Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 27
Seria Possível, Um Final Feliz?


Notas iniciais do capítulo

Ano passado quando os feriados iam chegar eu pensei "nossa, eu vou escrever muito", chegou feriado, passou feriado e cadê de eu conseguir escrever alguma coisa? Nada parecia ser satisfatório e eu só fui terminar esse capítulo no começo dessa semana e felizmente sinto que consigo escrever de novo já que terminei ontem o próximo capítulo (provavelmente um dos meus favoritos), desculpem demorar ainda mais para postar, mas eu estava com medo de não conseguir amarrar bem os acontecimentos dos dois.

Boa leitura.



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“Espero que nosso final

Não seja triste

Então não precisarei chorar

Quando me lembrar desse momento

Isso seria possível?

Um final feliz”

 

— Eu não quero deixar você ir Marinette – uma das mãos dele alcançaram a dela – Se você for, eu não sei se voltará.

— Se eu não voltar provavelmente virão. Se vierem pode ser que façam algo com você – as leis do outro mundo sempre lhe seriam um pouco confusas com o que dizia respeito a limites para o que Divindades fariam – Não arriscarei isso.

— Eles já devem saber que esta aqui.

Os lábios da cupido comprimiram evitando concordar com a possibilidade. Quando algo estava formado para contra argumentar na intenção de tranquilizar o homem ficara preso na boca ao ouvir o nome ser chamado, alto.

Automaticamente as duas cabeças se voltaram para a porta, se entreolhando, ambos levantaram saindo do quarto passando pelo corredor com o homem estando na frente cobrindo quase que totalmente a visão da cupido.

— Marinette.

Pondo a cabeça para o lado Marinette pode ver com sucesso a figura feminina da colega cupido em pé na sala do loiro em suas vestes vermelhas.

— Alix – exclamou dando um passo para o lado seguido de um à frente próximo do homem que fitava a pessoa que vira na última vez que Marinette pisara na Gabriel – Ela é uma cupido como eu.

— Imaginei.

— E você é a causa dos problemas dela – a cupido bagunçou os fios rosados com uma das mãos com descontentamento os olhando de cima a baixo – Pelo menos é mesmo bonito. Sou Alix.

— Adrien Agreste, embora tenho a impressão que você já sabe.

— Mais do que gostaria – a cupido cruzou os braços se voltando para a colega – Vamos Marinette.

— Pode me dar um minuto – pediu mordendo o lábio e apertando as mãos na frente do corpo vendo a outra comprimir os olhos em resposta, maneando a cabeça com desgosto em uma concordância forçada se pondo a andar até a sacada do apartamento.

Um sorriso agradecido e curto se apossou do rosto da cupido que com pressa se voltou para o homem que a fitava com aquela sombra de tristeza que gostaria de não ser a causadora, gostaria de não ver acontecer, mas como já era inevitável apenas se pôs a empurrar o gosto amargo para baixo avançando com os braços rodeando o pescoço do loiro sentindo o perfume masculino que a inebriava mais na sensação de calor transmitida pelos corpos.

— Fica – Adrien sussurrou apertando mais a cintura fina.

— Eu não posso – assistir pessoas se despedindo às vezes lhe trouxera tristeza, mas nunca fora tão intenso quanto agora que estava vivendo verdadeiramente a situação, Marinette poderia afirmar os entender tão bem que doía. Lentamente se afastou um pouco sem solta-lo – Vai ficar tudo bem.

— Espero que isso seja mesmo verdade – Adrien disse por fim colando seus lábios na testa coberta pela franja. Os olhos da cupido se fecharam enquanto apreciava o gesto carinhoso.

Ao se afastarem completamente pode se voltar para a terceira pessoa na sala que os assistia por cima do ombro. A passos pequenos se afastou do homem indo em direção a mulher.

— Estou pronta.

Balançando a cabeça novamente a mulher se dirigiu a porta da frente sem olhar para qualquer lado, ignorando até mesmo o aceno que a outra direcionava ao que ficava.

Ao atravessarem a porta a cupido se viu saindo de uma floricultura atrás de Alix que apenas ia em frente sem olhar para trás, sua despreocupação em desviar dos transeuntes mostrava que ela não estava invisível como geralmente fazia, mas Marinette optou por manter para si a curiosidade andando o mais próximo que podia  até estarem finalmente sentadas em um banco de uma praça.

— Por que estamos aqui?  Não deveríamos ir para...

— O que você estava pensando quando fez isso, Marinete? – a outra devolveu a cortando com um tom que trazia advertência explícita pela primeira vez – Como vai lidar com as consequências dessa vez? Não tem como saber o que a Divindade do Amor fará com você se descobrir isso.

— Eu sabia dos riscos quando escolhi vir.

— Você age como se não houvesse amanhã quando está perto dessa pessoa. É problemático, tenho até dó do Plagg, ele veio desesperado me mandando vir te buscar antes que alguém descubra.

 – Sinto muito, arrastar vocês para os meus problemas, não era minha intenção.

— E qual é a sua intenção? Tem um plano? – Alix questionou cruzando os braços recebendo um aceno negativo lento e receoso em resposta.

— Eu só queria explicar pra ele o que eu era e vê-lo uma última vez.

— O problema está no fato que quanto mais você vê-lo, mais desejará que isso continue.

— Percebi.

— Percebeu que isso pode ser uma ilusão da sua cabeça também? – o ceio de Marinete franziu olhando interrogativamente para a colega que continuou – Esse sentimento que você está nutrindo pode durar apenas por um curto momento, nós sabemos bem que o coração de um humano costuma ser bem transitório. Hoje talvez Adrien Agreste te diga que gosta de você, mas amanhã ele pode dizer isso à outra pessoa e você será deixada para trás e todo esse sofrimento que está passando será inútil. Amor é uma faca de dois gumes que em uma boa parte das vezes só serve para nos machucar de volta.

Os olhos das duas cupidos foram para frente onde as pessoas estavam circulando; um casal passeava com sorvetes nas mãos e risadas contidas da mulher enquanto o homem a admirava, não precisava muito para as duas cupidos saber que se tratava de um início de relacionamento e provavelmente seria comum encontrar algum cupido por perto os acompanhando.

Um pequeno sorriso triste adornou a face da cupido mais nova e aos olhos de todos os seus colegas ingênua.

— Você acha mesmo que isso nunca passou pela minha cabeça? Todas as vezes que não estávamos juntos e alguma coisa acontecia e eu sentia falta dele para falar sobre eu acabava me pegando pensando nisso que estava começando a acontecer, eu até me repreendi algumas vezes, mas então...quando ele vinha para perto novamente todos esses sentimentos e preocupações se tornavam insignificantes. Um momento pode ser como uma eternidade que não valorizamos. Eu implorava a cada dia para ter um dia a mais com ele ao mesmo tempo que agradecia por ter tido o dia vivido.

 – Mas tudo deve ter um final e o nosso já chegou há muito tempo. Se isso continuar há uma grande chance que amanhã quando o tempo dele acabar ele se torne um cupido também, aos olhos deles as ações do Adrien será um pecado. Quer isso para ele?

O coração da cupido pesou no peito, os dedos alcançando o colar e os olhos se desviando da colega enquanto negava e passava a fitar o céu coberto por nuvens.

— Será que alguém me ouviria se eu pedisse mais um dia?

— Basta um momento para se condenar no pós-morte e você pede um dia inteiro? – a cupido de cabelos curtos zombou com uma risada nasalada balançando a cabeça fitando o céu também – Não sei dizer se você é ingênua mesmo ou simplesmente burra.

 – Provavelmente um pouco dos dois. Não consigo evitar – Marinette suspirou por fim.

Um longo silencio se seguiu entre as duas até ouvir Alix o quebrar.

— Passarei o resto do dia acompanhando uma missão, para todos os efeitos você estará comigo. É todo o tempo que eu posso te dar.

Os olhos de Marinette brilharam enquanto assemelhava as palavras da colega, em um rompante ela avançou abraçando-a.

 – Obrigada.

 – É melhor correr se quiser aproveitar seus últimos momentos como uma falsa mulher viva – Alix tornou a zombar.

 – Se alguma coisa acontecer eu assumo total responsabilidade.

 – É bom que faça. Vá.

A mulher se levantou com o sorriso de agradecimento adornando o rosto se despedindo com aceno. Cada passo dado para longe era acompanhado pela outra cupido que comprimiu os lábios sem pressa de partir, sem pressa de puxar a corrente da realidade para arrastar a colega de volta. Como uma funcionária do departamento do amor, ajudar um malfadado não seria fugir de suas obrigações básicas.

 Torcer por um final de diferente talvez.

Mas a realidade de Adrien e Marinete era tão óbvia que conseguia lhe fazer sentir pena.

Quando humanos vivos dizem que o mundo é injusto eles não tem ideia do quanto...

 

~*~

 

 A xícara com chá que Adrien segurava foi em direção ao chão no mesmo instante que a atenção se focou na movimentação que vinha do corredor de seu apartamento e logo a figura de vermelho surgia em sua frente com os cabelos levemente bagunçados e as bochechas coradas.

 O sorriso na face feminina foi um dos que Adrien poderia classificar como um dos mais bonitos que já tivera a chance de ver. Desejar poder vê-lo todos os dias de sua vida seria pedir demais?

— Mari.

Ele passou pelos cacos sem desviar os olhos dela.

 – Acho que agora é mesmo a última vez que nos veremos, então não quero ter pelo que me arrepender com relação a nós.

 – E o que você quer fazer?

A proximidade servia bem para reafirmar a diferença de altura dos dois, mesmo com os saltos médios que a cupido usava.

As mãos pequena alcançaram a face masculina e os pés se ergueram para conseguir um pouco mais de altura enquanto a cupido se aproximava lentamente do homem agora imóvel. Não havia alertas pairando sobre sua cabeça que fosse forte o suficiente para conte-la, cada ideia de punição lhe soava mínima quando tudo que importava estava bem em sua frente; cada afirmação de seus sentimentos que seriam desacreditados por qualquer outro em seu círculo não passava de tolices insignificantes quando seus lábios alcançarão os do homem movendo-se com lentidão, apreciando cada segundo enquanto o homem começava a recuperar seus movimentos e suas mãos iam para sua cintura afirmando seu lugar, afirmando sua decisão.

O errado se tornava certo quando se dizia respeito a Adrien Agreste.

 – Gosto de você. Pode-me dizer que gosta de mim? Quero ouvir pelo menos uma vez – a cupido pediu em um tom baixo quando seus rostos se afastaram minimamente.

 – Eu gosto de você. Muito – ele afirmou tornando a beija-la com calma, com carinho – Não duvide em nenhum momento disso, ok?

“Nós sabemos bem que o coração de um humano costuma ser bem transitório”.

Uma lagrima solitária desceu pela face da mulher ao passo que um novo sorriso se fazia presente.

— Mesmo que amanhã seja diferente, estou feliz por ouvir isso hoje.

 

“Se não for possível

Então deixe que se torne uma ferida dolorosa

Pois isso deixaria uma cicatriz para que eu possa recordar

Estou disposta a sentir essa dor

Você pode fazer isso por mim?”

 


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Notas finais do capítulo

A música usada nesse capítulo é Our Happy Ending da IU que acho combinar perfeitamente. Espero que tenham gostado do capítulo, Mari é azarada, mas aparentemente não tanto ao ponto de estar completamente sozinha.
Se fosse com você, o que fariam se tivessem apenas algumas horas para viver com a pessoa que vocês gostam?
Até o próximo
Bjs



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