Me Encontre escrita por SouumPanda


Capítulo 15
Vida na Inglaterra




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Tudo estava pronto para Inglaterra, Isaac estava empolgado em morar por lá. Quando eu comprava algumas coisas que faltava em minha mala em uma loja de conveniência, pude ver Caleb do outro lado da rua, observando. Tentei fingir a tranquilidade que minha mente fardada não tinha mais, meu único medo era ele associar tudo com esse bebê, ele não podia saber o tempo de gravidez, como ninguém sabia então seria mais fácil. Quando sai da loja indo em direção ao carro o vi atravessando a rua e apertei o passo, mas ele correu parando na minha frente.

— Sério isso? Muito maduro. – Falei ironicamente. – Me de licença. – Ele impedia minha passagem.

— É verdade? Está gravida daquele cara? – Ele questionou me encarando seriamente.

— Se o cara em questão é meu marido, sim. – Eu disse cruzando o braço e percebi ele engolindo seco. – Isso está tão chato, isso não é romântico, não é uma novela mexicana, acabou e segue sua vida e nos deixe em paz. – Eu disse o vendo desviar o olhar e logo me olhar.

— Você tem razão, você seguiu, muito mais rápido que o esperado. Então te deixarei em paz, apenas espero que seja feliz com sua família e em seu casamento. – Ele disse pressionando os lábios e respirando profundamente. – Peço desculpa se pareci um maluco. – Eu ergui a sobrancelha e senti meu coração disparar, afirmando com a cabeça. – Quero sua felicidade, é tudo que sempre quis.

— Obrigada. – Eu disse sentindo o choro já na garganta, apesar das palavras de Caleb seu olhar era triste, brilhava um pouco, o azul parecia uma piscina pelas lagrimas que pareciam estar formando. Respirei fundo forjando um sorriso e passando por ele, o vendo me dar espaço para passar e assim fiz, saí andando com os olhos marejados em direção ao carro e sentindo o olhar dele em mim. Discretamente passei a mão sobre a barriga, respirando profundamente, entrei no carro e segui para casa com o motorista, John achava que seria melhor se alguém me acompanhasse agora que todos sabiam quem eu realmente era.

As malas estavam todas ao pé da escada, e aos poucos os empregados iam carregando nos carros, Angelina chorava inconsolavelmente, vendo que pedi que ficasse cuidando a casa por um tempo e se ela quisesse poderia ir para a Inglaterra, mas não demoraríamos a voltar após o nascimento do bebê, os moveis estavam cobertos com sacos transparentes em várias camadas, a abracei fortemente. Ela desabafa em meu ombro seu choro, eu afastei ela sorrindo cordialmente e limpando suas lagrimas.

— Angie, vamos voltar antes que possa se dar conta. – Eu disse gentilmente, ela sorriu afirmando com a cabeça. – É importante para nós que fique por aqui, cuidando de tudo para quando avisarmos que vamos voltar. Não vai demorar, menos de um ano, te prometo. Até lá, curta a piscina, descanse, você merece. – Ela apenas afirmava respirando fundo para conter o soluço. – Eu te amo Angie, você é minha mãe do coração e tudo que faz por nós é reconhecido e será ainda mais. Nós vamos e quando voltarmos traremos esse pacote de amor para você. – Minha voz chorosa e já saudosa se afundou em mais um abraço com Angelina que ao me soltar abraçou Isaac fortemente, depois John.

— Boa viagem, estarei esperando o regresso de vocês. – Ela disse acompanhando nós até a porta, logo ficando ali enquanto entravamos no carro que nos esperava.

Dentro do jato olhando o céu acima das nuvens podia sentir um formigamento pelo meu corpo pela adrenalina em retornar a Inglaterra depois do fiasco da última viagem. John sorria me olhando, seus olhos brilhavam, levei minha mão sobre a dele e dei um leve apertão sorrindo para ele. Ele me fazia bem, me trazia a paz e tranquilidade que precisava, me regava de amor e bondade todos os dias e soube me ganhar nos detalhes. Logo ele sentou na poltrona do meu lado, acariciando meu rosto e selando nossos lábios por um breve instante, ele tinha aquele sorriso bobo em seu rosto que me fazia rir de olhar para ele, meu coração se aquecia com o olhar dele em mim me deitei em seu ombro fechando os olhos brevemente, respirei fundo sentindo o carinho que ele fazia em minha barriga e adormeci.

Acordei sentindo uma leve turbulência e quando pude ver pela janela, via Londres minúscula em baixo de nós, coloquei o cinto, John me olhou com seu rosto amassado de dormir também, sorrimos um para o outro, olhando Isaac que só faltava pular para fora do avião em pura empolgação. Engoli seco sentindo o pouso do avião seco no solo e quando paramos respirei fundo relaxando o corpo.

— Bem-vinda a Londres. – John sussurrou sorrindo enquanto selava nossos lábios, sorri com certo nervoso, fechei meu casaco, estava frio, sentia meu rosto congelar com o vento que batia, então subi a gola o máximo que deu e sai encolhida para o aeroporto e amparada por John. Isaac apesar do frio estava correndo para todo canto, após pegarmos as malas, fomos para a Range Rover que nos esperava, entramos e logo saímos em disparada em direção a Manchester onde temporariamente seria nosso lar.  

As semanas iam se arrastando, John nos deixou em Manchester e regressou a Londres, me sentia mais liberta e deixar transparecer minha gestação que avançava, se mostrando na barriga que se formava. Isaac estava animado na Inglaterra e se enturmando com a nova turma, me doía ver o quanto a vida dele sempre exigia uma drástica mudança e se se adaptava bem, sempre melhor que eu. Olhava uma leve garoa cair sobre o grande quintal da mansão que morávamos, concedida pela família de John, acariciava minha barriga sentindo leves chutes do bebê que insistia em espremer minha bexiga, respirei profundamente engolindo seco. Minha vida parecia tão cinza quanto o tempo lá fora, o silencio dessa casa me assustava mesmo com Isaac correndo sempre por todo canto. Sentia falta dos meus amigos, acho que Ellie e Peyton seria fundamental nessa parte da minha vida, elas se mostraram tão animadas pela gravidez. John é muito bom para nós, para mim, para Isaac e dá sempre o amor necessário para meu bebê, como será que ele será? Espero que parece comigo, me sentiria mal em olhar para esse bebê e lembrar de Caleb, pensar em tudo que vivemos e na decepção que tudo se tornou. Mordi o lábio ao fechar os olhos tentando tirar o sorriso, o olhar cinzento de Caleb da mente. Acariciava a barriga quando me assustei com a porta se abrindo e batendo no andar inferior da casa, Isaac desceu correndo a escada e eu parei no corredor olhando para baixo vendo John cumprimentar Isaac, um sorriso brotou no meu rosto e quando nossos olhares fui ao encontro dele descendo as escadas assim como ele veio ao meu. Nos abraçamos por uns minutos apertado, ele se afastou com os olhos brilhando e um riso bobo no rosto e selou nossos lábios suavemente. Tornamos a se abraçar e quando ele novamente se afastou se ajoelhou beijando ternamente minha barriga que já estava grande para se notar uma gravidez.

— Que saudade de vocês. – Ele disse beijando novamente a barriga, subindo e tornando a selar nossos lábios. – Que saudade de você, está ainda mais linda, como pode? – Ele disse apaixonadamente me tirando um riso tímido que me fez morder o lábio e o beijar mais intensamente até Isaac pigarrar lembrando que estávamos no meio das escadas.

— Como foi de viagem? – Eu disse com a voz pesada recuperando o folego pelo beijo, fomos descendo novamente as escadas, até a sala. Nos sentamos no sofá em frente a lareira aconchegante em alvenaria que aquecia o ambiente.

— Foi bem, só a saudade que estava de vocês. Como está se adaptando Isaac? – John se voltou para ele enquanto a governanta uma jovem senhora o servia com uma dose de whisky. Sentei encolhendo as pernas acariciando a barriga voltando a atenção para Isaac.

— Muito bem, todos aqui tendem a serem muito educados. – Isaac disse imitando o sotaque inglês e rindo. Não contive em não rir, John achou engraçado, mas era educado demais para extrapolar até no riso.

Quando John estava era fácil ser feliz, ter risos frouxos e sentir o amor aquecer meu peito, mas na sua ausência eu me sentia vazia, me sentia como se o amor esvaísse do meu peito e só restasse a incerteza do futuro na chegada do bebê, sentia duvida de sentimentos em mim, misto de emoções, me pegava chorando olhando o fogo na lareira, vendo que uma folha se desprendeu do galho da arvore, ou um simples alfinete caiu ao chão. Jurava ter ouvido a governanta falar com John que eu estava infeliz, que via apenas brilho em meus olhos diante a vinda dele, e ela tinha razão. A barriga grande pesava, dificultando a locomoção, tudo era limitado para mim, o desconforto lombar, a falta de ar, a fome e a falta de apetite, tudo estava me enlouquecendo. O que estava acontecendo? Quando o calor aquecia minha pele entrando pela vidraça enorme do quarto, vi o carro de John entrar pelo portão, seguido por outro carro. Ele chegou, meu pai tinha chegado para esperar junto de nós o nascimento do bebê. Desci lentamente a escada, pude ver a porta se abrindo e senti meu peito se aquecer, queria conseguir correr nesse momento iria abraçar calorosamente John pela saudade das semanas passadas e meu pai pelos meses longe.

— Meu Deus, olhe para você. – Meu pai falava choroso e saudoso me vendo indo até ele. Ele me abraçou calorosamente por minutos, me soltou ao ouvir os passos de Isaac correndo em nossa direção. – Isaac, como cresceu amigão. – Meu pai pegou Isaac no colo e o rodou brevemente no alto.

— Oi você. – John disse selando nossos lábios com um riso bobo.

— Estou tão feliz em ver vocês aqui, tudo fica muito chato aqui quando o John não está. – Eu disse manhosamente sorrindo e sentindo um beijo terno na minha testa do mesmo. – Logo o bebê nasce e estaremos completos.

— Porque chamam de bebê? Qual será o nome? – Meu pai olhou John e eu intrigado.

— Não quisermos saber o sexo, então olharemos para o bebê e deixaremos ele decidir. – John disse orgulhoso. – Mas eu sinto que é uma menina, já Zoey, acha que é um menino.

— E se for quais nomes seriam? – Meu pai arqueou a sobrancelha nos olhando.

— Archibald se for menino, Louise se for menina. – Eu disse encostando minha testa brevemente na de John. – Independente do que for, estamos ansiosos e cheios de amor.

— Sem sombra de dúvidas. – John beijou meu cabelo sorrindo e seguimos para a sala ficar mais à vontade.

As semanas foram mais leves com John e meu pai com a gente, tinha vida a casa, o silencio quase não existia, as horas passavam que não percebíamos, assim como as últimas semanas passou, esperávamos que o bebê viesse em um parto domiciliar intimo com apenas nós a sua volta, a mãe de John veio de Londres e também estava ali com nós me dando o apoio necessário, radiante com o nascimento que estava chegando. John tinha boa visibilidade na Inglaterra pelo posto que sua família ocupava, então tudo tinha que ser de menor visibilidade possível, não sou o tipo que posa plena como os duques de Cambridge após o parto, não consigo me ver como alguém arrumada nesse estágio da gravidez, quem dirá manter o sorriso e pose após o nascimento. Era terrivelmente irritante que não importava seu grau de parentesco, podendo ser o mais distante tudo tinha que ser aprovado pela rainha, eu não entendia o porquê disso tudo. Até para um parto domiciliar, mas acho que as palavras da soberana foram mais fortes, eu via os postes passarem pelo vidro preto do carro. Quando paramos diante do hospital John me amparou me puxando para ele e entramos no hospital que já esperava por nós, o silencio do local me assustava, logo meu pai e Isaac entrou com minhas malas e do bebê e nos direcionaram para a suíte da maternidade. Eu me via com a roupa do hospital e sentia meu estomago contrair, quando saí não demorou para começarmos a indução do parto.

— Como se sente? – John perguntava constantemente andando de um lado para o outro, enquanto eu terminava o livro de maternidade que começará.

— Bem, como me sentia a cinco minutos atrás. – Eu disse sorrindo, sentindo as contrações moderadamente. – Sinto aumentar, mas quero apreciar o processo e ficar feliz com as dores.

— Faz bem querida, seu corpo foi feito para isso. – A mãe dele falava sorridente. - Lembro quando John nasceu, foi magico será para você também. – Apenas sorri voltando minha atenção para o livro. Quando o fechei o mesmo rapidamente sentindo uma forte contração, respirei profundamente, mas não sentia mais o controle do meu corpo, logo veio outra e gemi alto e todos me rodearam ansiosos.

— Senti contrações, senti. – Falei animada junto todos que sorriam mais ansiosos que eu. John entrelaçou nossas mãos e beijou minha testa. – Nosso bebê vai chegar. – Eu disse com lagrimas nos olhos. Conforme as contrações iam aumentando John perdia a cor das mãos de tanto que eu apertava, mas ele se manteve ali me apoiando e me enchendo de amor. Eu achava que ter um bebê era magico, sentia as gotículas de suor escorrer pela minha testa, meu coração querer saltar do peito, todos me olhando gritar e me contorcer de dor, eu sentia tudo naquele momento, menos a magia.

—  Boa noite, senhorita, serei sua enfermeira essa noite e ajudarei a ter um parto tranquilo. – A senhora que falava comigo, tinha a voz serena, calma, como se não visse eu quase morrendo de tanta dor. – Vou ver com quantos dedos de dilatação você está. – Ela pediu para posicionar as pernas, eu inalava o oxido nitroso ferozmente sentindo o dedo dela entrar em mim, era doloroso, desconfortável. Quando ela tirou os dedos e a luva, me olhou sorrindo. – Você está com 5 cm, se quiser pode tomar peridural, se achar que está insuportável. – Afirmei com a cabeça e respirei fundo inalando o gás.

— Eu aguento. – Eu disse forjando um sorriso e sentindo um beijo terno de John em minha testa. A enfermeira saiu e quase uma hora depois e alguns gritos meus pelo hospital, John correndo, meu pai paralisado vendo toda correria, o obstetra entrou no quarto acompanhado da enfermeira, sentia como se fosse abrir o quadril, fazer cocô e morrer ao mesmo tempo, ele posicionou minhas pernas, pedindo para empurrar. E eu chorava fazendo força, empurrava como se fosse tudo que me restava, sabia que era tudo que me restava, não tinha como voltar, eu sentia o bebê de deslocar, chorava desesperava, John estava mais desesperado ainda. – Eu não aguento. – Eu falava entre lagrimas, John chorava mais que eu, seus olhos marejados petrificados pelo que espiava, meu pai veio do outro lado pegando na minha outra mão e acariciando meu cabelo. – Pai, eu não consigo mais.

— Consegue sim, se tem alguém que consegue algo é você. – Meu pai disse firmemente. – Agora seja a mulher que nasceu para ser, apresente seu bebê para o mundo. – Ele me olhava com dureza e ao mesmo tempo com amor, sorri para meu pai no meio do choro e respirei fundo. O médico deu o sinal e lá estava eu empurrando sentindo como se tudo me abrisse, rasgasse e literalmente me cagasse toda. Todo meu tronco estava levantado, soltei a mão para apoiar nas minhas pernas e com força tudo passou, encostei a cabeça no travesseiro suado, assim como eu, um choro agudo e estridente ecoou pelo quarto, John chorava ao ver aquele ser pequeno branco e um tanto roxeado vir para meu peito, todos choravam junto com a criança, ou até mais, imediatamente o serzinho pegou no meu dedo que acariciava ela, ela minha Louise chegou. Um alivio e esquecimento emundou meu corpo e valeu a pena tudo que acabei de passar, o que eu já nem lembrava mais, Louise era gorda, cabeluda, parecia um cachorrinho com olhos grudados apenas repousando no meu peito, John estava emocionado, meu pai radiante, a mãe de John chorava como uma criança. O médico pegou ela para fazer o procedimento necessário, limpar e pingar colírio em seu olho. E nesse meio tempo adormeci. Ouvia sussurros pelo quarto, passos apressados, quando abri os olhos John sorriu me vendo acordar, meu pai sorrio e olhei vendo Louise dormir enrolada em uma manta amarela. Pisquei algumas vezes focando o olhar e respirei fundo olhando os olhos apreensivos de meu pai e John.

— Como se sente amor? – John disse carinhosamente vindo em minha direção e beijando minha testa. – Você foi maravilhosa.

— Me sinto cansada, mas bem. – Eu disse me sentando e olhando a bebê brevemente dormindo tranquila. Meu pai sentou do meu lado pegando em minha mão, me fazendo franzir a testa. – Aconteceu alguma coisa?

— Querida. - Meu pai disse respirando fundo. – Eu queria esperar mais para te contar isso, mas John acabou de receber um telefonema que conversamos e concordamos em te contar de uma vez. – Meu pai fazia pausas demais, sentia a aflição tomar conta de mim, apenas afirmei com a cabeça. – Caleb me procurou, disse que precisava esclarecer algo com você, falar com você e que te procuraria no inferno, mas que te acharia.

— Deixa ele tentar, ele não tem essa capacidade. – Eu disse olhando os dois aflitos. – Não precisam ter medo dele, mesmo se ele me achar, não sou obrigada a falar com ele.

— O problema amor. – John disse engolindo seco. – Me ligaram, avisando que vão me mandar para a América, diplomacia e tudo mais. – John brincava com a bebê e o olhei sentindo minha vista embaçar e meu coração disparar, engoli seco forjando um sorriso.

— Quando voltaremos? – Perguntei baixo vendo o olhar apreensivo dos dois, observei a bebê, com os olhos já abertos, John a trouxe para mim, olhei o azul acinzentado dos olhos da mesma como o de Caleb, o formato do rosto e o jeito de olhar, um soco no meu estomago foi inevitável. Iria me encontrar com Caleb antes do esperado, novamente olhei para a bebê e forjei um sorriso para John que o olhar estava mais perdido que o meu.


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