Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 4
A bolada do destino


Notas iniciais do capítulo

Olá! Domingo chegou e, Dessa vez, consegui posar no dia!!!!! Vejo que ficaram querendo saber de como a Mione vai terminar enrolada nessa história, e está mais perto que nunca isso acontecer!
Fico feliz que estejam gostando e participando como os comentários... dá aquele combustível bom!!!!
Espero que gostem do cap de hoje. Dos escritos até agora, é um dos que mais gosto ♥
Beijos no coração de todos e uma semana incrível!



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Fazia um tempo desde que Rony estivera naquela praça. Era central, muito próxima da empresa e da sua casa. Respirou profundamente e inalou o aroma adocicado daquele fim de tarde. Era, sem dúvidas, o melhor lugar para tentar desanuviar a mente cansada de discutir com o pai.

Já havia se passado um mês desde que soube da ideia do pai. Fazia um mês da sua brilhante ideia. Também fazia um mês que esperava um retorno de Harry sobre a jovem que seria a mãe de seu filho.

Isso é um absurdo! Pensou enquanto apoiava os cotovelos sobre os joelhos. A cabeça baixa. Os dedos massageando o couro cabeludo. Como o meu pai pode ter uma ideia dessas? Como eu caí nisso? Nada disso faz sentido.

— Por que o senhor está fazendo isso comigo, papai?

Falou para si indiferente ao ambiente. De repente, se deu conta e viu famílias aproveitando o fim da primavera em piqueniques ao fim da tarde. Mais adiante, algumas crianças brincavam com uma bola. Uma espécie de futebol improvisado e ele não conseguiu não rir. Pareciam felizes.

— Aproveitem enquanto não têm responsabilidades ou até que o pai de vocês invente alguma condição sem sentido para que possam controlar a empresa que já é sua por direito!

— Não tenho mais nada o que comentar sobre isso, Ronald — Arthur estava implacável — Aqui está a cópia do documento que autentica o que estou falando. Se não tiver um filho até a data do seu aniversário, tudo isso aqui vai para as mãos dos acionistas.

— Papai, isso é um absurdo. Pense no que o senhor está fazendo. O senhor acha isso certo?

— Não. Eu realmente não acho, mas não vou deixar a empresa nas mãos de uma pessoa que não consegue superar uma traição.

— Eu já superei — falou exasperado.

— Não, Ronald, você não superou — o senhor falou com amor — Todos os dias você se corrói por isso. Todos os dias você se martiriza por não ter sido bom o suficiente. Todos os dias você se culpa por ter sido tão ingênuo. Isso não é superar, meu filho. Se você tivesse superado, realmente, hoje nada disso estaria acontecendo porque você teria dado continuidade aos seus sonhos, e eu sei que eles não envolviam apenas a direção da empresa.

— Não é bem assim, papai... As coisas mudaram como tudo na vida muda.

— Eu te conheço, filho. Você é um homem, mas continua o mesmo menino do passado. Assustado, na maioria das vezes, que teme se ferir.

— O que o senhor está me pedindo é um absurdo. Não é possível ter um filho até março.

— Sim, é sim! Estamos em abril e você tem onze meses.

— Eu não gosto de nenhuma garota, e nenhuma garota vai querer ter um filho assim.

— E todas as moças com as quais você sai? Nenhuma delas despertou um sentimento a mais em você?

— Não — falou com irritação.

— Então você ainda não encontrou a pessoa certa.

— Não tem essa coisa de pessoa certa, papai. Isso só existe na sua cabeça.

— Claro que existe. O que você acha que a sua mãe é para mim?

— Sorte...

— Não. Isso não é sorte. Isso é saber enxergar. Espero que você consiga enxergar isso quando o momento chegar.

— Sim... Quando o momento chegar. Ele ainda não chegou pra mim, papai. Entenda isso.

— Eu entendo, meu filho, e quero o seu melhor.

— Até parece — irritado, sentou-se sobre sua cadeira — Não parece se está me obrigando a algo que eu não quero.

— Não quer ter filhos... Então, quando você morrer, para quem o controle da empresa passará?

— Bem...

— Para os acionistas, correto?

— Sim... — respondeu vencido e abatido.

— Se é para as mãos deles que o trabalho do seu avô e do seu pai irão, então não vejo problemas dessa mudança acontecer a partir do próximo ano.

— Papai...

— Aqui está a cópia do documento. Faremos o pronunciamento da nova direção no dia 1º de março, no dia do seu aniversário, e a direção da empresa será estabelecida por você. Tudo está em suas mãos.

Rony viu o pai sair do seu escritório logo após deixar um documento com três ou quatro páginas sobre a sua mesa. Exasperado, assim que começou a ler, rasgou o documento em pedaços, descontando sobre ele toda a sua frustração. Pegou o terno, a chave do carro e saiu, avisando à secretaria que não mais voltaria naquele dia. Precisava respirar.

E ali ele estava. Respirando o puro e adocicado ar primaveril. Enchendo os pulmões de ar e confabulando os próximos passos. Precisava agilizar o encontro com a tal mulher que salvaria a empresa. Precisava ser mais firme com Harry. Não tinha muito tempo, precisava correr contra ele.

De repente sentiu um impacto forte contra a nuca. Ficou levemente desorientado por uma fração de segundo e, em seguida, observou a bola rolando para longe dele. Fora atingido.

— Eita, tio... Desculpa!

A menina aparentava seus seis ou sete anos. Vestia uma camiseta rosa sobre outra camiseta, essa sendo azul, e uma calça que parecia jeans. Nos pés, um tênis meio desgastado.

Tinha o tom de pele amarelado, mas o rosto estava vermelho de tanto correr. Igualmente desgrenhado era o seu cabelo, escuro e longo, em uma trança bagunçada, quase desfeita, pelas muitas horas de brincadeira naquele parque.

Ela estava encabulada, a expressão denunciava que estaria em apuros em breve, e apresentava um sorriso amarelo que fazia Rony ver a maior parte da arcada dentária incompleta e em fase de transição: dois dentes superiores maiores que os demais e uma janela onde deveria haver um inferior.

— Tudo bem, menina. Não tem problema — Rony respondeu enquanto pegava a bola e entregava para a mocinha — Como é o seu nome?

— ROSE! — era a voz de uma mulher se aproximando, e ela parecia tão desgrenhada quanto a pequena — Meu Deus, Rose!

— Desculpa, de verdade — a menina arregalou os olhos em direção à mulher e tomou uma expressão travessa, certa de que tinha feito besteira. Ao longe, Rony percebeu os demais colegas parados observando o desenvolver da cena, esperando para saber se o jogo continuaria com ou sem a menina.

— Moço, mil desculpas...  Ah, meu Deus, Rose. Quantas vezes eu disse pra você ter atenção enquanto brinca?

— Várias, mamãe — ela respondeu sem muita animação.

— Moço, desculpa, de verdade... Você está bem? Posso ver sua cabeça? — ela falou e se adiantou, mexendo nos cabelos do rapaz.

— Estou bem, moça. Não se preocupe — ele se afastou, mas ela era insistente.

— Por favor, por favor! Deixe eu ver se não houve nada de mais sério — ela não esperou que ele autorizasse e já foi se empertigando junto a ele.

Tudo pareceu durar um segundo e, ao mesmo tempo, uma eternidade. A jovem mãe tocou o ombro dele e se apoiou sobre as pontas dos pés para alcançar a altura de sua nuca. O hálito dela foi tão quente contra seu pescoço que ele se sentiu o braço arrepiar ao passo que se envolveu no aroma que exalava de seus cabelos tão castanhos quanto os da pequena responsável por aquela aproximação.

— Está bem vermelho — a voz dela pareceu um sussurro, mas quebrou toda a nuvem de estranheza que circundou o rapaz — Precisa de uma compressa de gelo. Vamos, vou comprar uma bolsa térmica pra você — ela se adiantou novamente, o tomando pelo pulso.

— Moça, não precisa, de verdade — ele respondeu puxando o pulso do aperto, o sentimento confuso se dissipando de uma vez e uma estranha imagem da sua mãe com vários anos a menos se projetou em sua frente no lugar daquela moça — Eu estou bem.

— Posso comprar analgésicos. Quem sabe um emplastro...

— Não está doendo, moça, já falei — o tom de voz foi mais enfático.

— Mamãe, ele está bem, não ouviu? — a menina se meteu na conversa — Ele não é do meu tamanho pra senhora tentar descobrir o que ele está sentindo e fazer parar a dor.

— Meu assunto ainda não é com você, mocinha — Hermione falou ameaçadora.

— Eu sei, mas o moço já falou que está bem. Se ele não estivesse, já teria dito, não acha? — ela questionou com a sua infinita sabedoria infantil — Se eu, do meu tamanho, já aprendi a dizer onde dói, imagina ele desse tamanhão — ela gesticulou, divertida e impressionada, com os braços indicando a altura de Rony e ele não pode deixar de rir.

— Tem certeza que está tudo bem? — a jovem mãe lhe perguntou mais uma vez, para se certificar.

— Estou sim, moça. De verdade — respondeu com certeza.

— Então, tudo bem — ela respirou profundamente e pareceu mais tranquila — Desculpe mais uma vez. Infelizmente, não tenho como controlar todas as travessuras dessa menina...

— Não tem problema. É normal. Nós já fomos crianças um dia... Sabemos como essa fase é boa.

— Sim... É verdade — Hermione suspirou novamente e ele observou um cansaço aparente — Mais uma vez, desculpe. Isso não vai acontecer de novo.

— Não prometa coisas que não pode cumprir.

— Ah, sim! Claro. Desculpe por isso também — ela se voltou para a pequena e não reparou o tom divertido que ele havia utilizado — Vamos. Por hoje, já chega! Vamos devolver a bola aos seus amigos e iremos pra casa.

— Sim... Eu já esperava por isso — a menina respondeu com tristeza teatral — Até outro dia, moço grande.

— Rose! — a mãe ralhou — Onde já se viu falar desse jeito? Desculpe.

— Tudo bem! — Rony respondeu levemente assustado com a mulher, igualmente encantado com a menina. Ele se curvou até a altura de Rose e falou em tom mais baixo  — Obrigado por me livrar das garras da sua mãe — Hermione revirou os olhos quando ouviu o teor do cochicho.

— Não se preocupa, tio — a menina respondeu no mesmo tom — Já sou acostumada com isso desde que nasci.

— Deve ser expert no assunto — Rony fez um sinal de positivo com o dedo e sorriu.

— Sou, sim — ela fez o mesmo e Hermione revirou os olhos mais uma vez. Sendo insultada pela filha e por um estranho diante de seus próprios olhos — Até depois.

— Até mais, Rose. Até mais, mãe da Rose.

— Até mais...

— Tchau, tio!

Rony ficou ali, observando as duas se distanciarem, entregarem a bola ao grupo, a mãe da menina dar alguma desculpa para as demais crianças, elas irritadas, a mãe se virando com a menina para o outro lado e seguindo juntas, lado a lado. 

Por duas vezes, antes de dobrarem à esquina, Rose se virou para ele e lhe ofereceu um sorriso juntamente com um tchau animado. Percebeu o olhar rápido da mãe direcionado a ele antes da mesma curva.

De repente, se deu conta que havia esquecido os seus problemas por aquele breve momento. A sensação foi estranha, mas aliviou um pouco o peso que sentia sobre os ombros.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso! Espero, de coração, que tenham curtido e que possam reservar um tempinho para deixar suas impressões, sejam elas positivas ou negativas (meu objetivo é sempre melhorar)! Um domingo lindo para vocês!



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