Tempo de Escolha escrita por Val Rodrigues


Capítulo 17
Capitulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

Não conheço nada de medicina, então se falei alguma besteira, por favor, desconsiderem.
Bjs...



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Não tenha medo, somente acredite. Mc. 5-36


Fabio caminhou ansioso e preocupado pelo corredor do hospital enquanto aguardava noticias de Lorena.
Minutos após conversarem e se afastarem ele ouviu som do carro tentando frear e o burburinho que logo se formou. Cogitou ignorar, mas parou ao ouvir que a mulher estava gravida e correu sendo pego de surpresa ao ver que era Lorena desmaiada no chão.
— O senhor é parente da paciente? A médica questionou quando ele tentou buscar informações.
— Somos vizinhos. Eu chamei a ambulancia e a acompanhei ate aqui. Explicou. _ Ela estava gravida. E desmaiou com o impacto. Por favor, doutora, me diga. Esta tudo bem com eles?
— Ela sofreu apenas algumas escoriações com o impacto, esta sendo observada no momento, fora de risco.
— Graças a Deus. Falou soltando a respiração, mas logo outro pensamento o atingiu. _ E o bebê?
— A situação é delicada, no acidente ela sofreu um descolamento parcial de placenta.
— Mas, doutora, eu acho que ainda está muito cedo para ele nascer, não é? Quer dizer, ela esta de pouco tempo de gestação.
— Estamos observando como ela vai reagir, mas o ideal é que o senhor entre em contato com alguem da familia para vir acompanha-la neste momento. A médica aconselhou.
— Claro. Entendo. O problema é que eu não sei o telefone da familia dela. Eu poderia ve-la? Apenas o suficiente para conseguir o numero de telefone e entrar em contato com a familia dela.
— Sinto muito, mas a visita só é liberada para familiares.
— Sim, eu entendo. Mas, somos amigos, vizinhos. Eu que a socorri na rua e vim com ela para o Hospital. Olha. Aqui está a bolsa dela. Mostrou ansioso. _ Estou esperando aqui desde que a levaram para ser atendida. Preciso de notícias, por favor. Insistiu. A médica ponderou por alguns segundos se deveria ou não deixa lo entrar.
— Está bem. Venha comigo.
— Obrigado. Disse a seguindo.
Lorena ergueu os olhos assim que ouviu barulhos no local.
Fabio fechou a cortina que separava a cama dela dos demais pacientes e a olhou preocupado.
— Você está bem? Perguntou notando arranhões no lado direito do rosto e nos braços. O pulso enfaixado enquanto ela tomava soro.
— Acho que sim. Ela respondeu evitando se mexer. Um aparelho monitorava os batimentos cardíacos do bebê e a médica analisava e fazia anotações em silencio.
— Preciso avisar sua família. Para quem eu ligo ? Perguntou sacando o celular no bolso apressado.
— Para minha mãe. Ela respondeu informando o número. Ela permaneceu em silêncio enquanto ele explicava a situação e acalmava sua mãe, respondendo a todas as suas perguntas.
— Não. Ela está acordada. Sim. Ela está na minha frente agora. Tudo bem. Murmurou estendendo o celular para Lorena que o pegou com a mão livre do soro.
— Oi mãe. Falou segurando a vontade de chorar. _ Estou bem. Estão monitorando o bebê. Não me disseram mais nada. Respondeu.  
— Estou indo para aí agora mesmo. A voz de Rute soou firme e apressada do outro lado e Lorena sentiu um certo alivio preencher seu coração.
— Obrigada mãe. Agradeceu desligando o celular e entregando a Fábio que permanecia quieto. _ Obrigada. Disse olhando diretamente para ele.
— Não precisa me agradecer. Ele disse. _ Não vai ligar para o seu marido? Perguntou, porém em seu tom de voz não havia critica, apenas preocupação.
— Vou. Falou pouco convicta, o que não passou despercebido por ele.
— Lorena, não importa onde ele esta ou o que esta fazendo, ele precisa estar aqui com você agora. Falou seriamente.
— Pode me dar a minha bolsa? Ela pediu notando que ele a segurava de lado e ele estendeu a bolsa para ela. _ Obrigada.
— Vamos. A médica se pronunciou e Fabio acenou concordando.
— Se cuida Lorena. 
— Obrigada Fábio, por tudo o que fez. Ela agradeceu e ele deu um pequeno sorriso antes de sair.
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Rute entrou preocupada no pequeno quarto e respirou aliviada ao vê-la acordada.
— Lorena, você está bem? Ela perguntou ansiosa e Lorena acenou, sem realmente se sentir bem. A preocupação e ansiedade e o medo por seu bebê consumindo-a.
— Estou com medo mãe. Confessou quando sua mãe a abraçou.
— Eu sei. Imagino como esteja se sentindo. Conversei com a médica e ela disse que precisamos esperar.
— E se eu perder o meu bebê mãe? Não quero perdê-lo. Chorou externando seus medos pela primeira vez.
— Você não vai, filha. Não pense assim. Rute a abraçou novamente.  _ Já avisou ao Rafael?
— Ainda não.
— Certo. Vamos ligar para ele. Rute falou sacando o celular da bolsa.
— Não mãe. Rute parou a olhando confusa.
— Porque?
— Por favor mãe, não liga para ele, pelo menos por enquanto. Rute suspirou sentando na ponta da cama e a olhou.
— Por que? Perguntou novamente. _ Ele é seu marido, o pai deste bebê. 
— Porque ele está no meio da semana de provas finais. Em dois dias vai apresentar o projeto final e se ele souber do acidente vai querer largar tudo e voltar.
— Ele não estaria errado em fazer isso Lorena. Qual é o problema? 
— Mãe, se ele souber agora, vai perder tudo o que lutamos tanto neste tempo todo. 
— Filha. Rute começou calma, porem firme. _ Nestes momentos, dinheiro, trabalho, formação, nada disso importa.  A família vem em primeiro lugar. 
— Eu sei. A senhora tem razão mãe. Mas, por favor não liga para ele agora. Pediu se exaltando e os batimentos se exaltaram na máquina. As duas olharam o aparelho ao mesmo tempo e se olharam em seguida. _ Estou implorando, não diga nada a ele neste momento. Vamos esperar sair o resultado do exame primeiro. Por favor mãe. Eu sei que estou pedindo muito que fique aqui comigo, mas por favor...
— Não é por estar aqui Lorena. Você é minha filha e mesmo que o Rafael estivesse aqui, eu também estaria. Ela acenou concordando. _ Vou esperar apenas até o resultado sair. Não quero que fique nervosa. Disse seriamente.
— Obrigada.
Ela se olharam ansiosas, assim que a médica retornou ao quarto.
— E então doutora?  Rute se antecipou enquanto a médica analisava o papel com os batimentos cardíacos do bebê que ela acabará de tirar do aparelho.
— Os batimentos estão ritmados. Dentro do previsto. Ela ficará de repouso absoluto enquanto acompanhamos a evolução do quadro. 
— Então, eu vou ficar internada aqui?
— Sim. Precisamos acompanha-los de perto nos próximos dias.
— Mas o meu bebê está bem, não está? Lorena perguntou a médica ansiosa.
— Até o momento não houve nenhuma complicação Lorena. Queremos garantir que continue assim.
— Obrigada doutora.
— Descanse um pouco. Ela aconselhou e Lorena concordou.
— Ainda com esta ideia maluca de não contar nada ao Rafael?Rute perguntou assim que as duas ficaram a sós e Lorena acenou concordando.
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— O que está pedindo é muito sério Lorena. Meu filho tem o direito de saber. Seu sogro falou assim que chegou ao hospital e Rute explicou a situação, deixando claro sua opinião contraria a da filha.
— Eu sei. Só não quero ser culpada de impedi-lo de realizar este sonho. Ainda mais agora estando tão perto.
— Não posso concordar com isso. Desculpe Lorena. 
— Dois dias. É tudo o que estou pedindo. Vou ficar aqui e ser avaliada pelos médicos constantemente, se tudo continuar bem, esperem dois dias para contar a ele.  Eu mesma conto, assim que tiver certeza que ele apresentou o projeto final. Ela garantiu.
— Ao menor sinal de complicação, não vou exitar em contar para ele. Seu sogro falou.
— Está bem. Concordou sabendo que era o máximo que conseguiria.
— Eu já volto. Ele disse se afastando.
— Onde você vai? Carmem perguntou.
— Providenciar a transferência dela para um quarto mais confortável. Seu sogro disse deixando as três a sós no pequeno quarto. Lorena olhou sua sogra que permanecia calada.
— Desculpa dona Carmem.
— Por que esta se desculpando? Ela perguntou se aproximando.
— Por fazer vocês virem até aqui. Por trazer preocupações. Deu de ombros.
— Você é da família agora Lorena e nesta família costumamos cuidar um do outro. Lorena acenou. _ E é por isso que não concordo com você. Rafael vai ficar magoado quando descobrir que não o avisamos no mesmo momento e com razão. Falou seriamente e Lorena baixou o olhar para as próprias mãos. Por que ela tambem sabia disso.


Quando a noite caiu e ela recusou uma chamada de vídeo com ele, retornou o contato tentando ao máximo não transparecer nada e falar normalmente. Mas chorou ao desligar. Por que mais do que nunca queria ele ali. Precisava que ele a abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem.
As coisas se mantiveram tranquilas durante a noite e o dia seguinte e Rute e Carmen se revezaram para não deixa-la sozinha.
Seu sogro foi embora após se certificar de que ela estava em um quarto confortável. Confortável e espaçoso. Ela diria. Mas voltou no dia seguinte para vê-la.
— E então? Ja ligou para ele? Sua mãe perguntou depois que ela acabou o café.
— Mãe, ele deve estar no meio da apresentação. Disse. Era pouco mais das dez horas da manhã e ela sentia-se muito ansiosa. _ Mas deixei uma mensagem pedindo para ele me ligar assim que terminasse a apresentação.
A avaliação médica foi tranquila e animadora, e ela sorriu agradecendo, ainda ansiosa para falar com ele. Por que quanto mais os minutos passavam, mas ela sabia que teria que contar a ele, e neste momento, a ideia de adiar a noticia não lhe pareceu tão boa assim.

 ........................................

— Há dois dias. Rafael falou incredulo e exaltado, enquanto seu pai dirigia do aeroporto rumo ao hospital. _ Faz dois dias que ela está no hospital e só fiquei sabendo hoje? Perguntou indignado.
— Lorena achou melhor assim. 
— Se tivessem me avisado eu teria pego o próximo vôo disponível. Pai, o senhor, a mamãe sabiam, por que não me ligaram?
— Filho, eu sei que está chateado conosco por não contar antes, mas se isto ajuda, neste dias a Lorena esteve sempre acompanhada. Sua mãe e sua sogra se revezam para que ela não ficasse sozinha em momento algum. Rafael bufou sem querer responder o pai. _ Sei que está bravo. Mas antes de entrar cuspindo fogo, lembre-se que ela só fez isso para que você não perdesse o intercâmbio. Sem responder, Rafael entrou no hospital ouvindo os passos do seu pai logo atrás.
— Filho. Carmem o abraçou assim que ele entrou no quarto o abraçando.
— Oi mãe. Rafael devolveu o abraço meio de lado olhando diretamente para Lorena deitada na cama, adormecida. _ Como eles estão?
— Bem. A Lorena precisa ficar aqui para ser observada, mas parece que os dois estão bem.
Rafael se aproximou a olhando.
— Ela queria ficar acordada para te esperar, até que tentou, mas caiu no sono, devido ao efeito dos medicamentos que esta tomando. Rafael acenou.
— Eu falei com ela ontem. Como não me contou? Se perguntou em voz alta e Carmem se colocou ao lado dele.
— Filho, tenha paciencia. Ela esta bem, mas não pode se alterar muito. Quando ela acordar, conversem com calma. A mãe pediu preocupada e ele acenou concordando.
— Obrigado mãe por ficar aqui. Mas agora que eu cheguei, vou ficar com ela. A senhora pode ir descansar.
— Não precisa agadacer. Estou feliz que você voltou. Vou dormir um pouco em casa, mas se precisar de alguma coisa me ligue.
— Sim, bom descanso para vocês.
Carmem saiu dando um ultimo abraço no filho, e Rafael ocupou a poltrona onde antes sua mãe cochilava.
Os minutos passaram e ele permaneceu ali, olhando para eles, tinha a sensação de que se fechasse os olhos, eles sumiriam da sua frente.
Sem conseguir se conter, se aproximou da cama onde ela dormia e tocou o rosto dela suavemente, subindo para os cabelos e voltando a tocar a bochecha onde os arranhões do acidente ainda estavam ali.
Devagar, Lorena abriu os olhos notando a presença dele no quarto.
— Oi. Murmurou.
— Oi. Ele respondeu a olhando preocupado. _ Vocês estão bem? Perguntou.
— Sim. Estamos bem. E você?
— Eu não sei dizer exatamente.
Ela tinha tanta a dize-lo, mas nenhuma palavra saia no momento.
— Como foi a viajem? Ela perguntou indo por um caminho calmo.
— Demorada. Respondeu. _ Estava louco para chegar e ver vocês com meus próprios olhos.
— Desculpa. Ela pediu. _ Foi minha culpa. Eu estava apressada e não me atentei ao carro. Não fui cuidadosa.
— Isso foi um acidente. Mas não me contar Lorena...Ela começou a falar. _ Sei que não queria que eu perdesse o intercâmbio, mas era uma emergência.
— Se eu contasse você abandonaria tudo e viria correndo? Ela perguntou.
— Sim. Viria.
— E perderia tudo o que nos esforçamos tanto para conseguir. Eu não queria estragar tudo. Pensei que se esperasse, você poderia fazer as provas sem se distrair com nada. Falou sentando-se na cama. _ Você esta muito bravo? Perguntou.
— Devia ter me contado. Ela baixou o olhar para as mãos. _ Mas, eu não quero brigar, vamos conversar sobre isso depois. Completou a abraçando. _ Só quero ter certeza que vocês vão ficar bem. É tudo o que importa agora. Eu nunca senti tanto medo na minha vida. Confessou a apertando em seus braços.
— Senti sua falta. Ela murmurou.
— Eu tambem senti a sua. Falou beijando o topo de sua cabeça. _ Agora volte a dormir, precisa descansar.
— Deita aqui comigo. Pediu e ele concordou se apertando na cama junto com ela. Lorena se aconchegou no peito dele e um sorriso nasceu em seus labios e fechou os olhos deixando o sono a dominar.


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