Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 5
Capitulo Cinco




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Sei que podes fazer todas as coisas, nenhum de seus planos pode ser frustrado. Jó 42-2

 Lorena o seguiu certa de que ele não revelaria nada mais. Encarou as próprias mãos notando-o apertar o botão do quinto andar no elevador e mordeu os lábios segurando as perguntas que queriam sair.

Sem dizer uma única palavra, eles caminharam pelo corredor ate que Rafael parou e automaticamente ela também.

— É aqui. Entra. Falou abrindo a porta e os conduzindo para dentro. _ O que acha? Perguntou acendendo as luzes no interruptor atrás da porta. Lorena piscou com os olhos acostumando-se a claridade recém  adquirida. O apartamento vazio fazia com que suas vozes ecoassem pelo local.

Ela girou analisando o lugar com cuidado.

— Não é muito grande, mas tem dois quartos, sala, cozinha sob medida e a lavanderia no fim do corredor. Ele falou e ela olhou nas direções em que ele ia indicando. _ Ah, também tem uma pequena varanda bem ali. O que achou? Perguntou novamente e Lorena o olhou.

— Bem legal. Falou. _ De quem é?

— Legal o suficiente para começarmos? Ele perguntou e ela piscou confusa.

— Como? Perguntou.

— Eu sei que não estamos juntos há tanto tempo assim, mas eu te amo e você me ama não é? Por que esperar? Não quero esperar. Eu quero poder começar logo nossa vida juntos.

— Rafael, o que esta querendo dizer? Lorena falou com o coração aos saltos.

Tentando disfarçar a ansiedade e o nervosismo, Rafael levou a mão direita ao bolso, revelando uma caixinha vermelha em forma de coração. Os olhos de Lorena arregalaram-se e a voz sumiu de sua garganta ao perceber a intenção do namorado.

— Lorena, eu quero me casar com você. Ele falou e ela o olhou emocionada, sem conseguir conter as lagrimas que caiam por seu rosto. Sem dizer uma única palavra o abraçou fortemente e foi retribuída da mesma maneira. _ O que me diz? Rafael perguntou e ela se soltou do abraço para olha-lo com um sorriso gigante no rosto.

— Sim. Claro que sim. Respondeu o beijando longamente. _ Por isso você estava tão calado hoje? Ela perguntou sorrindo.

— Também. Ele respondeu não querendo estragar o momento. Sabia que devia contar a ela, mas não agora, não no momento em que ela acabara de dizer “sim”. Ela o olhou movendo as sobrancelhas em um gesto que dizia “o que você esta aprontado?” e ele gargalhou beijando-lhe os lábios mais uma vez por tempo suficiente para que a pergunta muda fosse esquecida. 

— Eu posso ver? Lorena perguntou estendendo a mão e ele depositou a pequena caixa ali observando-a analisar o exterior com um belo sorriso antes de finalmente abri-la levando a outra mão aos lábios para conter a surpresa ao notar duas alianças douradas com a gravura de uma pequena família desenhada. _ É linda. Nunca vi algo assim. Falou ainda encarando o par de alianças.

Feliz, Rafael pegou a aliança menor e alcançou a mão dela depositando-a ali junto com o beijo. Sorrindo ela repetiu o gesto quando ele ergueu a própria mão a sua frente. O movimento fez com que um pedaço de papel caísse de dentro da caixinha.

— O que é isso? Ela perguntou se abaixando para pegar o papel e curiosa começou a ler. _ “O amor é paciente e bondoso. Tudo suporta.” Você que escreveu? Perguntou e ele acenou.

— Guarde com você, não esquece, esta bem? Perguntou e ela acenou concordando.

— Você também Rafael. Pode fazer isso?

— Vou guarda-las aqui e aqui. Apontou a própria cabeça e o coração.

— Eu também. Lorena falou guardando o pedaço de papel dentro da caixinha de coração. _ Amo você, Rafael. Ele sorriu apertando sua cintura.

— Também amo você Lorena. Murmurou antes de tomar seus lábios em mais um beijo.

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Antes de dormir, da janela do seu quarto, Lorena observou o céu estrelado no meio da noite com o queixo apoiado no parapeito e um sorriso bobo no rosto. Tocou levemente a aliança em seu dedo e deixou sua mente correr revivendo cada palavra, guardando cada memória em seu coração. 

— Acho que o Senhor esta mesmo cuidando de tudo não é? Murmurou e fechou os olhos sentindo o vento frio soprar em seu rosto. _ Obrigada Aba.

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— E ai? Como foi? Lucas perguntou quicando a bola de uma mão para a outra no meio da quadra na manha seguinte. Os três amigos formaram uma espécie de tradição ao se reunir todo sábado pela manha para jogar, tradição esta que pretendiam manter mesmo após a Formatura.

Rafael ergueu a mão mostrando a aliança no dedo, e Lucas e Maycon se entreolharam espantados.

— Você é incrível garoto. Parabéns. Eu disse que ela ia gostar. Maycon aplaudiu parabenizando o amigo.

— Você ficou noivo? É isso mesmo? Lucas perguntou surpreso e Rafael acenou concordando.

— Pode apostar que sim. Falou com um sorriso no rosto.

— Mas e ai? Como a Lorena reagiu quando você contou da viagem? Ela decidiu ir junto? Maycon perguntou curioso.

— Não acho que ela possa largar tudo aqui. Ainda falta um semestre para ela se formar.

— É verdade, tinha esquecido disso. Então como vai ser?

— Eu não contei a ela sobre a viagem. Rafael falou surpreendendo os amigos que o olharam surpresos.

— Pensei que ia contar para ela ontem quando saíram cedo da confraternização. Lucas falou.

— Não era o momento certo. Explicou.

— Então quando vai contar a ela? Lucas instigou e Rafael tomou a bola de suas mãos na tentativa de desviar do assunto, voltou a quica-la no chão.

— Então você não vai? Maycon perguntou confuso.

— É o que parece. Falou tentando uma cesta sem sucesso.

— Cara, a Lorena vai ficar uma fera quando descobrir. Lucas falou e Rafael o olhou seriamente.  

— Ela não vai se eu não contar. Respondeu como se fosse obvio.

— Você esta mesmo pensando em esconder uma coisa assim dela? Lucas perguntou e Rafael o encarou. _ Pensei que fosse seu sonho fazer esta viagem. Completou.

— Os sonhos podem mudar. Não da para ter tudo não é? Deu de ombros tentando mais uma vez errando novamente e esbravejou.

— Espera. Tempo. Maycon pediu fazendo um gesto com as mãos e os três sentaram na arquibancada, cada um alcançando a própria garrafa de água e tomando uns goles.

— Isso é loucura meu amigo. Querendo você ou não ela vai acabar descobrindo. Maycon falou serio e Rafael olhou dele para Lucas que acenou concordando.

— Ele esta certo. O melhor é que ela descubra por você. Completou e Rafael deitou-se no meio da arquibancada deixando um suspiro frustrado sair de sua garganta.

— O que vai fazer agora? Lucas perguntou e Rafael voltou a sentar-se.

— Você precisa extravazar e colocar a cabeça no lugar. Maycon tocou seu ombro. _ Vamos fazer algumas cestas. Falou se colocando de pé.

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Rafael apertou as têmporas, como se aquele gesto pudesse dissipar toda a sua tensão.

Após o fim do jogo com os amigos e a mente um pouco mais clareada ele percebeu que seus amigos estavam certos. Ele deveria contar tudo a Lorena, os dois conversariam e encontrariam uma maneira de lidar com isso juntos, principalmente depois que ele se permitiu admitir o quanto queria participar deste Programa. Foi com este pensamento que pediu que se encontrassem.

— Oi. Ela disse sorridente entrando na lanchonete e sentando-se a sua frente.

— Oi. Respondeu. _ Pedi uma xícara de café para você.

— Obrigada amor. Disse quando a garçonete colocou a mesa e ela saboreou se deliciando. Rafael ficou a olha-la. _ No telefone você disse que precisava me contar uma coisa, o que é? Perguntou pousando a xícara de volta a mesa.

— Sim. Eu preciso te contar isso. Ele titubeou nas palavras e ela o olhou em alerta.

— O que foi?

— Lorena, ontem...

— Você mudou de ideia? Ela perguntou.

— Como assim?

— Sobre o casamento?

— Não. Claro que não.

­ _ Tem certeza?

— É claro que eu quero me casar com você.

— Certo. Disse levando a xícara mais uma vez os lábios. _ Então o que é?

— É sobre isso. Ele disse colocando a pasta sobre a mesa e ela correu os olhos pela pasta.

— O que é isto? Perguntou começando a folhear.

— Eu devia ter falado antes... Lorena o olhou preocupada. _ Surgiu uma grande oportunidade na Empresa. Os olhos dela brilharam e um sorriso orgulhoso surgiu em seu rosto.

— Sério? Parabéns amor, você merece. O que é? Me conta. Pediu ansiosa.

— Há algum tempo eu havia me inscrito em um programa de intercâmbio em Londres, mas eu acabei não passando. Falou e ela continuou a olha-lo atenta. _ Ontem, o Diretor me chamou a sala dele para falar que fui aprovado para fazer minha pós graduação na Universidade de Londres.

— Isso foi inesperado.

— Eu sei, preciso dar uma resposta na segunda de manhã. 

— E você quer ir? Ela perguntou o olhando.

— Eu... é uma grande oportunidade amor.

— É sim, quando você vai? Ela baixou o olhar. O cérebro trabalhando unindo as informações e o coração sendo esmagado no peito.

— Eu ainda não decidi se vou aceitar. Ela o olhou novamente.

— E por que você não iria? Acabou de dizer que é uma grande oportunidade.

— Sim, mas... Parou sem saber o que dizer.

— Por quanto tempo vai ficar?

— Um ano e meio. Respondeu. _ Escuta amor, eu acho que a gente consegue fazer isso funcionar. O tempo passa rápido não é? Falou sem obter reação alguma. _ Lorena...

Ela ergueu os olhos, como se algo tivesse acabado de lhe ocorrer. 

— Ontem, quando me pediu em casamento, você já sabia da viagem. Constatou baixo.

— Sim. Admitiu.

— Por isso fez o pedido?

— Não. Eu já havia planejado tudo e só fiquei sabendo da viagem no fim do dia. 

Mais uma vez o silencio irrompeu sobre eles.

— Ei, diz alguma coisa. Rafael pediu apertando sua mão que estava sobre a mesa.

— Eu não sei o quer que eu diga.

— Lorena...

— Eu preciso ir. Falou e só então ele percebeu as lágrimas caindo de seus olhos. Sem dizer uma única palavra a levantou e saiu o deixando sozinho a mesa. Não importa o quanto pensasse, nesta escolha, ele precisava abrir mão de algo. 


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Notas finais do capítulo

E agora? É o fim para nosso casal?



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