Cupido, Traga Meu Amor escrita por Tricia


Capítulo 26
Mylène


Notas iniciais do capítulo

Eu esqueci completamente os dias enquanto me aventurava nos drama chineses e taiwaneses e pra ajudar não tinha doces em casa para me inspirar (se eu ficar com diabetes antes dos 30 não posso nem reclamar).
Mas tirando isso é legal voltar com a constatação de que quando comecei a escrever a roteiro dessa fanfic eu coloquei 3 nó's para explorar e estamos no primeiro.
Conheçam Mylène.
Boa leitura



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— Traída com apenas 8 meses de namoro, aonde estava o cupido que não prestou atenção aos sinais? – Plagg resmungou quando já estava empoleirado no ombro da cupido lendo as folhas junto dela da missão que havia sido trazia por Tikki há algumas horas quando não estava.

— Mylène parece ser uma pessoa tão boa. Ela até lidou bem com a situação – comentou enquanto passava para a próxima pagina.

— Termino maduro e sem rancores, esta mulher quer um lugar no céu e uma estrela na testa? Ninguém julgaria ela se ficasse furiosa, ele deu uma brecha – o kwami argumentou balançando a cabeça. Emitindo uma espécie de grunhido ao final que fez Marinette soltar uma pequena risada.

— Talvez o afeto que ela tinha por ele não fosse grande o suficiente para transformar em raiva – a cupido comentou ao ver a frequência de encontros deles e interações, completando por fim – Ela não parece ser alguém que se prende a orgulho excessivamente. Seguir em frente para ela foi fácil no final das contas.

— Ela vai ser moleza para você, Mari. 

 

 

Era para ter sido tão fácil...

 

Apoiando a cabeça na palma da mão a cupido observou sua missão conversando com a irmã no sofá da sala sobre o homem que havia trazido para o caminho dela, alguém que parecia tão bom, mas que segundo a mulher, não chegara nem perto de fazer as borboletas em seu estomago se agitarem. Nem ele, nem os outros dois que haviam vindo antes e pareciam tão bons quanto.

Ela era muito mais exigente do que fazia parecer.

— Por que não vem comigo para a festa da minha amiga, ela comentou que tem um irmão maravilhoso que quer me apresentar, mas você pode cumprir o meu papel – a irmã de Mylène sugeriu com interesse e por mais que a proposta fosse interessante a cupido se viu sentindo uma leve pena do cupido que fosse responsável pela irmã de Mylène. Tão complicada quanto e tendo o bônus infeliz de um gênio problemático e instável que sempre a fazia fugir dos relacionamentos quando ameaçavam ficarem meramente sérios.

 

O cara era bonito, tinha um bom emprego e ao que parecia um péssimo senso de compreensão em alguns momentos, tanta dificuldade em entender algumas piadas.

Uma semana depois os dois já estavam trocando muitas mensagens e todo trabalho que estava fazendo para levar a mulher a encontros parecia inexistente com essa pessoa envolvida. Ela esnobou o pretendente perfeito totalmente se prendendo ao maldito homem da festa.

 Eles funcionavam bem, notou quando os dois estavam em um almoço juntos. Ele era um pouco questionável, mas estranhamente atraia a mulher para si a fazendo sorrir a cada elogio que ele lhe dirigia. Os dois homens que apresentou a doce Mylène posteriormente na tentativa de atrair a atenção um pouco foram apenas perda de tempo.

Aqueles dois estavam se aproximando cada vez mais e como cupido era inevitável aceitar isso. Se alguém conquista o coração de Mylène fora esse Lucian. Mal precisava se esforçar para deixa-los um pouco mais próximos.

O amor desses dois era o que acabaria nos registros da mulher no final.

Seria mais uma missão concluída com sucesso.

  Talvez não fosse tão ruim.

 

 

No entanto, acabou sendo...

 

A porta de um depósito em um corredor com muito pouco movimento foi aberta para dar passagem a cupido em suas costumeiras vestes vermelhas, os cabelos mais longos trançados e jogados sobre um dos ombros e os dedos de uma das mãos seguravam com incerteza o pingente de coração.

Pessoas passavam as pressas por alguns corredores enquanto outros eram mais calmos e de melhor movimentação quando não havia a necessidade de desviar, Marinette constatou ao alcançar o começo da ala que buscava; Quartos com pacientes e enfermeiros uniformizados os monitorando trazia uma estranha sensação de inquietação ainda maior no coração da cupido que seguia a passos lentos olhando os quartos de portas abertas. Quando dobrou o corredor os passos cessaram por um breve secundo ao reconhecer a figura feminina próxima a um homem de jaleco branco que segurava uma prancheta e falava coisas para ela.

Os dedos apertaram ainda mais o pingente enquanto os passos a levavam para perto parando a apenas alguns passos de distancia.

— Ela ficará bem, não é? – reconheceu a incerteza mesclada ao medo na mulher de estatura baixa que apertava as mãos na frente do corpo levemente rechonchudo.

— Fisicamente, em breve ela estará melhor, mas psicologicamente as coisas podem vir a ser um pouco mais complicada – o homem começou com a voz mais branda possível – Lamento não ter sido capaz de salvar a criança que sua irmã esperava. Quando ela chegou ao pronto-socorro o processo de abordo já havia começado e não havia muito que pudéssemos fazer.

A respiração prendeu-se dentro do corpo enquanto fitava o rosto do homem bonito que trazia as coisas que jamais gostaria de ouvir uma vez nessa estranha “vida”.

Alheia a sua presença, mas compartilhando de certa forma suas emoções a irmã de Mylène encontrou a voz aonde Marinette não possuía.

— Minha irmã estava gravida?

— Sim, estava entrando em seu segundo mês de gestação a julgar pelo feto que retiramos. Eu sinto muito pela perda de vocês.

— Obrigada – a voz da mulher soou embargada e um pouco mais baixa assim como as próximas palavras que ela trocara com o homem, palavras que se cravavam cada vez mais fundo no interior já danificado da jovem cupido, que, lentamente se afastou um pouco para chegar à porta aberta por onde saia uma enfermeira segurando uma bandeja de algo que não se dera ao trabalhar de descobrir quando seus olhos estavam cravejados na figura que ocupava uma das camas do quarto de paredes pálidas.

Mylène Haprèle era uma das pessoas mais otimistas com relação à vida que já tivera a chance de conhecer, tão dedicada as suas próprias coisas sem buscar a necessidade de prejudicar outros humanos, tão merecedora de felicidade, e, pela incompetência de uma cúpido estupida agora estava machucada em uma cama levada pelas mãos daquele que deveria ter sido o que compartilharia amor e talvez a vida com ela.

Até mesmo a vida de um humano se perdera antes de ter a chance de vivê-la devidamente por suas ações.

Como poderia se chamar de cupido e se orgulhar de levar o amor para as pessoas quando na verdade estava destruindo elas? 

A irmã de Mylène passou por si entrando no quarto e sentando na cadeira estofada que estava próxima a cama, uma das mãos foi para a cabeça da irmã passando perto da testa que era parcialmente coberta por um curativo.

— O que Deus estava pensando quando colocou aquele homem na sua vida minha irmã?

O coração da cupido se apertou um pouco mais vendo os olhos carregados da mulher que só virá algumas poucas vezes visitando  Mylène, mas o suficiente para saber que esta era a pessoa mais próxima e estimada por sua missão.

— Ele não é o culpado por isso – sussurrou cobrindo por completo o pingente em forma de coração. A primeira de muitas outras lagrimas rolou pela bochecha da cupido indo até o queixo e, por fim atingindo o piso do hospital.

— Se eu tivesse me esforçado em procurar mais teria encontrado alguém descente para ela e evitado todo o sofrimento que ela passou – a mulher comentou com os ombros ainda mais caídos me pesar, em momento algum ela o olhara enquanto as palavras saiam de sua boca, em algum momento algumas lagrimas começaram a descer pela face e antes que Adrien pudesse tentar limpar ela se adiantou, fungando algumas outras vezes.

Ele não a interrompeu em momento algum, tudo parecia estar preso dentro dela há tanto tempo que ele só pode assisti-la tentar desdobrar camada por camada em seu próprio tempo, sob suas próprias condições e limites.

— Algumas coisas ruins irão acontecer inevitavelmente com todos – disse ao perceber o silêncio prolongado que a mulher deixara enquanto se recompunha.

— Plagg me disse algo bem parecido com isso na época para me fazer deixar quieto – ela comentou completando logo em seguida – Ele é uma espécie de conselheiro que temos por perto pra ajudar. Eu passava a maior parte do meu tempo livre entre as missões indo até o hospital ver ela e isso o preocupava. Ele dizia que eu estava me torturando demais a cada dia.

— Eu não posso dizer que não concordo com ele nessa parte. Resultados assim devem acontecer às vezes.

Quantos relatos de relacionamentos desastrosos já ouvira ao seu redor, tendo alguns ainda afetando o desempenho de seus funcionários e amigos. 

— Acontece e tudo bem para muitos, mas...foi a minha primeira vez lidando com isso e eu estava indo muito mal. Eu não quero ser a cupido que causa isso as pessoas. Amor não deveria causar essa dor.

O loiro buscou uma das mãos da cupido massageando a parte de cima com o polegar.

— Tente pensar que não foi sua intenção. As coisas já aconteceram e você não pode mais muda-las nem mesmo se ficar se punindo como esta fazendo, isso vai acabar te prejudicando ainda mais.

— Eu só gostaria de poder fazer algo – murmurou fitando os movimentos do polegar do homem, trazia uma sensação sútil de carinho como um abraço leve em um dia bonito sendo dado por alguém importante.

— Não da para ser muito eficiente ajudando alguém quando você não esta bem também.

Ela levantou a cabeça.

— Eu não sou importante.

Os movimentos do polegar pararam.

— Não diga algo assim, se valoriza tanto as vidas como diz, valorize a sua também. Ela importa...independente de como ela seja – Adrien completou ao lembrar do pequeno detalhe anterior sobre a existência da mulher. Ver essa pessoa como alguém morta ainda não lhe fazia sentido, acreditar que era uma pessoa ruim menos ainda.

 – Você esta tentando ter um lugar no céu e uma estrela na testa? – a pergunta o pegou desprevenido fazendo-o franzir o ceio e, antes que pudesse dar-lhe uma resposta a cupido continuou – Plagg sempre fala isso quando tenho uma pessoa muito boa como missão.

Um pequeno repuxar nos lábios da mulher se fez presente deixando sua face molhada de lagrimas e olhos avermelhados menos triste, trazendo um lampejo muito pequeno, mas perfeito da mulher doce que conhecia.

Que gostava de ter por perto.

— No momento eu estou me contentando apenas em ver você menos triste – a  mão livre leve ergueu-se alcançando os fios de cabelos escuros desordenados, os levando para atrás de uma das orelhas da mulher e lentamente limpando uma lagrima que iria descer com o polegar daquele lado do rosto.    

— Estar aqui já me faz ficar melhor.

Ele se aproximou mais deixando que sua testa tocasse a dela, os fios claros mesclavam-se aos escuros dela. Ele fechou os olhos por um momento apreciando o contato novo.

 – Se eu te pedisse para continuar aqui, você ficaria?

— Eu gostaria muito.

Ele abriu os olhos para ver uma nova leva de lagrimas querer se formar nos olhos da mulher. Querer e poder eram coisas completamente diferentes.

Cupidos...

Humanos vivos...

Missões de amor...

Punições...

Um estranho abismo se abria diante de seus olhos para todas as conclusões que se formavam em sua cabeça enquanto a constatação mais obvia lhe abatia lentamente.

— Eu não quero deixar você ir Marinette.


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Notas finais do capítulo

Ok, eu sei que tratei o assunto bem por alto, mas isso acaba se devendo muito pela classificação da fanfic que escolhi, nos meus próximos projetos eu espero poder trabalhar assuntos como agressão física e outros assuntos sérios de forma mais detalhada, mas eu não senti que conseguiria atingir nesse momento e antes que eu faça algo que possivelmente possa vir a ofender alguém que já passou por tais situações eu prefiro não o fazer. Eu sei o quanto incomoda ter uma ferida apertada por outra pessoa.
Espero que tenham gostado do capítulo, nossa cupido independente dos problemas que arrumou até aqui, ter alguém como Adrien por perto não é ruim, muito pelo contrário.
Bjs



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