar outra hora? Não é um bom momento.
Aposto que ele pensou o mesmo, não o culpo de primeira. Afinal, estamos no escuro no quesito lembranças do passado.
Jogo a boneca de volta a bolsa, temendo estragar. Levanto agoniada por ser ausente a essa conversa, ouvir não foi uma ideia boa.
—Querem beber algo?
Olho para a menina loira, meu coração doí só de pensar na possibilidade.
É além do que posso suportar.
Não, isso não!
—Desculpa a interrupção.- sou surpreendida pela chegada deles, ignoro o fato de Peeta e Delly estarem estranhos o bastante.
Reconheço que ele não tem como saber, esta tão perdido nessa história quanto eu.
—Anelise, precisamos ir embora.- a loira agarra a mão da garotinha e a arrasta, o loiro abaixa a cabeça negando sem parar.
—O que aconteceu?- pergunto tocando seu ombro, controlando a vontade de correr atrás de Delly e tirar muitas satisfações.
—Eu não sei e estou com medo de descobrir.- seu olhar me faz temer mais ainda, a sensação de algo ruim ser a resposta.
Encaro seu perfil quando seu olhar se perde na mata ao longe, Delly estragou nosso passeio.
—Quer voltar?
—Não.- seu corpo abraça o meu rapidamente, um aperto forte o bastante para me fazer perceber que há algo errado. -Não, vamos ficar.
—Peeta, você está diferente. Delly fez ou falou algo?
—Ainda não.- sua incerteza deixa uma grande lacuna aberta, de insegurança e receio.
—Mas não é nada, posso resolver na padaria amanhã.
Será um longo dia, até que eu saiba a verdade. Não sossegarei, estou desconfiada o bastante para ir pessoalmente na mulher que faz questão de plantar discordia entre mim e Peeta.
—Não vou deixar vocês irem sozinhas.
—Tanus não se manifestou, talvez tenha saído do distrito.- jogo qualquer desculpa para me livrar de seu controle de proteção.
—Quem garante?- rolo os olhos, impaciente com suas insistências.
—Olha, só quero ficar tranquilo. Não posso perder vocês.
—Ei.- toco seu rosto, massageio sua testa tirando a ruga de preocupação que formou.- Só vou comprar o material da nossa filha, vai ser rápido.
—Por favor...- suas mãos agarram as minhas, decidido a apelar e me fazer mudar de ideia. -Me espere chegar da padaria, por favor.
—Desde quando é tão sistemático?
—Sou preocupado. E amo muito vocês.- beijo rapidamente sua boca, voltando a encarar seus olhos fortes.
—Se eu esperar, você vai ficar mais tranquilo?
—Sim.- um sorriso calmante começa a formar.
—Certo. Darei um jeito de enrolar Willow até la.
—Eu amo você.- rapidamente sou abraçada e beijada com louvor.
A porta bate me mostrando que finalmente consegui o deixei ir em paz.
Grudo na janela, empurro a cortina acompanhando seus passos até o final da curva, no fim da Vila.
—Também amo você, Peeta.
POV PEETA
—Chefe, os pães de creme já ficaram prontos?- Bob abre a porta pela terceira vez, suspiro evitando perder a paciência.
—Quase.
Volto a me concentrar, coloco o bico do saco de confeitar dentro do bolinho fofo e apertando, não controlando a força e fazendo uma meleca.
—Merda!- praquejo irritado, quase uma fornada inteira sem aproveitar.
Tudo causa do nervosismo. Terei a conversa com Delly, onde provavelmente saberei o que não quero ouvir.
—Você está bem?
—Não.- abandono a bancada, tirando o avental. Me jogo no banco ao lado da janela protegida por uma tela anti insetos.
—Posso ajudar em algo?
—Só... termine aquilo. Terei que dar uma saída.
—Certo.
—Obrigado.
Lavo braços e mãos no banheiro, aproveito para tirar a maior quantidade de farinha que consigo do meu cabelo. Rumo pros fundos, me deparando com a loira sentada nos bancos.
Fecho a porta, solto um longo e demorado suspiro antes de enfrentá-la.
—Katniss sabe que está aqui?- nego, olhando para a porta, nervoso por estar omitindo uma conversa á sós com a pessoa que ela menos gosta.
Mesmo não sendo nada demais, me sinto mal por estar fazendo algo escondido.
—Só vamos conversar, Peeta.- concordo, sentando ao seu lado.
—Realmente precisamos. Você sabe que se não fosse necessário, eu não...
—Delly.- reapiro fundo, fazendo força para engolir o bolo que se formou.
— Direto ao assunto.
Seu olhar faísca. A conheço bem para saber que sua bondade, paciência e gentileza, acabaram.
—Vai começar a ser um bom pai?
Pai?
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