Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 16
Capítulo 14 - Sete malditos dias (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Ahá! Consegui voltar ainda essa semana... e vocês vão querer me matar! Espero que gostem!!!



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Sete malditos dias

(Parte 2)

—É nessas horas que eu entendo a razão da mulher que você ama te negar tanto! Se eu quisesse apenas foder, teria te atacado na minha cama. Afinal, desse assunto você parece entender. Jacob, temos trabalho a fazer. Vamos deixar o senhor Cullen trabalhar também.

*** Continuação***

Naquela noite, implorei a Isabella que perdoasse meu comportamento no escritório. Levei alguns bombons e um urso de pelúcia para nossa “aula de romantismo”. Fiz-lhe elogios sinceros e posso ter acariciado seu rosto mais do que o necessário par a situação. Não que me importasse, porque a pele dela era macia e quente e parecia implorar por ser tocada.

Ela não deixou que eu dormisse em sua cama novamente. Dessa vez, acatei seu pedido porque mereci. Apaguei em seu sofá e só despertei no dia seguinte com os barulhos da cozinha e o cheiro do café sendo preparado.

A quinta-feira passou sem incidentes estranhos. Randall misteriosamente foi verificar uma pista de Thony em outra cidade, então não precisou dormir na casa de Isabella. Mandei-lhe uma mensagem e uma bonificação em agradecimento.

Naquela noite, cheguei a conquistar meu lugar em sua cama com minhas táticas de romantismo, de acordo com ela. Para mim, Bella apenas não queria admitir que sentiu minha falta na noite anterior. Eu não me importava. Principalmente porque ela estava agarrada ao meu peito enquanto eu fitava o teto tentando encontrar maneiras de explicar quem eu era.

Senti seu movimento de cabeça antes do hálito bater em meu pescoço.

—Edward? – murmurou.

—Hm?

—Você me lembra o Thony, às vezes, sabia?

Talvez não fosse tão difícil quanto parecesse. Sorri com a possibilidade de poder contar a verdade e nada mudar entre nós. Talvez ela acabasse se apaixonando por mim também.

—Sério? Então quer dizer que você poderia se apaixonar por mim, às vezes?

Ela riu e balançou a cabeça em negação.

—Raramente. Você já tem dona e eu não sou de tentar pegar o que é dos outros.

Ah, Isabella!

—O que é uma pena, porque você me tem bem aqui e poderia abusar de mim sem que ninguém soubesse – brinquei. – Mas fale-me mais sobre as coisas que eu e Thony temos em comum.

Ela apoiou a cabeça no cotovelo para fitar meu rosto com intensidade. A proximidade fazia com que o ar que respirássemos já chegasse quente.

—Vocês cuidam da família como um tesouro precioso – afirmou.

—A família é um tesouro precioso – retruquei firmando seu olhar no meu.

A recordação veio junto com a gargalhada de Isabella.

—Sim, foi a resposta que ele me deu – e riu de novo. – Estávamos deitados na cama dele, imaginando nossa casa na lua, quando a irmã dele chorou no berço. Thony levantou-se correndo, bateu em vários móveis e reclamou e xingou por todo o trajeto entre o quarto de Lizzie e a sua cama. Mas de frente para o berço da irmã, arrulhou e a fez sorrir antes de colocar a chupeta de volta na boquinha. Quando comentei sobre cuidar da irmã como um dos cristais valiosos da mãe dele, ele disse o mais sério que conseguiu com aquelas lágrimas não derramadas de dor: “Marie, a família é um tesouro precioso! O mais precioso!” Com oito anos já era um cavalheiro na armadura reluzente!

Ri com ela. Lembrava-me dessa noite e como minhas pernas ficaram com hematomas coloridos depois do ocorrido. Alguns hábitos não mudam, afinal. Bella continuou suas comparações:

—Ele se deitava com os braços cruzados na cabeça também ou ficava fazendo cafuné no meu cabelo para que eu dormisse antes dele.

—Não queria te deixar sozinha no escuro – respondi.

Bella sorriu e beijou minha bochecha antes de voltar a se deitar. Abaixei os braços para que pudesse deixá-la apoiada e segura. Ela bocejou fazendo com que eu a seguisse.

—Pode ser que seja mal de nome – conjecturou. – Todo Anthony é um cavalheiro. Fico feliz que você possa dar essas bondades à sua dama.

E aconchegou-se ao meu lado, pousando a mão em meu coração acelerado. As palavras de Jacob ecoaram em minha cabeça.

—Só você vê esse lado meu – murmurei tão baixo que quase não me ouvi. – Talvez você só não queira ver a verdade para não se machucar mais.

—Machucar? – repetiu.

Não. Não era um bom momento. Estávamos tão bem assim! Amanhã eu tentaria falar. Sexta-feira era um bom dia para revelações, não era? Então, se desse certo, ela cancelaria com Jacob e passaríamos o fim de semana juntos. Se desse errado, eu chamaria Alice para ampará-la.

—Nada, não – ronronei passando uma mão em seu cabelo. – Pode dormir, velarei seu sono.

O dia seguinte revelou-se não ser um bom dia para dizer certas coisas. Isabella reclamou que o seu “cara” de quarta-feira se mostrou um impostor com uma fotografia mal editada e que não sabia nem mesmo a data de nascimento de Lizzie.

—E você sabe? – indaguei.

Bella tinha cinco anos quando foi embora e Elizabeth ainda não completara o quarto aniversário. No entanto, aparentemente, minha vizinha sabia, porque revirou os olhos para mim.

—É claro que sei! Lizzie era minha melhor amiga, seria desonroso não saber disso.

Engoli em seco. Bem, era bastante desonroso que ela nunca tenha ligado minha data de nascimento com a de Thony, se for pensar nisso.

—Você tinha cinco anos, Isabella – argumentei. – Eu mesmo não lembro o que comi ontem!

—Mas ele não! – lembrou-me. – E mesmo assim, Lizzie é sua irmã, ele deveria lembrar de algo que acontece todos os anos, não deveria?

Sim, deveria. Dei de ombros e decidi pressionar.

—Então, quando é?

—Quatro de novembro – respondeu sem titubear. – O de Thony é em vinte de junho.

Sorri.

—Assim como o meu – comentei.

—Existe uma teoria sobre gêmeos que se encaixaria bem nesse caso – refletiu ela. – Thony seria o gêmeo bom e você o odioso. Certas culturas matam ambas as crianças porque não sabem dizer qual será o bom e qual será o mau. Acho que o universo quis poupar o Thony e te fez nascer em outra família. Você teria corrompido meu adorável amigo!

Ri de sua teoria absurda. As palavras de Jacob ecoando em minha mente de novo: “Ela não quer ver por que quer acreditar que o homem dos sonhos dela não é tão pedante e egoísta.”

—O que te faz pensar que eu seria gêmeo de Thony? – enfatizei a palavra sem querer.

—Vocês têm princípios parecidos – explicou ela. – e algumas atitudes, como conversamos ontem à noite. Mas você não poderia ser ele porque eu o encontrei.

Ergui uma sobrancelha.

—Outro?

Isabella revirou os olhos.

—Randall me mandou uma foto essa manhã.

Meu rosto certamente demonstrou minha surpresa. O detetive estava começando a me estourar a paciência com esses homens tirados do além. Talvez eu devesse lembrá-lo de dar algum espaço entre um impostor e outro. Bella não precisava ver todos na mesma semana.

—Posso ver a foto?

Bella assumiu uma expressão culpada.

—Deixei o telefone em casa – lamentou-se. – A pior parte é estar com saudades dele. Nem mesmo falei com o homem ainda e já sinto sua falta tão profundamente!

Aquela declaração quebrou meu coração. Tentei lembrar-me de que ela não falara com o impostor então não poderia estar apaixonada por ele. Não ainda, pelo menos. E ele era um maldito impostor... ela veria isso quando pusesse os olhos no homem. Isabella não se apaixonaria por um mentiroso, ela era melhor do que isso.

E meu pensamento também me aterrorizou, porque sabia que era verdadeiro. Bella não se apaixonaria por um mentiroso. Portanto, não se apaixonaria por mim... e se o fizesse, assim que eu dissesse a verdade, ela deixaria de amar. Eu era um filho da puta maldito.

—Edward? – chamou-me a morena colocando a mão em meu ombro. – Está tudo bem?

Não! Eu sou um maldito assassino mentiroso! Fique longe de mim!, eu quis gritar. Contudo, meu coração implorava para que reconsiderasse. Implorava para que ela me desse uma chance de provar que poderia ser o bom homem que a moça precisava. Eu poderia sê-lo, não?

—Está tudo bem, Isabella – murmurei tentando sorrir. – Estou bem. Vamos para casa?

A jovem assentiu, mas não demos dois passos antes do meu telefone receber uma mensagem de Seth. Pela urgência em suas palavras, imaginei que estava com problemas. Bufei um xingamento e levei a morena para casa, beijei-lhe a testa antes de prometer que estaria de volta antes do jantar.

—Seth? – chamei assim que cheguei à sua casa.

O punho fechado do rapaz alcançou meu maxilar antes que eu pudesse processar a informação. Dei alguns passos errantes para trás, afastando-me da fúria assassina.

—Mas que porra? – reclamei mexendo o osso para ter certeza de que estava inteiro.

—Mas que porra digo eu, Cullen! – esbravejou o moreno. – Que porra você está pensando ao enganar a Bella desse jeito? Por acaso acha que ela merece toda a humilhação que tem passado procurando por você? E ainda contratou um detetive para rodar em círculos? Que porra, Edward!

Respirei fundo... e isso causou uma dor aguda em meu corpo. Porra de soco fodido. Passei a mão pelos cabelos algumas vezes tentando encontrar palavras.

—Seth, deixe-me explicar – pedi.

—Com certeza você vai explicar, Cullen!

E a próxima meia hora, passei tentando convencer o rapaz de que seria melhor se eu conversasse com Isabella sobre o assunto. Ele pediu desculpas pelo ataque e entregou-me um saco de gelo para amenizar a dor. Também fez-me prometer contar a verdade o mais breve possível.

—Porque Bella não merece sofrer assim!

—Eu sei, vadio – revirei os olhos. – Mas acha que ela merece descobrir que o homem dos sonhos dela se transformou nisso?

Fiz um gesto de mão que cobria meu corpo fazendo uma careta. Seth acompanhou o gesto me olhando de cima abaixo. E para cima novamente. Franziu o cenho.

—Você pode melhorar – desdenhou.

O estresse do dia e a fome abateram meu corpo. Decidi que estava na hora de voltar e deixei que Seth soubesse disso. Prometi mais uma vez que falaria com ela em breve e que avisaria quando o fizesse. Recebi alguns tapinhas nas costas e outro pedido de desculpas pelo soco.

Meu corpo estremecia em ansiedade para encontrá-la e dar início às nossas noites românticas. Esperançosamente, eu poderia desfrutar de sua companhia na cama e dormir aquecido. Hoje eu planejava um jantar no terraço e já tinha conversado com o síndico para arrumar um espaço onde pudesse preparar caminho para as revelações. Não que eu fosse jogar tudo diante dela assim, mas era bom averiguar a situação antes de qualquer ato.

Contudo, meus planos foram estraçalhados ao encontrar um homem familiar na sala de minha vizinha. De onde eu conhecia o palhaço da vez? Decidi indagar a moça saltitante que me recebera na porta. Meu tom certamente saiu desconfiado.

—Isabella? Quem é esse?

—Edward, esse é o Thony – respondeu sem titubear.

Ergui uma sobrancelha para ela. Sorrindo despreocupada, Bella estendeu uma foto. Olhei novamente para o impostor antes de mirar a imagem.

Meu coração gelou.

Puta que pariu.

Parti para cima dele rosnando e ignorando o olhar assustado de Isabella.

—Quem é você e quem te deu essa fotografia? – grunhi.

—Edward? – sussurrou a Swan nas minhas costas.

O rapaz sorriu arrogantemente.

—Não se lembra de mim, Edward?

Estreitei ainda mais os olhos.

—Deveria?

O rosto do homem não vacilou diante do meu descaso. Isso enervou-me ainda mais.

—Fomos vizinhos e colegas de classe por muito tempo – explicou para Bella. – Não acredito que se esqueceu do seu amigo Thony!

A fotografia em minha mão, tirada da classe inteira aos 7 anos, fez com que a lembrança me atingisse. Havia um Anthony na minha sala e ele morava algumas ruas abaixo. O maldito sempre implicava com Isabella quando brincávamos no parque. Até que eu dei uma surra nele e ele parou de sair de casa quando nos via pela rua.

—Você tem cinco segundos para sair desse edifício antes que eu te quebre de novo – grunhi fuzilando-o com os olhos. – Ou vai dizer que não se lembra do que aconteceu da última vez que me irritou, Anthony?

Ainda sorrindo, ele virou para Bella.

—O que você acha, Marie?

Rosnei para ele e dei um passo em sua direção. Ah, não! Ele não tinha liberdade de chamá-la assim. Anthony não tinha nem mesmo direito para dirigir os olhos para ela! A morena bloqueou meu caminho e fuzilou-me com os olhos.

—Edward, saia – inquiriu.

Doeu.

Em ambos, eu diria.

—Bella... – tentei dizer-lhe que eu não era o vilão ali.

—Saia agora— instou sem aumentar a voz.

Respirei fundo, olhei em seus olhos com toda a dor que sentia e coloquei a mão em sua face. Certamente, essa seria a última vez que poderia tocá-la, porque o idiota faria sua cabeça contra mim. Ele sabia quem eu era naquela foto e sabia que ela reconhecera a mim. Por isso aquela foto cheia de crianças, para que pudesse ter a minha face e não ser uma maldita montagem.

Aquela vontade de puxá-la para os meus braços e nunca mais soltar apossou-se de mim, porém Isabella tinha outros planos e eles refletiam nos castanhos olhos.

—Não acredite nesse imbecil – supliquei. – Estarei no meu apartamento. Isabella, por favor, venha falar comigo assim que esse retardado sair. Eu explicarei tudo. Só... Por favor.

Beijei sua testa e deixei-lhe sozinha com o cara que arruinaria toda a amizade que conquistei durante esses meses.

Surtei por horas antes que o imbecil saísse e ela viesse saltitante pela minha porta.

—É ele, Edward! – disse a Swan pulando em meus braços. – Eu encontrei meu Thony! Por que nunca disse que morou naquela vizinhança? Poderíamos ter poupado tanto tempo e busca!

Engoli em seco.

Meu cabelo bagunçado das muitas vezes que passei os dedos nervoso caíam em meu rosto. Sentei-me no sofá e ela ocupou uma poltrona.

—Não me lembrava desse cara até que ele apareceu hoje, Isabella – respondi com a verdade. – E se eu soubesse que ele existia, teria te mandado esquecer o imbecil. Ele é um imbecil, Swan, acredite em mim. Por favor! Se o homem cresceu sendo o mimado que foi quando criança, com certeza, não vale a pena ficar próxima dele.

Ela cruzou os braços e olhou-me com altivez.

—Anthony não era o mimado, se bem me lembro – retrucou. – Na verdade, lembro-me de uma vez que você apanhou dele por estar me incomodando.

Respirei fundo tentando me acalmar

—Ele é mesmo um babaca, Swan – resmunguei.

—Bem, se bem me lembro, você sempre foi um garotinho mimado e mereceu a surra que levou. Você me incomodava demais, Cullen.

—Ei! – reclamei sorrindo. – Nunca fui um mimadinho!

—Claro – revirou os olhos. –  Era o filhinho do papai... Eu entendo que tio Carlisle te achava o herdeiro perfeito e tia Esme tinha gerado o próprio príncipe encantado, mas eles poderiam ter te ensinado a repartir, não acha?

Espera um minuto aí, Isabella! Não é assim que as coisas funcionam!

—Você está sendo injusta – apontei. – Nunca fui sozinho. Elizabeth sempre esteve comigo.

—Ah, sim, sua amiga imaginária – bufou. E eu quis dar um soco nela. – Ela deveria ter te ensinado a tratar melhor as meninas mais novas. Você foi um monstro comigo!

Dei um falso sorriso com a lembrança das vezes que fui realmente cruel com ela.

—Parece que nossa aversão contra o outro está explicada, não é?

Ela riu e concordou com a cabeça.

—Mudando de assunto, como vão as coisas com a sua mulher misteriosa?

Dei de ombros.

—Hoje ia convidá-la para jantar, mas não deu certo.

—Sério? – entoou surpresa. – E você não foi porque eu fiquei de vir aqui depois que Thony saísse?

Dei de ombros mais uma vez.

—Não é como se ela fosse aceitar, de qualquer jeito. Ela sabe da minha reputação e minha brilhante ideia era vir para o prédio.

—Você nunca trouxe ninguém para cá – ponderou. – Ela deve mesmo ser especial para você. Deveria ter chamado a sua garota... Sabe? Dar a ela uma chance de tomar duas próprias decisões.

Um olhar em direção ao seu rosto e bastou para acender a vontade de agradá-la.

—Quer ver?

—Por que não? – ela abriu um belo e brilhante sorriso.

E eu sorri também... apenas para gemer de dor ao lembrar que meu rosto estava machucado.

 

—Edward, por que parece que você serviu de saco de pancadas? – questionou quando segurei sua mão para sairmos de casa.

—Seth achou engraçado me saudar com um soco – bufei indiferente.

—O meu Seth fez isso? – indagou espantada.

—Seu Seth? – repeti monótono.

—Por que ele faria isso?

E ela começou a murmurar sobre a sanidade do menino. Mas deixei de ouvir porque a terrível informação me abateu. O envolvimento de Seth na segurança de Bella poderia não ser apenas amizade. Eles estavam apaixonados... Eles se correspondiam e eram cúmplices... Ele estava tentando proteger não só uma amiga, mas uma amante. Eu fui muito lento e a perdi.

Nesse meio tempo, chegamos ao terraço. Fiz um breve gesto e camuflei todas as emoções negativas ao questionar:

—Bem, o que acha?

—É maravilhoso, Edward! – exclamou maravilhada. – Ela deveria ver isso! Nunca negaria nada que você pudesse pedir num local tão bonito e romântico.

—Você realmente gostou? – murmurei olhando ao redor.

O local era pequeno, mas estava enfeitado com pisca-piscas na cerca de vidro. Havia uma mesa redonda com lanternas que pareciam lampiões e cadeiras de metal escuras. Encostado na parede, um largo banco acolchoado e repleto de almofadas esperava por alguém que o ocupasse. A comida não fora solicitada a tempo, mas a sobremesa de fondue descansava ao lado do balde de gelo com o vinho. Do outro lado, dois convidativos pufes foram colocados. Alguns vasos com flores podiam ser apreciados à luz do ambiente.

—Nem parece o Cullen que eu conheço – incitou admirada. – Isso está magnífico, Edward. Você deveria falar para ela o que sente. Ela ficaria encantada.

Ficaria... se já não estivesse apaixonada por Seth. Ou se não achasse que eu estou querendo fodê-la por uma noite, como deixou sugerir por tantas vezes.

—Ela conhece meu passado, Isabella – expliquei num suspiro. – Acharia que é só mais uma das minhas artimanhas para levá-la para minha cama.

—Como pode ter tanta certeza se nunca disse para ela sobre isso tudo? – instigou.

—Se fosse você, aceitaria jantar aqui em cima comigo? – retruquei prendendo seu olhar no meu. – Deixaria que eu pegasse em suas mãos e falasse sobre o meu amor por você? Você deixaria que eu te amasse, Isabella?

Meus atos espelhavam minhas palavras. Segurei em suas mãos e cheguei mais próximo, esperando por sua resposta. A respiração dela falhou antes de virar o rosto para a mesa.

—É diferente, Edward – esquivou-se e partiu em direção aos pufes. – Não consigo imaginar um mundo onde eu falaria sim para um homem. Ainda não consigo ver uma família para mim.

Um sorriso satisfeito brotou em meus lábios. Ela não estava pensando em formar família com Seth. Ruim para o vadio, esperançoso para mim... se ela conseguisse me imaginar como um homem de família, é claro.

—E para mim? – indaguei curioso.

Isabella olhou-me divertida antes de acomodar-se.

—Você me confunde, Cullen. Tem dias que realmente acho que você seria um ótimo namorado, mas em outros parece que veio ao mundo para ser um depravado.

Soltei um breve riso ao chegar próximo a ela.

—Depravado? Prefiro o termo melhor amante – ronronei em seu ouvido. – Um homem que pode ser um cavalheiro e ainda satisfazer os desejos de sua mulher... Você poderia pedir por algo mais? – acrescentei e mordi sei lóbulo.

—Não seja um imbecil – sussurrou ela arrepiada.

Ri de sua tentativa frustrada de me afastar. Beijei seu pescoço e assumi o outro pufe. Um sorriso convencido tingia meu rosto e ela, que tinha pegado uma almofada do banco, jogou o objeto em mim. Esquivei-me e agarrei no ar.

—E é por isso que a sua dama ainda não te deu bola – observou com malícia. – Ela sabe que você não pode ver um par de pernas que já tem vontade de se meter no meio.

Então eu gargalhei. Tanto que minha cabeça pendeu para trás e minha mandíbula doeu.

—Então hoje estou dormindo em meu apartamento para não abusar da senhorita? – brinquei.

—Você pode ficar no meu quatro de hóspedes.

Mordi o lábio. Eu deveria estar tentando fazer com que ela superasse esse medo... mesmo que minha vontade sempre fosse dormir aconchegado ao seu corpo, depois que Isabella soubesse da verdade, eu teria que procurar outro apartamento. Não havia dúvidas sobre a decepção que a consumiria quando a verdade aparecesse. Agora só tínhamos uma semana para que ela estivesse preparada. Com certeza Rosalie falaria a verdade e a culpa cairia sobre mim. Esperançosamente, Bella viria me pedir explicações antes de voltar para Forks em definitivo.

—Estou com saudades da minha cama, Swan – murmurei fazendo uma careta.

Ela projetou o lábio inferior para formar um adorável beicinho.

—Mas... E se eu tiver pesadelos? E se ...

Revirei os olhos. Desde criança, ela choramingava assim para que fizessem sua vontade. Nunca caí nesse truque. Sabia que Isabella só estava fazendo um pouco de birra.

—Você não vai, Bella. Faz mais de um mês que não acorda desesperada. Ficará bem.

Os olhos dela se encheram de lágrimas e eu me amaldiçoei por fazê-la chorar. Uma coisa era ela fazer careta de choro, outra bem diferente era provocar seu pranto. Puxei-a para o meu colo, abraçando sua forma estreita e beijando seus cabelos.

—Não fique assim, minha pequena – pedi. – Não estarei longe e voltarei correndo se acontecer algo. Você tem meu número, pode me ligar se acordar no meio da noite. Só que o doutor pediu que tentasse voltar à rotina de sempre, lembra-se?

—Por favor! – implorou ela olhando-me nos olhos.

Estremeci com a intensidade ali. Aquele truque era novo e eu estava despreparado.

—Façamos o seguinte: Fico com você até que durma e depois volto para minha casa – cedi.

Bella sorriu e beijou minha bochecha... Muito perto da boca... perto o suficiente para que sentisse o hálito pinicar meus lábios. A vontade de virar o rosto e beijar-lhe surgiu de imediato e tão forte que quase o fiz. Por algum milagre, consegui me refrear.

—Obrigada, Cullen, você é o melhor!

E atirou os braços ao redor do meu pescoço. A felicidade dela encheu meu coração num ponto que não me importei de estar prestes a aniquilar mais um pouco de autocontrole.

Autocontrole esse que sumiu na tarde seguinte.

Tínhamos dormido em sua cama novamente. Ela descansou abraçada a mim como se fosse seu bote salva-vidas e não encontrei coragem em mim para sair dali. Acordei com sua risada e sacudidas no ombro, logo fui obrigado a deixar sua companhia porque combinara com o proprietário de uma rede varejista que teríamos um almoço de negócios.

Antes de sair, beijei-lhe a testa e pedi para se comportar, temendo que ela levasse Jacob para sua casa. Mas não imaginei que Isabella realmente traria outra pessoa para casa, embora devesse ter pensado nas possibilidades.

—Puta que pariu, Isabella! – trovejei quando entrei para lhe avistar que chegara em casa. – Manda esse cara embora, porra!

Eu não teria me incomodado mais se Anthony tivesse inventado histórias sobre o sumiço de Elizabeth ou meu comportamento. Mas vê-lo apoiar as mãos nas coxas dela quebrou todas as reservas de paciência e autopreservação.

—Por quê? – retrucou com raiva.

Depois de saltar de susto pela minha entrada alarmante, a Swan caminhou até mim e fuzilou-me com os olhos enquanto a boca estava numa linha rígida e as mãos em punho.

—Ele não é o Thony, Isabella! – insisti gesticulando furiosamente. – O cara está brincando com a porra da sua ingenuidade! Você é cega para não notar isso ou só se faz de burra?

—Por que você tem tanta certeza de que ele não é o Thony? – replicou.

E foi o que bastou para as palavras saírem da minha boca.

—Porque sou eu, ok? – gritei. – Eu sou o Thony!

Choque foi o que li em seu rosto lívido.

—O quê? – sussurrou.

—Era isso que queria ouvir? – continuei meu discurso raivoso como se não tivesse ouvido. – Eu sou aquele que você tem procurado. Então manda esse merda sair da sua casa agora ou eu vou jogá-lo da janela.

Dei um passo na direção do rapaz, mas a mulher postou-se novamente na minha frente, impedindo meu caminho. Seus olhos refletiram a mágoa que minhas palavras fizeram em seu coração e fechei os olhos para recobrar o controle.

—Como assim, você é o Thony? – perguntou tristemente.

Passei as mãos pelos meus cabelos, puxando um pouco os fios, em frustração. Tanto tempo pensando em como dar a notícia de maneira que a fizesse me perdoar e acabo jogando essa merda durante uma briga. Perfeito. Agora teria que lidar com as consequências.

—Eu sou, certo? E sei disso faz alguns meses. – falei no mesmo tom infeliz e olhei em seus olhos. – O que você queria ouvir? Acha que eu falaria para ver essa fodida decepção nos seus olhos? Sim, Isabella. Eu sei que está decepcionada, afinal, não deve ser fácil descobrir que o amor da sua vida é o mesmo cara que você mais odeia no mundo. Não deve ser fácil descobrir que ele matou sua melhor amiga e causou seu sequestro e estupro por inventar a porra de uma lista fodida só para não se apaixonar. E o pior é que essa merda não adiantou, já que eu acabei me apaixonando. Era isso que queria ouvir? Que o cara que você procura está apaixonado? Meus parabéns, conseguiu. Agora, se me der licença, preciso ficar um pouco sozinho. Quando voltar, espero que tenha se livrado dessa desculpa para ser humano aí.

Apontei para Anthony que sorria maliciosamente para mim antes de pegar minhas chaves e sair do edifício. Eu precisava de um tempo sozinho... ela também precisaria desse tempo. Talvez até mais do que eu.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Foi desse jeito que vocês imaginaram ele contando? Depois de uma última noite dormindo abraçados? E por causa de ciúmes? Contem-me o que acham que vai acontecer agora! Contem-me o que estão pensando sobre isso... enfim, só tentem não me matar para eu poder continuar escrevendo. Beeijos!



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