Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 48
Capítulo 47




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Era estranho ver a casa em que viveu por dezesseis anos de sua vida vazia daquele jeito. O motor do carro dos Dursley agora era um eco distante ao final da rua, Edwiges piava em sua gaiola e nem ao menos o relógio de pêndulo havia mais na parede para preencher o silêncio com o seu tic e tac. Harry levou um susto quando a campainha tocou. Ainda era dia, ainda faltavam duas horas para o anoitecer e com isto a Ordem vir buscá-lo e escoltá-lo até uma nova base secreta, então quem poderia ser? Todos os vizinhos viram os Dursley se mudando. Na mente deles, não deveria ter mais ninguém na casa, não? 

Hesitante e com varinha em mãos, ele foi até a porta, espiou o olho mágico e estranhou ao ver uma figura de moletom, jeans e boné que lhe escondia o rosto. A campainha tocou novamente, de forma impaciente, e Harry arriscou-se porque Tom não iria exatamente ser educado quando quisesse matá-lo. Ele abriu a porta e a cabeça encapuzada levantou e sob a aba do boné estava o rosto bonito e familiar de Dallas.

— Finalmente! — ela resmungou e entrou na casa sem pedir nenhuma licença, passando por Harry com um empurrão para tirá-lo do caminho.

— O que você está fazendo aqui?

— E eu achando que você sentiu a minha falta. — Dallas declarou, tirando o capuz e boné de sobre a cabeça e rodou os olhos pela sala vazia. — Gostei da decoração, bem minimalista.

— Os meus tios foram embora, para a segurança deles. O feitiço de sangue vai extinguir quando eu atingir a maioridade, então eles corriam o risco de serem alvos de Tom. 

— Feitiço de sangue? — Harry explicou à ela como o sacrifício de Lily não somente o protegeu naquela fatídica noite em Godric's Hollow, como pelos últimos anos ao estender a proteção à Harry através dos últimos laços sanguíneos que ele tinha com os Evans. 

— Isto explica porque Dumbledore simplesmente deixou você aqui sabendo que você tinha grandes chances de ser maltratado. 

— Dallas, por que você está aqui? — Harry mudou de assunto, não gostava de lembrar do diretor morto e muito menos das decisões duvidosas que ele tomou em relação a sua vida. 

— Aurora me contou que a Ordem vai realocá-lo para um lugar seguro. 

— E você veio aqui se despedir? Pensei que tínhamos chegado a um acordo no funeral de Dumbledore.

— Sim, mas eu preciso te entregar o seu presente de aniversário e não quis arriscar mandar via coruja. — ela retirou uma caixa bem embrulhada do bolso do moletom e a estendeu para Harry. 

— Você arriscou a sua vida por causa de um presente? Dallas! — a repreendeu e em uma típica reação Dallas Winford, ela rolou os olhos para a sua preocupação.

— Vai abrir ou não? — Dallas incitou e foi a vez de Harry rolar os olhos e rasgar o embrulho, abrindo a caixa e encontrando dentro desta uma bússola de bronze, presa a uma corrente de mesmo material. No fundo da bússola estava entalhado as iniciais dele e a agulha da mesma girava como se não conseguisse encontrar o Norte. — A agulha só vai parar quando você estabelecer o seu Norte. 

— Como é? 

— O seu Norte. O seu porto firme. O local onde você se sente seguro. O seu lar, por assim dizer. Assim, onde quer que você esteja, ela vai guiar a sua aparatação para o seu porto seguro. 

— E o meu porto seguro tem que ser um lar? — o único lar que Harry conheceu na vida foi Hogwarts e ele já sabia o caminho do castelo para aparatar. 

Dallas riu.

— Não exatamente. Pode ser qualquer coisa que o faça se sentir seguro, em casa, um lugar, uma pessoa, um objeto, qualquer coisa. De preferência algo que não seja óbvio para os outros. O porto seguro tem que ser um local que ninguém mais pode acessar além se você, que seja inviolável. 

— E como a bússola vai saber para onde eu quero ir? — Dallas sacou a varinha e apontou para o tampo da bússola.

— Ei! 'Tá louca? — Harry a interrompeu, segurando no pulso que empunhava a varinha. — Você ainda é menor de idade, o Ministério… — novamente ela rolou os olhos daquela forma característica que era só dela. A forma que dizia que Dallas Winford o achava um idiota. Harry a soltou. 

— Pense no seu porto seguro. — Harry fechou os olhos e pensou em seu porto seguro. — Está pensando?

— Sim.

Procurar destino. — a varinha brilhou, a agulha da bússola continuou girando intensamente até ir desacelerando aos poucos e então parar de vez. — Fixar destino. — um último brilho de varinha e a bússola foi programada, com a agulha apontando diretamente para o coração de Dallas. — Você é um piegas, Potter. — Harry riu.

— Voltei a ser "Potter" agora? — outro rolar de olhos da parte dela, então veio um puxão pela gola de sua camisa, seguido de um beijo. — Eu pensei que tínhamos concordado em terminar o namoro. 

— Desde quando normas se aplicam a nós, Harry? 

— Você é maluca. — Dallas deu uma piscadela e um sorriso maroto para ele.

— É, eu sei. — e o beijou mais uma vez. — Eu tenho que ir. — disse quando se afastaram. — Tome cuidado Harry. — a sua voz perdeu o tom brincalhão de minutos atrás em favor de um tom mais sério. 

— Eu irei. 

— Nos vemos no final. — declarou em um sussurro, em uma promessa subentendida, em um exigência: ambos tinham que sobreviver, ambos tinham que se reencontrar, era uma ordem.

— Sim, eu te vejo no final. — Harry concordou e Dallas lhe deu um último beijo, longo e cheio de promessas e despedidas, e então desaparatou.

— E então, disse à ele? — Patrick perguntou quando Dallas aparatou ao seu lado no final da Rua dos Alfeneiros. 

— Disse à ele o quê? — fez-se de desentendida, enquanto colocava novamente o boné e jogava o capuz sobre o este. 

— Que a veela dentro de você finalmente decidiu que Harry Potter é um parceiro à altura. — Patrick não declarou este fato, ele simplesmente cantarolou como se fosse uma trilha sonora da Disney. Dallas prontamente deu um tapa na cabeça do amigo para ele deixar de ser idiota. 

— Imbecil. — foi a declaração de despedida dela antes de desaparatar com o eco das risadas de Patrick em seus ouvidos. 

 

oOo

 

Dallas viveu praticamente no limbo nas semanas seguintes na casa dos Gordon. As notícias que vinham pelas frequências de rádio clandestinas estabelecidas pela Ordem não eram boas. O Ministério da Magia havia caído, sucumbindo ao poder de Você-Sabe-Quem que começou o seu extermínio étnico sem nenhum pudor. Era um novo holocausto, só que desta vez mágico. 

Na madrugada de terça-feira de tempestade, Aurora apareceu na casa dos Gordon com uma companhia inusitada. Davon Yale havia aparatado com ela e a aparência e expressão dele não eram nada boas. 

— Me ajudem aqui! — Aurora pediu enquanto ajudava o ex-sonserino a sentar no sofá. Havia sangue manchando metade do rosto dele e ele mancava da perna esquerda. 

— O que aconteceu? — Annabeth perguntou enquanto recolhia poções e outros itens de primeiros socorros da dispensa. A Ordem havia debandado-se após a morte de Dumbledore, porque era certo que Snape delatou todos para o Lorde das Trevas, mas não perderam contato uns com os outros e as casas de alguns de seus integrantes estavam sob o feitiço fidelius e serviam como base segura para membros perseguidos. A casa dos Gordon era um desses casos. 

— Batedores. — foi a única explicação que Aurora deu e a única explicação que precisava. Batedores tornaram-se famosos nas últimas semanas, seguidores de Você-Sabe-Quem que caçavam nascidos trouxas para questionamento do Ministério e posterior execução. 

— Davon é sangue puro. — Patrick comentou e Davon riu, uma risada desagradável, carregada de amargura e pesar. 

— Meu pai é sangue puro, que se apaixonou e casou com uma nascida-trouxa. — explicou. — Você não deveria ter me impedido. — a acusação foi direcionada para Aurora, junto com um olhar contrariado que não tinha lá muito efeito visto que um dos olhos dele estava fechado por causa do sangue seco. Aurora soltou um bufo de frustração. 

— Acha mesmo que a sua mãe iria querer vê-lo morto tentando salvá-la? — Aurora o repreendeu.

— Espera! — Dallas interrompeu o arranca rabo deles dois. — Davon  faz parte da Ordem? — e lançou um olhar surpreso para o ex-colega de casa. 

— Por quê? Você acha que é um clube restrito a Grifinórios? — Davon provocou

— Bem, sim. — Dallas disse com um dar de ombros e Aurora riu.

— Davon faz parte da Ordem desde que completou dezessete anos, foi indicado por Madame Pomfrey. Ele tem um talento nato para a cura, um dom bem requisitado em tempos de guerra, visto que não podemos recorrer ao St. Mungos por ajuda. — Aurora explicou. O St. Mungos foi outro marco do mundo mágico que também caius sob o domínio de Você-Sabe-Quem. 

— Se tivesse um talento nato para duelos não estaria nesta situação. — Dallas provocou, enquanto ajudava Annabeth a separar as poções e avaliar os ferimentos de Davon.

— Você é uma ingrata! — ele retrucou com um toque de sarcasmo, piada e dor. — Quem você acha que te estabilizou depois que você vergonhosamente caiu de uma escada durante um duelo com Comensais da Morte? Eu fui o primeiro a chegar na cena, que mandei os quadros irem buscar ajuda com urgência. Seria problemático se a namorada de Harry Potter morresse. Ele precisa de motivação para derrotar Você-Sabe-Quem.

— Você espera um obrigado? 

— No mínimo! — Dallas rolou os olhos diante do drama grego que Davon estava encenando. 

— Obrigada. — falou só para ver se isto calava a boca dele. 

— Agora que vocês pararam de discutir feito um casal de velhos. — Aurora comentou, de joelhos em frente a Davon enquanto cortava a calça dele empapada de sangue, para acessar o ferimento. — Ajude-me aqui, Dallas. 

— Feitiços de cura não são exatamente o meu forte. — Dallas já avisou. Ela sempre foi boa em causar estragos, mas jamais prestou para consertar as coisas. 

— Não preciso que você cure ninguém, até porque você não pode. — Dallas trocou um olhar cúmplice com Patrick. Se Aurora referia-se ao feitiço de monitoramento para menores de idade do Ministério, esse já tinha ido para o lixo há tempos. E Aurora, como boa auror que era, não deixou a troca de olhares passar despercebida. — Farejo uma história aí, que vocês dois vão me contar depois. Não, preciso que você me ajude a limpar o ferimento. — pediu, enquanto recebia de Annabeth poções e toalhas e uma bacia com água. Aos poucos Aurora foi lavando o sangue da perna de Davon, expondo um corte que parecia ter triturado a carne da panturrilha dele, deixando o ferimento com um aspecto horrível. — Pressione aqui. — ordenou, guiando as mãos de Dallas com a toalha para sobre o ferimento. Davon terminava se tomar algumas poções entregues à ele por Patrick, quando grunhiu de dor diante do toque. 

O processo foi lento e tedioso. Aurora não quis arriscar feitiços de cura mais complexos nos machucados por causa das azarações usadas pelos Comensais. 

"Eles propositalmente usam feitiços que têm reações adversas com certos feitiços de cura, quando usados", ela explicou. 

Após duas horas de trabalho árduo e cansativo, Davon estava tratado, limpo e com roupas novas e descansando no sofá da sala dos Gordon enquanto Annabeth e Aurora iam ter uma conversa de adultos na cozinha em meio ao preparo do jantar. 

— Então, quanto vocês querem para me ajudar a fugir daqui? — Davon perguntou quando viu que estava sozinho com Patrick e Dallas.

— Eu já sou rica. — Dallas respondeu de forma displicente, o que não era uma mentira. Antes de tudo ir para o buraco de vez, ela fez um inventário de tudo o que a avó havia investido em seu nome, tanto no mundo trouxa, quanto mágico, e a soma dos valores totalizou uma fortuna considerável. O suficiente para ela viver o resto da vida à toa, se assim quisesse. 

— Eu não aceito subornos, não me ofenda dessa maneira. — Patrick completou. — Mas se a razão pela qual você quer fugir é para ajudar a sua mãe, não precisa de suborno. Isto é tão sonserino da sua parte. 

— Não quero ser pragmática aqui, mas há quanto tempo a sua mãe foi levada pelos Comensais? — Dallas perguntou e a lembrança do ataque trouxe uma expressão sofrida ao rosto de Davon. 

— Umas seis horas? — ele respondeu.

— E como você pode ter a certeza de que ela ainda está viva? — ela continuou, ao qual Davon respondeu: 

— Eu não tenho, mas ao menos eu tenho que tentar. É a minha mãe. Eu sei que o conceito de mãe te escapa da mente, você não teve uma relação muito boa com a sua, mas ao menos o básico você compreende, não? — para alguém de fora, que não conhecia a lógica e o sarcasmo sonserino, a colocação de Davon poderia ter soado como uma provocação, quase uma ofensa, para Dallas soou apenas como ele atestando um ponto pertinente de sua vida. Ele não estava errado, a relação dela com Narcissa não era normal, ela não tinha um vínculo afetivo muito profundo com a mãe, mas ela compreendia o que Davon queria dizer pelas lembranças de como Meredith tratava os gêmeos, com carinho e veneração, e os gêmeos retribuam o sentimento de igual forma. 

— E ao menos sabe para onde ela foi levada? — Dallas continuou e foi Patrick que ofereceu a resposta. 

— Diante da propaganda anti-trouxa que o Ministério anda fazendo, desses Batedores fingindo serem aurores quando na verdade são Comensais, a minha maior aposta é o próprio Ministério. Aurora mantém toda a família informada sobre o que está acontecendo lá fora, mas eu sei que tem coisas que ela omite de mim. Eu a ouvi comentar com os meus pais que é a nova Inquisição. Nascidos trouxas estão sendo levados para o Ministério com o propósito de comprovarem a sua herança mágica. 

— Isso tudo é furada. É só uma desculpa para identificar nascidos trouxas e eliminá-los sob a desculpa de que estão fazendo tudo conforme as leis. — Dallas protestou. — Só não sei que leis. Um Estado tirano não tem lei alguma que favoreça a população. 

— E é por isso que eu acredito que ainda tenho chances de salvar a minha mãe. Ela pode estar presa neste momento aguardando julgamento, é a brecha perfeita para entrar no Ministério e…

— E fazer o quê, exatamente? — Patrick interrompeu Davon. — O Ministério da Magia tem centenas de feitiços de proteção, violá-lo não será tão fácil. 

— Não exatamente. — os olhares caíram sobre Dallas diante do comentário dela. — Às vezes o plano mais simples é o menos esperado e o mais eficiente e com garantia de resultado. 

— E o que você propõe? — Davon perguntou. 

— Entramos pela porta da frente, descobrimos onde está a sua mãe e a tiramos de lá. 

— E ninguém vai notar a nossa presença? Acho meio difícil. — entrar pela porta da frente não era bem a ideia que Davon esperava ser sugerida por alguém tão inteligente como Dallas. Era muita simplicidade para um plano de resgate. — A não ser que você use o Imperius em alguém, irão nos reconhecer. E mesmo que você use o Imperius, eles devem ter feitiços de alerta sobre o uso de um imperdoável dentro do território do Ministério da Magia. — Dallas e Patrick trocaram olhares significativos. — O quê? O que foi? 

— Pra que usar o Imperius, se a versão original do feitiço é muito mais eficiente? — Dallas declarou com um sorriso de canto de boca nada acalentador e Davon descobriu o que ela quis dizer quando no dia seguinte, com Patrick e ele transfigurados, seguiram Dallas de terninho, saltos e cabelo loiro platinado pelo hall de entrada do Ministério até chegarem a recepcionista que tinha o olhar mais vago e a expressão mais vazia existente. Um boneco de cera demonstrava mais emoção do que ela. 

Bonjour. Je suis ici pour le cas de Lorraine Yale. — a expressão da recepcionista perdeu um pouco do ar vazio e ficou levemente confusa. — Parle vou français?

— Madame, acho que concordamos que ninguém aqui fala francês além de você. — Patrick murmurou para Dallas, tão bem vestido quanto ela em um terno e carregando algumas pastas nos braços. 

Ils devraient. C'est une si belle langue. — Dallas continuou. A ideia de usar o francês era porque a língua era mundialmente conhecida como a língua do amor e da sedução e aparentemente dava maior potência ao Encanto Veela. 

— Você sabia que eu sou artilheira do Puddlemere United? — Dallas sorriu quando a recepcionista cantarolou os seus feitos, isto significava que a mulher tinha sido fisgada de jeito com o seu Encanto. 

Lorraine Yale, onde ela estarr? — enfatizou a pergunta e o sotaque, ainda mantendo a suavidade dos vogais, característicos do francês. 

— Quinto andar do subsolo. — a recepcionista ofereceu e Dallas deu à mulher um largo e brilhante sorriso. — Senhora! — ela chamou quando Dallas já afastava-se com Patrick e Davon em seu encalço. — Eu preciso registrar a sua varinha, qual o seu nome?

Je t'ai déjà dit mon nom. Ce Ministère est un gâchis. — completou com um suspiro sofrido. A mudança de idioma surtiu o efeito desejado e a recepcionista novamente ganhou um ar perdido. Entretanto, Dallas sabia que não poderia ficar muito tempo naquela brincadeira, os visitantes do Ministério eram poucos, mas os guardas prostrados em cantos opostos do grande hall estavam começando a divergir a atenção dos funcionários que chegavam para mais um dia de trabalho, para o grupo cercando o balcão da recepção. 

Dallas voltou até o balcão, com um balançar mais acentuado dos quadris e o clique-clique do salto ecoando no chão de mármore. A sua inspiração completa para montar aquela personagem havia sido Amélia e como tal, estava naquele momento incorporando toda a arrogância e petulância da avó. 

C'est ici. — apontou para um nome feminino aleatório na longa lista de registro de entrada. — C'est moi. Satisfaite? — o tom de Dallas era impaciente e isto refletiu-se no rosto da recepcionista como uma tristeza profunda. A mulher ainda estava sob o efeito do Encanto e com isto queria, precisava, na verdade, agradar Dallas, e o não cumprimento de seu objetivo era motivo de tristeza. 

— Sim, sim, está aqui, srta. Clearwater. Desculpe-me pelo incomodo. Pode prosseguir. 

Merci. — Dallas novamente sorriu para a mulher que teve o rosto iluminado de felicidade por tê-la agradado. 

O trio caminhou até os elevadores a passos comedidos, com Davon os lembrando em sussurros para "não correr" e "não fique olhando para todos os cantos, você parece suspeito assim", e quando finalmente entraram no carro e as portas desses se fecharam, soltaram suspiros aliviados. 

— Eu nunca estive no Ministério da Magia. — Dallas comentou após a surpresa inicial do tranco que o elevador deu e correu para os fundos do fosso antes de descer em praticamente queda livre. Sentiu-de idiota porque era claro que um elevador mágico não se comportaria como um trouxa. Ele parou no segundo andar do subsolo, onde alguns funcionários entraram, dando um segundo relance para o trio ao fundo, principalmente para a bela jovem que lhes sorria calmamente. 

— Eu sou o novo Ministro da Magia. — um deles declarou e Dallas arqueou uma sobrancelha para ele.

— Verdade? — disse de forma suave e quase cantarolada. — Então, senhor Ministro, o senhor irá esquecer que nos viu aqui. O senhor — ela rodou os olhos pelos outros três bruxos que o acompanhavam, todos com expressões embasbacadas. — e os seus assessores. — o elevador anunciou a chegada ao quinto andar do subsolo e Dallas desembarcou, ainda sorrindo e com um aceno de despedida, seguida de perto por Patrick e Davon.

— Você está ficando boa nisto, em manipular as pessoas. — Patrick comentou enquanto via o elevador afastar com o bruxos ainda fascinados por ela. 

— Não, eu sempre fui boa nisto, eu só não usava muito os meus dons porque a ideia de manipular os outros a ponto de tirar-lhes a sua vontade própria sempre me enojou. Mas momentos desesperados pedem por medidas desesperadas e a minha moralidade no momento não está em jogo, não quando um inocente corre risco de vida.  — Patrick não discutiu, somente virou na direção de Davon e aplicou um feitiço de desiludir nele. O trio seguiu pelo corredor escurecido e ao longe Dallas viu que apenas dois guardas protegiam a entrada da sala de julgamento. O primeiro tentou soltar um grito quando Davon lhe deu uma chave de braço, mas este foi abafado pela mão sobre a sua boca. Patrick completou o cenário tapando o nariz do guarda. 

— Ei! — o segundo guarda chamou quando viu que o colega debatia-se contra algo invisível e era sufocado por Patrick. 

— Ei. — Dallas chamou, atraindo a atenção do homem para si, que piscou sem entender o por quê dela estar ali. O segundo de distração foi o suficiente para ela acertar-lhe o queixo com um cruzado de esquerda, o que o desacordou de pronto. Dallas o segurou antes que ele caísse como um peso morto no chão e auxiliou em sua queda, não queriam fazer barulho e muito menos arriscar qualquer feitiço de ataque que ativasse os alarmes. — Acho que ele apagou. — declarou após deixar o guarda largado contra a parede e ver que o guarda que Patrick e Davon atacavam não mais resistia. Eles soltaram o homem, após Davon certificar-se de que este estava apenas inconsciente, que eles não tinham exagerado no ataque. 

— Eles não vão ficar desacordados por muito tempo. — Davon avisou após desfazer o feitiço de desiludir em si mesmo e aplicar este nos dois homens inconscientes. — Você sabe o que tem que fazer. Te esperamos na entrada. — Dallas assentiu, respirou fundo e incorporando a melhor Amélia Winford que pudesse incorporar, entrou na sala de julgamento.


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